Todos os papas. De Pedro à Francisco

Temos aqui disponível a relação de todos os papas da Igreja Católica Apostólica Romana.
01 - São Pedro - 42 a 67

Discípulo de Jesus nascido em Betsaida, Galiléia, conhecido como o Príncipe dos Apóstolos e tido como fundador da Igreja Cristã em Roma e considerado pela Igreja Católica como seu primeiro Papa.
As principais fontes de informação sobre sua vida são os quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), onde aparece com destaque em todas as narrativas evangélicas, os Atos dos Apóstolos, as epístolas de Paulo e as duas epístolas do próprio apóstolo.
Filho de Jonas e irmão do apóstolo André, seu nome original era Simão e na época de seu encontro com Cristo morava em Cafarnaum, com a família da mulher (Lc 4,38-39).
Pescador, tal como os apóstolos Tiago e João, trabalhava com o irmão e o pai e foi apresentado a Jesus por seu irmão, em Betânia, onde tinha ido conhecer o Cristo, por indicação de João Batista.
No primeiro encontro Jesus o chamou de Cefas, que significava pedra, em aramaico, determinando, assim, ser ele o apóstolo escolhido para liderar os primeiros propagadores da fé cristã pelo mundo. Jesus, além de muda-lhe o nome, o escolheu como chefe da cristandade aqui na terra: "E eu te digo: Tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus" (Mt. 16: 18-19).
Convertido, despontou como líder dos doze apóstolos, foi o primeiro a perceber em Jesus o filho de Deus. Junto com seu irmão e os irmãos Tiago e João Evangelista, fez parte do círculo íntimo de Jesus entre os doze, participando dos mais importante milagres do Mestre sobre a terra.
Teve, também, seus momentos controvertidos, como quando usou a espada para defender Jesus e na passagem da tripla negação, e de consagração, pois foi a ele que Cristo apareceu pela primeira vez depois de ressuscitar.
Após a Ascensão, presidiu a assembléia dos apóstolos que escolheu Matias para substituir Judas Iscariotes, fez seu primeiro sermão no dia de Pentecostes e peregrinou por várias cidades.
Fundou as linhas apostólicas de Antióquia e Síria, as mais antigas sucessões do Cristianismo, precedendo as de Roma em vários anos, que sobrevivem em várias ortodoxias Sírias.
Encontrou-se com São Paulo, ou Paulo de Tarso, em Jerusalém, e apoiou a iniciativa deste, de incluir os não judeus na fé cristã, sem obrigá-los a participarem dos rituais de iniciação judaica. Após esse encontro, foi preso por ordem do rei Agripa I, encaminhado à Roma durante o reinado de Nero, onde passou a viver.
Ali fundou e presidiu à comunidade cristã, base da Igreja Católica Romana e, por isso, segundo a tradição, foi executado por ordem do imperador, no mesmo ano de Paulo e pelo mesmo motivo, mas em ocasiões diferentes.
Conta-se, também, que pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer na mesma posição de Cristo.
Seu túmulo se encontra sob a catedral de S. Pedro, no Vaticano, e é autenticado por muitos historiadores.


02 - São Lino-  67 à 76
Segundo papa apostólico da Igreja Cristã de Roma (67-76) nascido em Volterra, na Etrúria, que segundo a tradição foi indicado como sucessor pelo primeiro papa antes de sua crucificação, São Pedro, este conhecido como príncipe dos apóstolos de Cristo. Depois que os Santos Apóstolos Pedro e Paulo tinham fundado e organizado a Igreja em Roma, passaram o exercício do escritório episcopal para ele. Seu nomne aparece mencionado na Bíblia Católica, no texto da Epístola de São Paulo para Timótio (4:21). Como papa testemunhou a queda de alguns imperadores romanos e a destruição de Jerusalém. Combateu firmemente a feitiçaria e os falsos missionários que tentavam adulterar a doutrina cristã. Conata que sagrou 15 bispos e 18 sacerdotes em duas ordenações coletivas, retransmitindo-lhes os ensinamentos cristãos deixados por seu criador, Jesus Cristo, ao considerado primeiro papa, São Pedro, e a seus outros apóstolos. Pouco se sabe sobre a sua vida. De acordo com o enciclopedista Zedler, a sua mãe chamava-se Cláudia, e o seu pai Herculeanus. Todos os textos que antes eram atribuídos a Lino são hoje considerados apócrifos e com uma grande dose de ficção. O decreto (que persistiu durante muito tempo) que obrigava as mulheres a cobrirem a cabeça no templo terá sido da sua autoria (baseado em São Paulo). Entre os textos apócrifos atribuídos a Lino está um relato sobre a morte dos apóstolos Pedro e Paulo — hoje é unânime a opinião de que não são da sua autoria (terá sido escrito no Século VI). 
Antes, porém, que fosse eleito bispo, trabalhava pela salvação das almas ao lado de São Pedro, de quem era grande colaborador. Tanto foi assim que dele mesmo recebeu a missão de pregar na Gália (hoje França), a fim de levar a luz da fé às nações pagãs. Chegando àquelas terras, estabeleceu-se em Becanson, capital de Franco Condado. Graças ao apoio que tinha do tribuno Onósio, principal magistrado que tinha por missão lutar pelas causas do povo, São Lino acabou transformando-se em um homem público, exercendo preponderante papel junto à população. Em pouco tempo tornou-se um líder influente, de grande capacidade intelectual. Dada as circunstâncias, aproveitou o terreno para plantar as sementes da Religião cristã, mesmo sabendo que os obstáculos, dificuldades e perseguições seriam inevitáveis. Por conseguinte, empreendeu intenso esforço para afastar o povo da idolatria e da adoração de deuses estranhos. Seus discursos eram duros, porém, verdadeiros e por isso, não tardou que acabasse sendo violentamente escorraçado da cidade. Era uma figura extremamente incômoda e inconveniente aos líderes pagãos, que diante da persuasão junto ao povo, temiam a perda de seu espaço.
São Lindo testemunhou a queda de alguns imperadores romanos e a destruição de Jerusalém.
Sua última prática na cidade de Becanson, São Lino criticou e repreendeu veementemente os idólatras, feiticeiros renomados e diversos pagãos, que ofereciam sacrifícios aos seu ídolos e seus deuses. "''Cessai''", disse São Lino, ''"cessai de render adoração a tão vis criaturas". '' Os líderes presentes, percebendo que estavam prestes a cair em descrédito pela força de sua palavra, gritaram ao povo, dizendo que as insolências sacrílegas proferidas por Lino, iriam provocar a ira dos deuses e caso lhe dessem ouvidos, sério castigo se precipitaria sobre o povo. Continuando a esbravejar, incitaram o povo, que acabou investindo contra o santo mediante golpes, tendo sido expulso da cidade completamente ferido e também abandonado, até mesmo por aqueles que sempre o apoiaram. Dali retornou para Roma, onde permaneceu até ser escolhido como sucessor de São Pedro. As sementes que deixou para trás, germinaram com grande vigor, tanto que passaria a ser venerado pelo povo, tempos depois, em sua primeira Sede Episcopal de Becanson.
Também morreu martirizado, decapitado por ordens do cônsul Satunino, segunda a tradição após ter curado sua própria filha, foi sepultado no hoje Vaticano, e foi sucedido pelo papa de número 3, São Anacleto, também chamado Cleto (76-88). Canonizado (1615), tem sua festa votiva comemorado no dia 23 de setembro.















03 - Santo Anacleto-  77 à 88

Santo Anacleto, também conhecido por São Cleto, foi o terceiro Papa da Igreja Católica, portanto, o segundo sucessor de São Pedro na Sé apostólica.
Era de origem romana, da família dos pretorianos. Convertido à fé, fez-se discípulo de São Pedro, se bem que por pouco tempo, mas o suficiente para absorver as virtudes angélicas na escola de seu mestre, de forma que destacou-se por seu grande fervor e admirável devoção. Com sua afabilidade, conquistou o coração de todos, tendo especial simpatia mesmo entre os pagãos. São Pedro tanto apreciou Santo Anacleto que, assim como São Lino, o designou para importantes trabalhos apostólicos em Roma e lugares circunvizinhos.
Assumiu o trono pontifício logo após o martírio de seu predecessor, São Lino, no ano 79. Da mesma forma, enfrentou as dificuldades, perseguições e constantes investidas, defendendo com muita coragem as causas da Igreja de Cristo. Em todo o império romano, não havia província tão remota e nem rincão tão escondido, que não sentisse os efeitos da sua caridade e preocupação com as necessidades dos cristãos. A uns, socorria com esmolas, a outros, alentava com cartas, e a todos consolava e dirigia com paternais instruções. Ainda que seu rebanho fosse extremamente numeroso, pastoreava os cristãos com extrema vigilância.
Ao completar doze anos no governo da Igreja, o imperador Domiciano, inimigo mortal dos cristãos, moveu contra a Igreja uma das mais horríveis e atrozes perseguições. Foram usadas todas as formas de crueldades contra os servos de Cristo. Deflagrou uma verdadeira tempestade que simultaneamente atingiu todos os cantos do império. Tão fulminante foi a ordem de extermínio que, somente em um dia, tombaram milhares de mártires cristãos, cujo sangue correu desde a parte central até às regiões mais longínquas do império. Mas pouco caso o tirano fazia da exterminação do rebanho, pois tomou conhecimento que o Pastor ainda vivia e por isto, concentrou contra ele toda a sua ira. Ordenou aos guardas que fosse encontrado o Pontífice romano, o qual não cessava de percorrer, de dia e de noite, todas as cidades e lugarejos, campinas, grutas e mesmo cavernas, usadas como esconderijo cristão. Na sua peregrinação, Santo Anacleto procurava consolar e assistir os cristãos, durante este duro período. Acabou sendo encontrado e foi arrastado e metido num cárcere, amarrado por cadeias. Grande alegria demonstrou, para admiração de todos, pois nutria o desejo de poder derramar seu sangue por Cristo. O tirano, ainda que impaciente em acabar com a vida do Pontífice, submeteu-lhe a diversos tormentos. Foi, pois, finalmente martirizado no dia 26 de abril de 92. Seus restos mortais encontram-se na Igreja de São Pedro, no Vaticano.


04 - São Clemente I - 89 à 98
São Clemente, natural de Roma, era discípulo de São Pedro e São Paulo. Acompanhando a este nas viagens evangelizadoras, com ele dividiu as fadigas, sofrimentos e perseguições da vida apostólica. É a ele que o Apóstolo dos Gentios se refere, quando na Epístola aos Filipenses (4,3) diz: "Peço-vos que auxilieis aqueles também que, como Clemente e outros, comigo trabalharam, cujos nomes estão inscritos no Livro da Vida". Estas palavras lhe documentaram a dedicação e fé, o zelo pelas causas de Deus e das almas. Se a mansidão e caridade lhe mereceram o nome de clemente, foi sem dúvida pela atividade apostólica, que São Pedro lhe conferiu a dignidade episcopal.
Os primeiros sucessores de São Pedro, na Sé apostólica e no martírio, foram São Lino e Anacleto (São Cleto). Na quase certeza de perder a vida por Jesus Cristo e a Igreja, São Clemente assumiu o governo da Barca de São Pedro em 92. Eram tempos cheios de apreensões para a jovem Igreja. A Autoridade romana ameaçava com uma nova perseguição e no seio da Igreja mesma reinavam dissenções, que prometiam degenerar em cisma. Era principalmente a Igreja dede Corinto o teatro de graves perturbações. Os ânimos estavam irritadíssimos e tudo indicava a iminência de uma cisão, provocada - assim se acreditava geralmente - pelas paixões que predominavam numa eleição episcopal. São Clemente dirigiu aos Coríntios uma carta apostólica em que documenta ao mesmo tempo grande circunspecção, prudência, caridade e firmeza. Tão boa aceitação teve esta carta, que não só em Corinto, mas também em todas as Igrejas era lida durante muitos anos, juntamente com as epístolas dos Apóstolos.
Dividindo a cidade de Roma em sete distritos, determinou para cada distrito um advogado, com a incumbência de ativar conscienciosamente tudo que se relacionava aos cristãos, suas virtudes, os processos judiciários a que haviam de responder, o modo como se haviam perante a autoridade perseguidora, declarações públicas que faziam, o martírio e a morte. Estes protocolos, chamados atos dos mártires, eram lidos nas reuniões dos fiéis. Ao zelo apostólico do Santo Papa abriram-se as portas do próprio palácio imperial. Domitila, irmã do imperador Domiciano, cuja ferocidade contra os cristãos era conhecida, se converteu à Religião de Jesus Cristo. Ainda mais: exemplo foi de todas as virtudes e para os cristãos perseguidos, um anjo de caridade, naqueles tempos aflitivos.
O imperador Trajano, vendo na propagação da religião cristã um perigo social e religioso para o império e reconhecendo no Papa rival temível, citou-o perante o tribunal e com ameaças de morte exigiu-lhe a abjuração da fé e o culto dos deuses nacionais. São Clemente não hesitou nem um momento e na presença da suprema autoridade romana, fez uma profissão de fé belíssima, que não deixou o imperador em dúvida sobre a improficuidade do seu tentâmem. Aconteceu o que era de esperar: O Papa foi condenado à morte. O Breviário Romano, diz que o santo Papa foi, com muitos cristãos, desterrado para a península da Criméia, onde haviam de trabalhar nas pedreiras e minas. Se para Clemente era um consolo poder partilhar a escravidão com seus filhos em Cristo, estes mais facilmente se conformavam com a triste sorte, vendo junto de si o Pai querido, o representante de Deus na Terra.
O que mais atormentava os pobres cristãos, era a falta absoluta de água, no lugar onde trabalhavam. Muito penoso era o transporte deste precioso líquido, que só se achava na distância de seis milhas. Clemente pediu a Deus que se compadecesse do povo, como se compadecera dos israelitas no deserto. Terminada a oração, viu no alto duma montanha um cordeirinho que, com a pata direita levantada, parecia indicar um determinado lugar. O santo Papa dirigiu-se imediatamente ao lugar onde lhe aparecera o cordeirinho e com uma enxada pôs-se a cavar a terra. Qual não lhe foi a alegria, quando logo ao primeiro golpe, viu brotar água, água deliciosa e tão abundante que, desde aquele dia teve termo a aflição dos cristãos. Estes milagre não só contentou a estes; também os pagãos que, vendo em Clemente um enviado do Céu, a ele se dirigiram pedindo fossem aceitos como catecúmenos. Assim muitos idólatras se tornaram adoradores de Jesus Cristo e os templos pagãos, antes antros do mais abjeto culto diabólico, transformaram-se em igrejas cristãs. Este espetáculo grandioso perante Anjos e homens despertou naturalmente o ódio nos corações dos sacerdotes pagãos, que se apressaram em denunciar Clemente.
A resposta imperial não se deixou esperar. O governador Aufidiano, autorizado por Trajano a pôr um dique à propaganda cristã, custasse o que custasse, condenou à morte Clemente e intimou os cristãos a que abandonassem a religião de Cristo. Algemado, foi Clemente levado a um navio, que o transportou ao alto mar. Lá chegado, puseram-lhe uma âncora de ferro ao pescoço e precipitaram-no na água. Isto aconteceu a 23 de novembro do seu último ano apostólico. Os cristãos consternados pela perda do seu Pastor, pediram a Deus que não deixasse o corpo do mártir entregue ao jogo das ondas, mas que restituísse ao carinho e à veneração dos filhos espirituais.
Aufidiano e sua gente mal se tinham afastado, quando o mar espontaneamente, retrocedeu a uma distância de três milhas, até o lugar onde tinha sido mergulhado o corpo do santo Papa-Mártir. O mais que aconteceu, foi de todo extraordinário. Aos olhos pasmados dos cristãos apresentou-se um pequeno templo de mármore branco. Pressurosos correram para lá e, chegando ao templo, nele encontraram o corpo de São Clemente, colocado num ataúde, tendo ao lado a âncora pesada. Quando se dispuseram a retirar suas santas relíquias, Deus manifestou sua vontade, que não o fizessem; que o deixassem repousar no mesmo lugar e que o mar, anualmente, durante sete dias, franqueasse o acesso ao túmulo. Assim aconteceu. As relíquias de São Clemente ficaram no fundo do mar, guardadas por santos Anjos, até o século IX, quando, sob o governo do Papa Nicolau I, os santos missionários Cirilo e Metódio as trouxeram para Roma, onde foram depositadas na Igreja de São Clemente, onde se acham até agora.


05 - Santo Evaristo- 98 à 105

É o quinto Papa da Igreja Católica a receber, como seus predecessores, a coroa do Martírio. Foi em Roma, numa época em que as perseguições contra a Santa Igreja de Deus eram implacáveis. Tempos muito aflitivos para os cristãos que pagavam com a própria vida sua recusa em abjurar a fé.
Santo Evaristo era judeu-grego de nascimento. Seu pai chamava-se Judas, originário de Belém, mas acabou fixando residência na Grécia. Educou seu filho na doutrina e princípios judaicos. Evaristo manifestou, desde a mais tenra infância, boas disposições pela virtude e pelas letras, fato que seu pai observou e cuidou de cultivar com dedicação. Assim foi progredindo Evaristo nas ciências, de forma que tornou-se pessoa de excelentes talentos, dentro dos seus puros e inocentes costumes.
Não se sabe as circunstâncias e a época em que se converteu ao cristianismo e nem a época precisa em que foi para Roma, mas passou a ser conhecido como um membro do clero que destacou-se rapidamente em santidade, reconhecida por toda a Roma. Era um presbítero conhecido por acender o fervor e devoção no coração dos seus fiéis, pelos seus exemplos de virtude e caridade cristã.
Sucedeu a São Clemente no trono pontifício. Apesar de resistir em assumir o cargo, após declarar publicamente sua indignidade, acabou sendo aclamado pelo clero e pelo povo como merecedor de tão nobre missão. A unanimidade de opiniões, portanto, fez com que fosse consagrado Papa no ano de 101.
Logo que assumiu a cadeira de São Pedro, aplicou todo o seu desvelo para remediar as necessidades da Santa Igreja, perseguida por toda a parte, num calamitoso tempo em que a chama da heresia tentava debelar-se em território sagrado. O espírito das trevas valia-se de todos os artifícios para derramar o veneno de seus erros, particularmente, entre os fiéis de Roma.
Porém, como o Divino Mestre tinha empenhado sua palavra, de que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Sua Igreja, dispôs, em sua amorosa providência, que ocupasse Santo Evaristo a cátedra da verdade, a fim de deter a inundação de iniqüidade e para dissipar esta multidão de inimigos. Com efeito, tão bem cuidou do aprisco que o Senhor lhe havia confiado, que todos os fiéis de Roma, conservaram sempre a pureza da fé. Ainda que a maior parte dos heresiarcas tenham concorrido para perverter a capital, o zelo, as instruções e a solicitude pastoral do Santo Padre foram preservativos tão eficazes, que o veneno do erro jamais pôde seduzir o coração de um só fiel sequer.
Além da luta contra a heresia, empenhou-se também no aperfeiçoamento da disciplina eclesiástica, por meio de prudentíssimas regras e decretos. Foi por sua determinação que Roma foi dividida em paróquias. Essas paróquias, confiadas a diversos presbíteros, não eram na época igrejas públicas, mas oratórios de casas particulares, onde se congregavam os cristãos para ouvir a Palavra de Deus e para assistir à celebração dos divinos mistérios. Nas portas destes oratórios, eram afixadas cruzes para que fossem diferenciados dos locais profanos públicos, que eram distinguidos por estátuas de imperadores. Também, por decreto, definiu que o matrimônio fosse celebrado publicamente pelo sacerdote.
Seu infatigável zêlo, fazia com que visitasse as paróquias pessoalmente, sempre preocupado com a conservação de seu rebanho na pureza da fé. Laboriosamente cuidava da causa das crianças e dos escravos, com solicitude e empenho.
Ainda que o imperador Trajano fosse um dos melhores príncipes dos gentios, quer por sua paciência como por sua moderação, nem por isto receberam os cristãos melhor tratamento. Apesar de não ter firmado novo edito contra a Santa Religião, nutria mortal aversão aos cristãos, não porque os conhecesse, senão pelos horrorosos retratos que cortesãos idólatras e sacerdotes de ídolos, pintavam na mente do imperador. E bastava esta aversão para excitar contra os cristãos, o povo e os magistrados.
O trabalho apostólico de Santo Evaristo continuava com vigor, de forma que o número de fiéis crescia palpavelmente, para insatisfação dos inimigos de Cristo. A vinha do Senhor era regada com o sangue dos Mártires, ostentando-se cada vez mais florida e fecunda. Os pagãos concluíram que essa fecundidade era efeito do zelo ardentíssimo do Santo Pontífice. Após arquitetarem diversas artimanhas, para pôr têrmo ao crescimento da religião de Cristo, decidiram que o meio mais eficaz para dispersar o rebanho, seria ferir o pastor. E assim foi feito! Fecharam-no com cadeias e conduziram-no ao cárcere para ser julgado. Conduzido ao tribunal, demonstrou tanta alegria ao receber sentença de morte por amor a Jesus Cristo, que os magistrados quedaram atônitos, não conseguindo compreender como cabia tanto valor e tanta constância em um pobre velho, acabrunhado pelo peso dos anos. Enfim, foi condenado à morte como o cabeça dos cristãos, no dia 26 de outubro do ano 107, recebendo a honra de ser mais um mártir da Igreja Universal.



06 - Santo Alexandre I - 105 à 115
Santo Alexandre I, natural de Roma, foi o sexto Papa da Igreja. Sucedeu a Santo Evaristo, no ano 107 e tinha apenas 30 anos de idade quando assumiu a cadeira de São Pedro. Apesar da idade, exercia já grande influência sobre as pessoas, pela sua extrema piedade e reconhecida santidade. É o sexto Papa da Igreja e também o sexto a tombar em defesa da fé.
Era com muita força que suas pregações atingiam o coração das pessoas, de forma que foi o responsável pela conversão de muitos senadores e grande parte da nobreza romana, dentre os quais um prefeito de nome Hermes e de seus entes, totalizando a conversão de mil duzentas e cinqüenta pessoas. Isto acabou culminando na sua prisão, por força de mandado expedido pelo governador Aureliano. Trancafiado na cadeia, fez muitos e grandes milagres. Certo dia, estando nela algemado, veio à noite um menino com uma tocha acesa nas mãos e lhe disse: "Siga-me, Alexandre"; e havendo feito uma oração, entendendo que era o menino um Anjo do Senhor, lhe seguiu, sem que as paredes, nem portas, nem guardas lhe impedissem a saída do cárcere. O menino lhe guiou até a casa do tribuno Quirino, onde encontrava-se preso Hermes, que muito desejava ver Santo Alexandre. Hermes havia dito a Quirino que por mais que estivesse preso, Alexandre viria à sua casa.
Quando se encontraram, abraçaram-se os santos mártires e derramaram muitas lágrimas de consolo, e animaram-se mutuamente a morrer por Jesus Cristo. Tal fato assombrou o tribuno Quirino, que já havia ouvido alguns argumentos de Hermes e as razões da conversão e da sua fé em Jesus. Ao ser naquele momento, sua filha curada de grave enfermidade com o toque das algemas de Santo Alexandre, Quirino converteu-se também ao cristianismo, com sua filha e todos os presos que estavam no cárcere. Santo Alexandre, assim, mandou que os sacerdotes Evêncio e Teódulo os batizassem naquele dia.
Chegando esta notícia a Aureliano, encheu-se de furor e ordenou que fossem atormentados os que haviam sido batizados no cárcere, mandando que trouxessem à sua presença Alexandre, com os dois presbíteros Evêncio e Teódulo e disse-lhes: "Deixemos de práticas e vamos direto ao caso"; ordenou que que os carrascos dilacerassem a Alexandre, lhe arrastassem com um potro e lhe atormentassem com golpes sua carne, bem como que queimassem seu costado com chamas acesas. Após estes tormentos, Alexandre permanecia calado. Então, Aureliano perguntou: "Por que te calas? Por que não te queixas?". Respondeu Alexandre: "Quando um cristão cala, com Deus fala".
Aos mesmos tormentos foram submetidos Evêncio e Teódulo. Evêncio, tinha 81 anos de idade, fora batizado com 11 e ordenado sacerdote aos 20. Os tormentos eram intensificados, mas ao invés de aterrorizá-los, manifestavam cada vez mais fé e amor a Deus. Aureliano, assim, mandou acender um forno e mandou fechar Alexandre e Evêncio, mas deixou Teódulo próximo à abertura da porta, para que vendo como se abrasavam, sacrificasse aos deuses pelo temor de semelhante castigo. Entretanto, Teódulo não espantou-se ao ver a chama cobrindo seus companheiros; pelo contrário, incendiado pelo amor divino, desejou ser lançado com eles que, de dentro do forno, lhe chamavam e diziam que onde estavam não havia dor e nem tormento, senão refrigério e descanso. E assim foi; as chamas não lhes causou mal algum e todos saíram do forno mais resplandescentes do que o ouro.
Não abrandou-se, porém, o coração duro e rebelde do tirano, que mandou degolar Evêncio e Teódulo. Com umas setas de aço muito agudas, mandou que fossem atravessados todos os membros do corpo de Alexandre, para que morresse mais cruelmente, sendo degolado no dia 03 de maio de 116, sob o império de Adriano.
Durante seu pontificado, Santo Alexandre estabeleceu que durante a celebração da Eucaristia fosse usado na consagração, pão sem fermento. Também decretou que antes da consagração do cálice com vinho, fosse nele mesclado um pouco de água, significando a união de Cristo com sua Igreja e, para representar a água e o Sangue que saiu do seu costado. Pronunciou excomunhão contra todos os que impedissem aos legados apostólicos, de cumprir as ordens do Sumo Pontífice. Consagrou cinco bispos, seis presbíteros e dois diáconos. Escreveu três epístolas, que são conhecidas como o "primeiro tomo dos Concílios", onde constam os aludidos decretos e ordens. Consta também outra regra muito importante, que trata da bênção da água com sal, nas cerimônias que até hoje a Igreja celebra, seu uso nos templos, casas e aposentos, contra as tentações e ciladas dos demônios, que continuamente nos perseguem com seus malignos ataques. Este costume tem sido preservado na Igreja Católica desde os primórdios, e o Senhor tem feito inumeráveis milagres, de muitas e diversas maneiras por meio da água benta, sanando todo o gênero de enfermidades, apagando fogos e incêndios, sossegando as tormentas do mar e tremores de terra, tempestades, furacões, raios do céu, e livrando corpos de demônios.


07 - São Xisto I ou Sisto I - 115 A 125










A Igreja comemora no dia 06 de abril a festa do Papa São Xisto I, sucessor de Santo Alexandre. São Xisto era natural de Roma e nasceu no seio da família Elvidia. Foi elevado ao trono pontifício em 155 e permaneceu governando a Igreja durante o reinado do imperador Adriano e de Antônio Pio. Seguiu as obras implementadas e também idealizadas por seus predecessores, dando perfeita continuidade aos temas que tratavam da organização e estrutura eclesiástica.
Instituiu, dentre diversas outras normas canônicas, que o bispo, antes de tomar posse em sua sede episcopal, devia exibir uma carta de apresentação ao Pontífice. Regulamentou também alguns ritos da celebração da Eucaristia, prescrevendo que o véu do cálice fosse feito de linho e que tanto o cálice como todos os paramentos sagrados, fossem tocados somente pelos sacerdotes.
A ele também se atribuem a introdução do tríplice canto do Sanctus (Santo) na missa e das cartas apócrifas que tratam da doutrina da Santíssima Trindade e do Primado da Igreja de Roma.
Seu governo ficou marcado pelas medidas enérgicas que tomou contra a seita dos gnósticos. A seita gnóstica define-se como seita filosófica surgida nos primeiros séculos da nossa era e diversificada em numerosos segmentos e que visava a conciliar todas as religiões e a explicar-lhes o sentido mais profundo por meio da gnose. Xisto I combateu com veemência as doutrinas maléficas do gnosticismo, ou seja, a emanação, a queda, a redenção e a mediação, que seriam exercidas por inúmeras potências celestes, entre a divindade e os homens, que feriam todos os princípios básicos da sã doutrina e os fundamentos da religião de Cristo.
Enviou o bispo Peregrino às Gálias para evangelizar algumas zonas que não haviam sido suficientemente tocadas pela civilização romana.
Alguns detalhes do fim de seu pontificado são nebulosos, mas em 125, é bem provável que também tenha recebido a coroa do martírio. Seu corpo foi enterrado ao lado de São Pedro, mas posteriormente, o Papa Inocêncio II (1130 – 1143) permitiu que suas relíquias fossem transladadas para Acrópolis, onde permanecem até hoje. 

08 - São Telésforo - 125 A 136










São Telésforo, de nacionalidade grega, foi o oitavo Papa da Igreja Católica e sucedeu a São Xisto I na cadeira da verdade. Era um homem extremamente espiritual e sua fama alastrou-se pelas regiões orientais, chegando finalmente a Roma, onde seus méritos foram reconhecidos. Por ocasião da morte de seu predecessor, foi escolhido por Deus para governar Sua Igreja, fato que concretizou-se no dia 09 de abril de 125.
Era uma época de constantes ataques à sã doutrina, mediante cruéis investidas dos inimigos contra os praticantes da Santa Religião. Ser cristão, representava séria candidatura para o martírio. As circunstâncias exigiam a ação de um Papa que reunisse condições de intelectualidade, firmeza de caráter e mansidão, qualidades estas que São Telésforo possuía em grau elevadíssimo. O furor latente pela perseguição de morte aos fiéis católicos e a perversidade dos herejes, não mediam conseqüências para tentar corromper o sagrado depósito da fé e a santidade dos costumes. Empreendendo os mais intensos esforços, São Telésforo portou-se, não só como depositário, mas também um bravo propagador da fé cristã. Não faltou tempo nem ocasião para demonstrar isso.
Os discípulos de Basílidis Antioquino, homem de gênio pervertido, sócio de Saturnino e discípulo de Menandro, estiveram em Roma, com a finalidade de derramar o veneno de sua ímpia doutrina contra o Redentor do mundo. Ao mesmo tempo, outro heresiarca maligno de nome Cerdon, invocando os deuses e os princípios de sua seita, depreciou os profetas do Antigo Testamento, também negando que Jesus Cristo tivesse nascido da Santa Virgem Maria. Duvidavam que em sua condição carnal, tivesse realmente padecido e morto. Com outros sofismas e eloqüentes articulações, procuravam enganar as pessoas mais simples e humildes, mas Telésforo em seu incansável combate, conseguiu livrar o rebando de Cristo do contágio das heresias e do erro.
Era época dos imperadores Adriano e Antonio Pio que, em linhas gerais, foram brandos no seu tratamento com os cristãos. Mas, fortemente influenciados pelos pagãos, a perseguição e o furor atingiu nível tão elevado que muitos cristãos acabaram sendo, inclusive, lançados aos leões. Haviam diversos interesses em jogo, dentre eles a possessão dos bens dos cristãos aliada ao desejo de aniquiliar a Religião de Cristo que crescia a cada dia.
São Telésforo, em contrapartida, enviou legados apostólicos por toda a parte do mundo para pregar o Evangelho, os quais enfrentaram vasto campo de trabalho, diante da população impregnada pelos costumes idólatras. Estabeleceu ainda vários regulamentos que tratavam da disciplina eclesiástica.
Prescreveu o jejum de carnes e a prática da penitência durante as sete semanas precedentes à festa da Páscoa, de modo que, apesar disso já ser observado por tradição, foi ele quem o instituiu como constituição perpétua. Também foi ele que dispôs a instituição da Missa do Galo, ao romper da aurora na Natividade de Nosso Senhor e as missas solenes, introduzindo também o hino “Gloria in excelsis Deo” em todas as celebrações solenes durante o tempo do Natal. Ordenou presbíteros, diáconos e bispos para diversas igrejas.
Terminou sua carreira, recebendo também a glória do martírio, no dia 05 de janeiro, data em que a Igreja comemora sua festa. Foi enterrado junto ao túmulo de São Pedro.


09 - Santo Higino - 137 A 140










A Igreja comemora no dia 11 de janeiro a festa do Papa Santo Higino, sucessor de São Telésforo. Governou a Igreja Católica com muita determinação e coragem, frutos de sua fé e constantes lutas no empreendimento do plano da Salvação. Como não poderia deixar de ser, seu destino foi o martírio, característica que marcou a ferrenha evangelização de seus predecessores.
Era grego de Atenas e quando assumiu a cadeira apostólica, reinava o imperador Antônio Pio. Os inimigos da Igreja a perseguiam implacavelmente, pois sentiam que a adoração dos seus deuses e ídolos corriam grave risco de serem abandonados, ante a constante e crescente difusão dos princípios da sã doutrina.
A malignidade os hereges, ao mesmo tempo, tentava de todas as maneiras semear a cizânia no campos do Senhor, para confundir e corromper a pureza da santa doutrina assimilada pelos fiéis católicos.
Praticamente todos os inimigos declarados da Santa Religião de Cristo, já haviam estabelecido-se em Roma a fim de envenenar a fonte da doutrina evangélica e por isto, chegaram eles a fazer progressos. Usando de diversas modalidades e artifícios, por trás de uma máscara de piedade, conseguiram arrastar adeptos que deixaram-se emaranhar nas malhas do erro e da perdição. Marción, famoso hersiarca já separado da Igreja, não podendo ser admitido na comunhão dos fiéis, precipitado pela heresia de Cerdon, enganou a muitas pessoas ingênuas, usando aparência de piedade e virtude. Mesmo sabendo das conseqüências que isso acarretaria, Santo Higino combateu publicamente contra os hereges e converteu muitas pessoas ao retorno da doutrina imaculada. São Justino, luz brilhante de seu século, também muito lhe auxiliou nos progressos que obteve nesta luta. Acabou sendo martirizado algum tempo depois em função da ditosa participação nas empresas do grande Pontífice.
Santo Higinio empreendeu também a reforma do clero, definindo os respectivos graus hierárquicos. Ainda que estivessem estabelecidos desde os tempos apostólicos, com vários regulamentos posteriores de disciplina, uns acabaram sendo confundidos, outros relaxados. Restituiu, assim, sua perfeição, ordenando cada um dos graus eclesiásticos e as suas respectivas funções. Estabeleceu ainda muitos decretos, especialmente os que tratam dos ritos e cerimônias na celebração do Santo Sacrifício. Introduziu as figuras do padrinho e da madrinha no rito do Batismo. Igualmente mandou que para na consagração de novos templos, fosse celebrado, antes de tudo, o sacrifício da Missa, e ainda, que as igrejas não fossem erigidas nem demolidas sem expressa licença dos bispos. Proibiu que fosse cedido para usos profanos, qualquer coisa que se relacionasse com o culto divino. Ordenou quinze presbíteros, cinco diáconos e sete bispos para diferentes igrejas.
Por muito tempo, suspirou nosso Santo pela coroa do martírio. O ardente zelo que demonstrou em todas as suas ações e providências em dilatar o reino de Jesus Cristo, fez com que o imperador Antônio Pio decretasse sua execução, ocorrida no dia 11 de janeiro. Seu corpo foi sepultado ao lado do Príncipe dos Apóstolos. 


10 - São Pio I - 140 A 155












Pio I foi o décimo papa da igreja apostólica romana entre 140 e 154. Pio nasceu em Aquiléia, norte da Itália, filho, provavelmente, de Judas Desposyni, 15º Bispo de Jerusalém (132-135), descendente de São Tiago, o Justo; portanto, Pio I seria um dos famosos "príncipes" medievais aparentados com Jesus Cristo. Foi eleito papa após três dias de jejum e oração dedicados pelos fiéis romanos na escolha do novo Pontífice, em sucessão a São Higino, morto no ano anterior.
O seu pontificado foi marcado por questões envolvendo judeus convertidos e com heresiarcas como os gnósticos Valentino, Cerdão e Marcião, criador das marcionites. Procurou o diálogo com os filósofos e estudiosos heresiarcas gregos e egípcios que possuíam versões mais espiritualizadas dos evangelhos sagrados. Foi, provavelmente, martirizado em Roma e foi sucedido por São Aniceto.


11 - Santo Aniceto - 155 A 166












Natural da Síria, era Aniceto o Sucessor de São Pio I na cadeira de São Pedro. O governo deste Pontífice coincide com o tempo do imperador romano Antônio. Não é certo se morreu mártir pela fé; é, porém, fora de dúvida, que tanto lhe foram os sofrimentos e aflições pela causa de Cristo que a Igreja lhe conferiu o título honroso de mártir. Além das perseguições oficiais por parte do governo romano, existiam perigosas heresias, que faziam periclitar a existência da Igreja. Embora fosse ela edificada sobre rochedo, contra o qual o inferno em vão dirige os ataques, grande número dos fiéis abandonou a fé, correndo atrás do fogo fátuo de seitas errôneas. Grande foram os estragos que o herege Valentim causou ao rebanho de Cristo.
A essa obra perniciosa associou-se uma adepta da seita imoralíssima dos Carpocratitas, Marcelina, a qual levou muitas pessoas a apostasia. Ainda um tal Marción, herege e propagandista temível, propalava o veneno da heresia entre os cristãos, havia tempo.
O Papa Aniceto envidou todos os esforços para impedir o progresso da obra de Satanás e reconduzir ao seio da Igreja os pobres transviados.
Deus lhe enviou um auxiliar de grande valor, na pessoa de São Policarpo. Este discípulo de São João Evangelista, veio a Roma, e em demonstrações públicas, provou que a Igreja de Roma, na doutrina, era idêntica a de Jerusalém. Esta declaração causou a conversão de muitos hereges.
Num ponto, aliás, de ordem secundária, houve divergência entre Policarpo e Aniceto, quanto ao tempo da celebração da Páscoa. Os cristãos do Oriente comemoravam a Páscoa com os Judeus, quando na Igreja Romana não existia este uso. Policarpo, desejoso de ver Roma adotar o uso da Igreja asiática, não conseguiu esta uniformização. Aniceto opinava e com razão, que não devia abolir um costume introduzido e aprovado pelo príncipe dos Apóstolos. Entretanto, deixou aos cristãos orientais toda a liberdade na celebração da Festa da Páscoa, como eram acostumados desde os dias de São João Evangelista.
Santo Hegesipo era outro auxiliar estimável, que eficazmente dirigiu forte campanha contra as heresias. Num livro que escreveu, sobre a tradição, provou que a doutrina passou, pura e inalterada, dos Apóstolos ao Papa Aniceto e demonstrou que a mesma doutrina era conservada e ensinada, sem a mínima alteração.


12 - São Sotero - 166 A 175












São Sotero (ou Sótero) nasceu em Fondi, no reino de Nápoles. Seu pai era natural da Grécia e, isto explica, sua preocupação em relação aos problemas e necessidades da Igreja grega, durante seu pontificado. Sua personalidade caritativa e amável, no entanto, não deixou de lado o rebanho como um todo, que nutria grande carinho e obediência às suas determinações. Sua origem cristã é que acabou determinando sua eleição na sucessão do trono pontifício. Nasceu e cresceu dentro de uma esmerada educação católica, de forma que tornou-se pessoa fervorosíssima e grande luminar na Igreja de Cristo. Assim reconhecido, foi escolhido para assumir o governo da Igreja por unanimidade.
Marco Aurélio empreendia crudelíssima perseguição aos cristãos. Com sua voracidade, investiu implacavelmente contra eles, dos quais muitos foram lançados aos leões no anfiteatro, outros despedaçados em cadafalsos, outros enterrados vivos. Sendo os seguidores de Cristo, causa de espetáculos promovidos pelo cruel imperador, São Sotero, como testemunha ocular das constantes perseguições, empreendeu todas as suas forças no sentido de consolar e atender aos fiéis através de diversas instruções, contidas em suas cartas apostólicas. Nelas, os exortava e animava na perseverarem da fé, sempre unidos e obedientes aos ministros da Igreja, para que juntos pudessem sofrer com paciência e resignação todos as investidas e conseqüentes tormentos que surgiam de todos os lados. Pessoalmente empenhou-se em visitar lugares subterrâneos e cavernas usadas como refúgio pelos cristãos, levando sua palavra de alento e confiança, aos fiéis perseguidos pela causa de Cristo.
Com muita determinação e coragem, opôs-se publicamente à heresia de Montano, levantada quatro anos antes do término de seu pontificado. Foi época em que lavrou escritos de sabedoria tão inspirada, que depois de muitos anos, foi usada pela Igreja para combater com veemência o surgimento de diversas outras heresias.
Promulgou vários decretos canônicos, dentre os quais, um que proibiu as monjas de tocarem os vasos sagrados e corporais, bem como da administração do incenso em cerimônias da Igreja. Foi ele também o primeiro Papa a prescrever, canonicamente, o caráter sacramental da união, apesar de estar já estabelecida desde os primórdios da Igreja.
À medida que iam sendo trucidadas as ovelhas pela ira mortal contra os cristãos, percebeu o Sumo Pontífice que o cerco se fechava cada vez mais e que inevitavelmente tombaria em breve também o pastor. E assim foi. Pela sua carreira de santidade e pureza, firmeza e empenho resoluto, recebeu a coroa dos mártires no dia 22 de abril, sendo porém, ignorado o gênero de martírio. Foi enterrado em Roma, onde seu corpo descansou até o século IX, durante o pontificado do Papa Sérgio II, que determinou que suas relíquias fossem trasladadas para o cemitério de Calixto, anexo à Igreja de Equício, junto aos restos mortais de São Silvestre e São Martinho. Parte de suas relíquias foram enviadas para a Igreja de Toledo e outras para Munique, onde são profundamente veneradas e festejadas por ocasião da sua festa. 


13 - Santo Eleutério - 175 A 189













Santo Eleutério, sucessor de São Sotero foi o 13º governante da Igreja de Cristo a receber, assim como seus antecessores, a coroa heróica do martírio. Era grego de Nicópolis e durante o pontificado de Santo Aniceto (11º Papa), ascendeu ao diaconato, onde atuou com brilho e empenho. Presenciou, assim, as perseguições que culminaram no martírio de inúmeros cristãos, pelas mãos dos imperadores e magistrados que trabalhavam em conluio com altos líderes pagãos e heresiarcas, que temiam a crescente expansão da verdadeira doutrina.
Foi eleito no ano de 174 e traçando o mesmo rumo dos predecessores, combateu veemente os falsos deuses e doutrinas contrárias à verdade. Fixou, assim, diversas metas visando dar continuidade a luta ora empreendida, sobre o solo banhado de sangue pelas baixas do martírio. Tão eficaz foram suas prédicas, que o fogo da heresia e do paganismo sentiram duro golpe. As chamas do erro começaram a declinar, de forma que conseguiu estabelecer-se um tempo de paz para os fiéis católicos. Muitas conversões se verificaram entre cidadãos de Roma e também pessoas da alta nobreza. Cansados da superstição, e principalmente da constante investida imperial contra os cristãos, vítimas das crueldades mais abomináveis, acabaram convertendo-se ao Senhor e agregaram-se ao povo de Deus, engrossando as fileiras da verdade, sob a luz do Evangelho.
Durante esta proveitosa fase de evangelização, mandou dois varões justos, Damião e Fugácio à Inglaterra para ensinar os princípios da fé a Lúcio, rei daquele império. Ele os recebeu alegremente. Atento aos ensinamentos da verdade, junto com a esposa e grande parte da população, aceitou finalmente em receber o santo Batismo. Isto o fez publicamente, arrebanhando adeptos em todos os cantos reino. Foi o primeiro governo do mundo a declarar-se cristão, por decreto público e com parecer firmado pelo rei diante dos súditos. Esta célebre conversão ocorreu por volta do ano 183.
Inconformada pelos ventos a favor da são doutrina, a chama da heresia tentou de todas as formas reerguer-se. Uniram-se os líderes da heresia neste embate, que foi protagonizado pelos Severianos, Marcionitas e Valentinianos. Santo Eleutério, porém, contra-atacou imediatamente e grande auxílio recebeu de Santo Irineu, amigo e discípulo de São Policarpo e de Papias. Ele (Santo Irineu) havia sido enviado pela Igreja de Lion - França, local onde redigiu inúmeros escritos contra os hereges, mostrando com grande sabedoria, os disparates que ensinavam para confundir o rebanho. Retornando a Lion, foi consagrado bispo e sofreu constantes perseguições, para ser posteriormente derramar seu sangue pela fé.
Santo Eleutério firmou muitos decretos canônicos, alguns deles destinados a aniquilar alguns conceitos heréticos, que tentavam disseminar-se entre a santa doutrina. Uma seita puritana fanática, intitulada de montanistas ou maniqueus, tentava difundir a proibição divina do consumo de carne e alguns outros manjares, que aos olhos do Deus seriam maus na sua essência. Alegavam ainda que os fiéis deveriam agir assim, para refrear todos os seus apetites carnais. Como tal conceito ameaçava infiltrar-se no seio da Igreja, o Santo Padre decretou que ninguém poderia desprezar, por mera supertição, gênero algum de alimento que Deus deixou à disposição para consumo humano. Disse ainda não ser lícito ao homem desprezar e abster-se definitivamente de qualquer alimento, mesmo que farto e saboroso. Mas que a abstinência deveria ser praticada em obediência à Igreja, mesmo porque estabelecera os tempos próprios do ano, dedicados ao jejum e à abstinência. Deixou claro ainda, que ninguém pode definir como mau, os alimentos de consumo que o Senhor concedeu aos homens.
Outros decretos canônicos que firmou em seu pontificado, foi que nenhum sacerdote fosse sumariamente deposto, sem que primeiro fosse legitimamente comprovada a existência de delito grave, e que nenhum ausente fosse condenado antes de ser ouvido. Procedeu, por três vezes, ordenações no mês de dezembro, e nessas vezes ordenou oito diáconos, doze presbíteros e quinze bispos.
Governou com sabedoria o rebanho de Cristo e, pela sua firmeza de caráter e energia contra as chamas do erro, acabou sendo martirizado no governo do imperador Cômodo. Não há, porém, detalhes precisos que especifiquem o tipo de martírio com que glorificou a Deus. 

14 - São Vitor I - 189 A 199













São Vitor I, natural da África, foi sucessor de Santo Eleutério no trono pontifício. Apóstolo rigoroso no zelo pela Igreja de Cristo, tinha pleno conhecimento de suas atribuições conferidas por Deus. Pôs em evidência a autoridade papal, combateu constantemente a heresia e tratou a questão da festa da Páscoa.
A heresia, qual labareda de fogo a variar de direção, só não alastrou-se danosamente, devido ao constante embate empreendido pelos Papas e companheiros mártires que, em grande número, testemunharam a fé com a própria vida.
Durante o seu pontificado, um tal Teodoro de Bizâncio, que havia apostatado numa destas perseguições, passou a ensinar que Jesus Cristo representava uma figura meramente humana e usava deste argumento, não só para disseminar o erro, mas particularmente para justificar a sua apostasia. Nesta grave afirmação, acabou corrompendo muitos fiéis e a ele filiaram-se não poucos sectários. Não satisfeito com a difusão da insana doutrina, fixou a meta de transpor a muralha da verdade. Para isto, dirigiu-se a Roma a fim de alastrar o erro no centro da Religião de Cristo. São Vitor imediatamente reagiu, declarando anátema o líder blasfemo. Empreendeu luta tão intensa que conseguiu esvaziar completamente a heresia, de forma que Teodoro saiu de Roma e nunca mais dele se ouviu falar.
Empreendeu firme resolução de não deixar vingar as investidas do erro em solo sagrado, conservando sua constante vigilância ao rebanho de Cristo. Em pouco tempo, Praxeas passou a pregar a heresia dos Patripasianos, precursores do sabelianismo, que negavam em Deus, a essência de três pessoas distintas. O Santo Padre, com infatigáveis prédicas, tão duramente condenou a perniciosa heresia, que o próprio Praxeas, acabou reconhecendo seu erro e entregou sua retratação pública, por ocasião de um concílio convocado em Roma pelo Pontífice.
Na magna questão da fixação da Festa da Páscoa, enfrentou sérias discordâncias de alguns membros, seguidores do bispo Polícrates, que acabou declarando sua rebeldia ante às determinações de Roma. É que maior parte dos bispos da Ásia, tinha por costume, celebrar a festa da Páscoa no dia 14 da lua de março, coincidindo com os ritos judaicos. No pontificado de Santo Aniceto (155 a 166), aliás, houve certa divergência entre ele e São Policarpo, que desejava muito que o costume da Igreja Asiática fosse introduzido na Igreja de Roma. Santo Aniceto, com razão, não queria abolir o costume que fora introduzido por São Pedro. Porém, na época, permitiu que Igreja Asiática continuasse celebrando a Páscoa segundo seus costumes.
São Vitor, porém, chegou à conclusão que a diferença estabelecida entre a Igreja do Ocidente e a Igreja do Oriente, poderia acabar favorecendo uma eventual divisão dos fiéis e provável cisma. Decidiu, assim, uniformizar a celebração da Páscoa, conforme São Pedro já deixara padronizado. Assim, determinou que todas as Igrejas do mundo se ajustassem neste particular com a Igreja de Roma, ou seja, decretou que em nenhuma parte fosse celebrada a Páscoa no dia 14 do equinócio vernal, mas no 1o. domingo subseqüente à primeira lua cheia de 14 de Nisã (calendário judaico).
Sucede que o bispo Polícrates, chefe dos discordantes da Igreja de Éfeso, se opôs veementemente à decisão do Sumo Pontífice, o que acabou culminando em sua excomunhão. Isto foi um fato isolado, já que todas as Igrejas receberam e acataram a determinação papal, que seria renovada quase três décadas depois por ocasião do Concílio de Nicéia.
Prescreveu diversas outras normas canônicas, dentre as quais a que desobriga o uso de água consagrada da pia batismal. Autorizou o uso de água natural para casos de grave necessidade, onde é facultado a qualquer cristão batizar, diante de possibilidade iminente de morte.
Após ter governado a Igreja por um período de dez anos, recebeu a glória do martírio em 28 de julho do ano 199, sob o governo do imperador Septímio Severo. 


15 - São Zeferino - 199 A 217













São Zeferino foi o 15º Papa a tombar, martirizado, em defesa da Igreja de Cristo. Era natural de Roma. Dedicou-se com muita diligência e zelo, pregando e testemunhando o Evangelho com grande virtude e sabedoria, qualidades que floresceram no pontificado de São Vitor I, de quem se tornaria sucessor na Sé apostólica.
Após o glorioso martírio do Papa São Vitor, ocorrido no dia 28 de julho de 199, o povo de Deus, unido ao clero, reuniu-se em intensas orações, a fim de que o Senhor iluminasse o rebanho para a escolha de um digno vigário. Depois de onze dias de intensas orações, o Espírito Santo manifestou-se em forma de pomba e desceu sobre a cabeça do então presbítero Zeferino, onde repousou por um breve espaço de tempo, desaparecendo em seguida. Os fiéis logo identificaram a escolha de Deus. Por unanimidade, o elegeram no mês de agosto daquele ano, quando assumiu honrosamente o divino governo da Igreja.
Logo no início de seu pontificado, o imperador Septímio Severo moveu, por decreto, intensa perseguição contra a Igreja, fato que levou São Zeferino a tomar as primeiras providências no sentido de zelar pelo rebanho, levando seu auxílio e consolo naqueles dias de grande tribulação. Pessoalmente, de dia e de noite, percorreu infatigavelmente diversas casas, cavernas e locais subterrâneos. Colocou em risco a própria vida, visitando e consolando não só os encarcerados, mas também os condenados, que acompanhava até aos cadafalsos. A todos alentava com palavras e esmolas, levando a eles o Pão dos fortes, regado com o Sangue de Cristo. A cruel perseguição perdurou por nove anos consecutivos, até a morte do imperador Severo, quando a Igreja recobrou um certo período de paz.
Editou importantes regras canônicas, especialmente as relativas à disciplina eclesiástica. Foi ele quem determinou que os fiéis católicos comungassem, pelo menos na ocasião da Festa da Páscoa. Também, quanto aos cálices sagrados, até então confeccionados em madeira, determinou que deveriam ser feitos, ao menos de vidro.
Durante seu pontificado, a cabeça da heresia reergueu-se furiosamente. Praxeas, que no pontificado anterior havia retratado-se da pregação de sua heresia patripasiana (negação da Santíssima Trindade), novamente tentou semear sua doutrina errônea e, por isto, foi duramente combatido pelo Papa. Também Tertuliano, que coberto com uma capa de austeridade e rigor, grande desgosto causou ao Santo Padre, após voltar-se contra ele mediante censuras e ataques. Arrebanhando diversos adeptos, Tertuliano mergulhou definitivamente na lama das sua doutrina insana.
São Zeferino governou a Igreja até o ano de 217, quando recebeu a auréola dos mártires no dia 26 de agosto, sob o governo do imperador Antonino.

16 - São Calixto I - 217 A 222

A Igreja comemora no dia 14 de outubro, a festa do Papa São Calixto I. Natural de Roma e sucessor de São Zeferino, pertence também ele ao grêmio dos Papas que deram a vida defendendo fé.
Foi escravo de Aurelius Carpoforus, pai da família imperial. Conta-se que Aurelius era cristão e pelas suas convicções acabou concedendo a liberdade a Calixto a quem, inclusive, doou uma soma para que ele pudesse abrir o próprio negócio. Sucede que Calixto, não aproveitando a oportunidade, acabou fracassando, além do que chegou a apropriar-se de certa quantia de Aurelius e conseqüentemente acabou fugindo para Roma, onde acabou sendo capturado e teve de trabalhar para devolver o dinheiro furtado. O pai do imperador, porém, deu-lhe uma segunda chance, determinando a sua libertação. Mesmo assim, Calixto envolveu-se em algumas aventuras desonestas, fazendo com que fosse enviado para a Sardenha, onde passou um bom período submetido a penas forçadas, em trabalhos realizados junto às minas. Nesta época reinava o imperador Cômodo e sua esposa Márcia, sendo um período, favorável aos cristãos exilados, pois muitos receberam a liberdade, tendo Calixto sido também beneficiado.
O Papa Zeferino, então, acabou contratando os serviços de Calixto. Desempenhou-se tão bem nas suas atividades, que acabou sendo nomeado secretário e posteriormente, homem de confiança do Papa. Ficou muito famoso pelo empreendimento de grandes feitos administrativos, dentre os quais a organização das catacumbas de Roma, onde estavam depositadas as relíquias dos santos da Igreja primitiva. Grande parte destas catacumbas ficaram muito conhecidas e levam o seu nome (famosas catacumbas de São Calixto). Ali 46 Papas e e milhares de mártires encontram-se enterrados. Possuem quatro pisos sobrepostos e mais de 20 quilômetros de corredores. Construiu também a Basílica de Santa Maria, em Trasverre, cuja primeira Igreja dedicou à Virgem Maria.
Após o martírio de São Zeferino, o clero e o povo de Roma elegeram São Calixto como a pessoa mais preparada para assumir o governo da Igreja. Era notável sua fama de devoção e piedade. Havia, muito antes, declarado publicamente seus pecados, afirmando que, se um pecador sinceramente contrito, se entregasse à penitência e deixasse para trás suas maldades, poderia voltar a ser admitido entre os fiéis cristãos católicos, e que nenhum bispo o poderia destituir, mesmo que por grave pecado, caso se arrependesse e viesse a levar vida de conversão e penitência. Ocorreu que um tal Hipólito, baseado no passado e associando nelas as declarações feitas, opôs-se terrivelmente, de forma que investiu de todas as formas para que Calixto fosse deposto do trono pontifício, mas seus argumentos não encontraram eco nem no seio da Igreja, nem junto aos cristãos católicos.
Durante seu pontificado, converteu muitos romanos ao cristianismo e curou a vários doentes que padeciam de graves enfermidades. Também defendeu e consolou a muito cristãos, vítimas de perseguições movidas pelos pagãos. Costumava penitenciar-se com freqüência, inclusive, chegou a submeter-se a 40 dias consecutivos de jejum. Combateu com constância as heresias adocianistas e modalistas.
Foi ele também vítima de uma grande insurreição popular. Havia entre os pagãos, ódio generalizado por causa do tratamento favorável que o imperador Eligobalo estava concedendo aos cristãos. No mesmo ano (222), porém, pouco antes do martírio de São Calixto, Eligobalo e sua mãe seriam assassinados.
Assumindo o imperador Alexandre Severo, não conseguiu deter o ódio popular e mandou prender Calixto, o qual foi enviado ao cárcere, onde deixaram-no por muitos dias sem comida e sem bebida. Em silêncio, porém , foi encontrado pelos guardas com semblante muito tranqüilo. Perguntaram-no se tinha fome ou sede após tanto tempo sem água ou comida, no que respondeu: “Acostumei meu corpo a passar dias e semanas sem comer e nem beber, por amor ao meu amigo Jesus Cristo”.
Foi no cárcere que, com suas orações, curou a esposa do carcereiro quando ela já agonizava. Por este milagre, o carcereiro deixou-se batizar com toda sua família, ingressando na santa religião cristã.
Finalmente, por ordem imperial, São Calixto foi jogado num poço profundo, que foi coberto até a boca com terra e diversos escombros. O poço de Calixto é um local turístico de Roma , e está situado no Tribunal do convento de São Calixto, próximo à Basílica de de Santa Maria, em Trastevere, venerado até hoje pelos cristãos. Suas relíquias, porém, descansam no cemitério de Calepódio, em Aurélia. 


17 - Santo Urbano I - 222 A 230













Santo Urbano I, natural da Itália, é também um dos grandes Pontífices caluniado e perseguido por tomar a defesa dos direitos da esposa de Cristo. Durante seus oito anos de fiel guardião da sã doutrina, distinguiu-se pelo zelo apostólico, que culminou na sua morte em decorrência das perseguições perpetradas pelo prefeito de Roma, sob o império de Alexandre Severo.
Foi um santo varão, em justiça e piedade. Com seu exemplo de vida, caráter firme, mas com espírito manso e amável, foi responsável por inúmeras conversões, inclusive, de pessoas de alta classe social, dentre os quais a de Valeriano, esposo de Santa Cecília e de Tibúrcio, seu irmão. Todos foram batizados e zelosamente animados para que, por amor a Jesus Cristo, dessem a vida, caso fosse necessário.
Naquele tempo, os fiéis doavam muitas possessões e heranças , que auxiliavam no aprimoramento do culto divino, sustento dos ministros da Igreja e dos pobres. Santo Urbano, ordenou que tal patrimônio não pudesse ser usado, em hipótese alguma, para outros fins, estabelecendo, por decreto, graves penas a quem viesse eventualmente a usurpar as coisas eclesiásticas.
Decretou também que o sacramento da Confirmação fosse ministrado, após o Batismo, pelas mãos de um bispo. Foi o primeiro a implantar o uso de ouro, prata e pedras preciosas para de patenas, cálices e vasos sagrados, destinados ao uso do sacrossanto Sacrifício da Missa. Fez reconhecer que os homens devem oferecer ao Senhor, tudo aquilo que lhes é mais caro e precioso.
Santo Urbano trabalhou, mas também padeceu muito pela Igreja do Senhor. Foi vítima de inúmeras perseguições e acabou sendo preso por ordem do prefeito Almáquio. Depois de sofrer duros ultrajes e acoites, foi degolado no dia 25 de maio de 230, tendo seu corpo sido lançado para ser consumido por aves e quadrúpedes. Porém, uma santa mulher chamada Maimenia, com sua filha Lucina, recolheram seus restos e o sepultaram no cemitério de Pretextato, na vila Ápia. 

18 - São Ponciano - 230 A 235













São Ponciano, era natural de Roma. Seu predecessor, Santo Urbano I, havia sofrido constantes perseguições, movidas pelo prefeito de Roma, sob o império de Alexandre Severo. Apesar do imperador apresentar certa compassividade com os cristãos, a guerra era fomentada pelos principais inimigos da Igreja, ou seja, pagãos idólatras e muitos magistrados que eram inimigos terríveis do cristianismo. Foi por esta influência que uma grande quantidade de fiéis tombou morta, inclusive, o próprio Santo Urbano.
Assumindo São Ponciano o trono pontifício, o imperador Alexandre Severo garantiu certa paz aos cristãos. Esta paz perdurou durante os cinco anos de seu pontificado. Sucede que Alexandre veio a ser assassinado no mês de maio de 235, tendo sido sucedido por Maximiano. Logo que assumiu o trono imperial, o novo governador, movido de fúria, atacou impetuosamente os cristãos, movendo-lhe cruel perseguição. Um dos seus primeiros atos foi a deportação do Papa para a Sardenha, juntamente com o presbítero Hipólito, onde sofreram duras humilhações e açoites.
A Igreja conferiu a São Ponciano o título de mártir. É certo que seu corpo foi encontrado no cemitério de Calixto decapitado, mas não há registros precisos sobre as circunstâncias da sua morte. Há uma versão indicando que o Santo Padre pudesse ter morrido de malária, momentos antes de ser capturado pelos seus cruéis perseguidores que investiam na pretensão de seu martírio. 


19 - Santo Antero - 235 A 236













Santo Antero, sucessor de São Ponciano, foi o décimo nono Papa da Igreja. Era natural da Grécia, tendo seu pontificado durado pouco mais de um mês. Assumiu a Cadeira de Pedro em novembro de 235 e morreu martirizado no mês de janeiro do ano subsequente.
Apesar do curto período em que permaneceu à frente da Igreja de Cristo, seu nome ficou marcado pelo importante empenho na preservação do acervo documental católico, permitindo aos historiadores o acesso à diversas informações escritas da Igreja primitiva. Graças a isto, foram mantidas as bases de conhecimento de muitas coleções redigidas pelos notários.
Ele se encarregou especialmente em organizar as atas concernentes aos mártires da Igreja, determinando que fossem lavradas cópias para serem guardadas nas igrejas. Definiu também a compilação de documentos canônicos oficiais, os quais foram guardados em um lugar chamado “scriniun”. Muitas recompilações foram queimadas por ordem do imperador Diocleciano, mas voltaram a ser redigidas para desaparecerem novamente nos tempos do Papa Honório III (1225).
Sofreu o martírio sob o governo de Maximiano, no dia 03 de Janeiro de 236, tendo seu corpo sido sepultado junto às catacumbas de São Calixto.


20 - São Fabiano - 236 A 250













Sucessor de Santo Antero, foi eleito Bispo da Igreja de Roma em 236. As extraordinárias circunstâncias de sua eleição, em muito se assemelham à de São Zeferino (15º Papa da Igreja), e foram relatadas pelo historiador Eusébius. Depois da morte do Papa Antero, havia vindo a Roma, com alguns outros de sua vila, e estava na cidade, como mero espectador, quando a nova eleição teve início. Concentrados no local, haviam nomes de várias pessoas ilustres e também muitos nobres de elevada consideração. Durante a fase preparatória e as orações para a escolha do novo Pontífice, repentinamente uma pomba desceu sobre a cabeça de Fabiano, que não gozava de fama ou qualquer consideração social. Os membros da assembléia logo associaram esta manifestação extraordinária à cena descrita no Evangelho, quando o Espírito Santo desceu sobre o Salvador da humanidade e por isto, com divina inspiração, elegeram Fabiano e o aclamaram com tal alegria que, por unanimidade o conduziram à Cadeira de Pedro.
Durante seus quatorze anos de pontificado, dirigiu a Igreja com certa tranqüilidade, já que a chama da perseguição levantou-se somente nos anos finais, quando acabou sendo martirizado por ordem do governo imperial. Dos registros contidos no Livro Pontifical, consta que São Fabiano determinou que Roma fosse dividida em sete distritos eclesiásticos, sendo cada distrito supervisionado por um diácono. Designou sete subdiáconos para recolher e preservar, juntamente com outros notários a "ata dos mártires". Instituiu as quatro ordens menores e também empreendeu grandes trabalhos de manutenção das catacumbas dos mártires.
São Fabiano morreu decapitado durante o governo do imperador Décio, no dia 20 de janeiro de 250. São Cipriano também fez referências ao seu martírio. Seu corpo foi depositado na cripta dos Papas, nas catacumbas de São Calixto, onde, em épocas recentes (1850), foi descoberta sua lápide com seu nome gravado em grego. 


21 - São Cornélio - 251 A 253













O pontificado de São Cornélio teve início somente no ano de 251. Um ano e quatro meses antes, o Papa São Fabiano, seu predecessor, havia sido martirizado por decapitação por ordem do Imperador Décio. A perseguição contra a Igreja de Cristo havia apresentado constantes requintes de violência e crueldade, de forma que, desde a morte de São Fabiano (ano 250), tornou-se impossível congregar os fiéis para a eleição do novo Papa. Só após a revolução de Julio Valente, conseguiu reunir-se o clero, que elegeu por Papa a Cornélio, que era presbítero da Igreja romana. Assim, desde a morte de São Fabiano até a eleição de São Cornélio, permaneceu a sede pontifical de Roma vacante por um ano e quatro meses.
Era Cornélio reconhecido por suas grandes virtudes e eminente sabedoria, principalmente pelos grande testemunho que empreendera na luta contra a heresia. Por sua personalidade firme, ao mesmo tempo que piedosa, era já conhecido por seu elevado grau de santidade. Sua caridade e extrema doçura, fez com que merecesse o renome de "Pai dos Pobres".
Tão logo tomou posse, o Papa Cornélio deparou-se com sérios obstáculos. A chama da perseguição aos cristãos novamente ergueu-se. Aproveitando-se da aparente instabilidade, um sacerdote de nome Novato passou a semear dissenções internas, empreendendo malignas articulações para dividir o rebanho de Cristo. Oriundo de Cartago, onde São Cipriano já havia identificado sua personalidade malidicente, chegou como refugiado em Roma, onde achou terreno propício para difundir seus erros. Contestando a legitimidade da sucessão papal, maquinou um cisma e, num jogo de influências e interesses, acabou proclamando-se Papa. Por este motivo, ainda no mesmo ano da posse, São Cornélio convocou um Concílio em Roma, quando Novato foi excomungado e declarado anti-papa, sendo proscritos seus erros e condenados todos os seus sequazes.
A paz na Igreja, porém, duraria pouco tempo. O governo do Imperador Décio estava no final e seu sucessor Galo, reacendeu a chama da perseguição com tanta intensidade, que acabou o Papa sendo banido de Roma. São Cipriano, como bispo de Cartago (norte da África), empreendeu grande apoio ao Supremo Pontífice por ocasião do levante novaciano. Ao saber do exílio do Papa, de quem era pessoal amigo, escreveu-lhe carta contendo mensagem de perseverança e fé, já prevendo os sofrimentos com que ele iria glorificar a Cristo.
São Cornélio, que já havia sido submetido a intensos tormentos, fadigas e penúrias no exílio, acabou sendo decapitado após sentença dos juízes imperiais, no dia 14 de setembro de 253.
Cinco anos após a morte de São Cornélio (258), São Cipriano, que há alguns anos permanecera exilado em Curubis, foi conduzido à presença do pré-cônsul Máximo, o qual lhe obrigou a desistir da fé. Declarando firme testemunho cristão e negando-se a adorar outros deuses, São Cipriano foi imediatamente decapitado por ordem de Máximo.
Por serem contemporâneos, amigos, e pela estreita relação na luta das causas da Igreja, juntos aparecem Cornélio e Cipriano no Cânon tradicional da Missa, cuja celebração festiva ocorre no mesmo dia.
As relíquias de São Cornélio encontram repouso junto às criptas de Lucina ( Bem-Aventurada Lucina, que foi quem recolheu os restos do Papa Cornélio e e depôs numa cripta escavada em uma propriedade sua no Cemitério de Calisto, onde encontra-se até hoje).


22 - São Lucio I - 253 A 254













Em apenas um ano de pontificado, o governo de São Lúcio foi marcado por um período de fortes perseguições. O tratamento injusto e cruel infligido pelo então imperador Valeriano, teve como conseqüência seu exílio. Mas, ao retornar, teve de sustentar luta fortíssima, desta vez, contra hereges denominados "novacianos". Sua determinação, zelo apostólico, plena convicção e fé em defesa da doutrina de Cristo, culminou em seu martírio. Neste mesmo local, foram martirizados outros novecentos santos mártires, cujos corpos foram depositados nas catacumbas de Santa Cecília


23 - Santo Estevão I - 254 A 257













Papa e santo da Igreja Cristã de Roma (254-257) nascido em Roma, eleito papa em 12 de maio (254) sucessor de Lúcio I (253-254), que reinou no período em que a controvérsia com a Igreja africana entrava em seu período mais crítico. Foi eleito papa depois de uma vacância do cargo por dois meses. Afirmou insistentemente o primado do papa, para resolver problemas que se relacionavam com a disciplina eclesiástica ou questões teológicas, como a da validade do batismo administrado por heréticos e a questão dos lapsos, cristãos que, no tempo das perseguições, tinham renegado a fé cristã pelo temor de perderem seus bens, enfrentar o exílio e os tormentos ou a morte, porém passado o perigo, arrependidos da apostasia, pediam para ser readmitidos na Igreja. . Acreditava que esse batismo era válido, no que foi contestado pelo bispo Cipriano, de Cartago, que convocou dois sínodos para afirmar a não validade do batismo dos heréticos. O papa recusou-se a receber os enviados de Cipriano, para o qual rebatizar era contrário à tradição e isso não podia ser tolerado. O perigo de ruptura da Igreja era tão grande que levou Dionísio de Alexandria, que embora apoiasse a posição do papa, sentiu a necessidade de escreveu ao pontífice suplicando que adotasse uma linha menos intransigente. As divergências entre papa e o bispo africano, levou a realização do Concílio africano (256) que reprovou o procedimento do pontífice e seus métodos excessivamente autoritários. O conflito estava em seu ponto mais alto quando foi interrompido com a morte do papa (257). Foi decapitado pelos soldados de Valeriano, na cadeira pontifícia, durante uma cerimônia religiosa realizada na Catacumba de São Calisto. Autoritário e intransigente, plenamente consciente da sua autoridade e prerrogativa especial, foi o primeiro papa a se assumir com a missão confiada ao apóstolo Pedro por Jesus Cristo, como referido no Evangelho de S. Mateus. Foi sepultado na cripta dos papas nas catacumbas de São Calisto. Sob seu pontificado, também se intensificaram as lutas cismáticas dos seguidores do antipapa Novaciano. 


24 - São Xisto II - 257 A 258













Papa da Igreja Cristã Romana (257-258) de origem grega, foi eleito o vigésimo quarto papa para substituir São Estêvão I (254-257) e governou a Igreja durante um ano. Possuía caráter bondoso e solucionou as discórdias que haviam atormentado a Igreja durante o governo de Cornélio, Lúcio e Estêvão. Trouxe de volta à Igreja as pessoas de Antioquia e os africanos que se haviam separado devido à controvérsia sobre a validação do batismo ministrado por hereges e efetuou o translado dos restos de São Pedro e São Paulo. O imperador Valeriano decretou que era proibido aos cristãos entrarem nas catacumbas e aí realizarem funções religiosas. Em um segundo decreto estabeleceu que os bispos, sacerdotes e diáconos fossem decapitados no mesmo lugar onde fossem encontrados, sumariamente sem julgamento. Assim os soldados imperiais ao surpreenderem o papa enquanto anunciava as divinas escrituras, agarraram o pontífice, com os quatro diáconos que estavam com ele na Catacumba de São Calisto, e os decapitaram naquele local, no dia 6 de agosto (258). Foi sepultado na Catacumba de São Calisto, segundo a Depositio Martyrum, o Liber Pontificalis e o De locis sanctis martyrum, na cripta dos papas e foi sucedido por São Dionísio (260-268). Escreveram sobre ele Eusébio de Cesaréia, em sua História Eclesiástica, e e Cipriano de Cartago e o papa poeta São Dâmaso dedicou-lhe um carme, um conjunto de versos líricos. As inscrições de cinqüenta carmes de Dâmaso causam admiração pela beleza de seus caracteres, filocalianos clássicos, pela sonoridade dos versos latinos, pela concisão da expressão, e celebram os mártires da Igreja de Roma.


25 - São Dionisio - 259 A 268













Papa (259-268) e santo da Igreja Cristã de Roma provavelmente nascido na Grécia, sucessor de Sisto II, que manteve uma longa correspondência com Dionísio de Alexandria acerca da doutrina ortodoxa da Trindade. Sua origem grega não é de todo confirmada, nem se sabe com exatidão informações sobre sua formação anterior. Foi eleito (259), um ano após a morte do seu antecessor, por causa das perseguições desenvolvidas contra a Igreja pelo Imperador Valeriano I. Coube ao seu pontificado a missão de reorganizar a Igreja Romana em meio a graves desordens e em um momento em que os bárbaros se acercavam das portas do Império Romano. Reorganizou as paróquias romanas e enviou grande quantidade de dinheiro aos cristãos da Capadócia, para reequilibrar suas comunidades e restaurar os templos que haviam sido devastados pelos persas. Estabeleceu a paz com o Imperador Galieno, e obteve deste a liberdade para os cristãos com a publicação de um editto di tolleranza por parte do governo. Papa de número 25, morreu em 26 de dezembro (268), de morte natural e foi sepultado na Catacumba de São Calisto. Foi o primeiro papa a não ser indicado claramente como mártir e foi substituído por São Félix I (269-274). 


26 - São Felix - 269 A 274













Papa (269-274) e santo da Igreja Cristã de Roma nascido nesta cidade, que foi escolhido para suceder São Dionísio (260-268), sendo as informações sobre sua vida poucas e confusas. Interveio na questão da deposição de Paulo de Samósata, bispo de Antioquia no século III, que foi condenado por suas doutrinas trinitárias e cristológicas no sínodo de Antioquia (268). Esse bispo pregava que o Cristo-Logos e o Espírito Santo significavam apenas qualidades de único Deus: o Jesus homem obtinha inspiração do Alto e, quanto mais homem se tornava, tanto mais recebia o Espírito acabando por identificar-se com o Pai quando da ressurreição. O Liber pontificalis atribui a este papa, um decreto com que se autorizava a celebração da missa sobre os túmulos dos mártires. Durante o Concílio de Éfeso (431), teria pronunciado que Jesus Cristo, filho de Deus, nascido da Virgem Maria, é homem e Deus em uma única pessoa, afirmando a divindade e a humanidade de Cristo e as duas naturezas distintas em uma só pessoa. Juntou-se aos fiéis nas catacumbas, para escapar à perseguição do Imperador Aureliano. Iniciou o sepultamento dos mártires sob o altar e a celebração da missa sobre seu túmulos. Segundo a tradição, o papa de número 26 teria morrido martirizado em 30 de dezembro (274), sepultado na Catacumba de São Calisto, na Via Ápia, e foi sucedido por São Eutiquiano.


27 - Santo Eutiquiano - 275 A 283













Papa da Igreja Cristã de Roma (275-283) nascido em Luni, Ligúria, eleito em 4 de janeiro (275) como sucessor de Félix I (269-274), o último papa a ser sepultado na cripta dos papas. Pouco se sabe de preciso desse papa como de seu sucessor. Governou a Igreja durante oito anos, período em que ordenou que os mártires fossem objeto de grandes honras e seus corpos cobertos pela dalmática, uma túnica roxa similar aos usados pelos Imperadores Romanos, hoje vestimenta dos diáconos nas cerimônias solenes, e instituiu a benção da colheita nos campos. Para evitar que o Santíssimo Sacramento fosse profanado, proibia aos leigos até mesmo de portar as Sagradas Espécies aos doentes: Nullus præsumat tradere communionem laico vel femminæ ad deferendum infirmo, ou seja, Ninguém ouse entregar a comunhão a um leigo ou a uma mulher para portá-la a um enfermo. Papa de número 27, morreu martirizado em 7 de dezembro (283), em Roma, foi sepultado na cripta dos papas, nas catacumbas de São Calisto, Via Ápia, e sucedido por São Caio (283-296). 


28 - São Caio - 283 a 296
Papa italiano da igreja católica romana (283-296) nascido em Salona, Dalmácia, substituto de Eutiquiano (275-283), cujo pontificado coincidiu com o período de paz que antecedeu à perseguição no governo do Imperador Diocleciano (284-305). Pouco se sabe de preciso sobre sua vida e pontificado, sobre o qual faltam dados históricos que elucidem a origem e a indicação desse papa da igreja cristã. Sabe-se que descendia da família imperial de Diocleciano, seu tio, e estabeleceu que ninguém poderia ser ordenado bispo sem antes passar pelos graus de ministro da Eucaristia, leitor, acólito, exorcista, subdiácono, diácono e sacerdote. O papa de número 28 proporcionou paz aos cristãos e construiu amplas igrejas, por toda Roma. Como o imperador Dioclesiano foi um perseguidor implacável do cristianismo e durante o seu governo muitos foram martirizados por não abjurarem da fé cristã. Aparentemente ele procurava por muito tempo os esconderijos das catacumbas, para assim, atender às necessidades dos cristãos. Como papa chegou a aconselhar alguns cristãos refugiados na casa de campo do então convertido prefeito Cromâncio, de Roma, para que fugissem da cidade antes de serem presos, pois sabia que muitos destes cristãos fraquejar diante do martírio. Conta-se que este mesmo conselho foi dado a São Sebastião, mas este preferiu ficar em Roma, para animar e defender os irmãos da Igreja. Inclusive este santo, por permanecer na arena da luta defendo a Igreja de Cristo, foi severamente martirizado. O papa morreu em Roma, mas não há citações conclusivas de que tenha morrido como um mártir, completando um papado de doze anos, quatro meses e sete dias, desde 17 de dezembro (283) até 22 de abril (296), de acordo com o Catálogo Liberiano. Foi substituído por Marcelino (296-304) e, posteriormente canonizado, é comemorado a 22 de abril, juntamente com outro papa e mártir, Sotero (166-175). Foi sepultado no cemitério da capela dos papas. Vale observar que as criptas dos papas Caio, Eusébio e de Cornélio, nas Catacumbas de São Calisto, encontram-se escritas páginas gloriosas da Igreja de Roma. 

29 - São Marcelino - 296 a 304













Papa e santo da Igreja Cristã Romana (296-304) nascido em Roma, sucessor de São Caio (283-296), que durante o seu pontificado, teve de enfrentar a perseguição de Diocleciano. Após cinco anos de paz, teve que esconder-se nas catacumbas, onde confortava os cristãos, para fugir à perseguição de Diocleciano, que condenara à morte toda pessoa que professasse a religião cristã. O seu nome porém, é recordado na famosa inscrição do diácono Severo, que se encontra nas Catacumbas de São Calisto, na Via Ápia. Em hexâmetros latinos, Severo descreveu a construção de um cubículo com arcossólios como tranqüila morada na paz para si e seus caros, autorizado pelo seu papa Marcelino. O termo papa, como sinônimo do bispo de Roma aparece pela primeira vez nessa inscrição, com a sigla abreviada PP, usada ainda hoje pelos papas em suas assinaturas. O papa de número 29, morreu em Verona, na durante a perseguição de Diocleciano, mas não como mártir, embora seu nome figure na lista dos mártires do imperador, e foi sepultado na Catacumba de Priscila, e foi sucedido por São Marcelo I (308-309), quatro anos depois. No século V, os donatistas africanos julgaram-no traidor da fé, mas foi reabilitado em conseqüência da perseguição a que foi submetido pelo Imperador que, no clímax da violência, incendiou Igrejas e queimou textos sagrados e deixou entre suas vítimas, mártires como Santa Lúcia, Santa Inês, Santa Bibiana, São Sebastião e São Luciano.

30 - São Marcelo I - 307 a 309













Papa e santo da Igreja Cristã Romana (308-309) nascido em Roma, eleito quatro anos após a morte de Marcelino I (296-304) devido às terríveis condições em que viviam os cristãos perseguidos por Diocleciano. Em seu breve mandato dedicou-se à recomposição da comunidade de Roma, e tomou duas decisões importantes. Na primeira proibiu a realização de concílios sem a expressa autorização do papa. Na segunda, embora mantivesse uma atitude severa para com os lapsi, cristãos que tinham renegado a fé, durante a perseguição do imperador, estabelecia condições a respeitar nos casos em que se concedesse o perdão a essas pessoas. Essa difícil decisão de conceder o perdão para os lapsos, gerou intensos tumultos que apressaram a intervenção do imperador Massêncio, retirando todos os seus poderes. Preso e acusado de tentar reorganizar a Igreja, foi condenado a servir nos estábulos imperiais com o objetivo de humilhar-lhe. Libertado pelos cristãos, refugiou-se na casa da matrona Lucina que transformara sua casa e uma igreja. Descoberto, foi novamente condenado, preso precisamente na igreja que receberam de Lucila e que foi transformado em um estábulo, onde morreu vítima de privações e humilhações. O papa de número 30 morreu martirizado em Roma, recebeu uma sepultura no Cemitério de Priscila e foi sucedido por São Eusébio 

31 - Santo Eusébio - 309 a 310













Papa e santo da Igreja Cristã Romana (309-310) de origem grega nascido em Casano Jônico, eleito em 18 de abril (309) como sucessor de São Marcelo I, o papa mais amado e venerado pelos cristãos do seu tempo devido à sua grande bondade e misericórdia demonstradas nos poucos meses de pontificado. Foi eleito durante a perseguição de Diocleciano (284-305) e enfrentou com coragem e decisão a espinhosa questão dos lapsos, cristãos que, no tempo das perseguições, tinham renegado a fé cristã pelo temor de perderem seus bens, enfrentar o exílio, os tormentos ou a morte, porém passado o perigo, arrependidos da apostasia, pediam para ser readmitidos na Igreja. Enfrentou as polêmicas sobre estas apostasias que levaram a Igreja à iminência de um cisma e conseguiu unir a firmeza de posições em favor do perdão a uma grande caridade. Parte do clero de Roma, chefiada por Heráclio, influente dignitário da Igreja, era absolutamente contrária, enquanto o papa tinha-se declarado abertamente favorável ao perdão. A luta desembocou até em luta aberta, tanto que o imperador Maxêncio exilou os expoentes das duas facções opostas, atestada pelo papa Dâmaso na inscrição colocada diante da sua tumba: vetuit lapsos peccata dolere. Eusebius miseros docuit sua crimina flere. Exilado na Sicília, enviado pelo Imperador Maxêncio em 17 de setembro (309), morreu martirizado e vítima das privações, principalmente fome. Logo o papa de número 31 foi considerado mártir pela Igreja de Roma e seu corpo foi transladado à capital e sepultado nas Catacumbas de São Calisto. A cripta, que dele recebe o nome, adornada de mármore e tornada preciosa pela inscrição do papa Dâmaso, foi uma das mais visitadas pelos peregrinos daqueles tempos. Outros papas mártires foram Ponciano, Fabiano, Cornélio e Sisto II, e foi o último papa a ser sepultado em São Calisto, numa cripta que traz o seu nome, e foi sucedido por São Miltíades.

32 - São Melquiades - 311 a 314













São Melquíades (também conhecido por Milcíades ou Melquíadas) foi Papa entre 2 de julho de 311 até 10 de janeiro de 314.
Sucessor de Santo Eusébio, Melquíades era natural de África, assumindo o trono pontifício em Roma em 311. Sofreu dura perseguição durante o governo de Maximiano, sendo estes talvez os anos do declínio das perseguições implacáveis contra a Igreja de Cristo. Tudo levava a crer que Melquíades seria mais um Papa a entrar no rol dos mártires, o que não se confirmou. Pelo contrário, teve a oportunidade de presenciar a paz que o imperador Constantino, recém convertido, trouxe à Igreja e ao mundo em 313. Morreu quando a Igreja, portanto, já vivia tempos mais tranqüilos.
No campo religioso, o Édito de Milão concedeu a paz à Igreja e a conversão de Constantino, que havia marchado sobre Roma, colocou o cristianismo em situação de favor, embora não o reconhecendo como religião oficial.

33 - São Silvestre I - 314 a 335













São Silvestre encerra o ano civil. Ele encerra também , na história da Igreja uma época importante e inicia uma nova era. Durante três séculos a Igreja de Deus esteve exposta às mais cruéis perseguições.
O império romano empregava todo o seu poder para aniquilar o reino de Deus; o sangue corria em torrentes. Esforçavam-se em regra para inventar novos tormentos. Além disso, astúcia, lisonja, seduções, tudo quanto pode cegar os sentidos, tudo o que a arte e a ciência terrenas podem proporcionar, estava a serviço desta luta - e tudo debalde. A Igreja permaneceu ilesa, a despeito de todos os planos, afrontando tudo. Os seus membros morriam aqui e ali, mas a Igreja continuava a viver, e sempre novos elementos entravam, para preencher as lacunas. Por fim o império romano se curvou diante de Cristo e colocou a Cruz sobre o seu diadema e o sinal de Cristo sobre a água de suas legiões. Cristo tinha vencido na possante peleja, e o Papa Silvestre I viu como tudo mudava. Viu o suplício da cruz ser abolido. Viu cristãos confessarem livre e francamente a sua fé e erigirem casas de Deus. Viu o próprio imperador Constantino edificar o palácio (Lateranense), que durante muitos séculos foi a residência do Vigário de Cristo.
Sobre a vida interior exterior do Papa S. Silvestre a história muito pouco de positivo revela, se bem que como certo afirme, que tenha ele sido a alma dos grandes acontecimentos verificados no seu longo Pontificado.
Segundo o testemunho de historiadores fidedignos Silvestre nasceu em Roma, filho de pais ótimos cristãos, que bem cedo o confiaram aos cuidados do sacerdote Cirino, cujo preparo intelectual e exemplo de vida santa fizeram com que o discípulo adquirisse uma formação extraordinariamente sólida cristã. Estava ainda em preparação última, isto é, a décima e de todas as mais bárbaras das perseguições dioclesianas, quando Silvestre, das mãos do Papa Marcelino, recebeu as ordens sacerdotais. Teve, pois, ocasião de presenciar os horrores desta investida do inferno contra o Reino de Cristo. Pode ele ser e foi testemunha ocular do heroísmo das pobres vítimas do furor desmedido do tirano coroado. Em 314, por voto unânime do povo e do clero foi proposto para ocupar a cadeira de São Pedro, como sucessor do papa Melquíades.
Com a vitória do cristianismo e a conversão do imperador Constantino viu-se o Papa diante da grande tarefa de, por meio das sábias leis, introduzir a religião cristã na vida dos povos, dando-lhe formação concreta e definitiva. A paz, infelizmente não foi de longa duração. Duas terríveis heresias se levantaram contra a Igreja, arrastando-a para uma luta gigantesca de quase um século de duração. Foi a dos Donatistas, que tomou grande incremento na África. A Igreja, ensinavam eles, deve compor-se só de justos; no momento em que seu grêmio tolera pecadores, deixa de ser a Igreja de Cristo. O batismo administrado por um sacerdote que em estado de pecado se acha, é inválido. Um bispo, se estiver com um pecado na alma, não pode crismar nem ordenar sacerdotes. Caso que administrar estes sacramentos, são eles inválidos.
Pior e mais perigosa foi a outra heresia, propalada pelo sacerdote Ario, da Igreja de Antioquia. Doutrinava este heresiarca que a Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, faltavam as atribuições divinas; isto é, não era consubstancial ao Pai, portanto não era Deus, mas mera criatura, de essência diversa da do Pai e de natureza mutável.
Tanto contra a primeira como contra a segunda o Papa Silvestre tomou enérgica atitude. A dos Donatistas foi condenada no Concílio de Arles. O arianismo teve sua condenação no célebre Concílio de Nicéia (325), ao qual compareceram 317 bispos. O Papa Silvestre, já muito idoso pessoalmente não podendo comparecer à grande Assembléia, fez-se nela representar por dois sacerdotes de sua inteira confiança, que em seu lugar presidiram as sessões. Estas terminaram com a soleníssima proclamação dogmática da fórmula: " O Filho é consubstancial ao Pai; é Deus de Deus; Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro; gerado, não feito, da mesma substância com o Pai".
As resoluções do Concílio o Papa Silvestre as assinou. Na presença de 272 bispos foram as mesmas em Roma solenemente confirmadas. Esta cerimônia teve lugar diante da imagem de Nossa Senhora Alegria dos Cristãos, cujo altar, em sinal de gratidão à Maria Santíssima o Papa mandara erigir logo que as perseguições tinham chegado ao seu termo.
Sobre o túmulo de São Pedro, o Papa, auxiliado pelo imperador, construiu a magnífica basílica vaticana, com suas oitentas colunas de mármore, templo que durante 1100 anos via chegar milhares e milhares de peregrinos provenientes de todas as partes do mundo, ansiosos de prestar homenagens ao "Rochedo", sobre o qual Cristo tinha edificado a sua Igreja - até que deu lugar à atual grandiosa Basílica de São Pedro.
Durante seu Pontificado, o Papa Silvestre governou a Igreja de Deus dando sobejas provas de prudência e sabedoria, glorificando-a com as virtudes de uma vida santa e apostólica.


34 - São Marcos - 336













Marcos foi Papa entre 18 de janeiro de 336 até 7 de outubro de 336. É tido por romano, mas pouco se conhece da sua vida. Foi consagrado em 18 de Janeiro de 336, e faleceu em 7 de Outubro do mesmo ano.
Crê-se que as mais antigas listas conhecidas de bispos e mártires ("Depositio episcoparum" e "Depositio martyrum") começaram a ser compiladas no seu pontificado. Instituiu o pálio, tecido com lã branca de cordeiro e com cruzes negras e fez o primeiro calendário com as festas religiosas. Mandou construir as basílicas de São Marcos e de Santa Balbina. Marcos também emitiu uma constituição que confirma o poder do bispo de Óstia para benzer papas recém-eleitos. Morreu de causas naturais e foi enterrado na catacumbas de Balbina, onde ele tinha construído o cemitério da igreja. Sua festa é em 7 de outubro.



35 - São Julio I - 337 a 352













Da vida do Papa São Júlio I pouco se conhece, além de que era romano. Sabe-se que o seu pontificado foi marcado pelas lutas arianas e semiarianas. São Júlio I foi eleito papa em 6 de Fevereiro de 337 e promoveu alguns dogmas. No Outono de 341, convocou um concílio a que assistiram 50 bispos com o propósito de pronunciar-se de novo contra o arianismo e condenar a quem depunha bispos conforme era conveniente.
Quando faleceu Constantino I, o Grande, o império romano dividiu-se entre os seus três filhos. Um deles, Constantino II, desapareceu da história e sobraram como imperadores os outros dois: Constâncio, no Oriente e Constante no Ocidente. Enquanto Constante era católico, Constâncio era ariano. Em 350 Constante foi assassinado e o Império reunifica-se sob Constâncio, que desenvolveu uma fortíssima perseguição à Igreja. Júlio I morre em 12 de Abril de 352.
É considerado o fundador do arquivo da Santa Sé, tendo ordenado a conservação dos documentos.
No ano 350 d.C. o Natal passou a ser comemorado em 25 de dezembro. Em princípio era uma data pagã conhecida como "férias de inverno" em homenagem a Saturno, o deus da agricultura. Um decreto do Papa Júlio I, no ano 350 d.C., Determinou a substituição da veneração ao deus sol pela data em que teria nascido Jesus o Salvador. Assim Papa Júlio I eventou o dia do nascimento de Jesus para 25 de Dezembro.
Hoje a Igreja Católica reconhece que não é biblico a data de 25 de Dezembro como sendo o dia do nascimento de Jesus, aliás não se sabe o dia de seu nascimento mas sim o ano de 2 antes de Cristo


36 - São Liberio - 352 a 366













Libério foi um papa eleito em 17 de maio de 352. Morreu em 24 de setembro de 366.
Envolvido na controvérsia ariana, foi desterrado por Constâncio II para Berea de Tracia, donde aparentemente aceitou o arianismo. Mas, de regresso a Roma (em 358), combateu tal doutrina e expulsou o Antipapa Félix II, imposto pelo imperador. Festa a 23 de setembro.
Fez as primeiras fundações da Basílica de Santa Maria Maior, sobre o perímetro que ele mesmo traçou.
Também instituiu oficialmente a festa do Natal em 354. Na verdade a data de 25 de dezembro não deve a um estrito aniversário cronológico de Jesus, mas sim à substituição com motivos cristãos de antigas festas pagãs, a antiga festa romana do solstício de inverno. Cheia de demonstração de piedade e ternura dos motivos de infância que aludem as típicas canções ao menino Jesus, sempre acompanhadas de instrumentos tradicionais, é uma das manifestações típicas de tais celebrações. As alusões dos Padres da Igreja ao simbolismo de Cristo como sol de justiça (Malaquias 4:2) e luz do mundo (João 8:12), e as celebrações da festa na colina vaticana - onde os pagãos tributavam homenagem às divindades do Oriente - expressam o sincretismo da festividade, de acordo com as medidas de assimilação religiosa adotadas por Constantino I. A razão provável da adoção de 25 de dezembro é que os primeiros cristãos desejaram que a data coincidisse com a festa pagã dos romanos dedicada 'ao nascimento do sol inconquistado', que comemorava o solstício de inverno. No mundo romano, a Saturnália, comemorada em 17 de dezembro, era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus iraniano Mitra, o Sol da Virtude." Os primeiros 54 papas (até S. Félix IV, inclusive) foram santos. O Papa Libério é a única excepção.


37 - São Dâmaso I - 366 a 384













São Dâmaso, um dos maiores Papas da Igreja de Deus, era espanhol. Órfão de mãe, levou-o o pai a Roma, para lá receber uma sólida educação religiosa e científica. Os progressos que fez foram tão notáveis, que Dâmaso foi tido como um dos homens mais santos e sábios do seu tempo. Na qualidade de diácono da Igreja de Roma, acompanhou o Papa Libério ao exílio. Pela morte deste Papa, foi elevado ao trono pontifício, em atenção à sabedoria e santidade que o distinguiam, como também pelo zelo e coragem com que defendera a Igreja contra a heresia. O governo de São Dâmaso durou dezessete anos e dois meses, e coincidiu com épocas bem angustiosas. Todos os escritores eclesiásticos daquele tempo lhe tecem os maiores elogios. São Jerônimo chama-o o grande amador da castidade, o doutor virginal da Igreja virginal. Teodoro vê nele um homem adornado de todas as virtudes e digno de todo o louvor. Santo Ambrósio reconhece em Dâmaso um instrumento escolhido pela Divina providência para o bem da Igreja de Cristo. Os bispos, reunidos em Constantinopla, elogiam-no pela firmeza heróica na defesa da santa fé, dando-lhe o título honroso de diamante invencível da fé. Em diversas ocasiões patenteou esta firmeza evangélica. Logo depois de sua eleição se formou uma corrente fortíssima contra a pessoa de Dâmaso, com o fim indubitável de derrubá-lo do trono pontifício. A alma deste movimento foi o diácono Ursino, que ambicionava para si a dignidade papal. Dâmaso, receoso de ser causador de um cisma, declarou-se pronto a resignar à tiara pontifícia e retirar-se à vida privada. Os elementos bons, porém, opuseram-se a isto, e todos os esforços empregaram até que o governador romano se resolveu a mandar para o exílio o promotor das desordens.
Algum tempo depois, começou a luta contra a heresia, que tinha levantado a cabeça em diversos lugares, até na capital da cristandade. Em diversos concílios parciais e finalmente no concílio ecumênico de Constantinopla, foram condenadas as heresias de Macedônio e Apolinaris, e desterrados os respectivos autores.
O Pastor vigilante trabalhou incessantemente no melhoramento da organização da Igreja. Muitas igrejas foram construídas e as relíquias de muitos mártires, por iniciativa do Papa, foram entregues à veneração dos fiéis.
À sua ordem foram abertas as catacumbas, nas quais mandou desentulhar galerias, fazer escadas, por clarabóias. Muitos túmulos de mártires receberam belíssimos epitáfios de sua autoria executados em esmerada caligrafia. Homens importantes daquele tempo, como Atanásio, Ambrósio e Jerônimo faziam parte do conselho particular do Pontífice. A São Jerônimo, a Igreja deve a tradução dos livros bíblicos para a língua latina. A confiança de que Dâmaso gozava do povo cristão era tão grande, que os imperadores Teodósio, Graciano e Valentiniano ordenaram expressamente aos súditos, que não aceitassem outro credo a não ser aquele que São pedro pregara em Roma, e que era ensinado por seu sucessor Dâmaso; que haviam de considerar errôneas e heréticas as doutrinas, por Dâmaso, como tais censuradas. O imperador Graciano promulgou uma lei que determinava a competência jurídica do Papa em julgar as questões que houvesse entre Bispos.
Grande interesse manifestou Dâmaso pela digna celebração dos mistérios. É-lhe atribuída a recitação dos salmos em dois coros e do Gloria Patri no fim de cada salmo. Introduziu também o cântico do Aleluia nas missas dominicais.Por sua iniciativa, foi reformada a Igreja de São Lourenço e enriquecida com belíssimas pinturas.
Dâmaso morreu na idade de oitenta anos.
Consta que ainda em vida, com uma pequena oração, restituiu a vista a um cego. No túmulo se lhe deram grandes milagres. Muitos possessos de demônios, por intercessão de São Dâmaso, ficaram livres do mau espírito, e inúmeros doentes recuperaram a saúde. 

38 - São Sirício - 385 a 398













São Sirício, foi o sucessor de São Dâmaso I. Seus predecessores haviam deflagrado rigorosa luta e resistência às Heresias Ariana, Donatista, além das heresias levantadas por Macedônio e Apolinaris. As duas primeiras foram reprimidas através dos concílios de Nicéia e Arles durante o Pontificado do Papa Silvestre I; as duas segundas condenadas pelo Concílio de Constantinopla (Papa Dâmaso I).
Pode-se dizer que o período de seu pontificado foi tranqüilo em decorrência da paz implantada nos dois pontificados anteriores por ocasião da conversão do imperador Constantino ao catolicismo, que deu plena liberdade aos cristãos, marcando o fim da perseguição à Igreja. Paralelamente, as heresias levantaram-se, mas foram prontamente coibidas por São Silvestre e São Dâmaso. Mesmo assim, o pontificado de São Sirício ficou marcado brilhantemente na história pelo seu zelo da fé apostólica e da disciplina canônica, dando exemplar continuidade aos novos tempos de graças abundantes na Igreja.


39 - Santo Anastácio I - 399 a 401













Papa Anastácio I foi um papa de origem romana, seu pontificado teve início em 27 de novembro de 399. Morreu em 19 de dezembro de 401.
Combateu os seguidores de costumes imorais e prescreveu que os sacerdotes permanecessem de pé durante o Evangelho.

40 - Santo Inocêncio I - 401 a 417













Santo Inocêncio I nasceu na Albânia e era contemporâneo de Santo Agostinho e São Jerônimo. Fixou regras canônicas que tornaram-se referências e permaneceram inalteradas até os dias atuais. Seus escritos fazem parte das mais importantes coleções canônicas da Igreja, tratando, dentre outras, questões sobre os ritos sacramentais. Também questões relativas às celebrações litúrgicas, especificamente a importância do domingo. Um trecho de Santo Inocêncio, relativo ao domingo, Sua Santidade o Papa João Paulo II, fez menção em sua Carta Apostólica "Dies Domini" :
" Nós celebramos o domingo, devido à venerável ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, não só na Páscoa, mas inclusive em cada ciclo semanal ": assim escrevia o Papa Inocêncio I, no começo do século V, (15) testemunhando um costume já consolidado, que se tinha vindo a desenvolver logo desde os primeiros anos após a ressurreição do Senhor."
Santo Inocêncio entregou a alma a Deus no ano de 417.

41 - São Zósimo - 417 a 418













O Papa Zósimo foi eleito em 18 de março de 417. De origem grega, morreu em 26 de dezembro de 418.
A reacção da Igreja de África, dirigida por S. Agostinho, que absolveu Pelagio, levou a uma nova condenação da doutrina pelagiana, heresia que ensinava que as pessoas se podiam salvar sem a graça de Deus.
Prescreveu que os filhos ilegítimos não podiam ser ordenados sacerdotes.


42 - São Bonifácio I - 418 a 422













Papa italiano (418-422) da santa igreja apostólica fundada por Jesus Cristo nascido em Roma, eleito após a morte de Zósimo (417-418) para substituí-lo. Filho de um conhecido presbítero de nome Jocundo, foi ordenado pelo papa Damásio I (366-383) e serviu como representante de Inocêncio I em Constantinopla (405). O início de seu papado foi marcado por uma intensa disputa pela tiara papal visto que uma parte do clero, apoiada por Carlos de Ravena, elegeu Eulálio como novo papa (418) e essa tumultuosa disputa, que envolveu eclesiásticos, população e políticos romanos, durou por cerca de dois anos (418-420). Depois da morte do papa Zózimo I (418), o antipapa Eulálio, disputou a tiara com o papa considerado legítimo. Símaco, prefeito de Roma, requereu o direito de árbitro em função de seu cargo político. Influenciado pelo prefeito, o imperador Honório decidiu apoiar o antipapa e seus partidários, colocou o antipapa na basílica de São João do Latrão e expulsou o papa de Roma. Os partidários do deposto foram ao imperador contra o prefeito de Roma. O imperador Honório convocou os dois papas a seu tribunal, interferindo mais ainda a sério numa questão que não deveria lhe dizer respeito. Eulálio não obedeceu o chamamento do imperador e resolver tomar a basílica de São João de Latrão pela força das armas. Os cismáticos foram expulsos por ordem do imperador, e finalmente ele pode assumir o trono que tinha direito legítimo. Com a intervenção de Carlos de Ravena, começa a ingerência do poder civil na eleição do papa. O novo papa teve dificuldades com vários arcebispados e para administrar a Igreja na África, em particular, o caso de Apiário (419), onde teve de interferir pessoalmente. Seus esforços no entanto garantiram o respeito ao papa como autoridade máxima da Igreja. No plano religioso renovou a legislação do papa Sotero, que proibia as mulheres tocarem os linhos sagrados ou auxiliar na queima de incenso, e manteve as leis que proibiam escravos de se tornarem clérigos. Papa de número 42, morreu em Roma, foi enterrado no cemitério de Maximus, no Por Salaria, e foi sucedido por São Celestino I (422-432). A Igreja promove sua festa no dia 25 outubro. 

43 - São Celestino I - 422 a 432













Papa Celestino I foi um papa de origem romana, de 422, até a data de sua morte, em 27 de Julho de 432.
Combateu as heresías de Pelágio e Nestório (Patriarca de Constantinopla), a quem excomungou, após a sua condenação no Concílio de Roma(430) e Concílio de Éfeso (431). De acordo com Nestório, Jesus não era Deus quando nasceu e, portanto, Maria não era Mãe de Deus, mas apenas Mãe de Cristo.
Foi o primeiro Papa a enviar missionários para a Escócia. Enviou São Patrício à Irlanda e São Germano à Bretanha, com intuito de se aproximar mais com a Cristandade Romana.
É com este Papa que, pela primeira vez, se cita o "bastão pastoral".



44 - São Sisto III - 432 a 440













Papa Sisto III foi eleito papa em 31 de julho de 432. Morreu em 18 de agosto de 440.
Mostrou-se conciliador em relação aos nestorianos e velou pela conservação dos direitos da Santa Sé sobre a Ilíria - contra o Imperador do Oriente que queria torná-la dependente de Constantinopla. Restaurou a Basílica de São Lourenço Extra-Muros e a Basílica de Santa Maria Maior.
Foi autor de várias epístolas.


45 - São Leão I - 440  461













O Papa Leão I ou São Leão Magno foi papa de 29 de setembro de 440 até 10 de novembro de 461. É um doutor da Igreja. Leão I é conhecido por ter convencido Átila, o Huno em Roma, em 452, a voltar atrás de sua invasão da Europa Ocidental.
É celebrado pela Igreja Católica e Anglicana no dia 10 de Novembro, e pelas Igrejas Ortodoxas em 18 de Fevereiro. É, juntamente com o papa Gregório I, um dos Sumos Pontífices a quem o povo aclamou com o título de Magno (ou o Grande).
[editar] Vida
De acordo com o Liber Pontificalis era natural da Toscânia. Em 431, como um diácono, ocupando uma posição suficientemente importante para trocar cartas com Cirilo de Alexandria e o Papa Celestino I. Quando o Papa Sixto III morreu (11 de agosto de 440), Leão foi unanimemente eleito pelo povo para sucedê-lo.

Pintura de Rafael do encontro de Átila (à direita com as tropas bárbaras) com o Papa Leão I (à esquerda com membros do clero e da nobreza romana).O seu pontificado, de rara longevidade nos tempos iniciais da Igreja, foi pródigo em importantes acontecimentos, de entre os quais se destacam o encontro em 452 com Átila. Em 451, os hunos assolaram o norte da Península Itálica, saqueando e matando. O imperador do Ocidente não logrou defender o seu território. Leão enfrentou decididamente Átila, o rei dos hunos, em 452. No encontro com ele em Mântua, pelo poder da sua personalidade, conseguiu que Átila, finalmente, firmasse um acordo de paz.
No entanto, Roma foi pilhada depois pelos Vândalos. Quando, em 455, os vândalos, comandados pelo rei Genserico, se encontraram às portas de Roma, sem que nenhum exército imperial trouxesse ajuda, os olhares se voltaram para Leão Magno. Ele se dirigiu ao acampamento dos inimigos. Embora não lograsse impedir de todo o saque da cidade, alcançou, contudo, que ficasse preservada a vida da população. Leão conseguiu impedir a tortura de muitos cidadãos romanos nessa invasão.
Em 446 o Papa Leão I declarou que "o cuidado da Igreja universal, deve convergir para a cadeira de Pedro, e nada (…) deve ser separado de sua cabeça".[1] Esta doutrina foi reafirmada no Concílio de Calcedónia em 451 por Leão I (através de seus emissários). Leão I impôs a uniformidade da prática pastoral, corrigiu abusos e resolveu disputas. Igualmente fica marcado pela defesa do conceito teológico fundamental de que Jesus Cristo teve duas naturezas distintas, a humana e a divina.


46 - Santo Hilário - 461 a 468













Hilário foi papa eleito em 17 de novembro de 461. Morreu em 28 de fevereiro de 468 aos 57 anos.
Lutou pelos direitos da Igreja no Concílio de Éfeso. Estabeleceu que para ser sacerdote era necessário possuir uma profunda cultura e que pontífices e bispos não podiam designar seus sucessores. Estabeleceu um vicariato na Espanha e fundou, em Roma, vários conventos para mulheres.

47 - São Simplício - 468 a 483













Papa da Igreja Cristã Romana (468-483) nascido em Tívoli, Itália, eleito em 3 de abril (468) como sucessor de São Hilário (461-468), em cujo pontificado sucumbiu o Império do Ocidente, e dedicou-se à organização do patrimônio da Santa Sé, dando prova de ser um excelente administrador. Roma, depois de resistir às invasões de godos, visigodos, hunos, vândalos e outros povos bárbaros, acabou sucumbindo aos hérulos, chefiados pelo rei bárbaro Odoacro, que era adepto do arianismo e depôs o imperador Rômulo Augusto. A partir daí, conquistadores de todos os tipos se instalaram, depredaram, destruíram e repartiram aquele Império, tido como o centro do mundo. Para impedir as desordens na próxima vacância da Sé Apostólica, o papa pediu segurança a Odoacro, se fosse necessário. Odoacro não perdeu ocasião de manifestar seu poder e promulgou uma lei proibindo futuras eleições papais sem a sua autorização.Roma, que era sua capital, então sobreviveu e nesse melancólico final, a única autoridade moral restante, a que ficou do lado do povo e acolheu, socorreu, escondeu e ajudou a enfrentar o terror, foi a do Papa. Ao contrário do que se podia esperar, teve um dos pontificados mais longos do seu tempo. Enfrentou o cisma que ocasionou a fundação das igrejas da Armênia, Síria e Egito. Frente à miséria que se formou para a Igreja em Roma e em Constantinopla, organizou a distribuição das esmolas aos peregrinos e às novas igrejas. Papa de número 47, morreu em 10 de março (483), em Roma, e foi sucedido por São Felix III (II) (483-492). Santo de pouca tradição no Brasil, é devocionado no dia 2 de março. 

48 - São Felix III - 483 a 492













Félix III foi papa (483-492) nascido em Roma, eleito em 13 de março (483), descendente da nobre família Anicia de senadores de Roma, também é chamado de Félix II na lista de papas que exclui o Antipapa Félix II.
Eleito por proposta de Odoacro e consagrado no trono, tratou de estabelecer a paz no Oriente e empenhou-se na luta para purificar a doutrina cristã da heresia de Êutiques, o monofisismo, doutrina daqueles que admitiam em Jesus Cristo uma só natureza, que somente terminaria no século seguinte (518).
Enviou embaixadores a Constantinopla para que procurassem entrar em acordo com Acácio, patriarca daquela cidade, que inspirara o tal documento. Um ano antes de sua posse, o imperador do Oriente, Zenão, promulgara o Henotikon, documento cujos termos equívocos pareciam favorecer o monofisismo, que o Concílio de Calcedônia condenara (451). Embaixo da proteção imperial, Acácio não abdicou de seus ideais e tentou corromper os legados pontifícios e, por isso, foi excomungado.
Iniciava-se, assim, as desavenças com o patriarcado de Constantinopla, originando o cisma da Igreja oriental, também chamado de Cisma de Acácio. Zenão incentivou Teodorico, rei dos ostrogodos, a lutar contra Odoacro, amigo e protetor do papa.
Teodorico venceu e se tornou rei da Itália, porém tanto o imperador como o papa já haviam morrido. Teve filhos, um dos quais foi o pai do famoso São Gregório Magno. Foi considerado, erroneamente, um santo mártir, mas aparentemente morreu naturalmente em (492). É o único papa que está enterrado na basílica de S. Pablo Extramuros.

49 - São Gelásio I - 492 a 496













Gelásio I foi papa de 1º de março de 492, até a data de sua morte em 21 de novembro de 496. De origem africana, combateu o pelagianismo, o maniqueísmo e o arianismo, também ratificou os livros canônicos e apócrifos aprovados pela Igreja no Decretum Gelasianum.
Foi um dos primeiros papas que, como sintoma do poder autônomo que vinha adquirindo a Igreja de Roma, efetuou a distinção entre o poder temporal dos imperadores e o espiritual dos papas, considerando superior o poder destes últimos. Definiu a teoria dos dois poderes: o poder temporal e o poder espiritual. Os bispos, de acordo com essa teoria, seriam superiores ao poder temporal. Estabelecido ainda que a figura do papa não poderia ser julgada por ninguém, porém, também dizia que o papel do Pontífice era antes ouvir do que julgar. Instituiu o Código para uniformizar funções e ritos das várias Igrejas. Filho de um humilde ferreiro, amou os pobres e viveu na pobreza, pelo que foi chamado "Pai dos pobres". Foi este pontífice que começou com a canonização de São Valentim, o costume de se comemorar o dia dos namorados.

50 - Santo Anastácio II - 496 a 498













Papa da Igreja Cristã Romana (496-498) nascido em Roma, indicado como sucessor de São Gelásio I (492-496), que numa atitude polêmica, acolheu em Roma o diácono Fotino de Tessalônica e foi com ele acusado de heresia, por pregar que o Espírito Santo não procedia do Pai e que o Pai era maior que o Filho. Também procedeu a um gesto tradicionalmente importante, ao tentar reabilitar o bispo de Constantinopla, Acácio, que havia sido excomungado, ao mesmo tempo em que tentava entrar em acordo com o imperador do Oriente Anastácio I, favorável ao monofisismo, e restaurar a unidade da Igreja, sem abrir mão da discordância das teorias de Acácio, demonstrando mais uma vez ser fraco com os cismáticos. Interferiu na conversão do rei do Francos e de seu povo. Foi fraco com os cismáticos. Interferiu na conversão do rei do Francos e de seu povo, mas foi fraco com os cismáticos e acusado de heresia. Inclusive Dante Alighieri, na Divina Comédia, colocou-o no Inferno. Papa de número 50, morreu em 19 de novembro, em Roma e foi sucedido por São Símaco (498-514). Com sua morte (498) seus opositores elegeram Símaco como pontífice, enquanto um outro grupo de padres e cidadãos queriam o Arcebispo Lourenço. As duas facções entraram em choque e o bárbaro ostrogodo Teodorico, chamado a intervir, confirmou a escolha de Símaco. O arcebispo aceitou à decisão, mas grande parte de seus partidários não, o que resultou em uma luta fratricida durante quatro anos, com derramamento de muito sangue pelas ruas de Roma.

51 - São Símaco I - 498 a 514









Vida inicial e eleição para o papado
Ele era nativo de Sardenha e seu pai era chamado Fortunato. Símaco foi batizado em Roma e logo se tornou parte do clero de Roma, sendo ordenado diácono. Imediatamente após a morte do Papa Anastácio II, Símaco foi eleito seu sucessor pela maioria clero romano em 22 de Novembro de 498. A eleição foi aprovada por uma parte do Senado Romano e ele foi consagrado papa. [2]
Cisma e o Antipapa Lourenço
Posteriormente uma minoria do clero e do Senado, apoiados pelo imperador bizantino Anastácio I, reuniram-se na Basílica de Santa Maria Maior e elegeu Lourenço como antipapa. Ambas as partes concordaram que os dois candidatos deviam comparecer à Ravenna para que o rei Teodorico, o governante da Itália, decidi qual de ambos era legítimo, e respeitassem sua decisão. Teodorico se pronunciou a favor da Símaco, baseando-se no fato de que ele foi eleito primeiro e pela maioria do clero, Lourenço se submeteu à decisão. Em um sínodo realizada na Roma em 1 de Março de 499, Símaco foi universalmente reconhecido, e transferiu Lourenço para a Diocese de Nocera na Campânia.
No entanto, o partido do imperador bizantino Anastásio, em 501, apelou para Teodorico contra o papa, acusando-o de heresia em questões relacionadas à celebração da Páscoa[3]. Teodorico convocou o papa Símaco em Rimini, lá Símaco refutou o conteúdo da acusação e, se recusou a reconhecer o rei como seu juiz em questões de ortodoxia, retornando para casa. Seus adversários o acusaram de simonia e solicitaram novamente que o rei convocasse um sínodo para investigar as denúncias, nomeando um visitante para ir à Roma. Símaco concordou com a convocação de um sínodo, mas ele e seus adeptos protestaram contra o envio de um visitante. Teodorico no entanto, enviou como visitante o Bispo Pedro de Uso, para Roma e, contrariamente às ordens do rei, tomou partido dos adeptos de Lourenço, de modo que Teodorico posteriormente o demitiu. Em 502, o sínodo reuniu-se na Basílica de Júlio (Santa Maria in Trastevere). O papa declarou que o sínodo foi convocado com o seu consentimento e que ele estava pronto para responder as acusações, antes disso, o visitante foi removido e o papa foi re-estabelecido como o administrador da Igreja. A maioria dos bispos concordaram com essa decisão e enviaram uma embaixada ao rei exigindo a execução destes condições. Teodorico no entanto, se recusou, e exigiu, em primeiro lugar, uma investigação das acusações contra o papa. [2]
A segunda sessão do sínodo realizou-se em 1 de Setembro de 502, no Basílica Sessoriana (Santa Cruz em Jerusalém). Quando Símaco se dirigiu ao local para se defender ele foi atacado por seus adversários e maltratado, escapando com grande dificuldade, voltou a Basílica de São Pedro; diversos padres que estavam com ele foram mortos ou gravemente feridos. Os godos enviados por Teodorico prometeram-lhe uma escolta de confiança, mas a papa agora, se recusou a comparecer perante a sínodo, embora tenha sido convidado três vezes. Consequentemente, os bispos declararam na terceira sessão, realizada em meados de setembro, que eles não poderiam julgar o papa, porque não havia precedentes que mostrassem que um papa havia sido submetido ao julgamento de outros bispos. Eles convidaram o clero de Lourenço para se apresentar ao papa, e solicitaram ao rei permitir que os bispos retornassem às suas dioceses. Porém os partidistas de Lourenço exigiram a convocação de uma quarta sessão para por fim a questão definitivamente, que se reuniu em 23 de Outubro de 502, nesta sessão, foi reconhecido que só Deus pode julgar o papa, que Símaco tinha o direito ao pleno exercício de seu episcopado; e quem não o obedecesse devia ser punido. A decisão foi assinada por setenta e cinco bispos. [2] Muitos bispos voltaram para suas dioceses, porém alguns, se reuniram com outros padres na Basílica de São Pedro para uma quinta sessão sob a presidência de Símaco em 6 de Novembro de 502 sobre as propriedades da Igreja. Símaco também estabeleceu que ficaria proibido procurar votos para o futuro pontífice e que na falta de regulamentar a sucessão, seria eleito quem tivesse os votos de todo o clero, ou da maioria. Estas medidas foram fundamentais para deixar a disputa sucessória apenas para o clero e acabar com tumultos. [1]
Teodorico, não satisfeito com a decisão do sínodo, embora maioria do episcopado italiano apoiava o legítimo papa, ordenou que Lourenço fosse novamente para Roma. Ele residia no Palácio de Latrão, sob controle de seus adeptos, enquanto Símaco residia próximo a Basílica de São Pedro. O cisma continuou durante quatro anos, durante os quais ambas as partes, disputaram ferozmente em Roma. Posteriormente Teodorico ficou contra o partido de Lourenço, devido a seu apoio à Constantinopla. Ele ordenou que os senadores reconhecessem Símaco como papa. Lourenço foi obrigado a sair de Roma, e retirou-se para uma fazenda pertencente ao senador Festo, seu protetor. Apenas uma pequena parte do clero ainda apoiava Lourenço e se recusou a reconhecer Símaco como papa, posteriormente esta facção reconciliou-se com o Papa Hormisdas, o sucessor de Símaco. [2]
Ações como papa
Símaco zelosamente defendeu os partidários da ortodoxia durante os distúrbios do cisma Acaciano. Ele defende, porém sem sucesso, a conciliação entre católicos e monofisistas em uma carta ao Imperador Anastácio I. Posteriormente, muitos bispos orientais perseguidos se dirigiram ao papa com uma confissão de fé.
Em uma carta datada de 8 de Outubro de 512, dirigida ao bispos de Ilíria, o papa alertou o clero de que sua província que não devia entrar em comunhão com hereges. Logo após o início de seu pontificado Símaco se interpôs na disputa entre o Arcebispos de Arles e Vienne quanto aos limites das suas respectivas jurisdições. Ele anulou o decreto emitido pelo Papa Anastácio II em favor da Arcebispo de Vienne e em 6 de Novembro de 513 confirmou os direitos do arcebispo metropolitano Cesário de Arles, como haviam sido definidos pelo Papa Leão I. Além disso, ele concedeu a Cesário o privilégio de usar o pálio. Numa carta de 11 de Junho de 514, nomeou Cesário para representar os interesses da Igreja tanto na Gália quanto na Espanha e para convocar sínodos. Assuntos mais importantes deviam ser estabelecidos com a Santa Sé.
Basílicas de Roma e instituições de caridade
Na cidade de Roma, Símaco construiu a Basílica de Santa Inês na Via Aurelia, adornou a Basílica de São Pedro, e reconstruiu a Basílica dos Santos. Reformou as catacumbas de Jordani na Via Salaria. Ele também construiu asilos para os pobres perto das três igrejas de São Pedro, São Paulo, e outros fora das muralhas da cidade. O papa contribuiu com grandes somas para o apoio dos bispos na África que foram perseguidos pelos governantes do Vândalos arianos. Libertou todos os escravos de Roma. Ele também ajudou os moradores das províncias da Itália que sofreram com a invasão dos bárbaros.[1] Após sua morte, ele foi enterrado na Basílica de São Pedro.

52 - Santo Hormisdas - 514 a 523













Hormisdas foi Papa entre 20 de julho de 514 até 6 de agosto de 523, data da sua morte.
Hormisdas fora diácono do Papa Símaco, sucedendo-o no pontificado. Era casado (ou viúvo), quando de sua eleição, sendo o pai do futuro Papa Silvério (536-537).
Logo teve de enfrentar a grave situação em que estava envolvida a Igreja de sua época, eliminando primeiramente o cisma laurenciano, provocado pelo Antipapa Lourenço (498-515), eleito contra Símaco. Após a retratação dos seguidores de Lourenço, reintegrou-os em sua função e cuidou, em seguida, da conciliação do cisma mais grave, o acaciano, que desde 484 separava a Igreja do Oriente de Roma. Acácio, patriarca de Constantinopla, que tinha o apoio de vários bispos, havia sido excomungado pelo Papa Félix III por ter subscrito o Henetikon de Zenão, uma fórmula de fé unitária para todos os súditos do Império, em que se aceitavam os concílios de Niceia e de Constantinopla, mas se negava o de Calcedônia.
As negociações entre Hormisdas e o imperador do Oriente, Anastácio, para pôr fim ao cisma fracassaram; só foi possível chegar a um acordo com o sucessor de Anastácio, Justino, que, com o patriarca João, aceitou e subscreveu a fórmula de fé de Hormisdas (Formula Hormisdae) em 519. Por outro lado, foi intensa a atividade de Hormisdas no Ocidente, onde reorganizou a Igreja da Espanha após a invasão dos visigodos.
Dentre suas decisões, a proibição da compra do cargo de bispo com privilégios e donativos foi marcante, pelo fim da simonia que muitas vezes macularam a própria escolha do Papa.
Durante seu reinado São Bento fundou a ordem que leva seu nome.

53 - São João I - 523 a 526













Papa da Igreja Católica Romana (523-526) nascido em Túsculo ou Tusculum, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191), eleito pontífice em 13 de agosto (523) como sucessor de São Hormisdas (514-523). Depois de pertencer ao clero Romano, foi escolhido como Papa da Igreja de Cristo e deixou marcos importantes na Igreja, como o início do calendário cristão, com base em estudos de Dionísio. Disciplinou o cantochão e outros passos para desenvolvimento de uma vida de ação contemplativa. Coroou o Imperador Justiniano e foi o primeiro papa que visitou Constantinopla, vista que tinha como objetivo principal tentar obter tolerância da parte do imperador Justiniano para os árabes e fazer com que Justino revogasse o decreto que obrigava os arianos devolverem as igrejas que haviam tomado dos católicos. Como obteve sucesso apenas parcial; foi aprisionado pelo rei ariano Teodorico, invasor da Itália e que havia lhe pedido a missão, em Ravena, Itália, foi lançado em um calabouço e lá permaneceu até morrer. O papa de número 53 faleceu em Ravena, depois de ter ficado no seu pastoreio por cerca de apenas trinta meses, e foi sucedido por São Félix IV (III) (526-530). Depois de sua morte foi declarado mártir da Igreja e logo passou a ser venerado todos que ouviram contar de sua fé e de seu martírio e tem sua festa votiva no dia 18 de maio, tida como data de sua morte. 

54 - São Felix IV - 526 a 530













Félix IV foi um papa eleito em 12 de julho de 526. Morreu em 12 de setembro de 530.
Nasceu em Benevento. Designado por Teodorico o Grande, demonstrou tal lealdade à Igreja que o rei ostrogodo o repudiou e o desterrou. Construiu em Roma a igreja dos Santos Cosme e Damião, e condenou o semipelagianismo numa carta a São Cesário de Arles, que no II Concílio de Orange em 529, converteu em cánones. À beira da morte, pediu ao clero que elegesse o arcediago Bonifácio para que lhe sucedesse. Com sua morte, os cristãos tiveram liberdade de culto.
Também é numerado em algumas listas como Papa Félix III na lista de papas que exclui o Antipapa Félix II. Também convém lembrar que em certos catálogos incluem, como verdadeiro papa, sucessor de S. Félix IV, o papa Dióscuro. Este apenas pontificou uns escassos 24 dias, tendo-lhe sucedido o papa Bonifácio II.

55 - São Bonifácio II - 530  532













Papa da Igreja Cristã Romana (530-532) nascido em Roma, sucessor de São Félix IV (III) (526-530) eleito e consagrado em 22 de setembro (530), para atender ao desejo manifestado pelo próprio papa Félix, antes de morrer, que assim procedeu para impedir que os reis godos de interviessem na eleição de seu sucessor e até colocar um intruso no trono de São Pedro, mas não o nomeou definitivamente. Era nascido e tornou-se arcediago em Roma, na Igreja medieval, dignatário das sés que secundava o bispo nos ofícios junto com o chantre, funcionário eclesiástico que dirigia o coro, e o diácono. Mesmo assim alguns bispos e presbíteros não apreciaram a idéia de ter um papa escolhido pelo antecessor. Também sua origem gótica, ou seja, de berço no povo godo, o tornava considerado bárbaro e estrangeiro. Por essa razão, elegeram Dióscoro e o sagraram papa no mesmo dia e ele apoderou-se da Basílica de São João do Latrão. Apesar da confusão que se criou, o antipapa morreu menos de um mês depois, e o papa designado como sucessor pelo próprio pontífice, que suscitara a oposição da maioria do clero, foi aceito em seguida. Foi o primeiro pontífice de origem germânica, e como papa condenou a heresia semipelagiana, que postulava a universalidade do pecado original como força de corrupção no homem, no segundo Concílio de Orange, na França, e aprovou os decretos deste Concílio (529), e mandou construir o Mosteiro de Monte Casino sobre o Templo de Apolo. Ele também escolheu para si um coadjutor de nome Vigílio e para assegurar sua eleição, o papa tentou ratificar sua escolha pelo clero romano, reunido em Sínodo. Ele queria se antecipar e prevenir, depois de sua morte, as discórdias, intrigas e cismas que tinham acontecido por ocasião de sua própria eleição. Papa de número 55, morreu em 17 de outubro, em Roma e foi sucedido por João II (533-535).

56 - São João II - 533 a 535













Papa João II atuou entre 533 e 535. O nome verdadeiro do papa João II era Mercúrio. Por ser o nome de uma divindade pagã, abriu mão do seu nome de batismo e resolveu adotar o mesmo nome de um papa anterior, sendo o primeiro papa a não utilizar o seu nome batismal. Não se sabe a data de seu nascimento, embora se saiba que tenha morrido a 27 de maio de 535. conseguiu obter da parte de Alarico, rei dos ostrodogodos, um decreto contra as simonia. Além disso, através de seus esforços, foi regulamentada a eleição dos papas. Em 534, sob a sua direção, foi aprovada uma confissão de fé escrita, nos dias do Imperador Justiniano, do Império Romano do Oriente.

57 - Santo Agapito I - 535 a 536













Santo Agapito, romano de origem, como sucessor de João II, ocupou a cadeira de São Pedro em 535. Teve o grande merecimento de ter removido o cisma que originou-se entre Dióscoro e o Papa Bonifácio II (530 a 532).
O Imperador Justiniano enviou-lhe a profissão de fé católica e Agapito, atendendo ao pedido do mesmo monarca, anatematizou os monges nestorianos de Constantinopla , que passaram a ser chamados Acametas.
Para as costas setentrionais da África, Justiniano enviou o general Belisário, que as reconquistou dos vândalos. Nessa mesma ocasião voltaram para Jerusalém os vasos sagrados do velho templo, que por Tito tinham sido levados para Roma e por Genserico para Cartago.
O território cristão norte-africano foi dividido em Províncias, e num escrito assinado por ele e pelos Bispos africanos, o Imperador pedia ao Papa que permitisse a permanência em suas respectivas igrejas aos bispos arianos que tinham renunciado à heresia. Agapito apelou para as regras e instituições eclesiásticas antigas, que deviam ser respeitadas. Sendo agraciados os bispos hereges, por muito felizes se deviam ter, sem aspirar ainda à honra indevida de serem conservados nos cargos episcopais.
Senhores da Itália eram os Godos, cujo, cujo rei, Teodato, sabendo que Justiniano tinha intenções de guerreá-lo, ao Papa se dirigiu com o pedido de intervir junto ao monarca de Constantinopla, para que tal plano não se realizasse. Soube ainda Teodato, por intermédio de sacerdotes católicos na metrópole oriental, que havia grande descontentamento entre os Akefalas (eutiquianos); que acusavam de falsidade ao novo Patriarca Antimo.
Agapito acalmou os espíritos agitados, com a promessa de em breve ir pessoalmente à cidade de Constantinopla. Na viagem ao Oriente aconteceu que curasse um surdo-mudo pela celebração da Santa Missa.
Em 2 de fevereiro de 536 chegou a Constantinopla, onde teve recepção soleníssima. Embora fosse tratado pelo Imperador com o máximo respeito, não lhe foi possível evitar a guerra contra os Godos.
Nas questões religiosas, procurou com grande prudência harmonizar os partidos. Com grande energia se opôs à elevação de Antimo à dignidade patriarcal, e exigiu que esse se sujeitasse às decisões do Concílio de Chalcedon.
A Imperatriz Teodora, que patrocinava a causa de Antimo, tudo fez para conquistar as boas graças do papa em favor do protegido. Justiniano igualmente se fez advogado do Patriarca e, para conseguir o intento, não regateava elogios, promessas e ameaças. Agapito, porém, conservou-se inflexível. Às intimações do Imperador respondeu: “Enganei-me. Julguei estar na presença de um Imperador cristão e vejo-me diante de um Diocleciano”.
Antimo, em vista da inflexibilidade do Papa, declarou preferir a transferência para a antiga Diocese de Trapezunto a sujeitar-se à sentença do Concílio.
Diante dessa atitude do patriarca, Agapito exigiu dele uma declaração formal de catolicidade e de submissão incondicional ao Concílio. Esta firmeza enérgica do Papa revoltou sobremaneira os eutiquianos e a Imperatriz, mas a vitória sobre as cabalas e intrigas foi completa. Em substituição a Antimo foi eleito e sagrado Menas, Prelado de grandes virtudes e de profundo saber.
Uma grave enfermidade interrompeu os trabalhos apostólicos do zeloso Papa. Agapito morreu em Constantinopla, em 22 de abril de 536, sendo os restos mortais transportados para Roma e depositados no Vaticano, em 20 de setembro do ano seguinte. A Igreja latina comemora este dia, mas os gregos festejam o dia de Santo Agapito em 17 de abril.
58 - São Silvério - 535 a 540













O pontificado de São Silvério coincide com a ocupação da Itália pelos imperadores bizantinos. A nota característica do seu governo é a firmeza e intrepidez com que defendeu os direitos da igreja, contra a imperatriz Teodora. Eis o fato como os hagiógrafos o relatam.
O Papa Agapito, antecessor de Silvério, tinha deposto o bispo de Constantinopla, Antimo, por este haver defendido a heresia eutiquiana. A imperatriz, fautora da mesma heresia, desejava ver Antino reabilitado na jurisdição episcopal, desejo que Agapito não quis atender e não atendeu. Morto este Papa, Virgílio, diácono romano, apresentou-se à imperatriz Teodora, prometendo-lhe a reabilitação de Antimo se apoiasse sua candidatura ao pontificado. Teodora deu a Virgílio uma carta de apresentação a Belisário, general bizantino, que se achava na Itália, recomendando-lhe apoiasse a eleição.
Entretanto foi eleito Papa Silvério e como tal reconhecido. A este a imperatriz se dirigiu, exigindo a reabilitação dos bispos, por Agapito depostos, e a anulação das decisões do Concílio de Chalcedon, que tinha condenado a heresia de Eutiques. Nesse ofício arrogante Teodora ameaçou o Papa com a deposição, caso não lhe acedesse às exigências. A resposta de Silvério foi respeitosa, mas negativa. Com franqueza e firmeza apostólicas declarou à imperatriz que estaria pronto a sofrer prisão e morte, mas não cederia um ponto das constituições do Concílio.
Teodora não se conformando com esta resposta, ordem deu a Belisário de afastar Silvério de Roma e pôr Virgílio na cadeira de São Pedro. Para não cair no desagrado da imperatriz, Belisário prontificou-se a executar a ordem, mas desejava ter em mãos outros documentos, a pretexto dos quais pudesse proceder contra o Papa. Tirou-o do embaraço sua ímpia mulher Antonina. Esta lhe fez chegar às mãos uma carta falsificada, que trazia as armas e assinatura de Silvério, carta em que o Papa se teria dirigido aos Godos, prometendo-lhes entregar Roma, se lhe viessem em auxílio. Belisário estava a par do que se passava, e bem sabia qual era a autoria da carta. Não obstante, para obsequiar a mulher, citou Silvério à sua presença, mostrou-lhe a carta, acusou-o de alta traição e, sem esperar pela defesa da vítima, ordenou que lhe tirassem as insígnias pontifícias e lhe pusessem um hábito de monge, e assim o mandou para o desterro. No mesmo dia Virgílio assumiu as funções de Sumo Pontífice.
A consternação e indignação dos católicos eram gerais. Só Silvério bendizia a graça de sofrer pela justiça. O Bispo de Pátara, diocese que deu agasalho ao Papa desterrado, pôs-se a caminho de Constantinopla, com intuito de defender a causa de Silvério. Recebido pelo imperador Justiniano, fez-lhe a exposição clara das cousas ocorridas, e mostrou-lhe a injustiça feita ao representante de Cristo. Justiniano ordenou que Silvério fosse imediatamente levado a Roma, e que a permanência na metrópole lhe fosse vedada só no caso de se provar o crime de alta traição. Belisário e o antipapa Virgílio souberam impossibilitar a volta de Silvério para Roma. Apoderaram-se dele e transportaram-no para a ilha Palmaria. Lá o sujeitaram a um tratamento indigno e sobremodo humilhante. Silvério, porém, ficou firme na justa resistência à tirania e usurpação. Longe de reconhecer a autoridade de Virgílio, excomungou-o e deu do exílio sábias leis à igreja. Nunca se lhe ouviu uma palavra sequer de queixa contra os planos e desígnios de Deus. Ao contrário, no meio dos sofrimentos e provações, louvava e enaltecia a sabedoria e bondade da Divina Providência.
Três anos passou Silvério no desterro. Liberato, historiador contemporâneo de Silvério, diz que o Santo Papa morreu de fome. É considerado mártir da Igreja.

59 - Virgilio - 540 a 555

Papa Igreja Cristã Romana (537-555) nascido em Roma, eleito em 29 de março (537) como sucessor de São Silvério (536-537). Nasceu de família nobre, tornou-se diácono romano, já havia sido cogitado para suceder o papa Bonifácio II (530-532) , mas foi preterido primeiramente por João II (533-535) e depois por São Agapito I (535-536). Com a morte de Agapito (536), a imperatriz Teodora empenhou-se para lhe garantir no trono da Santa Sé, mas nesse meio tempo SãoSilvério era eleito em Roma. Fraco e contudo ambicioso, manipulou e tomou parte nas tramas que levaram à deposição de Silvério (537). Assim foi eleito graças à simonia, à calúnia e à cumplicidade da imperatriz Teodora e, de caráter débil, foi vítima de chantagens por parte da imperatriz e do imperador Justiniano. Malvisto por causa das intrigas de que lançou mão para chegar ao pontificado, voltou-se sobretudo para a controvérsia dos três capítulos, condenando definitivamente a doutrina. Por causa de sua oposição aos bispos heréticos do Oriente, sectários da teoria eutiquiana, foi preso, mas conseguiu fugir. Proclamou o 5º Concílio Ecumênico e durante seu papado o Imperador Justiniano impôs a Pragmática sansion, que limitava a autoridade Papal sobre a fé. Papa de número 59, morreu em 7 junho (555), em Siracusa, ao regressar de uma demorada visita ao Oriente, e foi sucedido por Pelágio I (556-561).


60 - Pelágio I - 556 a 561













O Papa Pelágio I foi o 60º papa. Foi eleito em 16 de Abril de 556 e morreu em 4 de Março de 561. Nascido em Roma, cerca do ano 500, era filho do governador de um distrito de Roma. Oposto ao origenismo, foi designado papa por imposição do imperador Justiniano I (nessa época, a Itália era uma província do Império Bizantino) após aceitar a condenação dos Tres Capítulos, que havia defendido nos tempos do Papa Vigílio. Por este motivo teve que superar uma forte oposição do clero romano, que duvidava da sua ortodoxia. Mandou construir a Igreja dos Santos Apóstolos em Roma. Distribuiu seus bens entre os pobres, quando Roma foi assolada pela fome. Morreu em 4 de Março de 561.


61 - João III - 561 a 573













Não se sabe a data de seu nascimento, mas ele morreu em 13 de julho de 574 em Roma, Itália. Era romano de nascimento, e tornara-se papa em julho de 561. Foi durante o seu pontificado que os lombardos invadiram a Itália, por repetidas vezes.
Mudou o seu nome Catelino para João. Conseguiu restabelecer a unidade da Igreja de África com a sede de Roma. Nessa época, nasceu Maomé, em Meca.




62 - Bento I - 574 a 578













Natural de Roma, o Papa Bento I foi um Papa eleito em 2 de junho de 575, após quase um ano de vacância devido à ocupação de Roma pelos Lombardos. Seu Pontificado se estendeu até 30 de julho de 579. Bento I tentou restabelecer a ordem na Itália e na França, conturbadas pelas invasões bárbaras e ensangüentadas por discórdias internas.
Segundo o Liber Pontificalis: Em seu tempo a guerra trouxe a praga da fome: "houve tão grande miséria, que muitas fortalezas se renderam aos implacáveis bárbaros, só para haverem um pouco de alimento. Deus teve pena de tanta calamidade e o imperador Justino II fez mandar do Egito muitos navios carregados de trigo. Nessas aflições morreu o venerado pontífice, que foi sepultado na sacristia da basílica de São Pedro". Sua fé superou os temores e foi um pilar de inspiração aos fiéis cristãos no meio de provações.


63 - Pelágio II - 578 a 590













Pelágio II foi um Papa eleito em 26 de novembro de 579, como sucessor de Bento I, reinou nos anos imediatamente posteriores à invasão lombarda.
A Santa Sé não se sentia nem um pouco protegida pelos novos dominadores da península, contra os quais Pelágio II buscou apoio tanto no Reino Franco (580) como no Império Bizantino (584).
Além disso, esforçou-se, embora sem alcançar resultados concretos, para pôr fim ao cisma de Aquiléia que se iniciara durante o pontificado de Pelágio I. Em seu pontificado, os lombardos destruíram a abadia de Monte Cassino e, em Roma, foram construídos os alicerces de San Lorenzo fuori le Mura. Foi vítima de uma epidemia, e morreu no final de de 589.




64 - São Gregório I - 590 a 604













Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja, nasceu em Roma, em 540. O pai, Gordiano, era Senador e, como a mãe, Sílvia, pessoa muito religiosa. De mútuo acordo Gordiano e Sílvia se dedicaram ao serviço de Deus, ele abraçando o estado eclesiástico e ela, retirando-se à solidão, para servir unicamente a Deus. Gordiano recebeu o diaconato e prestou grandes serviços como Cardeal-diácono.
Gregório recebeu uma educação esmerada e distinguia-se entre os companheiros, pelo seu saber e pela virtude. Tendo 34 anos de idade, o Imperador Justino II nomeou-o pretor, primeiro ministro de Roma. Nesta elevada posição deu altas provas de amor à justiça, de humildade e piedade. Depois da morte do pai, renunciou o cargo e fundou sete conventos: seis na Sicília e um em Roma. O seu palácio no Monte Célio foi transformado em mosteiro beneditino. Em 575 tomou o hábito da mesma Ordem. Como religioso, foi modelo para todos, nas virtudes da vida monástica. Em certa ocasião viu Gregório escravos, que tinham vindo da Inglaterra. A triste sorte desses infelizes comoveu-o profundamente e, sabendo que a Inglaterra estava ainda mergulhada nas trevas do paganismo, pediu e obteve licença para dedicar-se à obra da missão na Inglaterra. Não chegara ao termo da viagem, quando uma ordem do Papa Pelágio II, o chamou para Roma, onde foi incorporado ao Colégio dos sete diáconos da Igreja. Pouco tempo depois, em missão extraordinária, foi mandado a Constantinopla, de onde voltou para atender a vontade dos companheiros de Ordem, que o tinham eleito abade. Deus, porém, tinha-lhe reservado dignidade maior, Pelágio II, morreu em 590. A voz unânime do povo e do clero, na eleição de um sucessor, indicou Gregório, eleição que foi confirmada pelo império. Se bem que tudo fizesse para fugir da grande responsabilidade de Supremo Pastor, Gregório, vendo a inutilidade dos seus esforços, afinal aceitou a nova dignidade, curvando-se perante a evidência da vontade divina.
O pontificado de Gregório traz o estigma da caridade. Caridoso para com todos, era amado como um pai. Católicos hereges e judeus, dirigiam-se-lhe cheios de confiança, certos de serem atendidos nas suas necessidades.
O nome de Gregório está intimamente ligado à reforma do cantochão, a música litúrgica da Igreja, que é conhecida também sob o nome de canto gregoriano.
Ao lado de uma caridade sem par, vemos no caráter deste grande Papa uma firmeza admirável, na defesa da fé e dos bons costumes cristãos. Assim se opôs energicamente às indevidas imposições do Patriarca de Constantinopla; conseguiu do imperador a revogação de um decreto, que excluía funcionários públicos do estado eclesiástico, e proibia aos soldados a entrada em uma Ordem religiosa.
Embora de atividade pouco comum, no meio dos negócios da Igreja, não perdia de vista a santificação de sua alma. – “Eu estou pronto – assim se exprimia numa carta – para ouvir todos aqueles, que me quiserem fazer a caridade de uma repreensão salutar; considero como amigos só aqueles que possuírem a generosidade de indicar-me os meios de purificar minha alma das manchas que tem”.
Amigo das ciências, procurou despertar, principalmente entre o clero, interesse pelo estudo das mesmas. Na ignorância reconhecida a fonte de muitas desordens.
A situação geral da Igreja não era lisonjeira, e requeria um papa da têmpera de Gregório. Quando tomou as rédeas do governo, a Igreja oriental estava dividida pelos erros de Nestório e Eutiques. Gregório reconduziu muitos hereges à Igreja-mãe. A Inglaterra estava nas trevas do paganismo; Gregório para lá mandou os primeiros missionários. Na Espanha o arianismo conseguia implantar-se na alma da nação, graças ao governo dos Visigodos; Gregório restabeleceu lá a fé católica em toda a pureza. A Igreja da África foi libertada do mal dos donatistas, e a França deve a Gregório magno a extirpação de um grande mal – da simonia. De uma atividade admirável, Gregório Magno achou tempo ainda para compor numerosos livros, cheios de sabedoria e santidade. Após um pontificado abençoado de 13 anos, Gregório morreu em 604, na idade de 64 anos. Com Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Jerônimo é um dos quatro doutores latinos.
O diácono Pedro, que possuía toda confiança de São Gregório, afirma ter visto muitas vezes o divino Espírito Santo, em forma de uma pomba branca, descer sobre o Santo Papa. É por este motivo que a arte cristã apresenta São Gregório Magno com uma pomba branca, pairando-lhe a cabeça.
R E F L E X Õ E S
1. De todos os cargos, os mais penosos são os de superior. O superior que possui, como São Gregório, humildade e caridade, considera-se o último de todos. Não tem orgulho, que se impõe imperiosamente, extorquindo o tributo da obediência. Um bom superior prefere pedir a mandar; se o dever lhe impõe usar da autoridade, é com prudência que a ela recorre. Dos seus direitos só faz uso, quando o requer a glória de Deus e o bem das almas. Se for necessário infligir castigo a um súdito, humilha-se em espírito, tomando o último lugar entre os seus semelhantes, imitando o exemplo dos Apóstolos, na direção daqueles que lhe são confiados. Se lhe dão o direito de mandar, com São Paulo prefere dizer: “Pela amizade que me tens, pelo coração e a mansidão de Jesus Cristo, eu te peço e conjuro, se me tens amor, que faças isso”. Se as circunstâncias exigirem uma repreensão ou um castigo, o superior nada fará sem meditar as palavras do Apóstolo: “Se alguém cair em erro, vós que estais iluminados, procurai instruí-lo no espírito de mansidão; levai antes de tudo em consideração vossa própria fraqueza, para que não vos venham tentações”. Superiores, pais e mães de família, que procederem sempre assim, deixando-se guiar pelo espírito de humildade e caridade, conquistarão os corações, destruirão o pecado e confirmarão a virtude. Os superiores, pais e mães de família que se queixam de desobediência, de falta de respeito e desregramentos dos súditos, devem antes levantar acusações contra si mesmos e examinar-se a si próprios. Quem não aprendeu a ganhar os corações, como Jesus Cristo os ganhava, pela bondade e caridade, e pelo contrário os repele, pelo modo áspero com os trata, não deve acusar se não a si próprio. A caridade concilia, agrada, cativa; o rigor, a aspereza e arrogância vexa e irrita, indispõe. “É este o meu mandamento, diz Nosso senhor, que vos amei”. A caridade de Cristo tinha três qualidades preciosíssimas: era meiga, benevolente e universal.
2. O nome de Gregório Magno se acha intimamente ligado ao canto sacro. Nada nos obriga a ver nele um grande compositor de músicas litúrgicas; certo é, porém, que pôs em ordem os numerosos cânticos litúrgicos, então existentes: antífonas, responsórios, ofertórios, aleluias, tractus, etc. É bem possível, senão muito provável, que tenha enriquecido com composições de sua lavra, o grande tesouro musical, que encontrara. Ao canto litúrgico foi dado subseqüentemente a denominação de canto gregoriano, nome que lhe ficou, sendo-lhe próprio até os nossos dias.


65 - Sabiniano - 605 a 606













Papa da Igreja Cristã Romana (604-606) nascido em Blera, Viterbo, eleito em 13 de novembro (604) seis meses após a morte de São Gregório I (590-604), que como papa tornou obrigatório o uso do som dos sinos nas igrejas para convocar os fiéis à missa e para indicar ao povo outras horas canônicas, o recolhimento e a oração e decretou que as igrejas deveriam ficar com as lâmpadas sempre acessas. Foi enviado como núncio pelo papa Gregório Magno a Constantinopla, mas não cumpriu satisfatoriamente as instruções e por isso foi censurado pelo papa e chamado de volta à Roma. Ele considerou-se profundamente ofendido e não esqueceu o que ele achou uma humilhação. Logo que foi eleito procurou desacreditar São GregórioMagno com acusações infundadas, impulsionado por ciúmes a respeito da fama que o antecessor gozava entre o povo, mas com isso só granjeou para si a antipatia generalizada do povo cristão. Não teve recursos suficientes para conseguir dar continuidade à distribuição de comida aos pobres de Roma e pouco pôde fazer para ajudá-los durante a fome que atingiu cidade (605). Além do uso dos sinos, também decretou que as igrejas deveriam ficar com as lâmpadas sempre acessas. Seu ódio o levou ao fracasso e o papa de número 65, morreu em 22 de fevereiro (606), em Roma, e foi sucedido por Bonifácio III (607).


66 - Bonifácio III - 607













O Papa Bonifácio III teve o seu pontificado de 19 de Fevereiro a 12 de Novembro de 607. Filho de João Cataadioce, era romano de nascimento, mas de ascendência grega. Apesar do seu pontificado curto, teve uma contribuição importante na organização da Igreja católica romana.
Determinou as regras da eleição pontifícia e dos bispos: Papas e bispos estavam proibidos de indicar seus sucessores; a eleição de um novo Papa não poderia efectuar-se antes de 3 dias (hoje 9 dias, "Novendiali") da morte do antecessor. Determinou e conseguiu que o imperador Focas decretasse que o único bispo autorizado a ostentar o título de ecuménico fosse o de Roma.


67 - São Bonifácio IV - 608 a 615













Papa católico italiano (608-615) nascido em Valéria, Abruzo, substituto de Bonifácio III, dez meses após a morte deste, ocorrida em outubro do ano anterior, cuja ação mais marcante na história do catolicismo foi criar o monumento romano a Virgem Maria e todos os Mártires. Filho de um médico, seu pontificado caracterizou-se pelo espírito piedoso de seu titular. Governou a Igreja por seis anos em meio, numa época em que Roma apresentava um dos estágios mais decadentes de sua história. Em meio à desolação geral deixada pela fome e pela peste, agravada pelas inundações do rio Tibre, a cidade oferecia um quadro de ruínas dos antigos monumentos, deteriorados pelo tempo ou destruídos pelos invasores. Apenas um majestoso templo, o Panteão, o magnífico monumento e templo pagão de Agripa, com mais de 600 anos e dedicado outrora a outros deuses, resistia milagrosamente incólume. No seu pontificado o principal acontecimento para o mundo cristão foi a salvação deste monumento. O novo papa pediu o monumento ao imperador e aproveitou para transformá-lo em uma magnífica igreja, dedicando-o a Virgem Maria e todos os Mártires. A nova igreja foi solenemente consagrada em 13 de maio (609). Vinte e oito carroças com o os ossos dos mártires das Catacumbas foram enterradas sob o altar principal. Daí surgiu a veneração por Todos os Santos, festa mais tarde fixada por Gregório IV, em 1° de novembro. Transformou sua própria casa num mosteiro e ordenou para o clero menor melhorias morais e materiais. Também naquele ano instituíu o papado como poder central, mantendo sob suas rédeas toda a hierarquia romana. Com as notícias vindas do Oriente de que os Persas haviam devastado Jerusalém e a igreja do Santo Sepulcro, caiu em profunda depressão, e morreu venerado como santo, em Roma. Sua festa é comemorada no dia de sua morte, oito de maio.



68 - Santo Adeodato I - 615 a 618













O Papa Adeodato I foi eleito em 13 de Novembro de 615 e morreu em 8 de Novembro de 618. Ascendeu a Papa no dia 19 de Outubro de 615.
Também chamado San Diosdado, em latim Deusdedit. Era natural da zona de Roma. Reduziu as prebendas que, desde S. Gregório Magno, desfrutavam os monges. Ajudou no tratamento de leprosos e de pessoas atingidas por epidemias. Perdoou insultos contra os cristãos e quando se abateu grande peste de doenças variadas, foi o primeiro a socorrer os enfermos, não importando se fossem batizados ou não. Conseguiu converter muitas pessoas de várias nacionalidades e credos para a propagação da chamada "palavra de Cristo". Racionalizou os escassos documentos existentes sobre a cristandade. Patrocinou a criação de escribas que juntassem os diversos relatos sobre a suposta "vida de Jesus". Compilou as narrativas bíblicas e atualizou os documentos sagrados conferindo-lhe um "selo de autenticidade", que foi bem aceito pela comunidade:o timbre papal. Foi primeiro a impor o timbre nas bulas e decretos pontifícios. O seu é o mais antigo timbre pontifício que se conserva no Vaticano.



69 - Bonifácio V - 619a 625

Papa da Igreja Cristã Romana (619-625) nascido em Nápoles, mas não se conhece a data de seu nascimento, sucessor de Adeodato I (615-618), cujo governo caracterizou-se por contínuas lutas pela coroa da Itália. De origem napolitana, foi eleito em circunstâncias extremamente críticas e só assumiu o trono pontifício onze meses depois da morte do antecessor, porque Roma estava preocupada em defender-se do exarca Eleutério, título do delegado dos imperadores de Bizâncio na Itália ou na África. Interessou-se particularmente pela Igreja anglo-saxônica, segundo testemunham alguns escritos seus, como uma carta Justo, bispo de Rochester e Canterbury, e outra a Etelberga, rainha de Kent. Promulgou algumas normas litúrgicas e canônicas e instituiu a imunidade do asilo, para as pessoas perseguidas que buscassem refúgio na Igreja. Também durante seu pontificado, no oriente próximo Maomé iniciou seus sermões, e assim, na era cristã, foi a primeira vez que apareceu uma outra grande religião, a muçulmana, que se espalharia pelo mundo inteiro. Pelo Liber pontificalis e pelas inscrições sua tumba, era um homem de muitos adjetivos magnânimos como plácido, humilde, doce, misericordioso, sábio, casto, sincero e justo. Papa de número 69, morreu em 25 de outubro, em Roma e foi sucedido por Honório I (625-638). 



70 - Honório I - 625 a 638

Papa Honório I nasceu em Capua. Eleito em 27 de outubro de 625, tinha sido discípulo de S. Gregório Magno. Durante o seu pontificado impulsou a evangelização de Inglaterra, procurando a integração dos monotelitas na Igreja - heresia sobre a vontade de Cristo, que ele não lutou. Isso fê-lo ser condenado por Leão II (682).
Instituiu a Festa da "Exaltação da Santa Cruz", no dia 14 de Setembro. Sanou as questões da Igreja no Oriente e o cisma de Aquiléia.
Preocupou-se com a restauração das igrejas e mandou reparar o antigo aqueduto de Trajano, que levava água à cidade de Roma. Morreu em 12 de outubro de 638.


71 - Severino - 640

O Papa Severino é o 71º papa. Foi eleito em 28 de Maio de 640 e morreu em 2 de Agosto de 640. Sucedeu o Papa Honório I.
Papa Severino, nasceu em Roma. Eleito em 28 de Maio de 640, só foi consagrado dois meses antes de morrer, por ter condenado a heresia monotelista. Para o castigar, o Imperador bizantino Eráclio ordenou o saque de Roma e das riquezas das igrejas, especialmente da igreja de São João e do Palácio Laterano. Morreu de desgosto, em 2 de agosto de 640.



72 - João IV - 640 a 642

O Papa João IV era natural da Dalmácia e filho do escolástico (advogado) Venâncio, que o enviou a Roma, para estudar.
Foi eleito em 24 de Dezembro de 640. Condenou o monotelismo em 641 e tentou reconduzir à Igreja os dissidentes do Egipto.
A fim de ajudar o povo a suportar a invasão dos eslavos que devastara sua terra, enviou para a Dalmácia recursos económicos e missionários.
Faleceu em 12 de outubro de 642.




73 - Teodoro I- 642 a 649
O Papa Teodoro I foi eleito em 24 de Novembro de 642 e morreu em 14 de Maio de 649.
Nascido em Jerusalém, era de origem grega. Agregou ao nome de "Pontífice" o título de "Soberano" e reorganizou a jurisdição interna do clero. Durante os seus sete anos de governo, combateu os hereges monofisistas. Soube se cercar de homens eminentes e muito cultos. Teve desavenças com o Imperador e no meio dessas controvérsias, há suspeitas de que tenha sido envenenado. Conseguiu converter muitos gregos impenitentes que negavam a natureza divina de Jesus, dizendo que Jesus era o filho adotivo de Deus, não sendo por isso digno de culto.



74 - São Martinho I- 649 a 655
De descendência Toscana e antigo núncio em Constantinopla, São Martinho foi consagrado sem espera de confirmação imperial, representando uma das primeiras manifestações da independência do poder de Roma, ante o cesarismo oriental. Tal atitude iria ser causa de sérias investidas do então imperador Constâncio II. Eram tempos difíceis, já que a heresia também procurava estabelecer-se pela infiltração no seio da Igreja. De grande personalidade, o Papa Martinho I já deparava-se com situação pré-figurativa do calvário que ira atravessar em defesa da esposa de Cristo. Não deixando-se assombrar pelas sérias feições que a circunstância tenebrosa lhe impunha, tão logo assumiu o trono pontifício, convocou o Concílio de Latrão para pôr termo às influências e idéias malignas da heresia monotelista.
Seu pontificado está ligado à luta pela defesa da doutrina católica sobre a existência de duas naturezas em Jesus Cristo, contra a referida heresia, sustentada pelo Patriarca de Constantinopla e favorecida pelo Imperador. Durante o Concílio, Martinho condenou veementemente o erro dos Monotelistas. A reação imperial foi extremamente severa. Constâncio ordenou que o exarca Olímpio tomasse as providências necessárias para matar o Papa. E assim, dirigindo-se à Igreja de Santa Maria do Presepe, exatamente durante a Santa Missa que o litor encarregado, no momento de cometer o crime, ficou cego repentinamente, não sendo possível concretizar o plano maquinado.
A partir disso, graves calamidades vieram sobre a pessoa do Imperador que, mesmo assim, não o fizeram mudar das suas malignas intenções. Ordem deu, desta vez, ao exarca Teodoro Calíopas de Ravena para se apoderar da pessoa do Papa e levá-lo a Ilha de Naxos, ordem que teve o seu cumprimento. Dali, foi trasladado para Constantinopla, onde foi submetido aos mais humilhantes vexames e encarcerado e durante um dia inteiro, além de exporem seu leito ao escárnio do poviléu. Noventa e três dias passou entre as quatro paredes de uma prisão, para depois, despojado das suas vestes pontifícias e algemado, ser deportado para o Chersonesco, onde morreu no maior abandono. Seus restos mortais foram levados para Roma, onde foi sepultado como verdadeiro mártir, junto à Igreja de São Martin.


75 - Santo Eugênio I- 655 a 657

Nasceu em Roma e foi eleito um ano antes da morte do seu antecessor, enquanto o Papa estava exilado em Constantinopla. Comunicou a todos os países da Europa o triste fim de Martinho I, deposto pelo imperador Constante II. Não teve o mesmo fim, pois o imperador fora derrotado pelos muçulmanos, em 655.
O problema teológico mais relevante de seu pontificado dizia respeito à natureza da vontade de Cristo. Está sepultado na Basílica de São Pedro, Cidade do Vaticano.




76 - São Vitaliano- 657 a 672

Papa e santo italiano da igreja apostólica cristã (657-672) nascido em Vitaliano em Segui, perto de Roma, conhecido tradicionalmente pelo seu conhecimento dos estudos sagrados. Substituto do falecido São Eugênio I (655-657), seu pontificado assinalou-se logo de início por uma transformação inesperada nas atitudes do imperador Constante II, o perseguidor e algoz (655) de SãoMartinho. Seduzido pelos acenos de aproximação do impiedoso imperador e movido pelo espírito conciliativo e caridoso, enviou emissários à Constantinopla, que foram recebidos com grande honras, até pelo patriarca herético Pedro e posteriormente recebeu em Roma a visita do imperador, na esperança de que a idade e o remorso houvessem modificado a índole de Constante. Este, embora recebido com festas memoráveis, pois havia 200 anos que Roma não via um imperador, movido pelo ódio de seus súditos, devido às exações, e o remorso de família, por haver trucidado seu irmão Teodósio, mostrou-se enganador e mais cruel. Saqueou as ruínas da cidade e até as telhas douradas do Panteão já transformado na igreja de Santa Maria dos Mártires, foram levadas. Porém na sua volta para Constantinopla, foi assassinado na Sicília, por um escravo que esmagou-lhe o crânio com um vaso de bronze roubado em Roma, durante um banho, e o produto de seus saques em Roma caiu nas mãos dos Sarracenos. O papa também preocupou-se com a Inglaterra, e escreveu longas cartas à França, à Espanha e ao rei Oswin, dos saxões alemães. Condenou os monges-andantes, pseudos monges que viviam de esmolas e até de roubos, chamando-os filhos de Satanás. Morreu em em 27 de janeiro (672) e por isso este é seu dia de devoção.




77 - Adeodato II- 672 a 676 


Papa da Igreja Cristã Romana (672-676) nascido em Roma, eleito em 11 de abril (672) como sucessor de São Vitaliano (657-672), em cujo pontificado começou a invasão dos sarracenos e pessoalmente distinguiu-se pela afabilidade e caridade com os pobres. Vivia no mosteiro de Santo Erasmo e com a ajuda dos missionários, desenvolveu uma importante obra de conversão dos moronitas, povo de origem armeno-síriaca. Foi o primeiro a usar nas leituras a fórmula Salute ed apostolica benedizione. Lutou contra os monotelistas, doutrina derivada do monofisismo defendida no século VII, que sustentava a existência de uma única vontade em Cristo, e viveu como monge mesmo no palácio pontifício, dedicado à oração e ao estudo das Escrituras. Não se conhece mais detalhes significativos de sua biografia a não ser parte de sua correspondência, algumas cartas para as abadias de São Pedro de Canterbury e de São Martín de Tours, que foram preservadas. O papa de número 77, teve sua morte emê 17 de junho (676), em Roma, e foi sucedido por Dono (676-678). Os sarracenos encontraram forte resistência em Constantinopla, mas conseguiram desembarcar na Sicília e ocupar Siracusa. Um seu predecessor, o papa de número 68, Adeodato I (615-618) em algumas listas as vezes é chamado de Deusdete ou Deusdedite I, o que o levaria a ser conhecido ocasionalmente como Adeodatus I.




78 - Dono- 676 a 678

Papa da Igreja Cristã Romana (676-678) nascido em Roma, eleito em 2 de novembro (676) como sucessor de Adeodato II (672-676), cujo papado foi marcado pelo desenvolvimento cultural. Filho de romano de nome Maurizio e desde cedo inclinou-se pela carreira eclesiástica, embora não se saiba detalhes significativas de sua formação e de sua carreira antes do seu pontificado. Eleito papa exerceu um dinâmico pontificado, apesar de sua curta duração, de pouco mais de um ano e cinco meses. Ocupou-se inicialmente com o melhoramento da arquitetura da cidade e providenciou, entre outras, a restauração das Basílicas de São Pedro e de São Paulo Extramuros e a pavimentação dos em tornos destas. Animou os bispos a cultivarem as incipientes escolas de Trevira, na Galiléia, e de Cambridge, na Inglaterra, escolas que no futuro seriam famosas no mundo da cultura. Em conciliação com Constantinopla, tornou-se muito amigo do imperador Constantino IV, conseguiu terminar os cismas de Roma, com Nestoriani, e de Ravena, de Autocefalia. Considerou que seu tesoureiro, Ágatão, apesar de não ter os estudos necessários, era digníssimo de receber as ordens sacerdotais, e o consagrou (677), e mesmo sendo este já um venerável ancião, o preparou pa substituí-lo. O papa de número 78, morreu em 11 de abril (678), em Roma, e foi enterrado na Basilica di San Pietro. Foi sucedido por SãoÁgatão (678-681), tesoureiro da Igreja em Roma e que presidiu, na pessoa de seus legados, o VI Concílio Ecumênico de Constantinopla, em que foi condenado o monotelismo, doutrina que afirmava haver em Jesus uma só vontade.




79 - Dono- 678 a 681 


Papa siciliano (678-681) da santa igreja apostólica fundada por Jesus Cristo nascido em Palermo, na Sicília, que substituiu Dono no trono de São Pedro, e conhecido pela sua humildade, caráter e santidade de vida. Membro de uma rica família siciliana, com a morte de seu padre vendeu toda sua herança e distribuiu o dinheiro com os pobres e ingressou na Ordem de São Benedito, na qualidade de leigo, no monastério de São Hermes, em sua cidade natal, seguindo uma vida exemplar de abnegação para com os seus semelhantes. Antes do papado foi por muitos anos tesoureiro da Igreja e apesar de não ter os estudos necessários, o papa Dono considerava-o digníssimo de receber as ordens sacerdotais, e o consagrou (677), e mesmo sendo já um venerável ancião, o preparou para substituí-lo. Eleito papa, conseguiu o importante apoio político do imperador Pogonato, extinguiu o cisma monotelista, convocou o VI Concílio Ecumênico em Constantinopla (680-681), o chamado Trulano por ter sido realizado no palácio imperial, em um salão sob esplêndida cúpula (= trullum), sob a presidência honorária do imperador. Na presença de 174 conciliares, entre patriarcas, representantes e delegados, foram acolhidas todas as cartas do Papa com palavras de confiança, sob a conscientização de que São Pedro falava pela boca do papa, afirmação que o imperador repetia ao final de cada sentença. Também cuidou muito da disciplina nos mosteiros, como no caso do arcebispo Vilfrido, em York, Inglaterra. Sentindo-se injustiçado com a perda de sua sede, recorreu ao papa e este, após convocar um sínodo, o reconduziu à sua Sé. O final de seu pontificado (680-681) foi marcado pela volta de uma terrível peste que a tradição conta só haver passado após uma promessa do papa a São Sebastião. Sendo o papa de número 79, morreu em Roma, já centenário, e foi substituído por São Leão II (682-683) É um dos santos comemorados no dia 5 de julho e também em 10 de janeiro.




80 - São Leão II - 682 a 683 


Leão II, Papa de Agosto de 682 a Julho de 683, era siciliano de nascimento.
O seu antecessor Agatão fora representado no sexto concílio ecuménico (de Constantinopla em 680), onde fora anatematizado o papa Honório I pela sua posição na controvérsia monotelita, como favorável da heresia; e o único facto de interesse histórico do pontificado de Leão II foi a aprovação da decisão do concílio de condenar Honório, a quem considerava como "profana proditione immaculatem fidem subvertare conatus est". Para a ponderação sobre a questão da infalibilidade papal, estas palavras provocaram considerável atenção e debate, dando-se importância ao facto de que no texto, em grego, da carta ao imperador, da qual cosnta a frase acima transcrita, se usa a expressão "subverti permisit" mais leve do que "subvertare conatus est".
Foi durante o pontificado de Leão II que a dependência da sé de Ravenna da de Roma foi estabelecida definitivamente por um édito imperial.



81 - São Bento II - 684 a 685

Papa católico (684-685) nascido em Roma, que substituiu o papa Leão II, consagrado onze meses após a morte de de seu antecessor em virtude das dificuldades em fazer chegar a informação a Constantinopla e conseguir a anuência do imperador, costume da época. Desde a infância no serviço divino, era versadíssimo nas cerimônias, nas Escrituras e no canto religioso. Inicialmente o pontífices lutou contra essa prepotência imperial e conseguiu livrar a Igreja dessa imposição através de um edito do imperador Constantino Pogonato, o qual rezava que "o clero e povo de Roma deviam proceder sempre, e sem demora, à eleição e consagração do Papa". A renúncia de Constantino a esses direitos antigos, foi uma conseqüência de seus sentimentos religiosos sinceros. O imperador mandou ao papa cachos de cabelos de seus filhos Justiniano e Heráclio, simbolizando que os príncipes tornavam-se apadrinhados do pontífice. Enviou à Espanha as resoluções do VI Concílio de Toledo e o clero hispânico deu inteiro acatamento ao papa. Após esta grande vitória, na Páscoa seguinte (685), o papa distribuiu cargos e recompensas a diversas ordens do Clero. Morreu pouco depois, deixando 30 libras de ouro ao Clero, aos mosteiros, às diaconias e aos mansionários, leigos encarregados do serviço das igrejas. É festejado como santo no dia 8 de maio.



82 - João V - 685 a 686

Papa João V, nasceu em Antioquia, na Síria. Eleito em 23 de Julho de 685, consagrou-se sem esperar a autorização do imperador do Oriente, emancipando o papado à sua tutela. Reuniu um concílio que decidiu que as igrejas de Córsega e Sardenha ficassem sob a autoridade imediata do papa. Era um homem generoso e, segundo os historiadores, distribuiu aos pobres, durante seu pontificado, mais de 1.900 soldos. Veio a falecer em 2 de Agosto de 686.



83 - Cónon - 686 a 687

Papa da Igreja Cristã Romana (686-687) nascido na Trácia, eleito em 21 de outubro (686) como sucessor de João V (685-686), que teve um pontificado agitado pela anarquia que reinava na Igreja e, com freqüência, sofreu diversos atentados. Filho de um militar, foi enviado à Sicília para ser educado, e depois partiu para Roma, onde se fez presbítero. No pontificado ajudou muito os mosteiros por seus grandes dotes de bondade e caridade. Acredita-se que tenha morrido envenenado, pois logo após a morte do papa (687), duas facções em Roma disputavam o papado. E o resultado foi a criação de dois antipapas: Pascoal e Teodoro, foi o que causou grande reboliço e um levante em Roma. Pascoal subornou o arcebispo de Ravena, no intuito de ser reconhecido como papa legítimo. Em Roma, para resolver a crise os eleitores reuniram-se em assembléia e em 15 de dezembro (687) o clero, os soldados, os oficiais governamentais votaram unanimemente para eleger Sérgio I. Como Pascoal não pagou a quantia acertada com Ravena, seu arcebispo decidiu-se em favor de Sérgio I. Teodoro resignou-se, mas Pascoal não aceitou a situação. Teve de ser forçado a conformar-se e morreu após cinco anos de cárcere (692). O papa de número 83, teve sua morte em 21 de setembro (687), em Roma, foi sepultado na Basilica di San Pietro e sucedido por São Sérgio I (687-701). 



84 - São Sérgio I- 687 a 701

 Papa e santo greco-italiano da igreja cristã (687-701) nascido na Antióquia, eleito em 15 de dezembro( 687) como sucessor de Cónon (686-687), que enfrentou o novo imperador Justiniano II, e por isso chegou a ser preso o que, por sua vez, provocou o levante do povo que culminou com o exílio do imperador. Descendente de uma família síria, veio com seu pai Tibério para Palermo, na Sicília, onde foi educado, e depois foi ainda jovem para Roma, onde se ondenou sob Leão II e se impôs por seu grande senso de criatividade. Foi eleito após disputar uma eleição com dois outros candidatos:o Padre Teodoro e o arcediago Pascoal, ambos descartados pela maioria do clero e pelos romanos. Teodoro reconheceu humildemente o novo papa, enquanto o antipapa Pascoal aliou-se à tropas de Justiniano. O imperador reuniu um concílio, o II Trulano, e o papa rejeitou energicamente essa intromissão e as conclusões do concílio. Justiniano então mandou, com tropas, o seu cortesão Zacarias, homem cruel e temido, para que levasse preso o papa a Constantinopla. Este ocupou Roma, mas não ousou depor o eleito por este ser muito estimado pelo povo, porém saqueou igrejas roubando vasos sagrados e preciosas lâmpadas. O povo romano, porém levantou-se em armas e Zacarias viu-se derrotado e perdido, chegando a pedir proteção ao próprio papa, que lhe salvou a vida da fúria dos populares. Meses depois (695), em Bizâncio, o imperador era deposto por seu exército e levado ao hipódromo, onde barbaramente lhe deceparam o nariz e as orelhas. Opôs-se à permissão de Justiniano a padres e diáconos para que se casassem. Tentou terminar com o cisma surgido em Roma e fez cessar o de Aquiléia. Manteve ativas relações com os saxões. Caedwalla, rei dos Saxões Ocidentais, veio a Roma para ser batizado (689), e depois (696) o papa consagrou o bispo inglês São Vilibrordo, apóstolo da Frísia. Roma tornou-se, cada vez mais, a meta de peregrinações e o papa instituiu procissões para as quatro principais festas de Maria Santíssima: Natividade, Anunciação, Purificação e Assunção, chamada dormítio, sono. Mandou também que se cantasse o Agnus Dei na Missa. Papa de número 84, morreu em 8 de setembro (701), em Roma, e foi sucedido por João VI (701-705). Como papa foi defensor inabalável da fé e ficou conhecido pela santidade e humildade e, santificado, é festejado em 8 de setembro.



85 - João VI - 701 a 705

Papa da Igreja Católica Romana (701-705) nascido em data desconhecida, em Éfeso, Grécia, eleito em 30 de outubro (701) sucessor de São Sérgio I (687-701), que governou a Igreja durante quatro anos de momentos difíceis para a cristandade, especialmente com a Igreja estava cercada pelos turcos sarracenos a Oriente e em Espanha. Com os cristãos derrotados no Oriente e na Espanha pelos turcos sarracenos, defendeu os direitos da Igreja. Apesar de sua origem grega, com a ajuda do povo romano, enfrentou o imperador bizantino Tibério III, que tentou prendê-lo, e combateu os lombardos que assolavam a planície romana, salvando Roma da devastação desses longobardos. Eles marchavam contra Roma, conquistando várias cidades. tomando suas riquezas e escravizando seus moradores. Quando acamparam nas vizinhanças de Roma, o papa, aflito com os sofrimentos das pessoas, enviou vários padres com dinheiro para uma negociação, no acampamento do Duque Lombardo Gisulf. Sua missão conseguiu pleno êxito e não só convenceram o duque a não atacar como resgataram todos os cativos e o persuadiram a devolver seus próprios territórios, mas mediante pagamento de uma alta soma em dinheiro e ainda lhes cedendo parte do exarcado de Ravena. Também interferiu nos assuntos e pacificou a Igreja na Inglaterra e conseguiu do rei Ethelred a nomeação de Wilfrid de York para Arcebispo de Canterbury. O papa de número 85 faleceu em 11 de janeiro (705), em Roma, foi enterrado em São Pedro e foi sucedido por João VII (705-707). 




86 - João VII - 705 a 707

Papa da Igreja Católica Romana (705-707) nascido em Rossano, na Calábria, eleito em 1 de março (705) sucessor de João VI (701-705), que, devoto da Virgem Maria, ergueu várias igrejas para homenageá-la e mandou restaurar muitas outras. O ano do nascimento dele é desconhecido bem como pormenores de sua vida pré-papal, como muitos outros papas que atuaram durante o período de influência bizantina em Roma. Sabe-se que descendia de grego,.filho de uma família distinta e que o nome de seus pais eram os gregos Blatta e Platão. Antes da elevação dele, era o reitor do patrimônio papal da Via Ápia (687). Fez oposição ao imperador Justiniano II, cujo governo promoveu medidas que incentivavam a desunião entre os povos latinos e os italianos do Império do Oriente, mas aprovou, por pressão do Imperador, os decretos do sínodo de Trullo. Manteve boas relações com os lombardos, restabeleceu a disciplina eclesiástica em Inglaterra. Construiu várias igrejas e um palácio episcopal perto da igreja de Santa Maria Antiqua. Também ergueu uma capela a Nossa Senhora, em São Pedro, e quando este oratório foi destruído, alguns dos seus mosaicos foram preservados, e podem ser vistos na Igreja romana de Santa Maria, em Cosmedin e em outros lugares. Ele recebeu através do rei lombardo Aripert II a devolução dos patrimônios papais no Cottian Alpes que os lombardos tinham confiscado. O papa de número 86 faleceu no palácio ele tinha construído perto do Palatino, em 18 de outubro, foi enterrado no oratório que ele tinha erguido em São. Pedro e foi sucedido por Sisino (708). Conta a tradição que na Igreja do século IX, uma mulher que se vestia de homem, governou brevemente a Igreja como papa João VII. Verdade ou não, a mulher é hoje chamada de papisa Joana. 




87 - Sisínio - 708

Papa da Igreja Cristã Romana (708) nascido na Síria, eleito em 15 de janeiro (708) como sucessor de João VII (705-707), que por estar velho e doente de gota, seu precário e fugaz pontificado durou apenas vinte dias e a única coisa que fez foi arrecadar fundos para a restauração das muralhas desmoronadas de Roma. Seu pai também se chamava João e, apesar de extremamente limitado fisicamente, com seu caráter forte aceitou o sacrifício com altivez como mais uma missão em sua vida. A corte de Constantinopla perdia progressivamente seu poderio e o imperador bizantino não conseguia mais impor sua autoridade no Ocidente, os búlgaros levavam vantagem no Oriente, os Sarracenos se impunham na África, na Itália os Longobardos progrediam. A Itália acostumou-se a esquecer o imperador e a população agrupava-se sempre mais em torno do Pontífice Romano, como o centro natural e político da Itália. Pela brevidade de seu pontificado não conseguiu fazer obras importantes e preocupou-se com o embelezamento da cidade eterna e a restauração das muralhas de Roma, a fim de proteger a cidade dos assédios dos longobardos e sarracenos. Papa de número 87, morreu em 4 de fevereiro (708), em Roma, foi enterrado em São Pedro, e foi sucedido por Constantino (708-715). Antes de morrer ainda criou e consagrou o bispado da Córsega. 




88 - Constantino - 708 a 715

Papa Igreja Cristã Romana (708-715) nascido na Síria, eleito em 25 de março (708) para suceder Sisino (708), cujo pontificado foi marcado por muitas viagens, onde visitou 62 comunidades cristãs, e conseguiu estabelecer um pouco de paz entre a Igreja e o imperador Justiniano II e, assim, ao contrário de seus antecessores, manteve boas relações com o imperador. Dirigindo-se ao Oriente (710-711), fez uma viagem vitoriosa, durante a qual ordenou 12 bispos e foi bem recebido pelos oficiais do governo e saudado por um grande número de cristãos em todos os lugares em que parava. Entrou em contato com o imperador Justiniano II em Nicomédia, para definir alguns cânones de fé. Quando o imperador foi morto (711) por Filipino Bardano, que lhe usurpou o trono, o papa rejeitou a profissão de fé monotelista que aquele queria impor aos súditos do império e confirmou os decretos do VI concílio ecumênico, que condenavam o monotelismo. O conflito cessou com a destituição do usurpador e a eleição de Anastácio II para o trono de Bizâncio, pondo fim aos conflitos religiosos. Na sua volta à Roma muitos bispos italianos e de outros locais foram a cidade para encontrá-lo. Também animou os cristãos da Espanha a se oporem aos infiéis. O papa de número 88, morreu em 9 de abril (715), em Roma, e foi sucedido por São Gregório II (715-731).

89 - São Gregório II - 715 a 731

Papa da Igreja Cristã (715-731) nascido em Roma, cuja administração foi marcada pelo seu enfrentamento com a iconoclastia do imperador bizantino Leão III. Da tradicional família Savelli, desde cedo foi preparado para seguir a carreira eclesiástica. Foi escolhido para o pontificado em 19 de maio (715) e governou a Igreja durante dezesseis anos. Como papa procurou consertar as muralhas de Roma, por temor dos muçulmanos e incentivou a vida monástica. Porém seu maior problema foi quando teve que enfrentar o novo Imperador do Oriente, Leão III, que se tornara iconoclasta, ao lançar um edito em que proibia o culto de imagens sagradas e ordenava sua destruição com fogo, daí o termo iconoclastia. Em oposição ao Edital de Constantinopla, convocou um concílio no qual se condenou a iconoclastia e com uma bula proibiu ao imperador legislar em matéria de fé. Leão respondeu com um exército partindo de Rávena, contra Roma, visando aprisionar o papa. Com o apoio do clero, de todas as populações cristãs e das províncias da Itália, levantou-se contra o exército em marcha para Roma. Tumultos e insurreições surgiram por todos os pontos contra o exército de Rávena e os iconoclastas foram rechaçados. Apoiou a construção da Abadia de Monte Cassino, promoveu uma intensa obra de evangelização das populações germânicas e veio a falecer em Roma.


90 - São Gregório III - 731  741

Papa da Igreja Católica Romana (731-741) nascido na Síria, que era monge em Roma quando se elegeu papa, por aclamação, em uma época de grande instabilidade política, o que levou ao seu seu pontificado um do mais críticos da história do trono de São Pedro. Embora sírio de nascimento, foi criado na fé por seu pai João, e educado em Roma especialmente em literatura, e tornou-se hábil em línguas orientais e na latina. Versado nas Sagradas Escrituras foi promovido por Gregório II nas ordens sagrados do clero de Roma. Com a morte de Gregório II (731), por escolhido seu substituto por aclamação comum de todo o clero e do povo de Roma, em 22 de fevereiro do mesmo ano. Ele foi confrontado imediatamente com a continuidade da Controvérsia Iconoclasta, iniciada ainda no papado de seu antecessor, Gregório II, que condenou o imperador bizantino, Leão III, pela destruição e queima de imagens religiosas. Convocou um sínodo em Roma (731) para oficializar a à oposição de Roma à heresia dos iconoclastas. Nessa luta constante contra o imperador e também contra os longobardos, invocou a ajuda armada de Carlos Martelo, rei dos francos, mas não obteve resposta. Por sua decisão, as doações para a Igreja começaram a ser chamadas de óbolo de São Pedro. Papa de número 90, morreu em 28 de novembro, em Roma, e foi substituído por São Zacarias (741-752). Sua data no Brasil é comemorada em 10 de Dezembro.


91 - São Zacarias - 741 a 752 

Papa de descendência sírio-grego (741-752) da santa igreja apostólica fundada por Jesus Cristo nascido na Calabria, eleito quatro dias após a morte de S. Gregório III, o último papa sírio-grego. Filho de um grego chamado Policrônio, provavelmente foi um diácono da Igreja Romana e participou do Concílio de Roma (732). De sólidas virtudes e vasta ciência, ao mesmo tempo um homem gentil e de caráter conciliatório, foi habilíssimo nos negócios do governo. Com o imperador Constantino Coprônimo, filho de Leão Isáurico, o império grego caia na anarquia, o que facilitou a invasão dos longobardos. Luitprando, rei longobardo, estava preparando uma nova incursão em Roma (747), mas o habilidoso e santo papa foi ao encontro do rei para convencê-lo a desistir da invasão. O Duque Trasamund de Spoleto, com quem papa Gregory III tinha formado uma aliança contra Luitprando, não manteve a promessa de ajudar os romanos recuperando as cidades ocupadas pelos Lombardos. Por conseguinte o papa abandonou a aliança com Trasamund e buscou proteger os interesses de Roma e território romano através de influência pessoal em cima de Luitprando. O papa foi para Terni para ver o rei da Lombardia que o recebeu com todas as honras. O pontífice obteve de Luitprando não só que as cidades de Ameria, Horta, Polimartio e Blera fossem devolvidas aos romanos, como também todo o patrimônio da Igreja romana que os lombardos tinha tomado nos últimos trinta anos, além de assinar uma trégua de vinte anos entre o Ducado romano e os lombardos. Depois que o papa retornou com tantas alvissareiras notícias, a população romana entrou em procissão solene em São Pedro para agradecer a Deus pelo resultado afortunado dos esforços do papa, e uma capela foi construída na Igreja de Sào Pedro, em Roma, em nome de Luitprando, no qual foram colocadas as ações com respeito a este retorno de propriedade. No ano seguinte Luitprand estava pronto para atacar o território de Ravenna e o representante do governo bizantino de Ravenna e o arcebispo imploraram para o papa que interviesse. Como os seus enviados foram malsucedidos, ele próprio foi para Ravenna e de lá para Pávia ver Luitprando. O papa alcançou Pávia na véspera do banquete de São Pedro e São Paulo. Ele celebrou a vigília e o banquete dos príncipes em Pávia, e pôde induzir o rei a abandonar o ataque em Ravenna e restabelecer o território pertencente à própria cidade. Luitprand morreu logo depois e com a desistência do seu primeiro sucessor, Hildebrando, Ratchis tornou-se o Rei dos lombardos. Ratchis tinha extremo respeito ao papa e confirmou o tratado de paz com o Ducado romano (749). Nesse mesmo ano que Ratchis abdicou, e com a esposa Tásia e sua filha Rotrudes, fez os votos monásticos antes do papa, e os três entraram na vida monástica. Com o sucesso de apostolado na Alemanha, de São Bonifácio, fundador do célebre convento de Fulda, o papa enviou-o como legado a Carlomano, filho de Carlos Martel, no sínodo de Soissons, cujas leis foram reconhecidas pelo Estado. Carlomano fez-se monge em Monte Cassino (747) e lá algum tempo depois encontrou-se com Ratchis, o rei longobardo que também se fizera monge, enquanto sua esposa e filha encerravam-se num convento. O papa comovido, benzeu as vestes monacais dos príncipes. Carlomano passou a cuidar das cabras e Ratchis da vinha. Os francos elevaram Pepino, irmão de Carlomano, a rei. O papa, para o bem da nação, confirmou o novo rei, e São Bonifácio o coroou. Unidos fizeram-se fortes os francos, garantia da ordem cristã da civilização na Europa. O papa então passou a se dedicar mais cuidadosamente dos arquivos da Igreja, trabalho precioso para o futuro e a restauração dos templos romanos. Também cuidou da agricultura e beneficiou muito a abadia de Monte Cassino. Morreu em 14 de março (752), logo passou a cultuado como santo e seu dia de festa é 22 de Março.




92 - Estevão (II) ( Não Consagrado) - 752

Papa Igreja Cristã Romana (752) nascido em Roma, presbítero romano eleito em 20 de março após a morte de Zacarias (752), morreu três dias depois, antes de ser consagrado e, por isso, não consta do Livro Pontifical, o Catálogo dos Papas. Como seu nome não figura na série dos pontífices consagrados, algumas listas não o consideram como papa. Em outras listas os papas posteriores a ele que adotaram o mesmo nome aparecem com dupla numeração. Assim com um pontificado relâmpago, o papa de número 92, morreu em Roma, e foi sucedido por Estêvão III (752-757), o papa que ameaçado pelo rei dos lombardos Astolfo, foi forçado a exilar-se na França, onde realizou a segunda coroação de Pepino III como rei dos francos e voltou a Roma escoltado pelo rei e seu exército, que forçou Astolfo a restituir as propriedades do papa. 
OBS: Aqui resolvemos considerá-lo um nome na seqüência normal, em função da sua eleição legítima, mas muito cuidado em pesquisas sobre listas papais para saber exatamente de que Estêvão estiver pesquisando. Por exemplo, o papa seguinte com esse nome na nossa lista será Estêvão II, mas aparecerá (III) (752-757).

93 - Santo Estevão II (III) - 752 a 757

O Papa Estêvão II (ou Estêvão III, segundo algumas listas) foi Pontífice Romano de 752 a 757.
Estêvão III foi eleito em 26 de março de 752, doze dias após a morte do Papa Zacarias. Fora eleito antes um sacerdote romano, também chamado Estêvão, que, porém, faleceu três dias depois, sem haver sido consagrado, não sendo, por isso, contado por todos como Papa. Estêvão III era romano, filho de Constantino, que era um simples trabalhador de olaria, mas que, em sua sabedoria, soube proporcionar aos filhos (treze ao todo) uma educação que jamais teve. Órfão desde tenra idade, foi educado na escola patriarcal de Latrão. Ânimo adaptado a grandes empresas, iniciou para Roma um novo período.
Astolfo, rei lombardo, havia expulsado do norte os exércitos bizantinos. De posse da grande Ravenna, cobiçava Roma. O Papa recorreu a Constantinopla, mas não obteve ajuda. Astolfo sitiou Roma. O Papa Estêvão realizou então solene procissão, que acompanhou de pés descalços e com a cabeça coberta de cinzas, levando uma grande cruz, da qual pendiam os tratados de paz violados por Astolfo. Assim mesmo o ambicioso rei ameaçou passar a fio de espada todos os romanos. Estêvão recorreu a Pepino, rei dos Francos, o qual desceu com um grande exército, libertou Roma, sitiou Astolfo em Pavia e lhe arrebatou Ravenna com outras cidades ex-bizantinas, entregando-as ao Papa, para sua independência política (Tratado de Quierzy). Foi a confirmação do Poder Temporal dos Papas, ou os Estados Pontifícios.
Roma, que os Pontífices haviam conservado contra a cobiça dos bárbaros, ficou sendo, sem contestação, a cidade pontifícia. Curiosa foi uma carta que o Papa Estêvão escreveu "como se São Pedro a tivesse escrevendo", dirigindo-a ao Rei Pepino. O Papa Estêvão morreu em 24 de abril de 757 vítima de uma grave enfermidade reumática que o paralisou completamente por dois dias.



 94 - São Paulo I - 757 a 767

Papa italiano (757-767) da igreja cristã romana nascido em Roma, irmão de Estevão II (752) e substituto de Estevão III (752-757), cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi a instituiução da prática da confissão de pecados ao padre, por influência dos orientais (758). Educado desde criança para ser presbítero, no próprio palácio papal, foi eleito papa um mês após a morte de seu antecessor. Pela primeira vez se tinha dois irmãos papas, fato repetido no século XI com Bento VIII (1012-1024) e João XIX (1024-1032). Escreveu logo ao rei Pepino, dos Francos, comunicando sua eleição e o rei não só respondeu como lhe enviou (758) um cacho de cabelos de sua filha recém nascida Gisela, irmã do futuro Carlos Magno, pedindo ao papa que aceitasse ser padrinho da pequena princesa. Os duques e condes romanos acolheram com entusiasmo a proteção do rei franco, que de longe os deixava tranqüilos sob o governo pontifício e lhes era uma garantia contra a barbárie dos Longobardos. O novo pontífice deu provas de grande habilidade e muita paciência, conseguiu abrandar Desidério. Com o apoio do rei franco convenceu Desidério, rei dos temíveisLongobardos a ajudar o papa recuperar o patrimônio romano nas regiões na Itália sulista que se encontrava sob o poder bizantino, e apoiar os direitos eclesiásticos do pontífice contra os bispos destes distritos. Enquanto isso o grego Constantino Coprônimo, conhecido por sua oposição à reverência à imagens, espalhava boatos de terríveis esquadras e ingentes exércitos que estava preparando para ocupar Roma. Depois de vários encontros entre enviados de ambos os lados, com a intermediação de Pepino, foi realizado um sínodo em Gentilly, perto de Paris, no qual as doutrinas de Igreja relativas à Trindade e a reverência de imagens foram mantidas. Também celebrizou-se por sua caridade sem alarde. Visitava à noite os cárceres, libertando, com seu direito de indulto, os condenados à morte. Pagava às escondidas os débitos dos que jaziam presos por insolvência, e colocava víveres e roupas à porta das casas dos pobres. Fundou com monges gregos o convento de São Silvestre (761), ainda hoje existente no local dos antigos e famosos jardins de Lúculo. Terminou a capela de Santa Petronila, que para alguns é filha de São Pedro, iniciada por seu irmão e chamada capela dos reis francos. Morreu em Roma, no dia 28 de junho e esta é sua data de celebração. 



95 - Santo Estevão III (IV) - 768 a 772

O Papa Estêvão III (ou Estêvão IV, segundo algumas listas) nasceu na Sicília, cerca do ano de 723. Com 44 anos, foi eleito em 7 de Agosto de 768, para suceder Paulo I, ainda tendo sido precedido por dois antipapas, o leigo Constantino e o Padre Filipe, que foram presos. O papado começou a ser fortemente cobiçado pelo poder temporal. Para refrear esta tendência, celebrou um concílio em 769, onde dispôs que a eleição do papa dependesse só do clero romano e que nenhum leigo poderia ser eleito papa e só os cardeais poderiam ser nomeados. Declarou nulo o sínodo iconoclasta de Constantinopla (754). Morreu em 3 de fevereiro de 772.




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96 - Adriano I - 772 a 795

Adriano I foi Papa entre os anos de 772 e 795.
"Adriano I foi um grande papa e um grande rei, digno de ser amigo do maior gênio político da Idade Média. A figura de Adriano I não empalidece ante a figura de Carlos Magno." Diz com entusiasmo o historiador Chantrel.
Órfão desde a mais tenra idade, Adriano foi educado à sombra da Igreja. Eleito Papa em 1 de fevereiro de 772, teve de enfrentar a má fé do último rei lombardo, Desidério, e de Leão IV de Bizâncio. Com a morte de Carlomano, irmão de Carlos Magno, Desidério queria que o Papa coroasse o filho de Carlomano, ainda menor. Seria a guerra civil. Desidério subornou alguns nobres e atacou Roma. O papa Adriano recorreu então a Carlos Magno, que foi a Roma com fervor religioso (Páscoa de 774), renovou solenemente a doação de territórios, feita por Pepino o Breve, seu pai e proclamou-se "rei dos Lombardos" e "patrício dos romanos".
O ex-rei Desidério, vencido em 774 e aprisionado, retirou-se, humilhado, para o convento de Corbeia e sua esposa fez-se monja. Contam os cronistas desta época tão conturbada que ele teria terminado seus dias em vida santa, e o teria feito milagres.
No Oriente, Leão IV, filho de Coprônimo, continuava a feroz perseguição às imagens, até a morte. A imperatriz Irene de Bizâncio amenizou as leis iconoclastas e reuniu o Sétimo Concílio Ecumênico (Nicéia,787), com 300 bispos, presidido pelos legados romanos. Foi instituído o culto das imagens, com imenso júbilo dos fiéis. Paulo, o patriarca herético bizantino, converteu-se, tornando-se um monge famoso pela oratória e saber teológico que os fiéis consultavam.
Adriano guiou a Igreja com firmeza na disciplina e na fé. Condenou o "adocionismo" de Elipando, bispo de Toledo, que ensinava ser Jesus apenas filho adotivo de Deus. Reconstruiu os muros de Roma (380 torres) e os aquedutos, protegeu as artes e a agricultura. Morreu no Natal de 795, após 23 anos de glorioso reinado.





97 - São Leão III - 795 a 816

Leão III (Roma, ca. 750 - 816) foi Papa e santo da Igreja Católica. Romano, de origem modesta, exerceu quando jovem o ofício de "vestararius" (responsável pelas roupas e pelos objetos preciosos) da basílica de Latrão, em Roma.
No mesmo dia da morte do papa Adriano I (26 de dezembro de 795), o clero, contrariando abertamente a nobreza romana, nomeou-o papa. Sua eleição provocou graves desordens em Roma, sobretudo entre os partidários do papa que morrera, que viam seus interesses ameaçados.
Em 25 de abril de 799, enquanto se dirigia a cavalo de Latrão para San Lorenzo em Lucina para presidir a uma procissão, Leão III foi atacado e ferido. Com dificuldade, conseguiu fugir e abrigar-se em São Pedro, de onde partiu para Paderborn, na Saxônia, para pedir ajuda a Carlos Magno. Este, que recebera do mesmo papa, em sinal de respeito, as chaves da tumba de são Pedro e o estandarte da cidade de Roma, fez com que fosse acompanhado solenemente a Roma (dezembro de 799), encarregando ao mesmo tempo uma comissão de investigar o seu comportamento e as acusações de adultério e de perjúrio dirigidas a ele pelos nobres. Em novembro de 800, Carlos Magno foi a Roma e convocou um sínodo para discutir os fatos ocorridos em 25 de abril. Em 23 de dezembro de 800, com uma declaração solene lida em São Pedro, o papa jurou não ter cometido os crimes imputados a ele (purgatio per sacramentum). Dois dias depois, durante as funções de Natal, Leão III coroou Carlos Magno imperador, e este, na qualidade de patrício dos romanos e por força de sua dignidade imperial, condenou os acusadores do pontífice à morte, acusação que foi retirada por intervenção do próprio papa.
A coroação imperial de Carlos Magno por parte de Leão III não teve precedentes e assinalou a retomada do Império Romano do Ocidente, "renovatio imperii". Foi vantajosa para a Igreja, que ligou os francos a si e libertou-se definitivamente dos bizantinos, e também foi vantajosa para o imperador, que conquistou uma extraordinária dignidade religioso-sacral, além da política. Com a morte de Carlos Magno (814), Roma viu-se novamente conturbada pelas divergências entre algumas famílias de nobres e o papa, que retomou as conjuras contra eles, agindo por iniciativa própria, sem nem sequer avisar o imperador Luís I, o Piedoso.
No campo doutrinal, o pontificado de Leão III foi marcado por diversas disputas teológicas, dentre as quais se destacam a questão do adocionismo, que foi definitivamente condenado (799), e a questão do "Filioque". Em relação a esta última, Leão III distanciou-se das decisões de Carlos Magno, tomadas no sínodo de Aachen (809), que impuseram o acréscimo do Filioque na profissão de fé da missa. Foi levado a isso por considerações de caráter ecumênico, que tendiam a salvaguardar a unidade com a Igreja Ortodoxa, contrária a tal acréscimo.




98 - Santo Estevão IV (V) - 816 a 817

Papa Igreja Cristã Romana (816-817) nascido na Sicília, substituto de São Leão III (795-816) e santificado pelo seu espírito de piedade e de imensa caridade, pois diz a tradição que Tudo o que possuía, dava-o aos pobres. Muito erudito, conhecia bem as Escrituras, as leis canônicas e foi consagrado em 22 de junho (816). Com os monges insistia muito na observância do jejum, das vigílias, dando ele mesmo o exemplo. Em seu tempo começou a ser usado oficialmente o título de Cardeal. Sofreu desgostos com a Corte dos Francos e procurou evitar lutas internas, instituindo o juramento do Imperador, desde que aceitasse a fé do Papa. Consagrou imperador a Ludovico, rei dos francos, e sua esposa Ermengarda, em Reims (822) e tomou-o como filho adotivo Lotário, o que provocou a revolta de outros príncipes, como Bernardo, sobrinho do imperador, que foi vencido, cegado e morto. O papa levantou a voz contra tanta crueldade, até que Ludovico, mais tarde, fez penitência pública. para onde viajou. Papa de número 98, morreu repentinamente em 21 de janeiro (817), em Roma e foi sucedido por São Pascoal I (817-824). Durante seu curto pontificado, em Roma o partido dos nobres, aproveitando-se da guerra civil, matou dois partidários de Lotário. Também aparece em listas papais como Estêvão IV.




99 - São Pascoal I - 917 a 824

Papa e santo da igreja apostólica romana (817-824) nascido em Roma em data desconhecida, unanimemente escolhido sucessor de Estêvão IV (816-817), cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi a celebração pioneira da Assunção de Maria (819), admitindo-se que Maria subiu ao céu em forma corpórea, a exemplo de Jesus Cristo. Filho de um romano chamado Bonosus, quando ainda jovem ele uniu-se ao clero romano e foi levado a trabalhar a serviço do papa e especializou-se no Divino Serviço e na Bíblia Sagrada. Leão III o designou superior do Monastério de Santo Estêvão, perto da Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde encarregou-se do tratamento aos peregrinos que vinham para Roma. No Oriente, no Natal (814), o iconoclasta Leão, o Armênio, perecia assassinado, na igreja, por inimigos que ele condenara à morte e que, segunda a tradição, morreu defendendo-se desesperadamente com um grande Crucifixo. Consagrado em 25 de janeiro (817), recebeu como presente de Ludovico II, o Pio, a Córsega e a Sardenha. Durante seu pontificado foi renovada a aliança do papado com os carolíngios e obteve do imperador Luís, o Piedoso, um documento, o Pactum Ludovicianum (817), em que se confirmavam as doações feitas ao papado nas décadas precedentes, incluindo Roma, Tuscia, Perúgia, Campânia, Tívoli, Exarcado de Ravena, Pentápolis, Sabina, e se estabeleciam os limites do Estado da Igreja, Os Estados Pontifícios, dentro do qual era concedida plena soberania ao pontífice. Também neste período ressurgiu em Constantinopla a heresia iconoclasta e ele recebeu os monges e padres expulsos pelo arcebispo da cidade, que era herege, e colocou-os em mosteiros de Roma. Trabalhou no descobrimento das catacumbas, trasladando 2.300 corpos e ajudou os cristãos da Palestina e Espanha contra os sarracenos. Foi ele quem descobriu as relíquias de Santa Cecília que se encontravam nas catacumbas de São Calixto. Reedificou a basílica de Santa Cecília e, em sonho, viu a Santa indicando-lhe o local onde se encontrava o corpo de São Leão, nas catacumbas. Achou-o envolto em panos bordados a ouro, junto ao corpo de São Valeriano, o jovem mártir esposo de Santa Cecília. Coroou (823) o imperador Lotário, filho de Luís, o Piedoso. O papa de número 99, morreu em 11 de fevereiro (824), em Roma, em meio a grandes tumultos gerados pela nobreza romana, e foi sucedido por Eugênio II (824-827). Prolífico em construções e recuperações de igrejas e monastérios, morreu em Roma e foi enterrado na igreja de St. Praxedis, uma de suas principais recuperações, e é homenageado como um santo no dia 14 maio. Professava um culto muito sincero aos mártires e realizou a transladação de muitas relíquias dos mártires para as igrejas.



100 - Eugênio II - 824 a 827

Papa Igreja Cristã Romana (824-827) nascido em Roma, eleito em 11 de maio (824) como sucessor de São Pascoal I (817-824), a ele atribui-se a ele a instituição dos seminários. Eleito pelo apoio dos francos, reorganizou os Estados Pontifícios e redigiu um documento referente à eleição do Papa, a fim de esclarecê-las e assinou a constituição romana ao gosto de Ludovico Pío. Formou uma comissão para rever os cânones e leis, da qual nasceu a atual Cúria Romana. Ao descobrir que muitos presbíteros e bispos ignoravam verdade básicas da fé, ordenou sua suspensão temporária, até que fossem devidamente instruídos, o que deu origem aos seminários. Envolvido na controvérsia iconoclasta, deu licença para o rei dos francos, Luís o Piedoso, reunir bispos e teólogos em Paris a fim de estudarem uma ação comum iconoclasta (825). Essa assembléia manifestou-se no sentido do Concílio de Francoforte (794), que tomara uma posição contrária ao Niceno II, mas em termos ambíguos: as imagens não deveriam ser nem adoradas nem veneradas nem destruídas, mas conservadas em memória daqueles ou daquilo que representassem. Papa de número 100, morreu em 27 de agosto (827) em Roma, e foi sucedido por Valentino.



101 - Valentim - 827

Papa Igreja Cristã Romana (827) nascido em um distrito de Roma, eleito em 1º de setembro (827) como sucessor de Eugênio II (824-827), e foi papa por apenas 40 dias de agosto a setembro. Nascido em data incerta ainda jovem decidiu-se pela carreira eclesiástica. Pregava a piedade e a moralidade, e trabalhou para o papa Pascoal I (817-1824) e teve uma influente posição junto ao pontificado de Eugênio II (824-827). Coma morte de Eugênio (827) foi eleito por unanimidade seu sucessor pelo clero, nobres e pessoas de Roma. Carlos Magno (742-814) havia sido declarado Defensor da Santa Sé e mesmo garantindo sua proteção, não exigia o privilégio de confirmar as eleições papais, reconhecendo claramente que a Igreja e seu chefe precisavam de independência. Seu filho Luís e seus netos prometeram solenemente garantir a liberdade das eleições papais (817). Mas perigosamente, devido a tumultos de facções populares por ocasião da eleição, os papas sentiam-se coagidos a apelar para os reis e imperadores. E foi nesse clima que ele assumiu e conta a tradição que era muito querido pelo povo, a nobreza e o clero, graças a sua pureza, e que no começo de seu brevíssimo pontificado foi acolhido com grandes manifestações de júbilo por seu caráter bondoso. Papa de número 101, morreu em 16 de novembro (827), em Siracusa, e foi sucedido por Gregório IV (827-844).



102 - Gregório IV - 827 a 844

102.o Papa da Igreja Católica Romana (827-844) nascido em Roma, que eleito em 20 de setembro, teve que dobrar protestos contra sua posse, só vindo a assumir de verdade o trono, seis meses depois, em 8 de março (828). Antes de eleito papa era Cardeal da Basílica de São Marcos. Adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia e entre seus primeiros atos constou a consagração de Santo Ansgar como o bispo para continuar seu apostolado nos países nórdicos. Quando Ludovico Pio, ou Luís I (778 - 840), imperador carolíngio filho e sucessor de Carlos Magno no trono dos francos (814-840), decidiu dividir (817) o Império entre seus três filhos, Lotário I, Pepino e Luis II o Germânico, o pontífice tomou partido por Lotário por este defender a unidade imperial (834). Fortificou as muralhas de Roma, temendo um ataque dos muçulmanos que estavam na Sicília. Para defender a cidade, apoiou a organização de um poderoso exército que, a mando do Duque de Toscana, derrotou cinco vezes os sarracenos na África. Estes desembarcaram na Itália, destruíram Civitavecchia e Óstia e ameaçaram Roma. Morreu em Roma, Estados Pontifícios, hoje na Itália, em 11 de janeiro (844).


103 - Sérgio II - 844 a 847

Papa da Igreja Cristã Romana (844-847) nascido em Roma, eleito em janeiro (844) como sucessor de Gregório IV (827-844), em cujo pontificado procurou aumentar a autonomia do papado em relação ao império carolíngio e os Sarracenos, que já estavam em Óstia, invadiram Roma e saquearam as basílicas de São Paulo e de São Pedro. Eleito sem a intervenção dos imperadores carolíngios, considerou que não era necessário pedir a autorização de Lotário para ser consagrado. Entretanto o primogênito de Lotário, Luís, não aceitou o procedimento e marchou para Roma com seus exércitos e, para evitar o pior, o novo papa teve que oficiar uma cerimônia para prestar um juramento de fidelidade ao imperador para que este ratificasse sua eleição e, de quebra, Luís foi nomeado Rei da Itália. Sob o seu pontificado, os muçulmanos desembarcaram em Óstia (846) e assediaram Roma, saqueando vários locais e igrejas, entre as quais a Basílica de São Pedro, mas foram derrotados definitivamente em Gaeta. Recompôs as escadas do Pretorium, a Escadaria Santa. Papa de número 103, morreu em 27 de janeiro (847), em Roma, e foi sucedido por São Leão IV




104 - São Leão IV - 847 a 855

Papa italiano da Igreja Católica Romana (847-855) nascido em Roma, conhecido como o verdadeiro herói de dedicação patriótica e religiosa. Cardeal dos Santos Quatro Coroados de grandes virtudes e ciência, substituiu o papa Sérgio II ganhou fama ao conseguir reunir as tropas de Nápoles, Amalfi e Gaeta, para combater à invasão dos Sarracenos, temíveis muçulmanos que voltavam a novo saque de Roma, mas com o apelo do papa, os invasores foram derrotados à entrada do Tibre. Mais tarde o grande pintor Rafael imortalizou com um quadro a vitória sobre os Sarracenos, como também um grande incêndio, que se seguiu a um terremoto, ameaçou destruir Roma, atribuindo ao santo papa o milagre de haver extinto o fogo com o sinal da cruz. Ergueu a fortificada cidade Leonina, uma parte de Roma encerrada atrás de poderosos muros que abrigavam a igreja de S. Pedro e reedificou Óstia, Porto, Civitavecchia e outras cidades. Restaurou igrejas, embelezando-as com preciosas obras de arte. Coroou Luís II imperador do Ocidente, em Roma (850), e o rei Etewulf com seu filho Alfredo, o futuro grande rei da Inglaterra. Morreu em Roma e, após sua morte, até seus inimigos reconheceram seu valor. É comemorado em 17 de julho.


105 - Bento III - 855 a 858

Papa da Igreja Cristã Romana (855-858) nascido em Roma em data desconhecida, consagrado papa em 29 de setembro como sucessor de São Leão IV (847-855), amado pelo povo, por suas virtudes. Filho de um homem chamado Pedro, tornou-se um romano erudito e ascético. Eleito teve dificuldades em assumir o trono de São Pedro, em virtude de intrigas políticas junto a corte germÂnica, que na época tinha direitos sobre a consagração do escolhido. Os emissários enviados para obter a ratificação do resultado da eleição pelo Imperador Lotário, traíram sua confiança em favor do ambicioso Cardeal Anastásio. Com o apoio do Imperador da Alemanha, o antipapa Anastácio, marchou com um exército contra Roma. Alcançando a cidade, o antipapa e ordenou a prisão do papa legitimamente eleito, que foi de´posto e retirado da Santa Sé e insultado. No entanto o antipapa não chegou a assumir plenamente suas funções, pois o verdadeiro papa foi defendido pelo clero e pelo povo e consagrado em 29 de setembro com muita festa, impossibilitando as pretensões do usurpador, que se retirou cabisbaixo e derrotado, antes que acontecesse o pior para ele, com menos de um mês de pseudo pontificado. Apesar da tentativa de usurpação e de condenado por um sínodo, , Anastácio foi perdoado pelo pontífice e não foi excomungado. No campo militar e diplomático o papa tentou reunir todas as facções na luta contra os sarracenos e teve muito trabalho para apaziguar a igreja francesa. Papa de número 105, morreu em 17 de abril, em Roma e foi sucedido por São Nicolau I, o Grande.


106 - São Nicolau I - 858 a 867

Pontífice italiano da igreja cristã romana (858-867) nascido em Roma, sagrou-se papa em 24 de abril (858) sucedendo Benedito III (855-858), do qual havia sido conselheiro, e considerado um dos mais importantes papas da história para consolidação da Igreja Romana como igreja máxima e independente dos poderes imperiais e, conseqüentemente, do pontífice como autoridade máxima dessa igreja. Descendente de uma família aristocrática e politicamente importante, era filho do Defensor Teodoro e recebeu excelente educação dos presbíteros de Latrão. Entrou logo cedo para os serviços eclesiásticos e, distinguido-se pela devoção, benevolência, habilidade, conhecimento, e eloqüência, foi feito subdiácono pelo papa Sérgio II (844-847) e diácono pelo papa Leão IV (847-855). Homem de grande energia, capacidade política e estatura moral, depois de servir na Cúria por quase 15 anos, e apoiado pelo Imperador francês Luís II, foi eleito papa por aclamação, numa época em que o cristianismo ocidental estava em frangalhos, correndo o risco até de cair em declínio irreversível. Sua primeira grande vitória foi quando organizou e durante o Sínodo de Milão (860), praticamente obrigou o arcebispo João, de Ravena, sob pena de excomunhão, reconhecer a supremacia de Roma (861), convencendo as autoridades de Ravena a desistirem da independência religiosa de Roma, em nome da disciplina eclesiástica. Reduziu (861) à obediência Incmaro, arcebispo de Reims, então defensor dos mais amplos poderes da Igreja franca sobre seus fiéis, e que se tornou seu grande aliado, e por ocasião de uma disputa entre o prelado e seu sufragâneo, bispo de Soissons, avocou a si o direito de julgar a contenda. Condenou o casamento ilegal do tirano Bardas e a tentativa de Miguel III de internar num convento a própria mãe Teodora, sua regente e aliada de Roma, com as filhas. Demonstrou sua autoridade do pontífice sobre toda a cristandade quando decretou, por exemplo, a excomunhão de Fócio (862), substituto de santo Inácio, patriarca de Constantinopla, por ordem do imperador bizantino Miguel III, decisão que mais tarde provocaria a divisão entre as igrejas oriental e ocidental. O Imperador bizantino Miguel III depôs Inácio (857), patriarca de Constantinopla, e elevou em seu lugar o ambicioso Fócio, um leigo de alta erudição. O papa tomou a defesa de Inácio, porém seus emissários deixaram-se convencer por Fócio, e o papa excomungou-os (863), reunindo então um concílio para defesa da fé e da disciplina (863). Outro duro embate foi quando (862) o rei Lotário II, rei da Lorena, para se casar com uma dama da corte, Valdrada, expulsou a esposa Teutberga, com aprovação do Sínodo de Aachen. Esta recorreu ao pontífice, o qual, apesar de cercado pelos exércitos imperiais, anulou o processo de divórcio do rei, destituiu os arcebispos responsáveis pela decisão e obrigou Lotário, sob pena de excomunhão, a receber a legítima esposa, com a aprovação do Sínodo de Metz (863). Recebeu os Búlgaros, convertidos pelos missionários gregos, cujo rei Bóris enviou a Roma o próprio filho para dirimir dúvidas (863), ao qual o pontífice ministrou conselhos e leis considerados um verdadeiro monumento de sabedoria, especialmente sobre a teoria da pretensa supremacia do pontífice sobre toda a cristandade. Reempossou no cargo de bispo de Soissons, Rothad II, que havia sido deposto pelo arcebispo Hincmar (862), de Reims, após uma apelação ao papa. Depois de várias disputas com o Imperador Ludovico II, organizou junto com ele um exército contra os sarracenos. Por essas e outras decisões foi um dos pontífices mais enérgicos da Idade Média, mostrando influência decisiva no desenvolvimento histórico do papado e sua posição entre as nações Cristãs de Europa Ocidental. Seu papado foi considerado o mais importante do período carolíngio e abriu caminho para a obra dos papas reformistas do século XI. Em Roma, reconstruiu várias igrejas e constantemente buscou encorajar a vida religiosa. A própria vida pessoal dele era guiada por um espírito de sério asceticismo cristão e devoção profunda e, também, era muito estimado pelos cidadãos de Roma. No seu pontificado a Dinamarca foi convertida por Santo Ansgário, e os Eslavos, pelo zelo dos irmãos São Cirilo e São Metódio, verdadeiros iniciadores da literatura eslava. Homem destemido, até a morte cumpriu sua missão em defesa das leis de Deus, da moralidade, integridade e pureza do clero. Foi um asceta em sua vida pessoal, incentivou a vida religiosa e abriu conventos e mosteiros. Fixou a festa da Assunção em 15 de agosto. O papa de número 106 faleceu em Roma, em 13 de novembro (867), coroado de imensas vitórias como homem, como rei e como papa, e considerado como um santo pelo povo. Foi o primeiro papa que, retomando a teoria já exposta pelo papa Gelásio em sua época, desejou afirmar, de um lado, o primado da sé apostólica romana, fundada pelo primeiro apóstolo, Pedro, sobre todas as outras Igrejas e, por outro, a independência do poder espiritual em relação a qualquer poder temporal, inclusive o do imperador. Seu pontificado coincidiu com um dos períodos culturalmente mais significativos da alta Idade Média, graças também à contribuição fornecida por personagens como Anastácio, o Bibliotecário, seu secretário e redator das numerosas cartas deste que chegaram até os dias de hoje. Foi sucedido por Adriano II (867-872) e santificado (1630) por Urbano VIII e é festejado como santo no dia 13 de novembro.



107 - Adriano II - 867 a 872

Papa e santo da Igreja Cristã Romana (884-885) nascido em em Roma. Eleito em 17 de maio (884), como sucessor de Marino I (882-884). Logo que subiu ao trono, confirmou tudo o que tinham feito seus antecessores contra o Imperador Fazio. Convidado pelo rei Carlos, o Gordo, para se mudar para a França, morreu durante a viagem em Módena, encerrando um pontificado de pouca mais de um ano. Papa de número 110, morreu em setembro, em Módena, e foi enterrado no mosteiro local, onde a sua memória é cultuada com muito fervor ainda hoje, e foi sucedido por Estéfano VI (885-891). Acredita-se que tenha sido assassinado, apunhalado enquanto dormia na abadia de Nonantula, perto de Módena, a mando do Duque de Espolêto e do Conde de Ferrara. Após seu aparente assassinato, os monges do lugar se apossaram de todos os seus pertences, enquanto os romanos, descontrolados, saqueavam a basílica de Latrão. Nos primeiros séculos depois de Cristo, os nobres romanos competiam para ter um papa na família. Para isso, subornavam ou coagiam os cardeais e sitiavam a basílica no momento da votação e, assim, naqueles anos agitados por questões políticas muitas vezes as situações apresentavam toques de selvageria. É comemorado em devoção no dia 8 de julho.


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108 - João VIII - 872 a 882


Era Romano e filho de Gundus. Nascido no primeiro quarto do século IX, morreu envenenado. Defendeu a Itália contra os sarracenos, derrotando-os em Terracina. Em 875 coroou imperador o rei dos francos ocidentais, Carlos o Calvo, mas à morte deste, coroou imperador, o rei dos francos orientais, Carlos III o Gordo. Depois da coroação, o imperador não manteve a ajuda prometida e o papa foi derrotado pelos árabes. Pagou um grande tributo. Embora sempre preocupado com a guerra, João não descuidou os assuntos espirituais. Insistiu na disciplina e na piedade. Tentou reintegrar Fóciopatriarca de Constantinopla, à obediencia de Roma, sem resultado mas com muito esforço.



109 - Marino I - 882 a 884

Papa Marinho I (ou Marino I; mais tarde considerado o Papa Martinho II), era romano e foi eleito em 16 de Dezembro de 882, governando por apenas dois anos. Pressionou Basílio I Macedônioimperador do oriente, contra os cismáticos nacontrovérsia de Fócio. Acredita-se que morreu envenenado, depois de ter querido acalmar as desavenças italianas. Morreu em 15 de maio de 884.




110 - Adriano III - 884 a 885

Papa e santo da Igreja Cristã Romana (884-885) nascido em em Roma. Eleito em 17 de maio (884), como sucessor de Marino I (882-884). Logo que subiu ao trono, confirmou tudo o que tinham feito seus antecessores contra o Imperador Fazio. Convidado pelo rei Carlos, o Gordo, para se mudar para a França, morreu durante a viagem em Módena, encerrando um pontificado de pouca mais de um ano. Papa de número 110, morreu em setembro, em Módena, e foi enterrado no mosteiro local, onde a sua memória é cultuada com muito fervor ainda hoje, e foi sucedido por Estéfano VI (885-891). Acredita-se que tenha sido assassinado, apunhalado enquanto dormia na abadia de Nonantula, perto de Módena, a mando do Duque de Espolêto e do Conde de Ferrara. Após seu aparente assassinato, os monges do lugar se apossaram de todos os seus pertences, enquanto os romanos, descontrolados, saqueavam a basílica de Latrão. Nos primeiros séculos depois de Cristo, os nobres romanos competiam para ter um papa na família. Para isso, subornavam ou coagiam os cardeais e sitiavam a basílica no momento da votação e, assim, naqueles anos agitados por questões políticas muitas vezes as situações apresentavam toques de selvageria. É comemorado em devoção no dia 8 de julho.




111 - Estevão V (VI) - 885 a 891

Papa Igreja Cristã Romana (885-891) nascido em Roma, eleito ao trono de São Pedro em setembro (885) como sucessor de São Adriano III (884-885), conhecido por ser caridoso e favorecer as artes, sabendo de sua eleição, refugiou-se em casa, mas, derrubada a porta, foi levado. Filho de Hadrian, um aristocrata romano que confiou sua educação a um seu parente e bispo bibliotecário, Zacarias, em Roma. Foi nomeado o cardeal-padre de SS. Quattro Coronati pelo papa Marino I (882-884), por causa de sua reconhecida santidade. Depois de consagrado (885), proibiu a prova do fogo e da água nos julgamentos. Durante seu pontificado houve fome em Roma, causada por uma seca e por uma praga de gafanhotos, e chamado para enfrentar a escassez, ele distribuiu aos pobres bens da Igreja e teve que recorrer à riqueza do pai dele para aliviar a pobreza. Para promover a ordem ele adotou Guido III, Conde de Spoleto, como seu filho e o coroou o Imperador (891). Também reconheceu Luís o Cego, como Rei de Provença. Ele também se opôs aos procedimentos arbitrários dos arcebispos de Bordeaux e Ravenna, e resistiu aos ataques do patriarca Fótio e obteve do imperador navios de guerra e soldados que o permitiram repelir as agressões do sarracenos. O papa de número 111, morreu em Roma, e foi sucedido por Formoso (891-896), o papa que nove meses após a sua morte, teve seu cadáver exumado da cripta papal (896) para ser julgado perante um concílio, presidido por Estêvão VII, um inimigo mortal do papa morto, como se a sentença pudesse ainda alcançá-lo. Formoso, acusado de excessiva ambição pelo cargo papal, sua eleição foi declarada irregular e teve todos os seus atos declarados nulos. O cadáver foi despido das vestes pontifícias, e três dedos da mão direita foram amputados e o cadáver jogado no Tibre.



112 - Formoso - 891 a 896

Sumo pontífice católico (891-896) nascido em Roma, substituto de Estéfano VI e cujo pontificado foi marcado pela luta da supremacia política de Roma na Itália que sucedeu ao rompimento do império Carolíngio. Nomeado por Nicolau I como Cardeal Bispo do Porto (864), onde demonstrou grande atuação política e habilidade diplomática que o tornou o homem de confiança para questões neste campo. Apontado pelo papa Nicolau I (866) para tratar das questões papais junta a corte da Bulgária, ganhou tal prestígio que o príncipe Boris peticionou a Nicolau (867) que o apontasse como Arcebispo da Bulgária. Por questões regimentais internas da Igreja e ele retornou para Roma. Boris renovou mais tarde sua petição a Adriano II, o sucessor de Nicolau, novamente indeferido. Enviado (869) por Adriano para ajudar aos bispos locais em acalmar a disputa doméstica entre o rei Lotário e sua esposa Theutberga. Destacou-se a seguir na questão carolíngia (872-875), onde a questão da sucessão estava em impasse pois o rei Luis II não tinha nenhum herdeiro masculino. Embora discordasse foi enviado pelo papa João VIII, após a morte de Luis II (875), para convidar Carlos, o calvo, rei da França, para vir a Roma e receber a coroa imperial das mãos do papa. Carlos foi coroado imperador no dia do Natal (875). Sua insatisfação lhe valeram graves e injustas acusações político-religiosas, inclusive de conspiração contra Roma, o que lhe valeu a proibição de executar o serviço divino e de voltar a Roma. Sua condenação e de outros foram anunciadas ao Imperador e ao sínodo de Pontion (876) e confirmada no sínodo de Troyes (878). O papa João, quando foi a França, retirou sua sentença de excomunhão, depois de perante o próprio papa, prometer em juramento de que nunca retornaria a Roma ou voltaria a exercer suas funções sacerdotais (878). Permaneceu em Sens até que o sucessor de João, o papa Marino I, liberou-o de seu juramento, reconvocando-o a Roma (882) e, depois, restaurando-lhe sua diocese do Porto (883). Durante os pontificados seguintes de Marino (882-884), de Adriano III (884-885) e de Estevão V (885-891), recuperou todo o seu merecido prestígio e foi eleito (891) para suceder esse último. Seu pontificado foi marcado por agudas e delicadas questões eclesiásticas que exigiram a atenção e a habilidade diplomática do papa, especialmente em Constantinopla e na Igreja na Alemanha e da França, além da disputa territorial na Itália contra o Imperador Guido de Spoleto. Seu sucessor, Bonifácio VI, convocou um tribunal para julgá-lo, mas reinou somente quinze dias, morrendo vítima de gota. O novo sucessor, o papa Estêvão VII, prosseguiu o julgamento e nove meses após a sua morte, mandou exumar seu cadáver da cripta papal (896) para ser julgado perante um concílio, presidido pelo papa Estêvão VII, acusado de excessiva ambição pelo cargo papal, e teve todos os seus atos declarados nulos. O cadáver foi despido das vestes pontifícias, e os dedos da mão direita foram amputados. Condenado, seu corpo levado a julgamento e depois despido, foi atirado no rio Tibre (897).




113 - Bonifácio VI - 896

Papa da Igreja Cristã Romana (896) nascido em Roma, eleito em abril (896) para suceder Formoso (891-896) mas que por pressões políticas abriu um processo post morten contra o seu antecessor falecido. Consta em algumas listas que havia sido despojado duas vezes do hábito por imoralidades, antes de subir ao trono papal, apoiado pelos opositores do PapaFormoso em um período em que a sede pontifícia estava em poder dos grandes feudatários da Itália. Como seu sucessor, convocou em um gesto absurdamente incompreensível, um tribunal para julgar o papa morto Formoso, seguramente por causa de graves e injustas acusações político-religiosas, inclusive de conspiração contra Roma. Porém o papa de número 113 ocupou o lugar por somente quinze dias, morreu em 10 de novembro vítima de gota, em Roma, e foi sucedido por Estevão VII.


114 - Estevão VI (VII) - 896 a 897

Papa Igreja Cristã Romana (896-897) nascido em Roma e eleito em 22 de maio (896) como sucessor de Bonifácio VI (896), em um pontificado dominado por lutas internas. Apoiado pelos duques de Spoleto, foi nomeado bispo de Anagni pelo papa Formoso e posteriormente (896) sucedeu Bonifácio VI, que exercera o pontificado por poucos dias na sucessão de Formoso. Eleito papa envolveu-se em grandes conflitos por causa dos favores entre grupos políticos. Convocou o sínodo latranense (897) que anulou as disposições de Formoso, que privara Lamberto de Spoleto da coroa imperial em favor de Arnulfo da Caríntia. Dentre as disposições anuladas, estava a que lhe atribuíra o episcopado de Anagni, com a intenção de burlar a lei que vetava a transferência da sé episcopal e, portanto, impedia que os bispos fossem eleitos papas. Por ocasião do mesmo concílio, os duques de Spoleto obrigaram o papa submeter a processo os despojos do Papa Formoso. O papa fez exumar o cadáver do Papa Formoso e o atirou ao rio, após um processo injusto. A população insurgiu-se com a torpe encenação, invadiu Latrão e aprisionou o papa, que depois foi estrangulado no cárcere. Em conseqüência de uma insurreição popular, foi preso e estrangulado. Papa de número 114, morreu em agosto (897), em Roma, e foi sucedido por Romano .


115 - Ronamo - 897

Papa da Igreja Cristã Romana (897) nascido em Gallese, Civita Castellana, Viterbo, eleito em agosto como sucessor de Estêvão VII (896-897), em seu curto pontificado procurou reabilitar a memória de seu amigo, o papa Formoso. Pouco se sabe com segurança quanto à sua biografia, além de que era filho de homem de nome Constantino, e que foi cardeal de São Pedro ad Víncula e dirigiu os destinos da Igreja Católica durante cerca de quatro meses (897), sucedendo ao Papa Estêvão VI, que havia sido deposto e estrangulado na prisão. Além disso não se conhecem datas certas sobre o seu nascimento, morte nem consagração como papa. Contemporâneo e conterrâneo do papa Marinho, que fora grande amigo de Formoso, condenou abertamente a conduta de seu antecessor, o Papa Estêvão VI, no macabro julgamento do Papa Formoso, provavelmente por ser de Gallese, ou por ter vivido nesta comunidade por algum tempo. Seu primeiro ato como Pontífice foi, de fato, reabilitar a memória do Papa Formoso, dando-lhe um enterro cristão, uma vez que seu anterior sepulcro fora violado. Concedeu a Vitalis o arcebispado e privilégios episcopais e foi enaltecido como um homem virtuoso pelo poeta Frodoardo, seu contemporâneo. Reconheceu à diocese de Gerona, na Espanha, o domínio sobre as ilhas de Maiorca e Minorca, porém foi forçado a ingressar num mosteiro e viver como monge. Papa de número 115, morreu aparentemente envenenado (embora para outros historiadores apenas renunciou ao posto e retirou-se para viver como monge), sob muita pressão de autoridades provinciais que a todo instante se impunham como preferidos do pontífice no que diz respeito a assuntos de estado, em novembro do mesmo ano em Roma, e foi sucedido por Teodoro II (897).


116- Teodoro II - 897

Papa da Igreja Cristã Romana (897) nascido em Roma, eleito em dezembro (897) como sucessor de Romano (897), em cujo mandato reabilitou também a memória do papa Formoso e todos os seus atos, embora tenha sido papa por apenas vinte dias. Filho de Fótio I, Patriarca de Costantinopla, ordenou-se sacerdote do Papa Estêvão VI. Era um homem piedoso e querido pelo povo e trouxe para enterrar na Basílica de São Pedro, o corpo do Papa Formoso, achado no Tibre e provisoriamente sepultado na pequena igreja de Santa Inês, na cidade de Porto. Conseguiu com sua bondade, reconciliar antigos inimigos do clero e da corrupta nobreza romana. Papa de número 116, morreu repentinamente em Roma, com suspeita de envenenamento por recusar-se a aceitar a continuação da ingerência dos partidos civis nos assuntos religiosos, e foi sucedido por João IX (898-900). Entre os suspeitos da sua morte também cita-se o futuro papa Sérgio III, aristocrata da família dos condes de Túsculo, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191), e feroz adversário do papa Formoso. Não confundir com o Antipapa Teodoro II, do século VII.



117 - Joaõ IX - 898 a 900

Papa da Igreja Católica Romana (898-900) nascido em Tívoli, eleito com o apoio do imperador germânico Lamberto de Spoleto, em janeiro (898) como sucessor de Teodoro II (897), o último papa monge beneditino. Eleito papa em um período conflituoso, reconheceu a validade da eleição do Papa Formoso (891-896) e convocou vários sínodos para restaurar a paz na Igreja. No polêmico, político e irracional episódio do papa Formoso (891-896), o povo de Roma revoltou-se com o tratamento dado ao seu cadáver (897) e conseguiu que o papa Estêvão VII fosse deposto e encarcerado e depois morto estrangulado na prisão. Foi sucedido por Romano e depois por Teodoro II, que anulou o resultado do Synodus Horrenda, como ficou conhecido o episódio,e tornou oficiais novamente todos os atos papais de Formoso. O cadáver, que tinha sido recuperado do rio pelos fiéis e levado para Porto, na Itália, voltou a Roma para ser vestido com trajes eclesiásticos e enterrado com os outros papas. O papa de Tivoli procurou colocar uma pedra sobre este episódio bizarro e, além de queimar todos os documentos do Synodus Horrenda, proibiu que voltassem a colocar pessoas mortas em julgamento. Durante seu pontificado, acabou com as pilhagens que ocorriam nos palácios dos bispos e do papa, especialmente após a morte destes e restabeleceu a supremacia da Igreja sobre todos os territórios e sobre Roma. Para evitar novas lutas, repôs a intervenção imperial sobre a consagração dos pontífices. Restabeleceu a supremacia da Igreja sobre todos os territórios e sobre Roma e agiu para afirmar a autoridade direta da Santa Sé sobre os países eslavos. O papa de número 117 faleceu em janeiro, em Roma, e foi sucedido por Benedito IV (900-903).



118 - Bento IV - 900 a 903

Papa da Igreja Cristã Romana que governou a Igreja Católica por três anos (900-903) nascido em Roma, mas cuja data de nascimento é ignorada, escolhido em 1º de fevereiro (900) como sucessor de João IX (898-900), que apesar de bem intencionado, lutou infrutiferamente contra a corrupção e degradação dos costumes do seu tempo, pontificando em meio a uma corrupção generalizada, ódios, intrigas e injustiças. Filho de um homem chamado Mamalus, teve condições financeiras de receber um boa educação e se dedicar a carreira eclesiástica. Foi eleito papa diante de uma conjuntura totalmente desfavorável, soube conservar a integridade da Santa Sé e buscou o caminho da justiça. Durante seu pontificado teve que enfrentar situações que requeriam capacidades que ele não possuía. Os húngaros invadiram o norte da Itália e os os sarracenos, depois de cruzarem toda a Europa, invadiram o sul da península. Sem socorro militar o Papa e Roma ficaram praticamente indefesos. Em meio a corrupção generalizada, conservou a integridade da Santa Sé e consagrou Ludovico de Borgonha imperador de Roma. Papa de número 118, morreu em julho, em Roma e foi sucedido por Leão V (903). Foi mais um outro Bento romano e foi eleito para chefiar a Igreja pela sua generosidade e seu zelo pelo bem público, qualidades morais que foram mencionadas pelo historiador Frodoard, seu contemporâneo.



119 - Leão V - 903

Papa Igreja Cristã Romana (903) nascido em Priapo, perto de Ardea, nas planícies adjacentes a Roma, eleito em julho e consagrado em agosto (903) como sucessor de Bento IV (900-903), em cujo papado os historiadores denominam o período que se iniciou de idade das trevas na Igreja. Apesar de filho de pastores, teve esmerada educação devido à intervenção materna e de sua família. Não pertencia, pois, a nenhuma das principais igrejas de Roma ou das famílias tradicionais da capital da fé cristã, porém por seu extraordinário bom senso e elevado conceito moral, terminou por alcançar o pontificado, sendo escolhido para conciliar as enormes divergências. No entanto mostrou-se débil e indeciso e mostrou que não estava à altura das circunstâncias. Apesar de sua promissora capacidade de conciliação, governou a Igreja menos de dois meses, em um clima de desordens, depois de poucos dias de seu pontificado, sucumbiu em meio a irracionalidade das hordas enfurecidas. Insatisfeito com sua eleição, um dos partidos insurgiu-se contra o papa e com seus membros incentivados por um capelão de nome Cristóvão, um religioso sem escrúpulos e derrotado na escolha para o trono papal, tumultuou pelas ruas da cidade, e durante toda a barbárie, o pontífice foi deposto, preso e levado para um mosteiro nos arredores de Roma, e depois arrastado e morto brutalmente. O papa de número 119, morreu assassinado em Roma, e seu corpo foi queimado e as cinzas lançadas no Tibre, e foi sucedido por Sérgio III (904-911).



120 - Sérgio III - 904 a 911

Papa da Igreja Cristã Romana (904-911) nascido em Roma, eleito como sucessor de Leão V (903), radical adversário do papa Formoso e suspeito da morte do papa Teodoro II e que governou durante um período de grande degeneração moral. Aristocrata da família dos condes de Túsculo, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191), foi eleito pelo partido aristocrata, enquanto o popular elegia João IX (898-900). Consagrado (903), foi expulso de Roma pelas tropas de Lamberto de Spoleto e obrigado a refugiar-se junto a Adalberto, marquês da Toscana. Voltou à Roma (904), com o apoio de Alberico I, senhor de Camerino e Spoleto, e se livrou de Leão V, que sucedera João IX. Depois de subir de fato ao trono pontifício, deu continuidade à política antiformosiana que caracterizaria toda a sua ação, anulou todas as disposições emanadas pelos predecessores e, para ter o apoio de um poderoso, apoiou o rei da Itália, Berengário I, na conquista do título imperial. De sua presumível relação com Marócia, patrícia e senatriz romana, corrupta e cortesã da alta classe, da nobre família de Teofilato, teria nascido o futuro papa João XI(931-935). Mandou reconstruir a Basílica de São João de Latrão, destruída por um incêndio e reivindicou e defendeu os direitos da Igreja contra os senhores feudais. O papa de número 120, morreu em 14 de abril (911), em Roma, e foi sucedido por Anastácio III (911-913). Nas medalhas de seu pontificado foi esculpida pela primeira vez a tiara.




121 - Anastácio III - 911 a 913


Anastácio III nasceu em Roma e foi eleito papa em abril de 911. Nos seus dois anos de pontificado, não pôde fazer muito, devido às lutas internas existentes em Roma. Sofreu pressões de Berengário, mas determinou a divisão eclesiástica daAlemanha. Morreu envenenado em junho de 913. Descrito por contemporâneos seus como homem culto e generoso, pediu apoio aos franceses e seus nobres corruptos e fracos para ampliar a evangelização do continente europeu. Temendo ser simpático à causa estrangeira, foi envenenado pelo próprio clero de Roma.





122 - Lândon - 913 a 914

Papa da Igreja Cristã Romana (913-914) nascido em Fornovo, na Sabina, eleito em junho (913) como sucessor de Anastácio III (911-913), foi papa consagrado por cerca de 6 meses, de agosto (913) a fevereiro (914) em meio a um mar de intrigas de uma das várias facções romanas. Sabe-se muito pouco a respeito de seu pontificado e o que se apresenta é impreciso, apenas podendo se concluir que era um homem meritório por ser nato da Sabina e ter chegado ao papado. papa (m. Roma 914). Papa em um tempo em que o poder em Roma estava nas mãos dos marqueses de Túsculo ou Tusculum, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191) que também mandavam e desmandavam na Santa Sé, e dividido entre as má afamadas Marócia, patrícia romana, corrupta, cortesã de alta classe, e de sua irmã Teodora, parece ter sido um protegido desta última, mãe de Teofilato, futuro papa. O papa de número 122 subiu ao trono de São Pedro por intriga de uma das várias facções e morreu misteriosamente em Roma, depois de ter conseguido estabelecer a paz no meio de tantas lutas internas e foi sucedido por João X (914-928).



123 - João X - 914 a 928

Giovanni Cenci ,papa da Igreja Católica Romana (914-928 nascido em Tossignano di Imola, Bolonha, foi eleito em março (914) sucessor de Lando (913-914), em uma eleição marcadamente influenciada por Teodora, irmã e rival da senhora senatriz Marócia, então casada com Alberico I, conde de Túsculo, um casal de devassos que dominava Roma. Eleito, só conseguiu assumir o trono de São Pedro após uma série de tramóias que ele mesmo desaprovou, fomentadas pelas intrigas romanas criadas pelas influentes famílias. No trono de São Pedro foi um papa enérgico e independente e lutou contra os sarracenos, que há cerca de três décadas assolavam o sul da Itália, destruindo os grandes mosteiros de Subiaco e de Farfa, assaltando e aprisionando peregrinos, levando-os para Roma, para vendê-los como escravos. Coroou Berengário imperador, em Roma (915), armou uma poderosa liga entre os duques e, auxiliado pela esquadra bizantina, derrotou os sarracenos perto de Garillano, e expulsou-os para sempre. Apesar das incessantes revoluções que ocorreram em seu pontificado, fez muito pela conversão dos Bárbaros, da reconstrução de mosteiros e da pureza da fé. Por não querer participar de tramas desonestas, viu seu irmão Pedro, comandante pontifício, ser trucidado pelas tropas do borgonhês Guido de Túscia, duque de Toscana e segundo marido da dissoluta e violenta Marócia, após atacarem Roma. O pontífice foi deposto, aprisionado e assassinado no cárcere (928) por capangas de Marócia. O papa de número 123 faleceu em 26 de maio, em Roma, e foi sucedido por Leão VI (928), sobrinho.de Marócia e colocado por ela no trono papal um simples leigo, que foi expulso como intruso pelo povo romano poucos meses depois. OBS: Tusculum ou Túsculo foi uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191).



124 - Leão VI - 928 a 929

Papa Igreja Cristã Romana (928) nascido em Roma, eleito em 28 de maio (928), por vontade da poderosa senadora Marócia, por vontade do pai dela, Teofilato para substituir de João X (914-928), que durante os sete meses de pontificado procurou apaziguar as lutas entre as famílias nobres romanas, fazendo todo o possível para levar a paz a Roma. Foi primeiro-ministro de Papa João VIII e depois cardeal. A poderosa senadora Marozia, matriarca da família de Crescentii romana, depôs e prendeu o papa João X e organizou sua eleição canonicamente para o trono de São Pedro. O seu pontificado esteve dominado pela poderosa senatriz romana e seu maior ato político foi regulamentar da jurisdição da hierarquia na Dalmácia. Fez todo o possível para pacificar Roma e lutou contra os sarracenos e os ferozes húngaros. Apesar de um pontificado violento, levou uma vida razoavelmente modesta e reclusa e fez ressurgir as artes, o comércio e a indústria. O papa de número 124 não governou mais que sete meses e foi morto a mando de Marócia, em dezembro (928) em Roma, e foi sucedido por Estêvão VIII, que governou por dois anos (929-931), mas também morreu repentinamente. Os maridos dessa corrompida, perigosa e violenta mulher não tinham vida muito longa e como os papas, eles se sucediam uns aos outros com rapidez incrível, justificando todas as suspeitas. Não confundir com Leão VI, o Sábio, co-imperador (870-886) e imperador bizantino (886-912) nascido em Constantinopla.



125 - Estevão VII (VIII) - 929 a 931

Papa Igreja Cristã Romana (929-931) nascido em Roma, escolhido em 3 de janeiro (929) como sucessor de Leão VI (928), graças às intrigas dos condes de Túscolo, enquanto em Roma governava Marócia, marquesa de Túscia. Marócia tinha colocado no trono papal um de seus sobrinhos, e embora eleito canonicamente, Leão VI (928) era um simples leigo, que foi expulso como intruso pelo povo romano sete meses depois e morreu subitamente, possivelmente envenenado pela própria Marócia. Essa poderosa mulher era uma política romana, corrupta, cortesã de alta classe e mãe dos papas Sérgio III e João XI, conhecida universalmente por sua libertinagem e seus crimes, manchada por uma longa série de adultérios e uniões incestuosas, recebeu dos príncipes italianos, como preço de sua devassidão, a propriedade do Castelo de Santângelo e o governo da cidade de Roma com o título de Senatrix e Patricia romana. O novo papa, substituto de Leão VI, governou por dois anos e favoreceu os mosteiros de S. Vicente, em Volturno, e aos dois conventos na Gália. Seu pontificado também coincidiu com o crescimento desproporcional da fortuna de Marócia, agora esposa de Hugo, rei da Itália. Sua morte repentina, em Roma (931), também deixou suspeitas de enveneamento promovido pela libertina política. O papa de número 125 foi sucedido por João XI (931-935), um filho da senatriz com o marquês Alberico de Túsculum, e com aproximadamente 20 anos de idade e que também se revelaria extremamente irresponsável no cargo.



126 - João XI - 931 a 935

Papa da Igreja Católica Romana (931-935) nascido em Roma, eleito em março (931) sucessor de Estêvão VIII (929-931), que passou por grandes infortúnios por causa de sua própria família. Presumivelmente filho incestuoso de Marócia, corrupta e cortesã de alta classe, com um papa anterior, Sérgio III (904-911), e legitimado como do marquês Alberico de Tusculum, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191). Foi eleito com ajuda das intrigas da mãe, Senatrix e Patrícia romana ou domna senátrix. Apesar de ter sido eleito com a ajuda da sua própria família, tentou apaziguar os tremendos conflitos intrafamiliares e deplorou sua libertinagem, mas não foi bem sucedido. Com o papado sob controle pela presença do filho no trono, por causa de sua ambição desmedida, ela casou-se com o cunhado Hugo, rei da Provença e Itália, para ampliar seus poderes, e desenvolveu um governo tirânico em Roma. Em pouco tempo os nobres, liderados por Alberico II, filho mais novo de Marócia, derrubaram-lhe do poder, foi presa e o marido fugiu. Alberico tornou-se o novo governante de Roma, dando ao papa apenas o poder de exercer os seus deveres espirituais, sem quaisquer jurisdições inerentes ao cargo pontifício. Sem autoridade e perseguido, o papa refugiou-se junto aos monges de Cluny e, em agradecimento, concedeu à congregação vários privilégios, tornando-a mais tarde, um poderoso agente da reforma da Igreja. Depois de muitas atribulações, o papa de número 126 morreu e foi sucedido por Leão VII (936-939). Conta-se que amava as artes e especialmente a música e agraciou com sua proteção a muitos artistas. As manobras nefastas de Marócia não terminaram com a morte de seu filho. Pelos menos seus quatro sucessores, foram eleitos por sua influência, ou de sua irmã Teodora: Leão VII (936-939), Estevão IX (939-942), Marinho II (942-946) e Agápito II (946-955). OBS: Tusculum ou Túsculo foi uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191).



127 - Leão VII - 936 a 939

Papa Igreja Cristã Romana (936-939) nascido em Roma e eleito em 3 de janeiro (936) como sucessor de João XI (931-935), que como um monge beneditino procurou reorganizar os mosteiros. Era abade de São Sixto quando foi eleito papa por influência de Alberico II, príncipe e senador de Roma. Na política tratou logo de usar a influência que o abade de Cluny, Odon, tinha sobre Hugo, rei d a Lombardia, e Alberico, para dissuadi-los da guerra em curso entre os dois e promoveu o casamento entre Alberico e Alda, filha de Hugo, o que levou a paz temporária entre os dois governantes. Reformou e reorganizou o monarquismo, mandando reedificar o antigo Cenóbio, perto da Igreja de São Paulo, fora das muralhas de Roma. Escreveu aos bispos da França e da Alemanha, contra o fenômeno dos bruxos e adivinhos e dando diretrizes para empreender uma reforma monástica, especialmente tentando restabelecer o celibato sacerdotal. Fez um acordo com Alberico II, recuperando em parte o prestígio da Santa Sé, ficando o poder religioso com o papa e o poder civil com o imperador. Político, proibiu que o arcebispo Frederico de Mainz, Alemanha batizasse judeus à força, mas autorizou a expulsão das cidades, daqueles que recusavam abraçar o cristianismo. O papa de número 127, morreu em Roma, e foi sucedido por Estêvão IX (939-942).



128 - Estevão VIII (IX) - 939 a 942

Papa Igreja Cristã Romana (939-942) nascido em Roma, eleito em 14 de julho (939) como sucessor de Leão VII (936-939), que tratou de catequizar com os santos princípios do Evangelho aos poderosos do Oriente e do Ocidente. De data de nascimento desconhecida, não há nenhuma dúvida que era um romano. Ele apoiou a decadente dinastia carolíngia e, com a ameaça de excomunhão, ajudou Luís IV de Oltremare ou d'Outre-Mer, contra a insurreição dos súditos francos e, assim, forçou os nobres francos a jurarem fidelidade ao soberano. Ao longo do todo seu pontificado estava sujeito e impotente contra a tirania de Alberico II, Príncipe dos romanos, e assim teve pouca oportunidade de se distinguir. Alberico II era o filho mais velho de Marócia, patrícia romana, corrupta, cortesã de alta classe e mãe dos papas Sérgio III e João XI. Alberico II foi levado ao posto de Comandante Geral dos Estados Romanos e assim o Patrimônio de São Pedro ficou dividido entre ele e o irmão papa João XI (931-936), graças à habilidade da mãe. Alberico II praticamente o manteve confinado no Palácio de Latrão. Papa de número 128, morreu em Roma, e foi sucedido por Marino II (942-946). Também é chamado de Estêvão VIII, em algumas listas.



129 - Marino II - 942 a 946

Papa da Igreja Cristã Romana (942-946) nascido em Roma, eleito ao trono pontifício como sucessor de Estêvão IX (939-942) em 30 de outubro (942) com o apoio de Alberico II, de Spoleto. Eleito procurou deixar de lado as preocupações tipicamente políticas e dedicou-se ao bem espiritual da Igreja, dando um exemplo de vida perfeita em um período muito atormentado pela ingerência no trono papal, pelos políticos romanos. Procurou organizar os mosteiros.e passou praticamente a viver entre os monges de Cluny, mosteiro considerado o centro cultural da Borgonha francesa do final do primeiro milênio cristão, fundado (910) pelo abade Bernon, procedente dos mosteiros de Baume-les-Messieurs e de Gigny, e que se transformou no modelo das abadias reformadas. Ficou conhecido por seu amor aos pobres e pelas realizações reformistas da disciplina eclesiástica. Além disso, restaurou as basílicas de Roma e restabeleceu o ofício de vigário apostólico para a Alemanha e a Gália, nomeando o arcebispo Fredericode Mogúncia. Impulsionou as artes, reorganizou as associações e instaurou Roma como capital moral da humanidade. Modificou as regras de algumas ordens eclesiásticas. O papa de número 129 morreu em maio (946), em Roma, e foi sucedido por Agápito II (946-955).


130 - Agapito II - 946 a 955

Papa da Igreja Cristã Romana (946-955) nascido em Roma, eleito em 10 de maio (946) como sucessor de Marino II (942-946), que dedicou seu pontificado a promover a independência política da Igreja. Todos os poderes estavam nas mãos do senador e tirano Alberico, que o ameaçou de prisão, ante sua recusa de propor como sucessor o filho do rei, Otaviano. A intrometida autoridade do imperador Alberico nos assuntos da Igreja tornou-se progressivamente menor até que o imperador faleceu (954) deixando Roma livre. Fez esforços inauditos para levantar a condições morais do clero e, com a ajuda de Oto I da Alemanha, pacificou em parte a Itália. Estas intervenções políticas na Santa Sé, tornou seu pontificado, de praticamente dez anos, sem brilho, para muitos o período mais humilhante para a Igreja. No entanto, há de se reconhecer que graças a sua determinação e verdadeira dignidade espiritual a Igreja romana não sucumbiu e graças a essas virtudes o papa manteve o respeito do mundo cristão e o trono do pontífice sobreviveu em meio a toda sorte de hostilidades autoritárias da tirania. No seu pontificado trabalhou incessantemente para restaurar a disciplina das igrejas e dos claustros e, eventualmente, logrou algum êxito em acalmar os distúrbios na Sede Metropolitana de Reims. Em termos internacionais o principal acontecimento foi a conversão ao cristianismo de Haroldo, rei da Dinamarca. Este santo Papa, o de número 130, morreu em outubro (955), em Roma e foi sucedido por João XII (955-963).



131 - João XII - 955 a 963

Ottaviano di Tuscolum, papa da Igreja Católica Romana (955-963) nascido em Roma, eleito em 16 de dezembro (955) sucessor de Agapito II (946-955), e deposto pelo imperador Oto I, que colocou em seu lugar um leigo, Leão VIII (963), cuja indicação foi declarada nula pelo Concílio Lateranense (964). Sobrinho de Marócia, patrícia romana, corrupta, cortesã de alta classe e mãe dos papas Sérgio III e João XI, conhecida universalmente por sua libertinagem e seus crimes, manchada por uma longa série de adultérios e uniões incestuosas, recebeu dos príncipes italianos, como preço de sua devassidão, a propriedade do Castelo de Santângelo e o governo da cidade de Roma com o título de Senatrix e Patrícia romana, e filho do patrício Alberico, irmão dela. Alberico, antes de falecer acometido de uma repentina doença, fez-se transportar até a basílica de São Pedro, e ali diante do altar, na Confissão de São Pedro, obrigou todos os nobres de Roma a jurar que elegeriam como sucessor do papa Agapeto II, o seu jovem filho. Após a morte do pai, tornou-se governante temporal de Roma, com apenas 20 anos de idade, com o juramento sacrílego feito e observado. Nestas circunstâncias os historiadores ainda não chegaram a um acordo sobre a validade da sua eleição e, papa ou antipapa, o filho da concubina Marócia. Inexperiente como governante, porém audaz, reivindicou os direitos temporais da Igreja e também criou os bispos-condes. Reconstruiu o Sagrado Império e coroou Oto I da Alemanha, com quem criou uma aliança em que, no futuro, nenhum papa poderia ser consagrado sem a presença dos enviados do imperador. Foi descrito como libertino, criminoso e sanguinário e, assim, devido sua vida imoral e inadequada para o posto, foi deposto pelo imperador germânico, que o substituiu na cadeira papal por Leão VIII (963-964). O papa de número 131 faleceu assassinado em 14 de maio do ano seguinte.




132 - Leão VIII - 963 a 964

Papa Igreja Cristã Romana (963-964) nascido em Roma, eleito como um antipapa por Oton I, depois de várias disputas com o predecessor João XII e com seu sucessor Bento V. Era leigo, ao ser escolhido em 6 de dezembro (963). Seu papado se deu numa época em que o novo imperador alemão estava ansioso para se apoderar da Itália e do papado. Em Roma, o papa de número 132, João XII, aceitou uma aliança com o imperador Oto I em que no futuro nenhum papa seria consagrado sem a presença dos enviados do imperador..Porém quando Oto saiu da cidade, João uniu-se aos nacionalistas feudais, para expulsar os alemães da Itália. O imperador, revoltado, retornou a Roma e depôs do trono o papa João XII, sob a acusação de vários crimes e colocou seu sucessor no trono de São Pedro (963) governando como um antipapa, pois o legítimo papa João XII (955-963), apesar do mau caráter, ainda estava vivo. Também não caiu nas graças dos romanos por ter servido de instrumento aos interesses do imperador germânico. Na realidade tanto ele como seu antecessor foram papas legitimados pelas circunstâncias. Realmente este antipapa mostrou-se reconhecido ao imperador. Por exemplo, por decreto promulgado em concílio, concedeu-lhe e a seus sucessores, o direito de nomear o papa, bispos e arcebispos, punindo com a excomunhão quem se opusesse a esse decreto. Em outra medida, proibiu aos leigos de entrarem no presbitério durante as funções solenes. Com a súbita morte de João, este poderoso antipapa governou a Igreja ainda mais um ano, totalizando dois anos de pontificado, até ser deposto por forças franco-suíças leais ao legítimo papa e os italianos elegeram Bento V (964), homem virtuoso e de reconhecida capacidade para o cargo. O imperador voltou a Roma, invadiu a cidade, mandou Bento V para o exílio e recolocou sua criatura no trono, mas ele morreu logo depois. O imperador reconheceu a autoridade pontifícia de Benedito V, sob pressão dos francos e romanos, porém o restante do pontificado deste não duraria mais que poucos dias. O imperador, com base no decreto forçado de João XII, colocou no trono João XIII (965-972).



133 - Bento V - 964 a 965

Papa da Igreja Cristã Romana (964) nascido em Roma, que foi escolhido em 22 de maio (964), ainda sob a desordem gerada durante o pontificado de João XII (955-963) e como sucessor de Leão VIII. Eleito em circunstâncias políticas críticas e contra a vontade do poderoso imperador do Sacro Império, Oto I, que depusera seu antecessor João XII. Passou por períodos turbulentos, inclusive com Leão VIII intitulando-se papa simultaneamente, apoiado por Oto, que partiu furioso para Roma para empossar Leão e derrubar o romano eleito.. Sem resistência, o imperador reinstalou Leão no trono de São Pedro e deixou Roma levando o papa deposto, após um mês da sua indicação, para a Alemanha e colocou-o sob os cuidados de Adaldag, arcebispo de Hamburg-Bremen, que tratou o romano com grande consideração, especialmente passando-lhe informações sobre o clero germânico. Assim ele permaneceu exilado em Hamburgo, até a morte de Leão VIII. Com a nova vacância em Roma, o imperador Oto I reconheceu-lhe a autoridade pontifícia sob pressão dos francos e romanos, porém o restante do seu pontificado não duraria mais que poucos dias. Papa de número 133, morreu em 4 de julho, em Hamburgo, com fama de santidade, e foi sucedido por João XIII (965-972), eleito com apoio de Oto I. Este era uma boa pessoa, mas a nobreza italiana não o aceitou e o mandou para o exílio na Campanha. Antes de morrer, Oto I teve ainda tempo de escolher um novo sucessor que tomou o nome de Bento VI (973-974). Este também foi objeto do ódio das famílias romanas e lançado na prisão e estrangulado por ordem de Crescêncio, neto de Marócia, patrícia romana, corrupta, cortesã de alta classe e mãe dos papas Sérgio III e João XI, conhecida universalmente por sua libertinagem e seus crimes, manchada por uma longa série de adultérios e uniões incestuosas, recebeu dos príncipes italianos, como preço de sua devassidão, a propriedade do Castelo de Santângelo e o governo da cidade de Roma com o título de Senatrix e Patrícia romana.



134 - João XIII - 965 a 972

Papa da Igreja Católica Romana (965-972) nascido em Roma, eleito em 1º de outubro (965) sucessor de Benedito V (964), que como papa empreendeu uma notável atividade religiosa e, entre outras realizações, reorganizou os episcopados do norte da Alemanha para favorecer a difusão do cristianismo entre os eslavos norte-orientais. Filho de um cônsul de nome João, e de Teodora, irmã de Marócia, depois de uma vida atribulada foi eleito papa, mas por ter sido imposto pelo imperador germânico Oto I não era bem aceito pelos romanos e a nobreza italiana. Foi deposto por partidários de uma corrente adversária e enviado ao exílio na Campanha. Naquele tempo, aproveitando-se de um decreto de Leão VIII, promulgado em concílio anterior, o imperador germânico Oto I distribuía abadias e bispados a seus amigos e cortesãos e transformava-se em um misto de papa e imperador e se imaginava que podia nomear e depor bispos e papas a bel prazer, alimentando assim a luta secular entre o Sacerdócio e o Império. Após dez meses de cativeiro foi libertado graças a intervenção do imperador germânico Oto I, cujo exército era o principal sustentáculo do trono pontifício. Ajudou a difundiu o cristianismo na Polônia e na Boêmia com a ajuda do exército imperial,.e introduziu o uso de abençoar e dar um nome aos sinos. O papa de número 134 faleceu em Roma e foi sucedido por Benedito VI (973-974).



135 - Bento VI - 973 a 974

Papa da Igreja Cristã Romana (973-974) nascido em Roma em data desconhecida, que foi eleito em dezembro (972) e investido em 19 de janeiro (973), como sucessor de João XIII (965-972), eleição confirmada pelo Imperador Oto I, e cujo principal feito no campo espiritual foi converter ao cristianismo o povo húngaro. Conta-se que era filho de um romano chamado Hildebrando, e que era Cardeal-Diácono de São Teodoro, quando foi eleito papa (972) e depois consagrado (973). Pouco se sabe sobre sua atuação como pontífice no campo religioso, exceto que privilegiou algumas igrejas e monastérios Porém politicamente, a situação foi muito complicada e terminou tragicamente. Após a morte de Oton I, desenvolveu-se um movimento antialemão comandado pelo patrício romano Crescêncio I, membro de uma influente e poderosa família de políticos romana e líder do partido popular. Essa revolta popular a Santa Sé e, depois de um duro assédio, destituiu o papa (974) que foi levado para a fortaleza de Sant'Angelo, pelos partidários de Crescêncio, sob as ordens do ambicioso diácono e futuro papa Bonifácio. Encarcerado foi covardemente morto por estrangulamento na prisão por ordem de um dos seus sucessores, Bonifácio VII, que temia sua libertação e posterior recondução ao trono de São Pedro, pelas tropas do Imperador OtoII, comandadas por Sicco e que se aproximavam de Roma. O papa de número 135, foi sucedido por Benedito VII (974-983).



136 - Bento VII - 975 a 983


Papa da Igreja Cristã Romana (974-983) nascido em Túsculo e eleito em outubro (974) como sucessor de Benedito VI (973-974) e destacou-se como de grande inteligência. Bispo de Sutri, um conde de Túsculo, era conhecido como homem digno e simpatizante com as idéias do imperador Germânico. Apressou-se em outorgar a Oto II os privilégios que este desejava para Maguncia e Tréveris e nomeou um bispo para Praga e fechou o episcopado de Mersebourg. Combateu os abusos e a ignorância que reinavam na Itália e no mundo cristão e também firmemente a simonia, ou ato de Simão, isto é, o tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades, benefícios eclesiásticos. Por exemplo, até aqueles tempos era natural afortunados pagarem por um cargo eclesiástico, uma paróquia ou uma diocese, e conservarem estes postos para sua família. Por isso é que foi tão importante adotar o celibato obrigatório, medida decretada definitivamente por Bento VIII (1022). Deu um grande impulso à agricultura e ajudou as ordens monásticas a preparar as reformas da Igreja. Também deu ajuda material à Cartago, quando houve fome naquela cidade do norte da África. Papa de número 136, morreu em 10 de julho, em Roma, e foi sucedido por João XIV (983-984). Curioso é que o patrício romano Crescêncio I, membro de uma influente família romana e líder do partido popular, cúmplice de Bonifacio VII em sua primeira usurpação (973) do trono papal após a morte de Benedicto VI, terminaria reconciliando-se com Benedito VIl e com Oto II, tomaria o hábito e que, convertido em um monje penitente, construiria o convento de San Alejo, em Aventino, onde morreria em 7 julho (984).




137 - João XIV - 983 a 984

Pedro Canepanova, apa da Igreja Cristã Romana (983-984) nascido em Pávia, que foi eleito papa em dezembro (983) como sucessor do pontífice Benedito VII (974-983). Era vice-chanceler do imperador Oto II na Itália e bispo de Pávia, e se propôs continuar a política de seu predecessor e abordar a reforma da Igreja. Porém logo após sua eleição, o imperador e seu protetor morreu naquele mesmo mês (983). Era o momento que esperava Bonifacio VII desde dez anos atrás. Assim, com o apoio de Crescêncio II e seu grupo de cardeais e da nobreza romana opositora dos germânicos, regressou de seu refúgio em Constantinopla. Chegou à Roma em abril (964), prendeu o pontífice e usurpou-lhe o trono de São Pedro. Encarcerado nas masmorras de Sant’Angelo, o desgraçado papa morreu 4 meses depois, em 20 de agosto (984), provavelmente de fome, tendo seu corpo sido enterrado em São Pedro. Considerando que Bonifacio VII foi um antipapa (984-985) e um criminoso, o ex-bispo de Pávia foi o papa de número 137e foi sucedido por João XV (985-996). Impressionante foi que o patrício romano Crescêncio I, membro de uma influente família romana e líder do partido popular, cúmplice de Bonifacio VII em sua primeira usurpação (973) do trono papal após a morte de Benedicto VI, terminaria reconciliando-se com Benedito VIl e com Oto II, tomaria o hábito e que, convertido em um monge penitente, construiria o convento de San Alejo, em Aventino, onde morreria em 7 julho (984).




138 - João XV - 985 a 996

Papa da Igreja Católica Romana (985-996) nascido em Roma, consagrado em agosto (985) sucessor de João XIV (983-984), o primeiro papa que iniciou um processo de canonização de um santo, o Santo Ulderico ou Ulrico de Augsburgo (995). Culto, partidário da reforma cluniacense, era filho de um sacerdote romano de nome Leão, foi eleito após a morte do antipapa Bonifácio VII e, em uma época em que prestigio do papado estava em baixa, continuou vítima do ambiente e do egoísmo do tempo. Quem mandava em Roma era João Crescêncio Nomentano, o Crescêncio II, filho de Crescêncio I, que se tornara mais poderoso que seu pai e recuperara o título de Patricio dos romanos, que correspondia ao de imperador, e inicialmente apoiou o papa. Apesar das circunstâncias o papa conseguiu impor sua autoridade em alguns conflitos de dimensão internacional, como o do arcebispado de Reims, o de Ricardo da Normandía com Etelredo II da Inglaterra. Porém com o tempo desgastou-se em Roma junto ao clero por seu descarado nepotismo. Também teve que enfrentar Crescêncio que, por sua parte, saqueava sem quaisquer constrangimentos os bens da Igleja. Como o romano era mais poderoso, pois o papa em fuga, que se refugiou em Toscana, para escapar da perseguição vingativa de Crescêncio II. De lá pediu ajuda a regente do império germânico, Teófano, enquanto o imperador Oto III, filho de Oto II, era menor de idade. Temendo pela presença do exército germânico em Roma, Crescêncio II propôs um acordo pacificante que permitiu ao papa retornar à Roma (996). O papa de número 138 faleceu em março (996), em Roma, e foi sucedido por Gregório V (996-999) indicado por Oto III e aprovado pelos cardeais romanos. Oto III estava a caminho de Roma e encontrava-se em Rávena quando o papa morreu. Imediatamente, para não dar chances a usurpadores ou opositores, este designou como novo papa seu capelão, Bruno, filho do duque Oto de Carintia e neto de Oto I, o Grande, que tomou o nome de Gregório V. Consta deste período algumas incertezas ou questionamentos históricos. Em algumas compilações históricas, é citado como João XVI, em decorrência da divisão errônea de seu pontificado em dois períodos, com a inserção de um aparentemente inexistente João XV. Também menciona-se a existência de um antipapa de nome João XVI (993), o João Filagato. O certo é que um papa com o nome específico de João XVI não consta na maioria das listas de pontífices.



139 - Gregório V - 996 a 999

Bruno de Carintia, 139.o Papa da Igreja Católica Romana (996-999) nascido na Saxônia, primeiro papa alemão e em cujo pontificado foi estabelecido o Dia de Finados (998), para reverenciar os mortos com missas e rezas, como também a celebração da quaresma, no mesmo ano. Escolhido pelo imperador Oto III, foi indicado papa em 3 de maio (996), com apenas vinte e seis anos de idade e adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia.Oto III, estava a caminho de Roma, passando por Rávena, quando soube da morte de João XV. O imperador imediatamente designou como novo papa o capelão da corte, Bruno, um jovem honrado, letrado e piedoso, filho do duque Oto de Carintia e neto de Oto, o Grande. Havia muitos anos (772) que Roma não tinha um papa estrangeiro e esse papa alemão teve muitas dificuldades para assumir o trono papal. Quem mandava em Roma era João Crescêncio Nomentano, o Crescêncio II, filho de Crescêncio I, que se tornara mais poderoso que seu pai e recuperara o título de Patricio dos romanos, que correspondia ao de imperador. Com a morte de João XV (996), Crescêncio II, por sua parte, aproveitou a oportunidade para demostrar quem era o verdadeiro líder de Roma e apressou-se em indicar seu nome de confiança (996), um grego chamado João Filagato, antigo capelão da imperatriz Teófane, mãe e regente de Oto III, bispo de Piacenza, para sucessão (985-996). Este antipapa, que adotou o nome de João XVI, incitou as tropas gregas da Itália a posicionarem-se contra Oto. O papa foi obrigado a refugiar-se em Pavia, onde convocou um sínodo e excomungou Crescêncio e João. Oto tomou Roma, prendeu e decapitou Crescêncio no castelo de Santângelo. Em fuga Filagato foi capturado pelas tropas alemãs do imperador, que aplicaram ao antipapa os métodos gregos de punição: furaram seus olhos, taparam seus ouvidos e cortaram seu nariz, e o entregaram ao papa. Este reuniu um sínodo em que o antipapa foi despojado de seus atributos papais e; em seguida, o exibiu publicamente montado sobre um burro. Finalmente o encerrou em um convento onde o mesmo ainda viveu por quinze anos. Depois de estabilizar-se no poder, o papa pode ocupar-se exclusivamente da Igreja. Instituiu a comemoração dos defuntos, transladou para Santa Maria Nova, em Roma, o corpo de SantaLucila. Realizou vários sínodos na Alemanha e em Roma, para reformar a Igreja e o clero. Veio a falecer ainda muito jovem, em 18 de fevereiro (999), aos 29 anos de idade, em Roma.



140 - Silvestre II - 999 a 1003

Gerbert , Clérigo, professor, autor político e primeiro para da igreja apostólica romana (999-1003) de origem francesa nascido próximo a Aurillac, Auvergne, cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi o estabelecimento do cânon da missa (1000): orações e cerimônias do rito, desde o prefácio até a comunhão. Entrou para o serviço da igreja e recebeu seus primeiros treinamentos no Monastério de Aurillac. Estudou matemática e ciências naturais com professores árabes em Barcelona, Córdoba e Sevilha, e foi indicado pelo bispo Hatto deVico para servir na Alemanha do Imperador Otto I, como tutor e mais tarde conselheiro do jovem Imperador Otto III, destacando-se como professor e como ativo na política tanto leiga como eclesiástica. Foi arcebispo em Reims e depois em Ravenna e, finalmente, eleito papa com o nome de Silvestre II (999) em substituição a Gregório V, e morreu em Roma. Exerceu seu pontificado com profundo senso de responsabilidade, reforçou o respeito a suprema autoridade eclesiástica do papa, e usou de grande energia no combate aos abusos cometidos pelo clero, como o tráfico de coisas sagradas e espirituais, a simonia, e o concubinato. Seu senso científico proporcionou sua administração como um dos marcos do renascimento das ciências no Ocidente. Sua amizade com Otto III, que mantinha uma residência de inverno na Itália, foi-lhe fundamental na estabilidade política de seu pontificado. Escreveu sobre aritmética e geometria, notabilizando-se por tornar conhecidos o astrolábio e os algarismos indo-arábicos, porém não há registros de onde exatamente os conheceu. Também lhe é creditada a invenção do uso do pêndulo no relógio.




141 - João XVII - 1003

Giovanni Sicco, papa da Igreja Católica Romana (1003) nascido em Roma, eleito em junho (1003) sucessor de Silvestre II (999-1003), que parece ter adotado a numeração XVII para não deixar confusão com o antipapa João Filagato, que adotara o nome de João XVI. O século X tinha sido o mais tenebroso na História do Cristianismo, por isso chamado século de ferro como também século de chumbo. Em compensação o pontificado do papa Silvestre II (999-1003), considerado o homem mais sábio de seu tempo, prometia ser glorioso. Porém sua origem francesa e sua aproximação com o imperador Oto III, provocava a a má vontade dos romanos e irritava o prefeito de Roma, o nacionalista e cruel Gregório, conti di Tusculum, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191). Com a morte de Oto III(1002) e a do papa Silvestre, quando eleito já era casado e pai de três filhos e enfrentou um período de grandes desordens, especialmente decorrentes da morte do Imperador germânico. Depois de um brevíssimo pontificado e sob grande pressão ideológica de Gregório, o papa de número 141 faleceu em Roma, e foi sucedido por João XVIII (1003-1009) que exerceu um pontificado de cinco anos e meio e abdicaria voluntariamente, retirando-se para o mosteiro de São Paulo Fora dos Muros.





142 - João XVIII - 1003 a 1009

Giovanni Fasano di Roma, Papa da Igreja Católica Romana (1004-1009) nascido em Roma, eleito em janeiro (1004) sucessor de João XVII (1003), que promoveu temporariamente a união da Igreja grega com a latina. O patrício romano Crescêncio foi substituído na liderança de Roma pelo violento Gregório, conti di Túsculum, nacionalista e inimigo de toda influência estrangeira, se tornou todo poderoso com a morte do imperador germânico Oto III, de apenas 22 anos. Com a morte do papa João XVII (1003), Gregório vislumbrou a mais uma oportunidade de colocar em seu lugar um de seus dois filhos, mas estes ainda eram muito crianças. Então resolveu esperar por outra oportunidade e apoiou a sua eleição para o trono de São Pedro. Em seus cinco anos e meio de pontificado dirigiu a Igreja, fez muitas realizações e promoveu e paz por todos os lugares alcançados pela Igreja Romana. Lutou tenazmente para que o cristianismo fosse difundido entre os bárbaros e os pagãos. Instituiu o bispado de Bramberga e realizou vários sínodos para levar mudanças à vida dos clérigos. Cansado de sua intensa atividade enquanto pontífice, abdicou voluntariamente e retirou-se para o mosteiro de São Paulo Fora dos Muros. Vivendo como monge, o papa de número 142 faleceu em Roma, e foi sucedido por Sérgio IV (1009-1012). A morte prematura do papa foi a oportunidade que Gregório esperava para realizar sua ambição. Colocou na Sé de Pedro, sucessivamente, seus dois filhos. O filho mais velho tomou o nome de Bento VIII e reinou por 12 anos (1012-1024).



143 - Sérgio IV - 1009 a 1012

Pietro Buccaporci [ou Boccapecora], Papa da Igreja Cristã Romana (1009-1012) nascido em Roma, eleito em de julho (1009) como sucessor de João XVIII (1003-1009) após a renúncia ao pontificado deste, que embora tenha sido eleito com o apoio da família dos Crescêncios, poderosa elite de políticos de Roma, não se submeteu aos seus interesses. Filho de sapateiro de Roma, seguiu a carreira eclesiástica e rapidamente subiu na hierarquia da Igreja e tornou-se bispo de Albano (1004). Consagrado no trono de São Pedro, manteve boas relações com os imperadores do Oriente e do Ocidente, mas seus anos de pontificado foram ofuscados pela política opressora de Crescêncio, prefeito de Roma. Tentou, sem conseguir, estabelecer um pouco de ordem moral entre os bispos e abades, procurando moralizar o clero, e dedicou grande parte de seu tempo tentando ajudar os pobres. Convenceu os príncipes italianos a se aliarem contra os sarracenos para salvar o Santo Sepulcro. No campo estritamente católico, reconheceu o Milagre Eucarístico de Ivorra, Cataluña, España, (1010) e autorizou o culto e a veneração das prodigiosas relíquias. Papa de número 143 salvou o Santo Sepulcro da destruição e faleceu em 12 de maio (1012), em Roma, e foi sucedido por Benedito VIII (1012-1024). Foi enterrado dentro da Basílica de Latrão e, às vezes, é venerado como santo pelos beneditinos.


144 - Bento VIII - 1012 a 1024

Papa da Igreja Cristã Romana (1012-1024) nascido em Túsculo e eleito em 18 de maio (1012) como sucessor de Sérgio IV (1009-1012), sendo o papa que determinou que os padres não se casassem (1022). Filho do violento Conde Gregório de Tusculum, tirano de Roma, e com predomínio dos tusculanos na eleição pontifícia, sua indicação deu origem a série de papas da corte de Túsculo, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191). Apesar do poder de seu pai, o novo papa foi perseguido e expulso de Roma por algum tempo, pelas facções rivais, João duque de Espoleto, e seu irmão Crescêncio, que se autonomeara prefeito de Roma. Foi eleito um antipapa, mas não teve muita chance, pois na luta contra o antipapa dos Crescêncios, buscou o apoio do rei alemão, Henrique II, e o rei germânico reconheceu-o como papa, contra o antipapa Gregório, pertencente a família inimiga, e por isso foi-lhe grato pelo resto da vida. Guerreiro e calculista político mais que homem de igreja, teve a feliz idéia de coroar o imperador da Alemanha futuro Santo Henrique, que professava por ele uma grande estima, inclusive vindo a Roma com sua esposa Cunegundes (1014), onde o casal foi coroado. Depois da coroação, o imperador alemão confirmou por um diploma solene os direitos da Igreja Romana, declarando que a eleição deveria ser feita livremente pelo povo e pelo clero de Roma, acabando assim com a determinação do decreto do papa João XII. Conseguiu assumir definitivamente (1014) e representou o período de maior grandeza de sua casa. Derrotou os sarracenos que estavam atacando o litoral da Itália. Apoiou os Normandos (1016), ligados aos lombardos, a invadirem a Apúlia na primavera. Foi à Alemanha para pedir auxilio alemão para a Itália meridional e celebrou a Páscoa na catedral de Bamberg, a predileta de Henrique, e consagrou em seguida a nova igreja de São Estêvao e juntos visitaram Fulda. Ambos reuniram-se ainda no sínodo de Pávia (1022) para discutirem sobre a Reforma e, coincidentemente, morreram dois anos depois (1024). Apesar de imposto no trono por seu pai, foi um bom papa e recebeu elogios até de São Pedro Damião por seu zelo e virtudes. Publicou leis contra a simonia e o dolo e, como o papa de número 144, morreu em 9 de abril, em Roma, sendo sucedido por seu irmão João XIX (1024-1032) que teve um pontificado sem muito brilho.



145 - João XIX - 1024 a 1032

Romano di Tusculum, Papa da Igreja Católica Romana (1024-1032) nascido em Túscolo, eleito em maio (1024) como sucessor do seu irmão Benedito VIII (1012-1024), o primeiro papa a receber donativos para a Igreja pela concessão de indulgências. Filho mais jovem do violentoGregório de Tuscolo, conti di Tusculum e tirano de Roma, substituto do patrício romano Crescêncio na liderança de Roma e inimigo radicalmente avesso a toda influência estrangeira. Ele logo se tornou todo poderoso com a morte de Oto III, de apenas 22 anos. Com predomínio dos tusculanos na eleição pontifícia, foi a segunda indicação consecutiva da série de papas da corte de Túsculo, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191). Embora fosse um leigo e muito jovem, foi eleito (1024) sem nunca ter sido ordenado, mas recebeu todas as ordens e foi consagrado para poder ser então indicado para eleição. Recebeu ajuda dos monges de Cluny, para reformar as disciplinas eclesiásticas e monásticas em toda a Europa. Na política coroou em Roma, o Imperador germânico Conrado II e não atendeu às exigências da corte de Bizâncio. Protegeu Guido d'Arezzo, o inventor das sete notas musicais, cujos nomes foram tirados das primeiras sílabas de um canto a São João Batista. O papa de número 145 faleceu em Roma e foi sucedido por Benedito IX (1032-1045).

146 - Bento IX - 1033 a 1044 (Primeiro Pontificado)

Teofilato di Tuscolum, Papa da Igreja Cristã Romana (1032-1044/1045/1047-1048) nascido em Túsculo, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191), que dando seguimento a dinastia de Túsculo, era primo de João XIX e de Bento VIII, foi eleito papa três vezes. Filho do conde Alberico de Túscolo, elegeu-se pela primeira vez (1032) quando tinha apenas 10 anos de idade. Por duas décadas os Conti de Túsculum ocuparam a Sé de Pedro com duas pessoas da família, João XIX e de Bento VIII., como se a Sé apostólica fosse uma propriedade deles e não queriam renunciar a isso. O conde Albericus di Tuscolum propôs inconseqüentemente à eleição de seu filho, sobrinho dos dois papas anteriores. O temor que seu pai inspirava e a compra de votos lhe valeram a maioria dos sufrágios e ele tornou-se Bento IX. Por causa de sua idade, não acharam bom conferir-lhe ainda as Ordens Sacras e resolveram esperar que ele terminasse seus estudos e atingisse a maioridade, e seu pai encarregou-se de governar a Igreja e administrá-la em nome de seu filho caçula. Em um de seus atos ordenou ao rei da Boêmia que transladasse a Praga as relíquias de Santo Adalberto. Como não se interessava pelos deveres de um Papa, tinha aversão pelas coisas eclesiásticas e não desejava senão divertir-se, sua vida era um escândalo para a Igreja. Deposto aos 22 anos (1044) pelo povo romano, foi expulso da cidade e refugiou-se no Mosteiro de Grottaferrata, e sucedido por Silvestre III, de Roma (1045). Foi eleito pela segunda vez em 10 de abril (1045), mas mais uma vez os romanos o obrigaram a renunciar em 1º de maio (1045), por interesses econômicos e políticos, e por corrupção. Foi sucedido por Gregório VI, de Roma (1045 1046) e por Clemente II, da Saxônia (1046 1047). Com a morte de Clemente II, retornou ao pontificado, eleito pela terceira vez em 8 de novembro (1047). Depois de oito meses, em 17 de julho do ano seguinte, renunciou ao pontificado, pelos conselhos de São Bartolomeu. Arrependido de sua vida turbulenta, fez-se monge de São Basílio, em Grottaferrata, onde morreu ainda bastante jovem e está sepultado. Papa de número 146/148/152, foi sucedido finalmente por Damasus II (1048).


147 - Silvestre III - 1045

Papa da Igreja Cristã Romana (1045) nascido em Roma, que foi eleito pela imposição do partido político romano dos Crescêncios em 20 de janeiro (1045), substituto por breve tempo do deposto Bento IX (1032-1045), mas foi destituído no mês de março seguinte pelos condes de Túsculo, ou Tusculum, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191), que trouxeram de novo o atribulado Bento IX para Roma, o qual o excomungou como antipapa. Chamava-se João e era cardeal em Sabina e eleito mais por ação política e não eclesiástica, tomou o nome de Silvestre III, mas teve que fugir de volta para Sabina vinte dias depois, subjugado pelas tropas de Bento IX que assim recuperou a tiara papal. Apesar de excomungado como antipapa por Bento e de outras muitas controvérsias, a Igreja o reconheceu como pontífice legítimo. No sínodo de Sutri (1046), o todo poderoso imperador da Alemanha Henrique III declarou formalmente cassada sua eleição ao pontificado, mas lhe permitiu que continuasse como titular da diocese de Sabina. O Concilio de Sutri também excomungou Bento IX, declarado antipapa, acusou de simoníaco o também considerado papa GregórioVI (1044-1046) que, deposto, foi deportado por Henrique III para Colônia, e entronizou Suidgero, o Bispo de Bamberg como papa Clemente II (1046-1047). Para nossa lista, o papa de número 147, que faleceu em Roma e foi substituído, em seqüência, por Bento IX (1045), Gregório VI (1045-1046) e.Clemente II (1046-1047).


148 - Bento IX - 1045 (Segundo Pontificado)

Teofilato di Tuscolum, Papa da Igreja Cristã Romana (1032-1044/1045/1047-1048) nascido em Túsculo, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191), que dando seguimento a dinastia de Túsculo, era primo de João XIX e de Bento VIII, foi eleito papa três vezes. Filho do conde Alberico de Túscolo, elegeu-se pela primeira vez (1032) quando tinha apenas 10 anos de idade. Por duas décadas os Conti de Túsculum ocuparam a Sé de Pedro com duas pessoas da família, João XIX e de Bento VIII., como se a Sé apostólica fosse uma propriedade deles e não queriam renunciar a isso. O conde Albericus di Tuscolum propôs inconseqüentemente à eleição de seu filho, sobrinho dos dois papas anteriores. O temor que seu pai inspirava e a compra de votos lhe valeram a maioria dos sufrágios e ele tornou-se Bento IX. Por causa de sua idade, não acharam bom conferir-lhe ainda as Ordens Sacras e resolveram esperar que ele terminasse seus estudos e atingisse a maioridade, e seu pai encarregou-se de governar a Igreja e administrá-la em nome de seu filho caçula. Em um de seus atos ordenou ao rei da Boêmia que transladasse a Praga as relíquias de Santo Adalberto. Como não se interessava pelos deveres de um Papa, tinha aversão pelas coisas eclesiásticas e não desejava senão divertir-se, sua vida era um escândalo para a Igreja. Deposto aos 22 anos (1044) pelo povo romano, foi expulso da cidade e refugiou-se no Mosteiro de Grottaferrata, e sucedido por Silvestre III, de Roma (1045). Foi eleito pela segunda vez em 10 de abril (1045), mas mais uma vez os romanos o obrigaram a renunciar em 1º de maio (1045), por interesses econômicos e políticos, e por corrupção. Foi sucedido por Gregório VI, de Roma (1045 1046) e por Clemente II, da Saxônia (1046 1047). Com a morte de Clemente II, retornou ao pontificado, eleito pela terceira vez em 8 de novembro (1047). Depois de oito meses, em 17 de julho do ano seguinte, renunciou ao pontificado, pelos conselhos de São Bartolomeu. Arrependido de sua vida turbulenta, fez-se monge de São Basílio, em Grottaferrata, onde morreu ainda bastante jovem e está sepultado. Papa de número 146/148/152, foi sucedido finalmente por Damasus II (1048).



149 - Gregório VI - 1045 a 1046

Giovanni Graziano dei Pierleoni, Papa da Igreja Católica Romana (1045-1046) nascido na Roma, porém em data desconhecida, que era arcebispo da diocese de San Giovanni, quando foi eleito papa em 5 de maio, após a destituição de Bento IX. Pertencia à família dos Pierleoni e, como um homem digno e virtuoso eclesiástico, ficou indignado com a conduta corrupta e irresponsável de seu primo Benedito IX, e o convenceu a abandonar o pontificado logo no seu primeiro ano de papado (1045) a custa também de uma importante soma de dinheiro. Destituído Bento IX, o elegeu novo papa com o beneplácito do clero romano e adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia. Com seus bons propósitos, tratou de recuperar o prestígio da Igreja de São Pedro dos estragos causados por seu antecessor. Porém Henrique III, imperador da Alemanha, incitado por Odilon, de Cluny, e pelo eremita Guntero, valendo-se dos poderes a ele atribuídos pelo Privilegium Othonis, convocou um sínodo em Sutri (1046), para oficialmente conseguir a deposição do papa, alegando que o pontífice havia comprado seu mandato por ter dado dinheiro a Bento IX. Assim ele viu-se obrigado a abdicar (1046) frente à intervenção do monarca alemão. Retirou-se para o monastério de Cluny, Colonia, onde morreu naquele mesmo ano, assistido por Hildebrando (em alemão espada do guerreiro) de Soano, o futuro papa Gregorio VII. Atribui-se a ele a primeira instituição do exército pontifício para defender Roma dos invasores, no qual colocou-se no comando de um exército.



150 - Clemente II - 1046 a 1047

Suidger de Morsleben e Hornburg, Papa Igreja Cristã Romana (1046-1047) nascido na Saxônia, que eleito em 25 de dezembro (1046) como sucessor de Gregório VI (1045-1046), em seu breve pontificado, reuniu um concílio em Sutri (1047) para conter a simonia generalizada, sem contudo adotar severas providências em relação aos simoníacos. Bispo de Bamberg, sucedeu o papa Gregório VI, quando este foi obrigado a abdicar. Eleito, preocupou-se com o poder alcançado pelos bispos-condes, causa de lutas com seus súditos, e conseguiu vencer a resistência do bispo Ariberto de Milão. Sua nomeação foi um cumprimento expresso à vontade de Henrique III, rei da Alemanha. Apesar das circunstâncias de sua eleição, foi aceito tanto pelo povo como pelo clero. Deliberou que toda nova eleição papal deveria ter sua origem em uma designação imperial. Logo depois de ser consagrado papa, coroou solenemente imperador germânico em São Pedro, dando-lhe o título de patrício dos romanos, o que dava ao imperador um peso decisivo na eleição papal e também o essencial apoio militar ao pontífice. Depois de ter acompanhado Henrique III à Alemanha, canonizou na Alemanha, Santa Viborata, mártir húngara. Numa das viagens para a Alemanha, o papa de número 150, morreu em 9 de outubro (1047), em Pesaro, foi sepultado em Bamberg e foi sucedido por Benedito IX (1047-1048).



151 - Bento IX - 1047 a 1048 (Terceiro Pontificado)

Teofilato di Tuscolum, Papa da Igreja Cristã Romana (1032-1044/1045/1047-1048) nascido em Túsculo, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191), que dando seguimento a dinastia de Túsculo, era primo de João XIX e de Bento VIII, foi eleito papa três vezes. Filho do conde Alberico de Túscolo, elegeu-se pela primeira vez (1032) quando tinha apenas 10 anos de idade. Por duas décadas os Conti de Túsculum ocuparam a Sé de Pedro com duas pessoas da família, João XIX e de Bento VIII., como se a Sé apostólica fosse uma propriedade deles e não queriam renunciar a isso. O conde Albericus di Tuscolum propôs inconseqüentemente à eleição de seu filho, sobrinho dos dois papas anteriores. O temor que seu pai inspirava e a compra de votos lhe valeram a maioria dos sufrágios e ele tornou-se Bento IX. Por causa de sua idade, não acharam bom conferir-lhe ainda as Ordens Sacras e resolveram esperar que ele terminasse seus estudos e atingisse a maioridade, e seu pai encarregou-se de governar a Igreja e administrá-la em nome de seu filho caçula. Em um de seus atos ordenou ao rei da Boêmia que transladasse a Praga as relíquias de Santo Adalberto. Como não se interessava pelos deveres de um Papa, tinha aversão pelas coisas eclesiásticas e não desejava senão divertir-se, sua vida era um escândalo para a Igreja. Deposto aos 22 anos (1044) pelo povo romano, foi expulso da cidade e refugiou-se no Mosteiro de Grottaferrata, e sucedido por Silvestre III, de Roma (1045). Foi eleito pela segunda vez em 10 de abril (1045), mas mais uma vez os romanos o obrigaram a renunciar em 1º de maio (1045), por interesses econômicos e políticos, e por corrupção. Foi sucedido por Gregório VI, de Roma (1045 1046) e por Clemente II, da Saxônia (1046 1047). Com a morte de Clemente II, retornou ao pontificado, eleito pela terceira vez em 8 de novembro (1047). Depois de oito meses, em 17 de julho do ano seguinte, renunciou ao pontificado, pelos conselhos de São Bartolomeu. Arrependido de sua vida turbulenta, fez-se monge de São Basílio, em Grottaferrata, onde morreu ainda bastante jovem e está sepultado. Papa de número 146/148/152, foi sucedido finalmente por Damasus II (1048).

152 - Dâmaso II - 1048

Poppo[n] de Brixen, Papa da Igreja Cristã Romana (1048) nascido na Baviera, eleito em 17 de julho (1048) como sucessor de Benedito IX (1047-1048) por vontade do imperador Henrique III, da Alemanha, cujo brevíssimo pontificado durou apenas por 23 dias, entre julho e agosto, após expulsar de Roma e obter a a renúncia do arrependidoBento IX, que para reparar seus defeitos, voluntariamente fez penitência e entrou para um mosteiro da Alemanha onde ficaria até morrer. Ignora-se a data exata de seu nascimento e dados sobre sua formação, mas parece ter sido de origem nobre e seguiu a carreira eclesiástica. Era bispo de de Brixen,Tyrol, quando foi eleito em 17 de julho para substituir, na realidade o papa morto Clemente II (1046-1047), segundo a vontade aceita pelo imperador alemão, e deixou o pontificado no dia 9 de agosto seguinte, sendo papa somente 23 dias: Também renunciou ao pontificado e retirou-se para a Palestina, onde morreu logo depois provavelmente vitimado pela malária. O papa de número 152 foi sucedido por um primo de Henrique III e homem de confiança do Imperador, de nome Bruno de Egisheim e Dagsburgo, que viria a ser o São Leão IX (1049-1054). Com sua morte, a considerada idade das trevas da Igreja chegou ao fim.



153 - São Leão IX - 1049 a 1054

Bruno de Egisheim e Dagsburgo, Papa germânico da Igreja Católica Romana (1048-1054) nascido em Egisheim, Alsácia, hoje região da França, em cujo pontificado Roma se tornou o centro da Europa ocidental, porém com o enfraquecimento da igreja de tal forma que logo após sua morte ocorreu o cisma do Oriente. De origem aristocrática, recebeu o título de conde e educou-se na França, em Toul, cidade para a qual foi nomeado bispo (1027). A morte rápida dos últimos pontífices assustou os bispos alemães, aos quais o imperador germânico Henrique III oferecera o pontificado. Na dieta de Worms foi afinal indicado o bispo de Toul, da família dos Condes de Nordgau, com o nome de Leão IX, porque as listas contavam o nome do antipapa Leão VIII (965). Tinha então 46 anos de idade e era muito estimado em sua diocese como homem culto, piedoso e prudente. Apesar de indicado papa (1049) pelo imperador, defendia claramente a eleição papal pelo povo e pelo clero romano, recusando a à intromissão imperial em assuntos eclesiásticos. Decidido que só aceitaria o alto posto, se os romanos, clero e povo, confirmassem sua indicação, partiu para Roma em vestes de peregrino, acompanhado pelo monge Hildebrando, que mais tarde seria o grande Gregório VII. Chegou a Roma em fevereiro daquele ano, surpreendendo o povo com a novidade de um papa de pés descalços e romeiro. Dedicado a modernizar os costumes e a promover a reforma da igreja, iniciou logo a renovação da disciplina eclesiástica, coibindo os abusos da simonia e clerogamia. Chamou à Roma os principais teólogos e religiosos da época para trabalharem como seus colaboradores e realizou sínodos por vários países da Europa como França, Alemanha e Itália, para reforçar a primazia do poder papal. Reeditaram-se decretos com medidas práticas para acabar com a corrupção na igreja. Envolveu-se pessoalmente em alguns conflitos armados, como quando acompanhou o imperado até Presburgo levar a paz aos Húngaros e Alemães em guerra. Fracassou na campanha contra os desobedientes normandos do sul da Itália, comandados de Guilherme Braço de Ferro, o que lhe custou nove meses de prisão (1053). Durante o período de prisão, os guerreiros normandos converteram-se ante o pontífice e o trataram com tanta veneração, que se tornaram defensores da Santa Sé e juraram combater os Sarracenos. Em liberdade decidiu reforçar a autoridade de Roma perante a igreja oriental e entrou em conflito com o patriarca de Constantinopla, o rico fabricante de cera Miguel Cerulário, que renovou o cisma de Fócio e foi excomungado, dando origem ao cisma entre Roma e a Igreja Ortodoxa, meses depois da morte do papa em Roma, no dia 19 de abril, dia em que passou a ser reverenciado após santificação.




154 - Vítor II - 1054 a 1057

Gebhard de Dollstein-Hirschberg, Papa Igreja Cristã Romana (1055-1057) nascido na Francônia, Baviera, que era bispo de Eichstädt e foi eleito pontífice em 16 de abril (1055) como sucessor de SãoLeão IX (1049-1054), só conseguiu assumir o trono no ano seguinte a sua eleição. Praticamente tornou-se governador da Baviera (1053), que Henrique III havia subordinado ao seu filho de apenas três anos, o futuro Henrique IV. Eleito, acumulou os cargos de bispo de Eichstätt e papa durante seu curto pontificado e seguiu o exemplo de seu predecessor, dando à Igreja um período de prosperidade. Sendo amigo e um dos principais assessores do imperador Henrique III reclamou maior autonomia, especialmente na eleição do papa. Recebeu a abjuração de Berengário e abençoou a Henrique III no leito de morte (1056) e garantiu por meio de negociações a permanência de Henrique IV, então com seis anos, no poder do Sacro Império Romano-Germânico. Presidiu ao concílio de Florença onde tudo fez para obter a paz e consolidar as reformas internas iniciadas por seu antecessor, como a defesa do celibato obrigatório, que virou norma 500 anos depois, no Concílio de Trento. Combateu vigorosamente a simonia e a transferência de bens da Igreja a leigos, e convocou sínodo de Latrão (1057), que foi depois transferido para a Toscana. Papa de número 154, morreu prematuramente vítima de malária em 28 de junho (1057), em Arezzo, na Toscana, sem ter podido realizar o sínodo dos bispos que havia convocado para Roma, e foi sucedido por Estéfano X (1057-1058). Foi o último papa alemão antes da eleição de Bento XVI (2005) e com ele, terminou a fase em que os imperadores germânicos se arrogavam o direito exclusivo de nomear os papas.



155 - Estevão IX (X) - 1057 a 1058

Papa Igreja Cristã Romana (1057-1058) nascido em Lorena, eleito em 3 de agosto (1057) como sucessor de Victor II (1055-1057) e teve como sua grande preocupação levantar a conduta moral do clero. Filho do Duque de Lorena, e parente de Leão IX, e irmão de Godofredo II, o Barbudo, iniciou sua carreira na cúria sob o pontificado de Leão IX e, como abade de Monte Cassino, continuou servindo a Vítor II. Consagrado no trono e defensor da reforma da Igreja e especialmente da independência do papa em relação ao imperador, o que motivou a contestação de sua eleição, ocorrida sem a designação de Henrique III. Rodeou-se de ilustres e insignes conselheiros, que lhe assistiram politicamente, como seus amigos cardeais São Pedro Damião, o monge Humberto e Hildebrando de Soana, subdiácono e secretário do papa anterior e um dos responsáveis diretos pela sua eleição. Teve também o mérito religioso e sem querer científico, de proibir o matrimônio entre consangüíneos. Em algumas listas aparecendo como Estêvão IX, o papa de número 155, morreu em Roma sem ter tempo de desenvolver uma atividade significante, e foi sucedido por Nicolau II (1058-1061), após o breve governo do antipapa Bento X.



156 - Nicolau II - 1059 a 1061

Gerardo de Borgonha, Papa da Igreja Católica Romana (1058-1061) nascido em Chevron-en-Bourgogne, que consagrado em 24 de janeiro (1059), como sucessor de Estéfano X (1057-1058), proibiu a concessão de cargos eclesiásticos através de simonia e decidiu que o papa fosse eleito unicamente pelos cardeais. Proveniente do ambiente reformador, era bispo de Florença quando foi eleito papa por um grupo de cardeais de Siena (1058), ao mesmo tempo em que o antipapaBento X, era indicado pela nobreza romana. Sua consagração só foi possível no ano seguinte, em Roma, depois de vencer o rival com o apoio do duque Godofredo de Lorena, No trono pontifício, convocou um Concílio em Latrão (1059), do qual participaram mais de uma centena de bispos e no qual foi aprovada uma reforma radical das normas para as futuras eleições pontifícias. Na nova regulamentação, a eleição do papa ficava desvinculada da ingerência do poder laico, tanto da nobreza romana como do imperador da Alemanha, e reservada apenas ao colégio de cardeais, ao passo que ao clero menor e ao povo romano era concedida somente a aclamação em homenagem à escolha já feita. Outros decretos fundamentais promulgados naquele concílio versavam sobre a condenação da simonia e a imposição do celibato aos eclesiásticos, além da proibição das investiduras dos bispos sem a autorização do papa. Fez um acordo político com os normandos, que dominavam o sul da Itália e, em Melfi, o legitimou (1059) as conquistas de Robert Guiscard e de Ricardo de Aversa. Em troca da homenagem feudal e o juramento de fidelidade, Guiscard assumiu o governo da Puglia e da Calábria e Ricardo o de Cápua. Estabeleceu (1060) vínculos mais estreitos com os Capetos da França e nomeou Hildebrando como bispo de Milão. Sua obra, executada com grande energia, foi interrompida por sua morte repentina, contudo, foi retomada e completada por seus sucessores imediatos. O papa de número 156, faleceu em 27 de julho (1061), em Florença, e foi sucedido por Alexandre II (1061-1073). Era um homem justo e empenhou-se nas reformas da Igreja que se tornaram muito benéficas para a Igreja, junto com pessoas santas e competentes.


157 - Alexandre II - 1061 a 1073

Anselmo di Baggio, Papa da Igreja Cristã Romana (1061-1073) nascido em Baggio, eleito em 1º de outubro (1061) como sucessor de Nicolau II (1058-1061), e que teve uma atividade mais religiosa que política. Interveio na reforma do clero na França. Bispo de Lucca, foi eleito papa apenas pelos cardeais, seguindo as normas estabelecidas pelo seu antecessor. A nobreza romana, excluída da eleição, não aceitou sua escolha e, com a dieta de Basiléia (1061), a imperatriz Inês, regente em lugar de Henrique IV, então com onze anos, atendeu à proposta da nobreza romana e do episcopado lombardo e declarou nula sua eleição. O bispo de Parma, Cadalo, foi indicado para exercer o pontificado com o nome de Honório II. O antipapa não foi reconhecido pela corte alemã, criando tumultos e guerras. Papa e antipapa excomungaram-se mutuamente, até que o Concílio de Mântua (1064) reconheceu o bagiano como legítimo papa e depôs Cadalo que, excomungado, fugiu de Roma. Estabilizado no poder, combateu a simonia e promoveu reformas. Do lat. med. simonia, ou ato de Simão, de Simão, o Mago, que pretendeu comprar a S. Pedro o dom de conferir o Espírito Santo, significa tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades, benefícios eclesiásticos. Apoiou o movimento religioso e social reformista, que se opôs à decadência e à corrupção eclesiástica, chamado de pataria, em Milão, contra o arcebispo Godofredo. Apoiou a conquista da Inglaterra (1066) por Guilherme da Normandia. Papa de número 157, morreu em 21 de abril, em Roma, deixando um pontificado eficiente, mas numa situação conflituosa com o império, que explodiu com o sucessor São Gregório VII (1073-1085).

158 - São Gregório VII - 1073 a 1085

Hildebrando di Bonizio Ando-Brandeschi, Papa católico apostólico romano (1073-1085) nascido em Soana, perto de Siena, nos Estados Pontifícios, um dos papas mais notáveis da Idade Média e um dos vultos mais eminentes da História, cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi a criação do celibato papal (1074), proibindo o casamento para os papas. De origem humilde, filho do carpinteiro Bonizone, estudou em Roma, primeiramente no mosteiro de Santa Maria, Aventino, onde um de seus professores e protetor era o seu tio, o abade João Graciano e futuro papa Gregório VI, e mais tarde no palácio Lateranense. Esteve em Cluny e se deixou guiar pelo espírito beneditino desse mosteiro. Até ser eleito pontífice, cinco papas tiveram-no por precioso auxiliar; e os cardeais e o imperador não elegiam pontífice sem sua opinião. Cônscio de sua responsabilidade e de seu caráter, recusou firmemente sua elevação antecipada. Após o tio tornar-se papa o tomou a seu serviço e, quando o pontífice foi deposto pelo imperador Henrique III (1046), acompanhou-o no desterro em Colônia. Com a morte de Gregório VI e a ascensão do papa Leão IX, foi chamado a Roma para colaborar numa reforma religiosa. Exerceu então grande influência sobre os pontífices que se sucederam até que foi nomeado cardeal de Roma (1049) pelo papa Alexandre II. Com a morte do pontífice (1073), o povo o aclamou sucessor, escolha referendada pelos cardeais, que o ordenaram sacerdote e consagrado bispo, pois era só diácono. Como papa, adotou o nome de Gregório VII, em memória e agradecimento ao tio, e dedicou-se inteiramente a continuar a reforma moral do clero, iniciada por seus antecessores, afirmando o império universal da lei de Cristo e combatendo os maus soberanos. Tratou com todos os príncipes de seu tempo, impediu que a Igreja se feudalizasse e sonhou uma Liga Cristã, que libertasse a Palestina. Seu papado notabilizou-se tanto pelas reformas que implantou nas instituições eclesiásticas como por ter reforçado a autoridade da igreja em relação aos poderes temporais, administrou profundas e até violentas divergências religiosas e políticas com os germânicos. Combateu a venda de benefícios eclesiásticos e o matrimônio ou concubinato dos clérigos. Criou o celibato (1074), proibindo o casamento para os papas e, no ano seguinte, os padres casados se divorciaram. Com a proibição da concessão de bispados a leigos, sob pena de excomunhão (1075), o imperador Henrique IV da Alemanha, insistia em nomear bispos, questão das investiduras, e liderou a resistência a essa resolução. Excomungado pelo papa (1076) e ameaçado de deposição, atravessou os Alpes num duro inverno, correu ao castelo de Conossa, onde o papa se refugiara, e implorou um perdão que o salvou de seus duques revoltados. Porém traindo a confiança do papa, moveu depois guerra implacável contra o pontífice e à valente Condessa Matilde de Conossa, que impedia a passagem às tropas imperiais, e poucos anos mais tarde entrou com suas tropas em Roma e nomeou um antipapa, Guiberto de Ravena, com o nome de Clemente III, pelo qual foi sagrado imperador. O papa foi obrigado a se refugiar no Castelo Santo Ângelo, onde se defendeu até ser libertado por Roberto Guiscardo (1084) e fugir para Salerno, onde morreu exilado. Foi canonizado por Paulo V (1606) e seu dia é 25 de maio.



159 - Beato Vítor III - 1086 a 1087

Desiderio Dafauzi, Papa Igreja Cristã Romana (1086-1087) nascido em Monte Cassino, Benevento, eleito em 24 de maio (1086) como sucessor e por desejo de São Gregório VII (1073-1085). Descendente de uma família de Duques lombarda Lombardos de Benevento, desde cedo mostrou-se inclinado a seguir a careira eclesiástica, apesar dos protestos dos parentes. Após a morte do pai em uma batalha contra os normandos (1047), ele teve de fugir de um casamento arranjado e, na eventualidade de uma segunda tentativa de forçá-lo a se casar, conseguiu permissão para entrar para o monastério de Santa Sofia, em Benevento, onde recebeu o nome de Desiderius, tornando-se monge beneditino. Depois serviu no monastério da ilha de Tremite, no Adriáatico e fez retiros espirituais em Majella, Abruzzi (1053). Foi nomeado por Leão IX para trabalhar em Benevento e negociar a paz com os Normandos, após a batalha fatal de Civitate. Depois serviu a Vítor II, em Florença e mudou-se para o monastério de Monte Cassino (1055) e foi nomeado cardeal (1059). Ao assumir o trono de São Pedro, diante dos problemas com Henrique IV e seu antipapa Clemente III, e notando que não possuía condições físicas e pessoais para exercer o cargo, retirou-se para o mosteiro de Monte Cassino, quatro dias após a eleição. Proclamado pela segunda vez, foi conduzido a Roma à força e, consagrado, excomungou o antipapa Clemente III. Papa de número 159, exerceu o mandato de papa de aproximadamente 1 ano e 4 meses e morreu em 16 de setembro (1087), em Monte Cassino, e foi sucedido por Urbano II (1088-1099).      


160 - Beato Urbano II - 1088 a 1099

Otão de Laguery, Papa Igreja Cristã Romana (1088-1099) nascido em Ckâtillon-Sur-Mane, na província de Champagne, França, escolhido como sucessor de Victor III (1086-1087), cuja atividade eclesiástica foi caracterizada pela promoção de importantes reformas na Igreja Católica Romana e pelo planejamento e criação da Primeira Cruzada, bem como pela adoção da prática das indulgências plenárias, durante o sínodo de Clermont-Ferrand (1095). De uma família nobre estudou em Reims, onde se tornou clérigo e posteriormente entrou para a Ordem Beneditina e tornou-se prior no grande mosteiro de Cluny. Requisitado à Roma pelo papa Gregório VII, foi nomeado cardeal bispo de Óstia e foi delegado para a Alemanha (1084), período em que envolveu-se na intensa disputa político-religiosa entre o Papa e o imperador Henrique IV, que chegou a eleger um antipapa, Clemente III de Ravenna. Com a morte de São Gregório VII (1073-1085), e do seu substituto Vítor III (1086-1087), foi escolhido em Terracina, sumo pontífice (1088) com o nome de Urbano II. Manteve o isolamento do antipapa e seus seguidores e também do imperador Henrique IV e apoiou Conrado, o filho rebelde do imperador, que juntamente com Matilde da Toscana e Guelfo V da casa da Baviera. Com suas tropas derrotou o antipapa e fez sua entrada triunfal na Basílica de São Pedro, o que lhe deu muito prestígio junto aos príncipes e reis ibéricos e reconciliou-se com o rei da França, Felipe I (1095). Convocou os bispos para um concílio (1095), invalidou as ordenações realizadas por eclesiásticos simoníacos e iniciou um trabalho para reunir as duas Igrejas, a ortodoxa e a católica, estabelecendo contatos com o patriarcado e a corte do imperador bizantino, Alexus I. Convocou um sínodo em Clermont (1095) e como o apoio dos nobres definiu a criação de um exército, composto de cavaleiros e homens a pé que deveria dirigir-se à Jerusalém, para salvá-la e auxiliar as igrejas da Ásia contra os sarracenos - A Primeira Cruzada. Promulgando que as pessoas que participassem desta cruzada receberiam a indulgência plenária, tendo todos os seus pecados e suas conseqüências excluídas, designou Ademar, bispo de Le Puy (1096), para organizar uma cruzada para libertação da cidade onde Cristo havia pregado e sofrido seu martírio. Os exércitos da nobreza e o povo comum procedente da França, do sul da Itália e das regiões da Lorena, Borgonha e Flandres participaram dessa Cruzada. Os cruzados se agrupariam em Constantinopla e, partindo de lá, realizariam uma campanha contra os muçulmanos da Síria e Palestina, sendo Jerusalém seu objetivo principal. Os cristãos tomaram Jerusalém (1099) e elegeram um de seus chefes, Godofredo de Bouillon, duque da Baixa Lorena, como governante da cidade. No entanto o papa faleceu em Roma, poucos dias após a tomada de Jerusalém (26 de julho de 1099), sem receber a notícia da vitória dos cruzados. A maioria dos cruzados regressou à Europa, permanecendo uma pequena tropa de reserva da força original para organizar e estabelecer o governo e o controle latino sobre os territórios conquistados. Dos quatro estados que surgiram, o maior e mais poderoso foi o reino latino de Jerusalém. As conquistas da primeira Cruzada se deveram em grande parte ao isolamento e à fraqueza relativa dos muçulmanos. Contudo, a geração posterior a essa Cruzada contemplou o início da reunificação muçulmana no Oriente Próximo sob a liderança de Imad al-Din Zangi. Sob seu comando, as tropas muçulmanas empreenderam uma reação militar e obtiveram sua primeira grande vitória contra os latinos quando tomaram a cidade de Edessa (1144). Depois disso, os muçulmanos foram avançando e dominando sistematicamente os estados cruzados na região. A resposta da Igreja de Roma aos avanços muçulmanos foi proclamar a segunda Cruzada (1145) quando era papa o Beato Eugênio III. Papa de número 160, morreu em Roma, e foi sucedido por Pascoal II (1099-1118). Foi sepultado na cripta da Basílica de São Pedro, perto da tumba de Adriano, e é venerado pela Igreja Católica, como beato.


161 - Pacoal II - 1099 a 1118

Ranieri Pascoal, Papa Igreja Cristã Romana (1099-1118) nascido em Bieda, Ravena, eleito em 14 de agosto (1099) como sucessor de Urbano II (1088-1099), em cujo pontificado a confissão auricular transforma-se em artigo de fé (1115). Monge cisterciense, foi nomeado cardeal (1080) por Gregório VII. Consagrado no trono, seus dezoito anos de pontificado transformaram-se em uma das fases mais violentas da luta pelas investiduras. Sua ação contra o rei da Alemanha, Henrique V, e contra os antipapas nomeados por este, foi quase sem tréguas, embora não tenha conseguido obter resultados decisivos. Henrique V era filho do imperador Henrique IV a quem destituiu e tornou-se o imperador, e acirrou a disputa com o papa par se afirmarem como poder maior no mundo ocidental. O papa convenceu dois antipapas a submissão e os enviou a um mosteiro para se penitenciarem, enquanto que o terceiro desapareceu por falta de seguidores. Conseguiu que o imperador Henrique V fosse a Roma (1110) para ser coroado pelo Papa, após abdicar do direito de investidura. Com o rei da França, Luís, o Gordo, e com o rei da Inglaterra, Henrique I, mesmo depois de algumas divergências, ele conseguiu por fim regulamentar a espinhosa questão das investiduras. Realizou, embora sem êxito, negociações com o imperador do Oriente, Aleixo Comneno, para uma reaproximação das Igrejas grega e romana. Construiu a igreja de Santa Maria do Povo, em Roma, e instituiu várias ordens de cavaleiros: os Templários, os Teutônicos e os Cavaleiros de São João. Lutou contra as investiduras e animou as cruzadas, enquanto prelados e nobres dificultaram seu trabalho de reforma. O papa de número 161, morreu em meio a protestos de cardeais e padres que perdiam suas propriedades, exilado pelo Imperador, em 21 de janeiro (1118), em Roma, e foi sucedido por Gelásio II (1118-1119).






162 - Gelásio II - 1118 a 1119

Giovanni dei Caetani d'Aragona, Papa da Igreja Cristã Romana (1118-1119) nascido em Gaeta, monge da Ordem de São Bento, de Monte Cassino, foi eleito secretamente pelos cardeais, num mosteiro beneditino em Roma, em 16 de março (1118) como sucessor de Pascoal II (1099-1118), e teve um pontificado breve e atormentado. Eleito foi agredido pelo rebelde Frangipane, na Basílica de São João de Latrão, pisoteado, acorrentado e arrastado até o castelo mais próximo, onde foi encarcerado. Libertado por alguns marinheiros genoveses, refugiou-se em Gaeta e, vestido de peregrino, conseguiu regressar à Roma, onde foi carregado ao Palácio de Latrão e elevado ao trono pontifício, antes de ser ordenado sacerdote e bispo. Em Roma, teve que enfrentar o tirânico e opressor imperador Henrique IV, filho indigno do sábio e moderado Henrique III. O imperador ainda possuía o direito exorbitante de escolher o Romano Pontífice e contrariado invadiu Roma, destronou o papa legítimo, e declarou nula a sua eleição e empossou em seu posto um religioso de sua confiança, Burdino, arcebispo da Braga, como um antipapa, com o nome de Gregório VIII. Henrique IV pretendia o direito exclusivo de nomear abades, bispos e papas, mas os antipapas que indicou para Roma, foram considerados como anticristos pela cristandade e só obedecia aos legítimos sucessores de Gregório VII (1073-1085), o que levou o imperador germânico a perder sua influência com o tempo. O papa de número 162 convocou um sínodo e excomungou a ambos (1118), mas depois de muitas atribulações, teve que refugiar-se no Mosteiro de Cluny, onde permaneceu até seu falecimento, em 29 de janeiro (1119), e foi sucedido por Calisto II (1119-1124). A Igreja Católica o festeja como santo no dia 29 de janeiro.


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163 - Calisto II - 1119 a 1124

Guy de Borgonha, Papa da Igreja Cristã Romana (1119-1122) nascido na Borgonha, eleito para sucessão de Gelásio II (1118-1119), restituiu poder e prestígio à Igreja romana. Filho do conde de Borgonha, nomeado arcebispo de Viena, no Delfinado, durante a querela das investiduras voltou-se contra o imperador Henrique V e presidiu o Concílio de Vienne (1112), que excomungou o imperador. Foi eleito papa (1119) embora não pertencesse ao colégio cardinalício. Eliminado o antipapa Gregório VIII, indicado (1120) por Henrique V, o papa retomou as negociações para chegar a um acordo com o imperador. A Concordata de Worms (1122) sancionou o acordo que pôs fim à longa luta entre império e papado. Esse acordo consistiu de um compromisso firmado pelo papa e o imperador Henrique V, mediante o qual se regulamentou a questão da querela das investiduras de acordo com as doutrinas já formuladas pelo canonista Ivo de Chartres. Este separava nitidamente os dois tipos de investidura: a eclesiástica, que concedia a função espiritual ao bispo eleito pelo clero local, com a consignação do anel e do pastoral por parte do papa ou de um enviado deste; e a laica, feita com a espada e o cetro, em que o imperador conferia ao bispo os poderes de condes, ou seja, um governo de caráter temporal com os respectivos benefícios. Convocou o I Concílio Lateranense, reconhecido como o IX ecumênico (1123), para ratificar a concordata de Worms (1122), que pôs fim à querela das investiduras. Com a presença de cerca de 300 bispos, a aprovação da concordata foi acompanhada pela promulgação de 25 cânones, que reiteravam deliberações canônicas anteriores ou se inspiravam na reforma gregoriana, especialmente cânones contra a simonia e a clerogamia. Também durante o concílio, em 27 de março, Conrado, bispo de Constança, foi canonizado pelo papa. Papa de número 163, morreu em Roma e foi sucedido por Honório II (1124-1130).




164 - Honório II - 1124 a 1130

Lamberto Scannabecchi, Papa da Igreja Cristã Romana (1124-1130) nascido em Fagnano, Ímola, eleito em 21 de dezembro (1124) como sucessor de Calisto II (1119-1124), cujo acontecimento mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi o fato de os cônegos de Lion criarem a idéia da Imaculada Conceição de Maria (1125). Descendente de uma família pobre, como eclesiástico ocupou as mais elevadas funções da hierarquia durante os pontificados de Pascoal II e de Calisto II. Cardeal, bispo de Óstia, signatário da concordata de Worms entre a Igreja e o império (1122) e membro influente do nono concílio de Latrão (1123). Eleito papa com o apoio da família Frangipane, após a morte (1125) do imperador Henrique V, seu pontificado foi marcado pela consolidação da autoridade do papa perante as Igrejas da Inglaterra, na qual os bispos tiveram de se curvar à vontade da cúria romana, e da França, onde os conflitos entre a coroa e o episcopado resolveram-se com a intervenção papal em favor do episcopado. Apoiou Lotário de Suplimburgocontra Conrado de Hohenstaufen, para herdeiro do império, obtendo a submissão de Conrado (1126) sob ameaça de excomunhão. Restabeleceu relações com quase todas as cortes européias, para lutar contra os sarracenos, porém teve muitas dificuldades para se impor no sul da Itália e em Roma, principalmente no Ducado da Puglia, onde Guilherme deixou (1127) a coroa para Rogério II, futuro rei da Sicília, contra a vontade do pontífice. Também em Roma, os últimos meses de seu pontificado foram extremamente conturbados pelo acirramento das lutas entre os Frangipane, seus aliados, e os Pierleoni. Acuado o papa de número 164 refugiou-se no convento de S. Gregorio al Celio, onde morreu em 13 de fevereiro(1130) e foi sucedido por Inocêncio II (1130-1143). Foi durante seu pontificado que surgiram na Itália as seitas dos Guelfos, partidários do Papa, e a dos Gibelinos, partidários do Imperador.



165 - Inocêncio II - 1130 a 1143

Gregório Papareschi, Papa Igreja Cristã Romana (1130-1143) nascido em Roma, que escolhido em 23 de fevereiro (1130) como sucessor de Honório II (1124-1130), proclamou o 10º Concílio Ecumênico, do qual participaram mais de mil bispos e abades. Cardeal (1116), foi eleito em circunstâncias muito complicadas e essa eleição derivou efetivamente da reunião secreta dos cardeais da facção dos Frangipane. Os cardeais adversários, da família Pierleoni, escolheram o cardeal Piero Pierleoni, com o nome de Anacleto II, considerado pelos Frangipane como antipapa. Como Anacleto possuía muitos seguidores em Roma, teve de fugir e refugiou-se na França, onde compartilhou o exílio com Gelásio. Na França conseguiu o apoio do rei da Inglaterra e do imperador Lotário II, que sucedera Henrique V como imperador, em troca de sua coroação. Com o apoio do exército saxônico, derrotou (1136) Rogério II de Altavilla, que apoiava Anacleto II e, por sua vez, havia sido reconhecido como rei da Sicília por este último. Voltou à Roma, e com a morte de Anacleto II (1138) e a renúncia de seu sucessor Vítor IV (1139), foi reconhecido como único pontífice. O segundo Concílio Latranense (1139), ratificou a sua eleição, mas teve de reconhecer Rogério II como rei da Sicília. As contínuas lutas político-religiosas impediram-no de continuar a obra de reforma da Igreja iniciada por seus predecessores. Papa de número 165, morreu em 24 de setembro (1143), em Roma, e foi sucedido por Celestino II (1143-1144).


166 - Celestino II - 1143 a 1144

Guido de Città de Castello, Papa da Igreja Cristã Romana (1143-1144) nascido em Titerna, um forte construído sobre o rio Tibre, eleito em 3 de outubro (1143) para suceder Inocêncio II (1130-1143), que com a ajuda de São Bernardo, resolveu os desacordos internos da Igreja. Tinha reputação de grande intelectual e foi um sacerdote impecável e correto e tornou-se cardeal (1128). Foi legado pontifício na França durante o pontificado de Honorio II. Conheceu Abelardo de quem tornou-se discípulo durante algum tempo. Por este motivo foi severamente criticado por São Bernardo, especialmente por continuar mantendo relações com o filósofo depois da condenação pronunciada por Inocêncio II. Durante seu reinado apaziguou as lutas entre a Escócia e a Inglaterra, mas não pôde obter a paz na Itália. Retirou a excomunhão do rei francês Luís VII depois deste pedir perdão, e pressionado pela cruzada contra a corrupção de Arnaldo de Brescia, retirou-se para um claustro fortificado, onde acabou seus dias e seu breve pontificado. Papa de número 166, morreu em 8 de março, após seis meses de pontificado e as vésperas do conflito com Roger de Sicilia, em Roma, e foi sucedido por Lúcio II (1144-1145).



167 - Lúcio II - 1144 a 1145

Gherardo Caccianemici, Papa Igreja Cristã Romana (1144-1145) nascido em Bolonha, que foi escolhido papa em 12 de março (1144) como sucessor de Celestino II (1143-1144), e como novo papa e fiel ex-conselheiro do papa Inocêncio II (1130-1143), continuou sua política. Pontificou em meio às agitações causadas por Arnaldo de Brescia. Reconciliou-se com Roger da Sicília, que necessitava da investidura papal, e entregou aos Frangipani a fortaleza erigida sobre as ruínas do Coliseu. Antigos partidários do imperador, os Frangipani se transformaram em guelfos, partidários dos papas e adversário dos gibelinos nos estados italianos da Idade Média, e a luta contra o Senado republicano voltou a imperar. A situação em Roma era de quase incontrolável agitação. Giordano Pierleoni instaurou um Senado e um governo que declarou deposto o poder temporal do papa. Os senadores elegeram pontífice Pierleoni, irmão do antipapa Anacleto, e a população mais pobre, a plebe menor, aderiu a causa republicana. O papa o enfrentou no senado e enquanto tentava pacificar um movimento popular, foi atingido mortalmente por uma pedrada. O papa de número 167, morreu em 15 de fevereiro (1145), em Roma, e foi sucedido por Eugênio III (1145-1153).



168 - Beato Eugênio III - 1145 a 1153

Pietro [ou Pier] Bernardidei Paganelli di Montemagno, Papa Igreja Cristã Romana (1145-1153) nascido em Montemano, Pisa, Itália, eleito em 18 de fevereiro (1145) substituto do papa Lúcio II (1144-1145), foi o promotor da Segunda Cruzada (1145). Entrou muito jovem para o convento, tornando-se abade de Santo Atanásio, em Roma, e foi nomeado cônego na catedral de Pisa, mas depois resolveu abandonar sua vida de cônego (1138) e para se tornar monge da Ordem Cisterciense e discípulo de São Bernardo de Claraval, o grande reformador da vida monástica e fundador do mosteiro de Claraval na França. Crescendo espiritualmente junto a São Bernardo, foi enviado como superior do mosteiro dos santos Vicente e Anastácio, em Roma, onde se tornou conhecido por seus dotes da virtude, de sabedoria e santidade. Após o falecimento do o papa Lúcio II, os cardeais unanimemente o elegeram papa, embora não fosse um cardeal e nem sequer bispo, apenas um monge, o que levou ao surgimento de reações contra sua posse, especialmente dos políticos romanos. No entanto seus partidários o sagraram bispo e o coroaram como papa em um mosteiro fora de Roma. Alguns meses mais tarde conseguiu assumir o trono, aclamado triunfalmente pelo povo, tendo seu pontificado durado 8 anos com o nome de Eugênio III. Em uma época das mais difíceis e turbulentas da igreja, ele provou que não havia sido escolhido à toa, demonstrando grande habilidade e diplomacia para contornar as dificuldades. Aconteciam muitos tumultos em Roma, promovidos principalmente pelo senador romano Arnaldo de Brescia, e os palácios episcopais estavam sendo saqueados. Demonstrando um espírito de boa vontade e amor inerentes à sua personalidade de santo, associada a sua forte personalidade, teve que fugiu da cidade várias vezes, aproveitando para visitar igrejas fora de Roma, especialmente em Viterbo e em outras cidades do Lácio e na França. Residiu em Viterbo e só próximo ao fim da vida pode voltar definitivamente para Roma (1152). Aprovou a Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, em Malta Reuniu sínodos de bispos, com o objetivo de incentivar a reforma dos costumes e a evangelização do povo. Neste ponto teve a ajuda fundamental de seu mestre, São Bernardo, que sempre o ajudou e incentivou na reforma da conduta e disciplina da Igreja, e chegando a lhe dedicar um livro De Consideratione, contendo normas, conselhos e sugestões relativas ao bom governo pastoral da igreja. Recebeu ajuda do Imperador Frederico Barba-Roxa, contra os republicanos de Roma. Afastou clérigos indignos, presidiu quatro concílios e defendeu a ortodoxia. Promoveu uma cruzada, a Segunda, para defender a cristandade dos turcos, pregada por são Bernardo, que preparou durante sua permanência na França (1147-1148), onde, entre outras coisas, realizou o Concílio de Reims (1148). As conquistas da Primeira Cruzada foram facilitadas, em grande parte, pela desorganização dos muçulmanos. Porém sob a liderança Imad al-Din Zangi deu-se início a reunificação muçulmana no Oriente Próximo e, sob seu comando, as tropas muçulmanas obtiveram sua primeira grande vitória contra os latinos, quando tomaram a cidade de Edessa (1144). Depois disso, os estados cruzados do Oriente Médio foram caindo sistematicamente sob o domínio muçulmanos. A reação do chefe da Igreja de Roma foi proclamar a Segunda Cruzada logo depois que o novo papa assumiu o trono de São Pedro (1145). Entre os novos expedicionários estavam o rei da França, Luís VII, e o imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Conrado III. Os reis Luís VII, da França, e Conrado III, da Alemanha, participaram da expedição militar, porém esta Cruzada fracassou e Jerusalém voltou (1187) às mãos dos turcos e permitiu o fortalecimento das potências muçulmanas nos anos seguintes. Sob o comando de Saladino, os muçulmanos reunificados e mais organizados inicialmente obtiveram o controle do Egito (1169), culminando sua ofensiva com a invasão do reino de Jerusalém (1187) e a tomada da maior parte das fortalezas dos cruzados no território. Começou a construção do Palácio Pontifício. O Papa de número 168, após seu falecimento em Tívoli, a caminho de Roma, teve seu corpo sepultado na Basílica de São Pedro. Foi sucedido por Anastácio IV (1153-1154) e tem sua data de devoção em 8 de julho. Após a queda de Jerusalém (1187) e a tomada da maior parte das fortalezas dos latinos na região, no mesmo ano (1187), o papa Gregório VIII proclamou a poderosíssima Terceira Cruzada, da participaram o imperador do Sacro Império Frederico I, Filipe II e Ricardo I Coração de Leão.      



169 - Anastácio IV - 1153 a 1154

Corrado della Suburra, Papa da Igreja Cristã Romana (1153-1154) nascido no bairro romano de Suburra, que eleito papa, apesar da avançada idade, como sucessor de Eugênio III (1145-1153), em um período extremamente agitado no seio da Igreja cristã, em um período em que o povo da Cidade Eterna, liderado por Arnaldo de Brescia, não aceitava o poder do papa sobre a cidade. Com espírito de bondade, conseguiu a pacificação nos domínios da Igreja. Filho de um popular de nome Benedetto, pouco se sabe sobre seu nascimento e sua formação, mas começou a aparecer no cenário da Igreja de Roma quando (1130) participou ativamente da eleição papal e se opôs ferrenhamente contra Pietro Perloni, o antipapa Anacleto II. Tinha sido nomeado cardeal e bispo de Sabina (1126), durante o cisma provocado pela eleição de Inocêncio II (1130), apoiado pela facção dos Frangipanes, em oposição a Anacleto II, antipapa sustentado pelos Pierleonis, apoiou o primeiro e foi nomeado vigário para a Itália (1130-1131), o responsável pela gestão dos interesses do pontífice em Roma, quando Inocêncio foi para Siena e, depois, para França, temeroso da hostilidade do povo da cidade. Eleito papa (1153), em seu breve pontificado mostrou-se benevolente para com o povo romano, então em agitação. Confirmou São Guilherme de Yorque, na diocese de York, apesar da oposição da poderosa Ordem de Cister, e cedeu à vontade imperial na nomeação do bispo de Magdeburgo, em uma atitude conciliadora em relação a Frederico Barba-Ruiva, a quem prometeu coroar em troca da proteção. Investiu na restauração do Panteão de Roma. Papa de número 169, governou apenas um ano e meio, vindo a morrer em 3 de dezembro, em Roma, e foi sucedido por seu conselheiro, o cardeal Nicholas Breakspear, o Adriano IV (1154-1159).

170 - Adriano IV - 1154 a 1159

Nicholas Breakspear, Papa da Igreja Cristã Romana (1154-1159) nascido em Langley, Hertfordshire, Inglaterra, o único de nacionalidade inglesa da história, como sucessor de Anastácio IV (1153-1154) .Abade (1137) de Saint-Ruf, Avignon, foi nomeado cardeal e arcebispo de Albano pelo papa Eugênio III. Ao retornar (1154) de uma missão na Escandinávia, foi eleito papa. Para reprimir o espírito de autonomia de Roma, lançou a interdição sobre a cidade e a excomunhão sobre Arnaldo de Brescia. Tendo-se encontrado com o imperador Frederico Barba-Ruiva em Sutri, acompanhou-o a Roma, onde Frederico, para cativar o pontífice, ordenou a captura de Arnaldo, que foi condenado à fogueira (1154). No ano seguinte Frederico foi coroado imperador pelo papa. Para defender a supremacia papal entrou em guerra contra Guilherme, denominado o Mau, rei da Sicília, e, sitiado em Benevento (1156), foi obrigado a renunciar a vários territórios. Quando, na dieta de Roncaglia (1158), Frederico Barba-Ruiva, aproveitando-se da fraqueza militar do pontífice, proclamou os direitos imperiais sobre Roma e seus Estados, o papa foi apoiado pelo imperador do Oriente, Manuel Comneno, e aliou-se às Comunas lombardas contra Frederico, mas morreu antes de excomungá-lo. Papa de número 170, morreu em 1º de setembro, em Anagni, Frosinone, e foi sucedido por Alexandre III (1159-1181).


171 - Alexandre III - 1159 a 1181








Alexandre III, de seu nome Rolando Bandinelli (Siena, 1020 - Civita Castellana, 3 de agosto de 1181) foi Papa de 1159 até 1181.
Da família Cerretani Bandinelli Paparoni, nasceu em Siena, ensinou direito canónico na universidade de Bolonha, onde escreveu Summa Magistri Rolandi, comentários sobre Decretum Gratiani.
Em Outubro de 1150 foi ordenado deão de S. Cosme e Damião; depois cardeal em S. Marcos. Por esta altura escreveu as suas Sentenças com base na Introductio ad theologiam de Pedro Abelardo.
Em 7 de Setembro de 1159 foi eleito para suceder a Adriano IV. Todavia, uma minoria dos cardeais escolheu em sua vez Octaviano, que foi o Antipapa Vítor IV. Este último, bem como os seus sucessores Pascoal III (1164-1168) e Calisto III (1168-1178) tinham o apoio imperial de Barbarossa, mas após a batalha de Legnano o reconhecimento chegou para o Papa Alexandre. Em 12 de Março de 1178 regressou a Roma, da qual fora forçado a partir por duas vezes.
Excomungou os albigenses e alterou a forma de eleição pontifícia. Em Março de 1179 convocou o Terceiro Concílio de Latrão. Foi também nesse ano que o Papa confirmou e reconheceu a independência de Portugal e Afonso Henriques como Reide Portugal e vassalo da Igreja, através da bula Manifestis Probatum.
Morreu em Civita Castellana no dia 3 de Agosto de 1181.




172 - Lúcio III - 1181 a 1185

Papa Igreja Cristã Romana (1181-1185) nascido em Lucca, eleito em 6 de setembro (1181) como sucessor de Alexandre III (1159-1181), em cujo pontificado exortou os poderosos, com uma constituição, a Inquisição episcopal (1184), a reprimir os hereges. O antigo bispo de Óstia, viu-se no meio de um novo conflito com Frederico Barba-Roxa (1123-1190) , envolvendo a condessa Matilde de Toscana. Devido aos constantes tumultos e sublevações em Roma, foi obrigado a transferir-se para Verona e não mais voltou à Roma. Realizou o matrimônio entre Henrique, filho de Barba-Roxa e Constancia de Sicília, filha de Roger II, sobre o qual se levantaria o futuro Império que iria unificar a Alemanha e o reino da Sicília. Convocou um sínodo para condenar certas heresias na Igreja, especialmente a de Pedro Ubaldo, ex-banqueiro em Lyon, que vivia em oração e pobreza. Pedro Ubaldo pregava que a salvação dependia de uma vida de pobreza e ele e seus seguidores davam todos os seus bens e passavam a se sustentar pela caridade do povo. Logo o papa promulgou uma constituição para lutar contra as heresias, pois como esta, estavam se difundido muito rapidamente. O papa de número 172, morreu 25 de setembro (1185), em Verona, e foi sucedido por Urbano III (1185-1187). Ubaldo Alucingruli,

173 - Urbano III - 1185 a 1187

Uberto Crivelli, Papa Igreja Cristã Romana (1185-1187) nascido em Milão, escolhido em novembro (1185) como sucessor de Lúcio III (1181-1185) no trono pontifício e foi eleito em Verona, adotou esta cidade como sede pontifícia. Descendente de uma nobre família milanesa, os Crivelli, seguiu a carreira eclesiástica e foi nomeado Cardeal (1182) e arcebispo de Milão (1185) pelo papa Lúcio III. Com a morte do papa, em Verona (1185), foi eleito rapidamente em fins de novembro e consagrado papa em primeiro de dezembro, para evitar interferências do império no processo. Como seu antecessor, era inimigo de Barba-Roxa, assumiu o pontificado com o objetivo de pacificar a cidade de Roma. Impossibilitado de entrar em Roma, dominada pelo ditador Frederico Barba-Roxa e por seus violentos adeptos, teve muitos desencontros com o imperador. Sua inimizade tinha piorado quando Milão foi saqueada (1162) e parentes do futuro papa foram proscritos ou mutilados Depois do casamento em Milão, do filho de Barba-Roxa, Henrique VI, com Constança de Altavilla, herdeira do Reino da Sicília, seis semanas depois de sua ascensão (1186), constituiu-se em seu maior revés político, inclusive com o papa perdendo o fundamental apoio normando. O papa, então, excomungou patriarca e os bispos que assistiram o casamento, mas os veronenses, temendo represálias, fizeram-no abandonar a cidade. Depois de seguidas resfregas com os governantes, com procedimentos vingativos, tanto de um lado como do outro, o pontífice planejou se instalar em Veneza, mas morreu durante a viagem, em Ferrara. Papa de número 173, morreu em 20 de outubro (1187), em Ferrara, e foi sucedido por Gregório VIII (1187).

174 - Gregório VIII - 1187

Alberto di Morra, Papa da Igreja Católica Romana (1187) nascido em Benevento, cuja ação mais marcante na história do catolicismo foi decretar a incorporação dos livros apócrifos à Bíblia, aqueles considerados sem inspiração (1573). Foi eleito papa em Ferrara, em 25 de outubro (1187) e adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia. Conseguiu solucionar as discórdias entre a Igreja e o Império Germânico e ajudou os cristãos da Terra Santa, oprimidos pelos muçulmanos ao proclamar a Terceira Cruzada. Proclamou (1187) a Terceira Cruzada, da qual participariam o imperador do Sacro Império Frederico I, Filipe II e Ricardo I Coração de Leão, constituindo a maior força cruzada já agrupada desde a Primeira Cruzada, organizada pelo papa Urbano II (1095). Reconciliou Frederico I Barba-Roxa com Roma e morreu em Piza, em 17 de dezembro (1187), com menos de dois meses como papa e antes de chegar à Roma. Foi enterrado na catedral de Pisa com todos as honras eclesiásticas possíveis, e sucedido por Clemente III. O fracasso da Segunda Cruzada permitiu a reunificação das potências muçulmanas e suas tropas, sob o comando do rei muçulmano Saladino, obtiveram o controle do Egito (1169) e, finalmente, a invasão do reino cruzado de Jerusalém (1187) e a subjugação da maior parte das fortalezas dos latinos no território. Esta Cruzada conseguiu retomar várias cidades mediterrâneas do controle de Saladino. Quando Ricardo I partiu da Palestina, o reino latino havia sido restabelecido, perdurando, porém, em condições precárias por mais um século. As Cruzadas posteriores não obtiveram, nem de longe, os êxitos militares da Terceira Cruzada. Por exemplo, já no papado de Inocêncio III, durante a Quarta Cruzada (1202-1204), portanto com apenas dois anos de duração, em meio a grandes dificuldades financeiras seus chefes concordaram em atacar Constantinopla, que foi saqueada sem piedade, descaracterizando toda sua finalidade cristã.      

175 - Clemente III - 1187 a 1191

Paolo Scolari, Papa Igreja Cristã Romana (1187-1191) nascido em Roma, que eleito em 20 de dezembro (1187) como sucessor de Gregório VIII (1187), cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi a regulamentação pela Igreja da indulgência (1190). Era cardeal da Palestina ao ser eleito papa e se ocupou dos preparativos da Terceira Cruzada, iniciada por seu antecessor, conseguindo a participação das repúblicas de Pisa, Gênova e Veneza, assim como dos principais soberanos europeus como o imperador do Sacro Império Frederico I, Filipe II e o rei inglês Ricardo Coração de Leão. O fracasso da Segunda Cruzada permitiu a reunificação das potências muçulmanas e suas tropas, sob o comando de Saladino, obtiveram o controle do Egito (1169). Este invadiu o reino de Jerusalém (1187) e apoderou-se da maior parte das fortalezas dos cruzados no território. Para barrar este avanço e tentar reverter a situação, o papa Gregório VIII proclamou a Terceira Cruzada (1187). Esta cruzada constituiu a maior força cruzada já agrupada desde a primeira (1095) e conseguiram tomar várias cidades mediterrâneas do controle de Saladino. Enquanto o exército cristão lutava em Akko, o papa de número 175, morreu em março (1191), em Roma, e foi sucedido por Celestino III (1191-1198). Quando os cruzados deixaram a Palestina, o reino latino havia sido restabelecido, perdurando em condições precárias por mais um século. Frederico Barbaroxa faleceu nesta cruzada. Politicamente, também teve o mérito de conseguir a paz em Roma depois de sessenta anos que os Pontífices haviam sido afastados e liberou a igreja de Escócia de sua dependência de York (1188) e fez as pazes com outros imperadores.      

176 - Celestino III - 1191 a 1198

Giacinto Bobo-Orsini, Papa da Igreja Cristã Romana (1191-1198) nascido em Roma, eleito papa (1191) para suceder Clemente III (1187-1191), e que durante todo o seu pontificado estabeleceu relações muito tensas com o imperador germânico Henrique VI, que ele mesmo coroara. Discípulo e defensor de Abelardo no Concílio de Sens (1140), posteriormente foi eleito cardeal e juntou-se, como legado, à corte do imperador Frederico I Barba-Ruiva. Quando Henrique VI conquistou a Normandia e alguns territórios pertencentes à Igreja, o papa foi pressionado pelo clero romano, mas se recusou a excomungá-lo. Essa atitude valeu-lhe a hostilidade de seus colaboradores, pois, ao contrário, teve um comportamento muito severo diante da anulação do divórcio que os bispos haviam concedido a Filipe Augusto da França, por causa de suas convicções em relação ao casamento. Envolto em problemas internos decorrentes de suas próprias decisões, sentiu-se desconfortável no trono de São Pedro, mas os cardeais desaprovaram a sua tentativa de abdicar para, dessa forma, indicar um seu sucessor. Aprovou a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, cujo fim era defender os peregrinos da Terra Santa e defendeu a indissolubilidade do matrimônio. Papa de número 176, morreu em 8 de janeiro, em Roma e foi sucedido por Inocêncio III (1198-1216).

177 - Inocêncio III - 1198 a 1216

Giovanni Lotario di Segni, papa italiano da igreja apostólica romana (1198-1216) nascido no castelo de Gavignano, em Anagni, Frosinone, perto de Roma, considerado um dos mais importantes da Idade Média, em cujo pontificado surgiu o dogma da transubstanciação (1215) e realizou-se o Concílio de Latrão, em Roma, que transformou a confissão auricular em doutrina, além de promover a violenta Quarta cruzada (1202-1204). De família nobre de origem germânica, aparentada com as principais famílias da aristocracia romana, era filho do Conde Trasimund de Segni e sobrinho do papa Clemente III, estudou teologia e direito canônico em Roma, completou os estudos de teologia na universidade de Paris e os de jurisprudência em Bolonha. Destacou-se logo por seus dotes de estudioso, a grande energia, as altas qualidades morais e a intuição política, tornando-se um importante teólogo e um dos grandes juristas de sua época. Após a morte de Alexandre III (1181) voltou à Roma e exerceu vários cargos eclesiásticos durante os curtos reinados de Lúcio III (1181-1185), Urbano III (1185-1187), Gregório VIII (1187), por quem foi ordenado subdiácono, e Clemente III (1187-1191), que o tornou Cardeal-Diácono de Saint George, em Velabro, e Saints Sergius e Bacchus (1190) e depois Cardeal-Pároco de St. Pudentiana (1190). Durante o pontificado de Celestino III (1191-1198), membro da Casa de Orsini e inimigo da Corte dos Segni, retirou-se para Anagni, dedicando-se a meditação e a literatura. Com a morte de Celestino III em 8 de janeiro (1198), embora este tenha indicado em vida ao Colégio de Cardeais, Giovanni di Colonna como seu sucessor, contrariando seu antecessor foi eleito papa em 22 de fevereiro (1198) e adotou o nome de Inocêncio III (1198), com apenas 37 anos de idade. Consagrado dedicou o seu pontificado à reforma moral da Igreja, à luta contra os heréticos e os infiéis, à afirmação dos ideais teocráticos já expressos por Nicolau I, Gregório VII e Alexandre III, que ele desejou ratificar com maior autoridade e firmeza. Introduziu a adoração da hóstia (1200) cuja prática da elevação durante a liturgia pasaria a ser praticada 26 anos depois (1226), no pontifdicado de Honório III. Baseava-se em princípios do direito canônico e da escolástica para defender a supremacia papal sobre todos os que reinavam na terra, uma vez que considerava o papa, vigário de Cristo, o detentor de ambos os poderes, espiritual e temporal. Dobrou o poder de algumas grandes famílias da aristocracia romana e obteve o juramento de fidelidade do prefeito de Roma e do Senado (1198), enfraquecido após a morte do imperador Henrique VI (1197), cujo filho mais velho, Frederico II, rei da Sicília, tinha apenas 4 anos de idade, e, então, impôs a soberania de Roma aos principais reinos europeus, aproveitando-se da vacância do trono. Nos anos seguintes, ainda foi forçado a abandonar Roma várias vezes nos confrontos com a aristocracia rebelde, até que chegou a um acordo (1205). Politicamente defendeu os direitos materiais da igreja como a anexação de Spoleto, Ancona e Ravena aos Estados Pontifícios. Realizou a reforma da cúria romana e dos mosteiros, favoreceu a criação de ordens mendicantes, como franciscanos e dominicanos. Convocada pelo pontífice no início de seu reinado, a violenta Quarta cruzada (1202-1204), chefiada por Balduíno de Flandres, Bonifácio de Montferrato e pelo doge veneziano Henrique Dândolo, que se encerrou com a conquista e o saque de Constantinopla e a fundação do Império Latino do Oriente, que foi obrigado a ratificar, contra a vontade. Esta cruzada assinalou uma interrupção dos ideais que haviam inspirado as cruzadas anteriores, deixando de ser um empreendimento coletivo de todo o mundo ocidental para se transformar em uma expedição de soberanos isolados ou de nações isoladas, levando ao enfraquecimento do entusiasmo pela reconquista da cidade santa, o que fatalmente contribuiu para o fracasso dos diversos movimentos cruzados posteriores. Também realizou uma frustrada cruzada contra os hereges cátaros ou albigenses do sul da França, que preferiram morrer na fogueira a abjurar sua fé. Convocou o Concílio IV de Latrão (1215), 12º Concílio Ecumênico, que consolidou a autoridade papal e realizou notáveis reformas eclesiásticas. Papa de número 177, morreu 16 de julho (1216), em Perugia, e foi sucedido por Honório III (1216-1227).

178 - Honório III - 1216 a 1227

Cencio Savelli, Papa da Igreja Cristã Romana (1216-1227) nascido em Roma, eleito em 24 de julho (1216) como sucessor de Inocêncio III (1198-1216), cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi iniciar-se a prática da elevação da hóstia durante a liturgia (1226), embora 26 anos antes disso já houvesse sua adoração. Eleito papa já com idade avançada, mostrou-se com um temperamento muitas vezes oposto ao de seu predecessor e cuidou especialmente do aspecto disciplinar e jurídico da eleição do papa e dos bispos, fixando as regras e a cerimônia. Homem sereno e bastante religioso, mas de pouca energia e autoridade e desprovido de grandes capacidades políticas. Definiu o Liber Censorium, sobre os direitos dos Pontífices e organizou o cerimonial para a eleição papal. Politicamente não impediu as ambições monárquicas de Frederico da Suábia em troca da promessa de aplicar em seus domínios as severas Constitutiones eclesiásticas contra os hereges e o compromisso de apoiar a quinta cruzada, uma nova expedição militar à Terra Santa. Organizou, então, a quinta cruzada, com André II da Hungria, que não alcançou os objetivos. A primeira ofensiva da quinta Cruzada (1217-1221) tinha como objetivo capturar o porto egípcio de Damieta, o que foi conseguido (1219). Porém a estratégia posterior que era assegurar o controle da península do Sinai não obteve sucesso, principalmente porque os reforços prometidos por Frederico II, então poderoso rei da Sicília e neto de Frederico Barba-Roxa, não chegaram, razão pela qual ele foi excomungado pelo papa Gregório IX. Posteriormente, Frederico II organizou uma Cruzada por sua própria conta, marchou até a Terra Santa e, sem o apoio do papado, conseguiu que os egípcios devolvessem Jerusalém aos cruzados. Em termos políticos teve mais sucesso no restante da Europa ocidental, onde apoiou o rei da Inglaterra João Sem-Terra e obteve o apoio dos soberanos da França e de Aragão contra os albigenses. Durante seu pontificado favoreceu bastante as ordens mendicantes e seus frades pregadores, permitindo-lhes o acesso às universidades francesas, e aprovou a regra dos frades menores (1223), aos quais designou como protetor o cardeal Ugolino de Óstia. Também aprovou definitivamente as regras dos Franciscanos e dos Dominicanos e confirmou a ordem dos Carmelitas (1226) cujas regras haviam sido formuladas (1208-1209) por Alberto de Vercelli, patriarca latino de Jerusalém, e ainda hoje são professadas pela Ordem. De origem nobre, exerceu funções de caráter administrativo na cúria pontifícia e tornou-se cardeal diácono de Santa Luzia na época do pontificado de Celestino III. O papa de número 178, morreu em Roma, e foi sucedido por Gregório IX (1227-1241).


179 - Gregório IX - 1227 a 1241

Ugolino, Conde de Segni, Papa católico italiano (1227-1241) nascido em Anagni, Campagna, de triste memória por ter sido o editor da Santa Inquisição, através de sua bula papal Escommunicamus (1229). Formado nas universidades de Paris e Bologna, após a ascensão de Inocêncio III ao trono papal, de quem era sobrinho, foi sucessivamente nomeado capelão papal, arcebispo de São Pedro, cardeal diácono em Santo Eustáquio (1198) e bispo cardeal de Óstia e Velletri (1206). Com o cardeal Brancaleone foi enviado a Germânia para mediar a disputa entre Philip de Suábia e Otto de Brunswick, que disputavam o trono germânico após a morte de Henry VI. Por ordem do papa o delegados livraram Philip da pena imposta pelo papa Celestino III por ele ter invadido os Estados Pontifícios. Embora os delegados fossem incapazes para convencer Brunswick a deixar as reivindicações dele ao trono, eles tiveram sucesso dentro efetuando uma trégua entre os dois pretendentes e voltou a Roma (1208). Após o assassinado de Philip, voltou à Alemanha (1209) para convencer os príncipes a reconhecerem Otto de Brunswick como rei. Depois da morte do papa Inocêncio III (1216), organizou a eleição de papa Honório III juntamente com o cardeal Guido de Preneste. Hábil diplomata foi nomeado por Honório III para, além participar da organização das cruzadas, ser o mediador principal nos conflitos regionais entre a Lombardia e Tuscia (1217), Pisa e Gênova (1217), Milão e Cremona (1218) e entre a Bolonha e Pistóia (1219). A pedido especial de São Francisco, Honório III o designou o protetor da ordem (1220). Depois da morte de Honório III (1227), o cardeal Conrad de Urach foi eleito a princípio, mas declinou da tiara e, então, os cardeais o elegeram por unanimidade no dia 19 março (1227), e ele relutantemente aceitou a honraria, até mesmo por se considerar avançado na idade, e adotou o nome de Gregory IX. Os constantes conflitos com as táticas desonestas de Imperador Frederico II, especialmente com relação ao papel deste nas Cruzadas, o levaram a publicar a excomunhão do imperador (1228). A primeira ofensiva da quinta Cruzada (1217-1221), organizada por Honório III, papa em Roma (1216-1227), tinha como objetivo capturar o porto egípcio de Damieta, o que foi conseguido dois anos depois (1219). A estratégia posterior requeria assegurar o controle da península do Sinai. Porém esses objetivos não foram alcançados, pois os reforços prometidos por Frederico II não chegaram, razão pela qual ele foi excomungado pelo papa. Para provar para o mundo cristão que o papa tinha sido precipitado em lhe impor tão grave punição, o imperador resolveu ir para a Terra Santa (1228), previamente pedindo a bênção papal para o seu empreendimento. Porém, o papa não só negou-lhe a bênção, como justificou que um imperador excomungado não tinha direito para empreender uma guerra santa, como também liberou os cruzados do juramento de submissão. Frederico II organizou uma Cruzada por sua própria conta, marchou até a Terra Santa e, sem o apoio do papado, conseguiu que os egípcios devolvessem Jerusalém aos cruzados. Ao mesmo tempo, o papa proclamou outra Cruzada, desta vez contra Frederico, e seguiu atacando as possessões italianas do imperador. Ameaçado por uma turba de Ghibelline, o papa fugiu primeiro para Viterbo e depois para Perugia. Sem saída, o imperador reconheceu a justiça de sua excomunhão e começou a dar passos para uma reconciliação com o papa. Depois de muitas refregas o papa voltou à Roma de seu refúgio em Perúgia (1228-1930), e estabeleceu um tratado com o imperador, por meio do qual aquela parte dos Estados Pontifícios que estavam ocupadas através de tropas imperiais seriam restabelecidas às posses papais e a paz foi estabelecida entre o papa e o imperador. Durante um tempo o imperador ajudou o papa contra algumas revoltas secundárias nos Estados Pontifícios, como foi estipulado dentro das condições de paz. Porém, logo ele começou a perturbar a paz novamente impedindo a liberdade da Igreja na Sicília e prejudicando a liberdade das cidades da Lombardia, um bastião forte e necessário para o segurança dos Estados Pontificais. Com a declaração (1237) do imperador da intenção de unir ao império não só a Lombardia e a Tuscania, mas também o Patrimônio de São Pedro e praticamente toda a Itália, fez o papa novamente excomungar o imperador (1239), reiniciando o período de desentendimentos entre ambos, que continuou até a morte repentina do pontífice, em Roma, com a idade de quase cem anos, quando o exército do imperador tomou posição e acampou próximo à cidade. Apesar desta contínua beligerância com Frederico II, o titular de São Pedro não descuidou da atividades cristãs da Igreja, em especial o apoio às ordens religiosas e missionários. Entre suas muitas ações para entidades religiosas protegeu a Ordem dos Dominicanos, aprovou os privilégios do Camaldolese (1227), deu estatutos novos aos Carmelitas (1229), aprovou a Ordem de Nossa Senhora de Clemência para a redenção de cativos, entre outras, e ajudou financeiramente as ações de ordens religiosas de conversão na Ásia e África e leste europeu e nas campanhas do Oriente Médio. No seu papado canonizações e o calendário de santos foi enriquecido com alguns dos mais populares nomes do catolicismo como São Francisco de Assis, Santo Antônio de Pádua, Santa Isabel de Turíngia etc. Após o sínodo de Toulouse (1229), editou a bula papal Escommunicamus, na qual decretava que todos os hereges e instigadores deveriam ser entregues aos nobres e magistrados para o devido castigo que, no caso de obstinação, normalmente seria a morte. A desumana Santa Inquisição havia sido criada no Concílio de Verona (1186), da qual São Domingos foi o principal defensor, porém essa doutrina foi considerada um absurdo na época. Também foi aprovado pelo Concílio de Toulouse (1229), a proibição da leitura da Bíblia pelos leigos.

180 - Celestino IV - 1241

Goffredo Castiglioni, Papa da Igreja Cristã Romana (1241) nascido em Milão, e eleito sucessor de Gregório IX (1227-1241), foi papa por apenas 17 dias e dos acontecimentos ocorridos em sua eleição originou-se a palavra conclave. De uma família de tradição eclesiástica, era cisterciense, ou seja, membro da Ordem Cisterciense, organizada por São Bernardo (1090-1153), e filho de uma irmã de Urbano III (1185-1187). Foi eleito em 25 de outubro (1241), em uma eleição realizada em um período de muitos problemas de relacionamento entre os cardeais, o que dificultou um acordo. Somente dez membros participavam do colégio eleitoral presente, pois a maioria dos cardeais continuava prisioneira do imperador alemão Frederico II. O Senado Romano trancou-os a chave no antigo Monasterio del Septizionio. Deste episódio deriva a palavra conclave, do latim cum clave, ou seja, com chave. Portanto ele foi o primeiro papa da história a ser escolhido através do hoje tradicional conclave. No meio do conclave, as condições precárias do lugar onde estavam levou um dos cardeais a morte, então às pressas o elegeram o cardeal milanês para ocupar o trono de Pedro. O papa de número 180, devido a sua idade avançada, morreu em Roma após um curtíssimo pontificado de pouca mais de duas semanas e foi substituído por Inocêncio IV (1243-1254), 21 meses depois


181 - Inocêncio IV - 1243 a 1254

Sinibaldo Fieschi, Papa Igreja Cristã Romana (1243-1254) nascido em Gênova, que escolhido em 28 de junho (1243) como sucessor de.Celestino IV (1241), após quase dois anos de vacância do trono pontifício, teve que lutar duramente contra o imperador Frederico II e, por este motivo teve que abandonar temporariamente Roma. Filho do Conde de Lavagna, foi encaminhado para a carreira eclesiástica, tornando-se bispo de Albenga e ocupando altos cargos na administração pontifícia. Foi nomeado cardeal (1227) e eleito papa, com fama de canonista, seu primeiro ato político teve o objetivo de esclarecer as relações da Santa Sé com o imperador Frederico II. O monarca ofereceu a restituição das terras eclesiásticas, que ocupara anteriormente, em troca de uma investidura feudal dessas terras por parte do papa, porém como o pontífice desejava obter a separação entre o Reino da Sicília e o da Alemanha preferiu abandonar as negociações de paz. Em conflito aberto com o imperador e diante das novas ofensivas das forças imperiais, fugiu disfarçado, de Roma (1244), e refugiou-se primeiro em Gênova, depois na França, onde presidiu o XIII Concílio Ecumênico, convocado em Lião (1245) para depor o imperador, e proclamou uma cruzada, a sétima, com Luís IX, rei da França, contra Frederico II, declarado-o perjuro e sacrílego e excomungando-o pela terceira vez, mas o movimento fracassou. Costurou um grande movimento antiimperial e uma rede de alianças familiares, especialmente na Alemanha, junto com um grupo de eclesiásticos, fiéis a Roma (1246-1247), conseguindo sublevar algumas cidades contra a imperador e fortalecendo a Liga Lombarda. Três anos depois da morte de Frederico (1250) voltou a Roma (1253), mas teve que empreender uma luta armada contra Manfredo que, após a morte do irmão Conrado IV (1254), tencionava apoderar-se do reino siciliano. O papa de número 181, morreu subitamente em Nápoles, durante esse conflito, e foi sucedido por Alexandre IV (1254-1261). Antes de ser um homem da Igreja, foi um político que atuou assiduamente para impor a supremacia do papado na Itália e em toda a Europa, utilizando-se de todos os meios possíveis, temporais e espirituais.

182 - Alexandre IV - 1254 a 1261

Rinaldo Segni, Papa da Igreja Cristã Romana (1254-1261) nascido em Anagni, eleito em 20 de dezembro (1254) após a morte de Inocêncio IV (1254), famoso por escrever sobre jurisprudência popular. Bispo de Óstia, nomeado cardeal (1227) pelo tio, o papa Gregório IX, após eleito papa renovou (1255) a investidura do Reino de Nápoles para Edmundo, filho de Henrique III, da Inglaterra. Entrou em conflito com Manfredo da Suábia, filho do imperador Frederico II, e o excomungou quando este autocoroou-se rei da Sicília e das Puglie, em Palermo (1258). Também decretou a excomunhão (1260) aos senenses e aos gibelinos florentinos por estes se aliarem a Manfredo, para derrotar Florença, em Montaperti. Deu novo impulso à repressão da heresia prescrevendo o procedimento sumário para a heresia e condenou os flagelantes (1257). Empenhou-se pela união das Igrejas, canonizou Santa Clara e confirmou a realidade dos estigmas de São Francisco. Com conflitos insuperáveis com a administração romana liderada pelo capitão do povo Brancaleone degli Andalò, foi obrigado a deixar a cidade e fugir para Viterbo. Papa de número 182, morreu em 25 de maio, em Viterbo e foi sucedido por Urbano IV (1261-1264). Os agostinianos eremitas de santo Agostinho, a Ordo eremitarum sancti Augustini, originada da congregações de eremitas da Itália central e setentrional nos séculos XII e XIII, foram reunidas em uma ordem religiosa mendicante por este papa (1256). A Ordem difundiu-se por toda a Europa e desenvolveu uma importante escola teológica ocupando cátedras nas principais universidades de Paris, Oxford, Praga, Viena, Pádua, Pisa, Wittenberg. São Nicolau de Tolentino e Martinho Lutero foram agostinianos eremitas.

183 - Urbano IV - 1261 a 1264

Jacques Pantaléon, Papa Igreja Cristã Romana (1261-1264) nascido em Troyes, França, eleito em 4 de setembro (1261) como sucessor de Alexandre IV (1254-1261), conhecido como o papa que instituiu a festa de Corpus Christi. De origem humilde, ocupou cargos de notável importância por ser considerado um hábil diplomata. Nomeado Patriarca de Jerusalém (1255), foi eleito em Viterbo (1261), mas nunca pode entrar em Roma. Estabeleceu seu pontificado em Perúgia deu continuidade à sua política contrária à família da Suábia. Começou a assinalar os documentos com números ordinais. Pediu a ajuda(1262-1264) de Carlos de Anjou, irmão de Luís IX, da França, para retirar Manfredo do trono de rei da Sicília. Em matéria litúrgica, aumentou o número de cardeais na Igreja, sendo catorze clérigos franceses, e teve são Tomás de Aquino como colaborador. Aumentou o número de cardeais na Igreja, sendo catorze clérigos franceses. Confirmou a festa de Corpus Christi, sessenta dias depois da Páscoa, introduzida na diocese de Liège pelo bispo Roberto de Thourotte(1247). Estendeu-a a toda a Igreja com a bula Transiturus (1264), posterior ao primeiro domingo depois de Pentecostes, adequando-a ao calendário festivo às festas civis. Papa de número 183, morreu em 10 de outubro (1264), em Perúgia, e foi sucedido por Clemente IV (1265-1268).


184 - Clemente IV - 1265 a 1268

Guido Fulcodi [ou Guido le Gros ou Guy Folques], Papa Igreja Cristã Romana (1265-1268) nascido em Saint Giles, França, que foi eleito em 15 de fevereiro (1265) como sucessor de Urbano IV (1261-1264). Era militar e secretário do rei Luís IX. Eleito, excomungou Corradino da Suécia, mas isto não impediu a ocupação de Roma e Nápoles. Manfredo (1232-1266), filho do imperador Frederico II e neto de Henrique VI e sua esposa Constância, assumiu o reino da Apulia e da Sicília após a morte do seu pai (1250). Foi afastado do poder por seu meio-irmão Conrado IV, mas na morte deste, retomou o poder e foi coroado em Palermo (1258). Manfredo tinha grande popularidade entre seus súditos mas a Igreja, não o reconhecia seu direito ao trono. Considerado um guibelino e um herege, foi excomungado pelo papa que indicou para ocupar o seu lugar Carlos de Anjou. Carlos invadiu a Itália (1265) com o exército do papa e depôs e matou Manfredo na batalha de Benevento (1266). O papa mandou o bispo de Cosenza desenterrar o corpo de Manfredo e transferi-lo para fora das terras da Igreja. Ordenou (1264) que fossem queimados todos os manuscritos talmúdicos que fossem encontrados e nomeou uma comissão que haveria de encarregar-se de expurgar do Talmud as passagens que considerassem ofensivas à Igreja. Papa de número 184, em 29 de novembro (1268), morreu em Viterbo e sepultado na Igreja de São Francisco de Viterbo, e foi sucedido por Gregório X (1271-1276).

185 - Beato Gregório X - 1271 a 1276

Tedaldo [ou Tebaldo ou Teobaldo] Visconti, Papa e beato da Igreja Católica Romana (1271-1276) nascido Piacenza, Lombardia, na hoje Itália, que foi eleito para sucessão de Clemente IV e, como pontífice, reformou a assembléia de cardeais através de uma bula, subseqüentemente incorporada no código de direito canônico, para regular os conclaves para a eleição papal, e também promulgou a bula De Regno Portugaliae (1276). Monge da Ordem Cisterniense, passou a maior parte de sua carreira eclesiástica nos Países Baixos. Sempre demonstrou ser um homem severo e de grande dignidade e foi amigo de Tomás de Aquino e conselheiro dos reis da Inglaterra e da França. Enquanto ainda era Cardeal, ajudou os irmãos Nicolau e Mateo Polo, tio e pai de Marco Polo, quando eles voltavam da China, governada por Kublai Khan, à sua pátria, a cidade de Veneza. Antes de ser eleito já estava envolvido na Nona Cruzada a São João de Acre, na Terra Santa, com o futuro rei Edward I da Inglaterra (1270). Isto aconteceu após três anos de lugar papal vago devido às divisões entre os cardeais, sendo este o maior período de vacância registrado em toda a história da Igreja. Os cardeais franceses e italianos igualmente rachados queriam um papa de seu país devido à situação política com Carlos de Anjou. O problema só foi resolvido quando os cidadãos de Viterbo, invadiram o edifício onde os cardeais estavam reunidos, e trancaram-lhes dentro, somente permitindo-lhes comer pão e água. Três dias mais tarde, o papa foi eleito e desde então, os cardeais escolheram sempre o papa sob o fechamento e a chave. Ele estava viajando para São Jean d'Acre, na Palestina, quando foi notificado da sua eleição como papa exatamente na sua passagem por Viterbo, nos Estados Papais (1271). Sua eleição veio como uma grande surpresa para o próprio, mas ele foi uma escolha política, pois, embora fosse italiano, o fato de ter dispendido parte da sua vida no norte dos Alpes, implicava que não estava envolvido em controvérsias políticas italianas recentes. Voltou para Roma e o seu primeiro ato foi promover um concílio que teve lugar em Lyon (1274) para debater o Cisma da Páscoa, a condição da Terra Santa, e os abusos da Igreja Católica. Neste Concílio, onde promulgou novas determinações para a eleição do papa em um documento que se intitulava Ubi perículum (1274)·que quer dizer Quando houver perigo. Neste documento apareceu pela primeira vez a palavra Conclave, que significa debaixo de chave e que na jurisprudência eclesiástica indica o local onde se reúnem os cardeais, depois da morte do papa, para se ocuparem unicamente da eleição do seu sucessor e também indica a assembléia dos cardeais reunidos para a eleição. Subsequentemente este documento foi incorporada no código de direito canônico e continua a regular os conclaves para a eleição papal. Promulgou a bula De Regno Portugaliae (1276), que excomungava o Reino de Portugal, e o rei português D. Afonso III, o Bolonhês, devido a desentendimentos entre o reino e a Igreja. Continuou dando apoio às cruzadas e no regresso de uma das sessões do concílio, faleceu em Arezzo, Toscana, e beatificado (1713) tem sua data votiva comemorada no dia 10 de janeiro. O papa de número 185 foi sucedido por Inocêncio V (1276).


186 - Beato Inocêncio V - 1276

Pedro ou Pierre di Tarentaise, Papa Igreja Cristã Romana (1276) nascido em Tarentaise, alto vale do Isère, Savoya, eleito papa em 21 de janeiro e consagrado em 22 de fevereiro (1276) para suceder o Bem-aventuradoGregório X (1271-1276) e no seu curto pontificado de apenas cinco meses, dedicou-se a protegeu as ordens religiosas. Foi educado em sua terra natal e na juventude (1240) entrou para a Ordem dos Pregadores ou Dominicana, estudou n Universidade de Paris (1255-1259) e ganhou muita fama como pregador, sábio e doutor. Colaborou com os santos Alberto Magno e Tomás de Aquino na elaboração dos estatutos da Ordem Dominicana e lecionou teologia (1259-1264 / 1267-1269) e também foi reitor da Universidade de Paris, passando a ser muito respeitado como estudioso. Foi autor de uma diversificada obra de filosofia, teologia, e direito canônico, incluindo comentários às epístolas de São Paulo e às Sentenças de Pedro Lombardo. Tornou-se provincial da Ordem na França, arcebispo de Lyon (1272) e cardeal (1273), foi o principal conselheiro do papa Gregório X. Eleito, tornou-se o primeiro papa pertencente a Ordem Dominicana. Extremamente dinâmico, imediatamente após a sua eleição, iniciou os preparativos para uma cruzada e, além disso, e ocupou-se da união com a Igreja Igreja Oriental ou também dita Grega. Estendeu o cristianismo até a distante Mongólia, batizando os três embaixadores enviados pelo Grande Khan. Empreendeu uma obra de pacificação na Itália, intervindo para por fim ao conflito entre Carlos de Anjou e Rodolfo. A brevidade de seu pontificado impediu-o de realizar completamente esses projetos, falecendo antes de conseguí-lo. Referido por vezes com o extravagante título de doutor famosíssimo,o papa de número 186, morreu em 22 de junho (1276), em Roma, e foi sucedido por Adriano V (1276) e sua santidade foi reconhecida pelo povo que o proclamou beato e é comemorado no dia 22 de junho. Venerado como beato, o seu culto foi confirmado pelo papa Leão XIII (1898).
OBS: Outro Pedro de Tarentaise nascido em Saint-Maurice, perto de Viena, no sécuilo XVIII, tornou-se bispo e foi canonizado.

187 - Adriano V - 1276

Ottobono Fieschi, Papa da Igreja Cristã Romana (1276) nascido em Gênova, que tentou abolir o severo regulamento de Gregório X (1271-1276) para o conclave. Foi nomeado cardeal pelo tio Inocêncio IV, posteriormente tornou-se legado de Clemente IV na Inglaterra (1265-1267). Com a morte de Inocêncio V (1276), Carlos de Anjou, que, como senador da cidade, era responsável pela vigilância, pôs os cardeais a pão e água para apressar as decisões de um conclave que já durava oito dias. Foi eleito em 11 de julho e logo pôs ordem nas regras eclesiásticas e procurou modificar e abolir as normas do conclave implantadas por seu antecessor Gregório X, mas não teve tempo e elas voltaram a vigorar para a indicação de seu sucessor. O Papa de número 187, morreu em 18 de agosto, em Viterbo, pouco depois de um mês de um curtíssimo pontificado, inclusive antes de ser consagrado, e foi sucedido por João XXI (1276-1277), que também quis abolir essas leis, e igualmente foi surpreendido pela morte. Basicamente a norma principal era que para a eleição eram necessários dois terços dos votos. Ninguém podia votar em si mesmo. Cada cardeal colocava o seu nome num lado da cédula, e o nome do eleito do outro lado. Os cardeais doentes recebiam em seu quarto a visita de três cardeais e três escrutinadores para indicar seu voto.        



188 - João XXI - 1276 a 1277

Pedro Julião [ou Petrus Hispanus], Papa da Igreja Católica Romana (1276-1277) nascido em Lisboa, Portugal, consagrado papa em 20 de setembro (1276) como sucessor de Adriano V (1276), único papa da história, de origem portuguesa. Filho do médico Julião Rebelo e de Teresa Gil, foi educado na escola episcopal da catedral de Lisboa e depois cursou na Universidade de Paris e na Universidade de Montpellier, onde estudou medicina e teologia, dedicando especial atenção a palestras de dialética, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles. Ensinou medicina na Universidade de Siena (1245-1250), onde escreveu algumas obras, de entre as quais se destaca as Summulæ Logicales, um livro que foi o manual de referência sobre lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades européias. Foi nomeado arcebispo da secular cidade de Braga e de toda a sua área de influência (1272), sucedendo a D. Martinho Geraldes. Assim, além de religioso era um cientista, autor e pesquisador, tendo sido também um famoso médico, professor e matemático. Após a morte do Papa Adriano V, a 18 de agosto (1276), foi eleito pontífice no conclave do cardeais de 13 de Setembro, sendo coroado no dia 20 de setembro. Construiu um anexo no Palácio Papal, em Viterbo, para prosseguir com suas pesquisas iniciadas nos tempos de Portugal. Num dia tempestuoso, trabalhava nesse laboratório, quando o telhado em reformas desabou e ele sofreu sérios ferimentos na cabeça. O papa de número 188 não resistiu ao acidente e morreu em conseqüência desses ferimentos, em 20 de maio (1277), em Viterbo, foi lá sepultado até aos dias de hoje e foi sucedido por Nicolau III (1277-1280). No campo diplomático obteve a promessa de Afonso II de Portugal de que todas as igrejas daquele reino, juntamente com seus bens, seriam respeitadas. Escreveu um outro livro muito popular, Tesouro dos Pobres.        


189 - Nicolau III - 1277 a 1280

Giovanni Gaetano Orsini, Papa da Igreja Católica Romana (1277-1280) nascido em Roma, que eleito em 26 de dezembro (1277) como sucessor de João XXI (1276-1277), restabeleceu a sede do papa em Roma, tornando-se o foi o primeiro papa a viver definitivamente no Vaticano. Filho de Matteo Rosso Orsini e de Perna Caetani, foi nomeado cardeal (1244) e, encarregado de várias missões diplomáticas pelos papas Alexandre IV, Clemente IV e Gregório X, ocupou-se sobretudo da política italiana e empenhou-se em manter um equilíbrio entre a facção dos guelfos e a dos gibelinos, em luta na península. Nos Estados italianos da Idade Média, os guelfos eram os partidário dos Papas e os gibelinos os adversários. Liderou (1276) um partido que desejava ampliar a autoridade da Igreja no campo político, e, no ano seguinte, depois do tumultuado conclave de Viterbo, foi eleito papa. Como pontífice, preocupou-se impor a hegemonia papal por toda a península italiana. Inicialmente destituiu Carlos de Anjou do cargo de senador de Roma, e estabeleceu que o papado seria responsável pela nomeação de senadores anuais, intitulando-se ele próprio de senador. Foi absolutamente nepotista, nomeando, por exemplo, Bertoldo Orsini conde da Romagna. Foi acusado por alguns famosos contemporâneos, como Giovanni Villani e sobretudo Dante (Inferno XIX), tanto de favorecer as práticas da simonia e do nepotismo. Enviou missionários para converter os reis tártaros e embaixadores a Pequim para estabelecer contatos com os mongóis em busca de aliados. Homem de Estado mais do que de Igreja, o papa de número 189, faleceu em 22 de agosto (1280), em Soriano nel Cimino, Viterbo, e foi sucedido por Martinho IV (1281-1285).


190 - Martinho IV - 1281 a 1285

Simon de Brie ou Simão de Brion, Papa da Igreja Católica Romana (1281-1285) nascido na França, que eleito em 23 de março (1281) como sucessor de Nicolau III (1277-1280), durante todo o seu pontificado, esteve sujeito aos interesses da Casa de Anjou. De origem francesa, foi nomeado cardeal (1261) e cumpriu várias missões na França. Passou a integrar (1264) a corte do rei Carlos de Anjou, cujo prestígio favoreceu sua eleição papa o trono papal, em Viterbo, depois de seis meses de vacância do trono pontifício. Estabeleceu relações muito tensas com a administração de Roma, cidade na qual residiu muito pouco. Sob seu pontificado, estourou a rebelião na Sicília. Durante essa sublevação, foi obrigado a fugir para Montefiascone e ali, excomungou o rei Pedro III de Aragão, na tentativa de confiar seu reino a um príncipe francês, sempre por suas simpatias para com os Anjou. O papa de número 190, faleceu em 28 de março (1285), em Perúgia e foi sucedido por Honório IV (1285-1287).
OBS: Lembrar que Martinho é o nome de somente três papas católicos, apesar de a numeração ascender a cinco; não existiram papas antecessores com o nome de Martinho II ou III. Quando este papa ascendeu a trono papal e escolheu seu nome de sagração, acreditava-se que já teria havido três papas com esse nome e foi proclamado como o de número IV. Na realidade tratavam-se de papas com o nome de Marino ou Marinho. Assim a seqüência de nomes foi a seguinte:
- Papa Martinho I, papa de número 74 (649-655), o São Martinho I;
- Papa Marino I, papa de número 109, o Marino I (882-884) e confundido erroneamente como Papa Martinho II;
- Papa Marino II, papa de número 129.(942-946), o Marino II (942-946) e confundido erroneamente como Papa Martinho III;
- Papa Martinho IV, papa de número 190 (1281-1285);
- Papa Martinho V, papa de número 207 (1417-1431).


191 - Honório IV - 1285 a 1287

Giacomo Savelli, Papa da Igreja Cristã Romana (1285-1287) nascido em Roma, eleito em 20 de maio (1285) como sucessor de Martinho IV (1281-1285), que embora dotado de boa capacidade política, teve poucos meses mostrar a força da Igreja em seu pontificado e não conseguiu elevar o prestígio da instituição papal. Romano, da nobre família dos Savelli e sobrinho de Honório III, eleito papa, sua primeira preocupação foi a de pôr ordem no estado pontifício. Procurou estabelecer a ordem em Roma e, no Sul da Itália, apoiou a Casa de Anjou contra os aragoneses pela posse da Sicília. Procurou limitar os abusos do governo francês e garantir maiores liberdades individuais aos súditos. Promoveu uma nova expedição dos Anjou em águas sicilianas (1287), para pôr fim à revolta da Sicília, que começara com o tumulto das Vésperas (1282), porém teve um fim desastroso. Também procurou eliminar os conflitos que desde o pontificado de Martinho IV, haviam separado o papado de várias cidades e senhores. Em termos culturais, introduziu o estudo dos idiomas orientais na Universidade de Paris, à qual inicialmente ordenou que iniciasse os estudos do árabe, a fim de explicar a fé aos muçulmanos em sua própria língua. Tentou se aproximar da Igreja grega e projetou um acordo com os muçulmanos. Reconheceu a ordem dos Carmelitas, foi amigo e patrono dos franciscanos e dominicanos e aprovou a ordem dos agostinianos. O papa de número 191, morreu em 3 de abril (1287), em Roma, e foi sucedido por Nicolau IV (1288-1292).

192 - Nicolau IV - 1288 a 1292

Girolamo Masci, Papa da Igreja Católica Romana (1288-1292) nascido em Lisciano, Ascoli Piceno, eleito em 22 de fevereiro (1288) como sucessor de Honório IV (1285-1287), foi o primeiro papa franciscano. Ocupou importantes cargos eclesiásticos: provincial na Dalmácia (1272), geral da Ordem (1274), legado papal na corte de Constantinopla, cardeal-bispo de Palestrina (1278). Foi eleito papa após mais de um ano de conclave, conturbado pelas lutas de facção entre os partidários das famílias Orsini e Colonna e à peste que assolava a cidade de Roma. No entanto, logo deixou-se arrastar pelos conflitos que agitavam a aristocracia romana e, abertamente, tomou o partido dos Colonna. Comportou-se de forma decididamente hostil em relação aos aragoneses, dificultando as negociações para pôr fim à guerra das Vésperas. Fugindo dos tumultos de Roma, passou a residir em Rieti (1289) e coroou Carlos II rei da Sicília. Com a finalidade de dirimir a grave contenda que havia muitos anos agitava a sua Ordem, o primeiro papa franciscano da história, publicou (1289) uma versão corrigida da regra de São Francisco aprovada pela cúria (1221). Nos anos seguintes, interveio na questão da sucessão do Reino da Hungria, favorecendo o filho de Carlos II, Carlos Martel (1290) e promoveu missões bem sucedidas ao Extremo Oriente, entre os Tártaros e entre os Mongóis, que naquele período haviam estendido o seu poder sobre a China. As conquistas dos mamelucos no Oriente e a perda definitiva do baluarte cristão de São João de Acre (1291), deram-lhe a idéia de promover uma cruzada, que contudo não foi bem acolhida no Ocidente. Incentivou as missões e combateu os sarracenos, ajudado pelas forças de Gênova. Homem piedoso, passava parte do tempo em oração, em Santa Maria Maior, também favoreceu o progresso dos estudos, instituindo a Universidade de Montpelier. Deu início à colocação dos mosaicos da basílica de Santa Maria Maior e de São João de Latrão. O papa de número 192, faleceu em 4 de abril (1292), em Roma, e foi sucedido por São Celestino V (1294).

193 - São Celestino V - 1294

Pedro de Morrone, Monge eremita italiano nascido nas proximidades de Morrone, Isernia, que se tornou papa (1294) em substituição ao seu antecessor Nicolau IV (1288-1292), na época inadequado para o cargo por seu excessivo espírito de retidão e humildade e aura de santidade. As lutas entre os Orsini e os Colonna, somadas às epidemias e outros males, afugentaram de Roma os cardeais eleitores. Nascido de uma família de modestos camponeses, viveu por muito tempo como eremita sobre o monte Morrone, daí o seu nome, perto de Sulmona, fundando uma congregação de monges que receberam o nome de celestinos. Afinal, após 27 meses sucessivos de vacância papal após a morte do papa Nicolau IV (1292), com os cristãos pressionados pelas profecias que ameaçavam com castigos divinos se a Igreja permanecesse sem Pastor por mais tempo, o próprio profeta, foi escolhido por unanimidade para papa. Asceta convicto, o velho monge eremita foi trazido de seu retiro, em procissão e sobre uma paramentada montaria, acompanhado pelo rei de Nápoles Carlos II de Anju e seu filho, e coroado em agosto com o nome de Celestino V. De caráter fraco e submisso e despreparado para o cargo, que aceitara sob o temor de contrariar a vontade de Deus, mudou-se para Nápoles, onde se deixou iludir pelo rei de Nápoles, que indicou a nomeação de 12 cardeais, sete franceses e cinco italianos, e comandou a distribuição de privilégios e cargos. Também, em prejuízo de outras ordens, concedeu inúmeros privilégios aos celestinos, a ponto da ordem ser abolida por seu sucessor. Assustado e consciente de não estar à altura da tarefa a ele confiada, depois de menos de quatro meses abdicou, pressionado especialmente pelo cardeal Benedetto Caetani, que foi eleito seu sucessor com o nome de Bonifácio VIII. Depôs em público consistório, nas mãos de seus eleitores, o elevado encargo e retirou-se humildemente. Seu sucessor, Bonifácio VIII, temendo que o santo e inocente monge, fosse utilizado pelos desordeiros, mandou com alguns de seus frades para o convento de Monte Fumone, o Castelo de Fumone, em Frosinone, onde morreu dois anos depois e foi sepultado em Aquila. Foi canonizado por Clemente V (1313) e é comemorado no dia 19 de maio.


194 - Bonifácio VIII - 1294 a 1303

Benedetto Caetani, Papa católico (1294-1303) nascido em Anagni, na Itália, cujo pontificado foi marcado pelos confrontos de sua autoridade com os reis da Europa, principalmente com o rei Filipe IV da França, o Belo, a quem excomungou. Estudou direito em Bolonha e logo se tornou conhecido como jurista. Nomeado cardeal-presbítero (1291), foi eleito papa (1294) depois de pressionar seu antecessor, o santo eremita Celestino V, a renunciar. Temendo muito justamente que o seu querido antecessor fosse utilizado pelos autores de desordens, mandou encerrá-lo com alguns de seus frades no convento de Monte Fumone. Os seus inimigos, os que pretendiam aproveitar-se da inexperiência do santo eremita, acusaram a seu sucessor dos maiores crimes contra o inócuo Celestino, porém o novo pontífice manteve firme sua autoridade. Com a bula Clericis laicos (1296), decretou a excomunhão dos que tributassem os bens da igreja sem o consentimento papal. Em represália, Filipe o Belo proibiu a saída de dinheiro para os estados pontifícios e forçou o clero francês a apoiar suas atitudes, motivo da sua mais famosa bula, Unam sanctam (1302), e pouco depois, excomungou o rei da França, que em represália, o mandou prendê-lo em Anagni (1303). Libertado por interferência da população, retornou a Roma, instituiu que a Igreja Católica Apostólica Romana proclamava-se a única e verdadeira, e só nela o homem encontraria a salvação, e morreu pouco depois. Também em seu pontificado instituiu-se o jubileu de 1300, primeiro ano santo, que atraiu a Roma cerca de 200.000 peregrinos, e iniciou-se a publicação da terceira parte do Corpus juris canonici, o chamado Liber sextus, concluído posteriormente (1314).


195 - Beato Bento XI - 1303 a 1304

Niccolò Boccasini, Papa da Igreja Cristã Romana (1303-1304) nascido em Treviso, eleito em 27 de outubro sucessor de Bonifácio VIII (1294-1303), um papa leal ao rei francês Filipe, o Belo, conhecido como o Abençoado. Ingressou na Ordem dos Dominicanos aos catorze anos, aos 28 era leitor em teologia e aos 56 tornou-se superior geral da Ordem. Embora por esta altura dos acontecimentos o prestígio de Bonifacio VIII estivesse em seu pior momento, como superior geral demonstrou enorme lealdade ao papa publicando uma ordenança proibindo seus subordinados ajudar oponentes do pontífice, bem como defender seus sermões e a legitimidade de sua eleição e, juntamente com os cardeais legados, organizou uma importante embaixada com o propósito de dar por terminado um armistício entre Eduardo I de Inglaterra e Felipe IV da França, ambos em guerra. Foi nomeado Cardeal (1298) e, depois, bispo de Óstia e decano do Sagrado Colégio. Foi enviado à Hungria pela Santa Sé para tentar acabar com um intensa guerra civil que assolava o país. Regressando à Roma, deparou-s com o auge a contenda entre o papa e o rei francês Felipe o Formoso (1302-1303). Os inimigos de Bonifácio VIII apoderaram-se do Palácio Pontifício, onde apenas os Cardeais-bispos de Óstia e Sabina permaneciam ao seu lado. O papa foi violentamente seqüestrado e humilhado pelo exército francês sob o comando de Guillermo de Nogaret e Sciarra Colonna e assassinado um mês depois. Eleito por unanimidade um mês depois da morte do antecessor, após assumir o trono de São Pedro, solucionou essa grave questão com o reino da França que enviou embaixadores a Roma para fazer as pazes com o Papa. Era um homem de paz, porém não encontrou paz em Roma. Foi continuamente perseguido por um grupo de conspiradores, e como papa de número 195, morreu envenenado em 7 de julho (1304), em Perúgia, e foi sucedido por Clemente V (1305-1314). Há uma versão de que sua morte teria ocorrido após comer, sem saber, vidro moído misturado com figos.      



196 - Clemente V - 1305 a 1314

Bertrand de Got, Papa Igreja Cristã Romana (1305-1314) de origem francesa nascido em Villandraut, Gironda, na região de Bordéus, cidade de que se tornou arcebispo (1299), cujo pontificado foi marcado pela decisão de transferir a sede papal para Avignon (1309), por indicação do rei francês Filipe IV, o Belo, inaugurando um período em que a autoridade e a influência do papado diminuíram muito diante do poder dos reis de França e teve como resultado político-religioso o cisma do Ocidente. Descendia de família nobre e foi bispo de Comminges (1295-97), depois arcebispo de Bordeaux (1297-1305), foi eleito papa (1305) como sucessor de Bento XI (1303-1304), após o longo conclave de Perúgia, e sob influência do clero e governo franceses. Como os cardeais franceses eram majoritários, Filipe IV, rei de França, conseguiu que o seu favorito fosse proclamado (1305) papa com o nome de Clemente V. Foi coroado em Lyon na presença de Filipe, o Belo, que sempre o dominou. O rei da França, inspirador do ultraje de Anagni, passou a exercer fortes pressões sobre ele, conseguindo de imediato a supressão da poderosa e desafeta ordem religiosa e militar dos Templários, sendo o líder Jacques DeMolay, com 70 anos, preso, condenado e queimado vivo na fogueira (1314), em Paris, satisfazendo uma vingança pessoal do monarca e a posse deste sobre as enormes riquezas da Ordem (1312). Também promoveu a anulação das bulas que proibiam os monarcas de exigir impostos dos eclesiásticos e reafirmavam a autoridade do papa. Conta-se também que atendendo aos insistentes pedidos do rei, canonizou o papa Celestino V e, na Itália, apoiou Roberto de Anjou, rei de Nápoles, que se tornou o líder do partido guelfo. Alegando ser uma localização mais adequada do que Roma para administrar a igreja, pois a França era politicamente mais importante, transferiu a sede do papado de Roma para Avignon, cidade ao sul de França, onde havia um grande mosteiro, ali fixando residência (1309) e dando início ao chamado Cativeiro de Avinhão, que durou quase 70 anos (1309-1377). No âmbito religioso, celebrou o Concílio de Vienna (1311-1312), 15º Concílio Ecumênico, que estabeleceu a inocência do Papa Bonifácio VIII (1294-1303) pela morte de seu antecessor, e onde realizou sua obra mais importante, uma notável coleção de leis canônicas, denominadas Clementinae, as Clementinas, incluídas no Corpus iuris canonici. Também levou a fundação na Europa de várias cátedras de línguas asiáticas, fundou a Universidade de Oxford e pôs fim à antiga dissidência entre a Ordem franciscana e os espirituais. Suas disposições testamentárias favoreciam a própria família de forma tão evidente que, por determinação de seu sucessor, João XXII, originaram um processo. Papa de número 196, morreu em 20 de abril (1314), em Roquemaure, Nimes, na Provença, após ingerir esmeraldas reduzidas a pó para curar sua febre e um ataque de angústia e sofrimento, que provavelmente cortaram seus intestinos. O remédio foi receitado por médicos desconhecidos, quando o papa retornava a sua cidade natal, e foi sucedido por João XXII (1316-1334).


197 - João XXII - 1316 a 1334

Jacques Duèse, Papa da Igreja Católica Romana (1316-1334) nascido em Cahors, na França, cujo proncipal feito religioso foi ordenar a oração da Ave-Maria (1317). Eclesiástico e respeitado jurista, foi nomeado bispo de Fréjus (1300), depois de Avinhão (1310) onde se tornou cardeal dois anos depois. Foi coroado em 5 de setembro (1316), em Lyon, como sucessor de Clemente V (1305-1314), após dois anos de sede vacante e um conturbado conclave, que durou mais de dois anos e terminou na citada cidade francesa, também traduzida como Lião. No âmbito político apoiou os Anjou de Nápoles, contra os Visconti, de Milão, e a candidatura imperial de Frederico da Áustria, ato que atraiu o ódio do imperador Luís da Baviera, ao qual excomungou (1323). O imperador o declarou deposto e fez eleger o antipapa Nicolau V (1328). O papa legítimo enfrentou a situação e o Imperador recuou e o antipapa caiu em desgraça naquele mesmo ano. Durante o seu pontificado, escreveu muitas cartas importantes, promoveu a publicação das Clementinas, decretos de Clemente V, e acrescentou 20 constituições denominadas Extravagantes Iohannis XXII. Envolveu-se na contenda entre franciscanos espirituais e conventuais, expressou teorias contrárias à pobreza da Ordem, o que levou membros da ordem buscarem o apoio de Luís da Baviera. Condenou o tratado jurídico de Marcílio de Pádua e Jean de Jandun, o qual reconhecia a supremacia do Estado sobre a Igreja. Reformou a cúria romana com a ajuda do cardeal legado Bertrando del Poggetto que, com alguns retoques feitos por Sisto V, Pio X e pelo Concílio Vaticano II, ainda está em vigor. Instituiu a festa da Santíssima Trindade, o Tribunal da Sagrada Rota e mandou construir o Palácio Papal de Avinhão. Incrementou as missões no Ceilão e na Núbia. O papa de número 197 faleceu em Avinhão, também traduzida como Avinhão, e foi sucedido por Benedito XII (1334-1342).


198 - Bento XII - 1334 a 1342

Jacques Fournier Novelli, Papa da Igreja Cristã Romana (1334-1342) de origem francesa nascido em Saverdun, Toulouse, sucessor de João XXII (1316-1334), autor da bula Benedictus Deus (1336), que pôs fim à controvérsia sobre a visão beatífica, condenando o erro de seu antecessor. Tornou-se monge Cisterciano em um monastério de Boulbonne, e depois seguiu para Fontfroide, onde a abadia era dirigida por um seu tio, Arnold Novelli. Estudou na Universidade de Paris, onde recebeu o doutorado em teologia. Tornou-se abade em Fontfroide, seu tio, nomeado cardeal (1310) e foi nomeado Bispo da diocese de Palmiers (1317). Depois foi nomeado bispo de Mirepoix (1327) e feito cardeal no mesmo ano pelo papa João XXII, pelo prestígio adquirido em sua incansável e permanente batalha contra as heresias, o nepotismo e a simonia, o que lhe trouxe muitos inimigos, mas que ele soube dominar com sua energia, abnegação e força de vontade. Com a morte do papa, os cardeais em conclave, o elegeram substituto em dezembro e o consagraram no início do ano seguinte (1335) com o nome de Bento XII. Doutor em teologia, foi um dos papas mais produtivos da história da Igreja Católica Romana. O terceiro papa de Avignon, de número 198 na lista de pontífices, o único papa não italiano com esse nome e que governou a Igreja desde a cidade Avignon, morreu nesta cidade e lá foi enterrado, foi sucedido por Clemente VI (1342-1352).


199 - Clemente VI - 1343 a 1352

Pierre Roger, Papa francês da Igreja Cristã Romana (1342-1352) nascido em Maumont, Limoges, eleito em 7 de maio (1342) como sucessor de Bento XII (1334-1342), que escolhido papa, comprou a cidade de Avignon da rainha de Nápoles, por 80.000 florins de ouro e restabeleceu os intervalos para celebrações dos Anos Santos. Nasceu de uma família nobre de Maumont, na França, e aos dez anos ingressou na ordem beneditina. Inicialmente, embora monge, comportava-se mais como um príncipe do que como um pastor religioso. Aos poucos, a medida que se foi tornando-se um homem extremamente culto, também transformou-se, sem perder a fidalguia, em um bom e fraterno, especialmente com os mais humildes. Excomungou (1347) o padre, político e reformista Cola di Rienzo (1313-1354) sob acusação de heresia. Proclamou o ano de 1350 como o segundo ano jubilar, e fixou a celebração do jubileu a cada cinqüenta anos, reduzindo assim os intervalos dos Anos Santos de centenários para cinqüentenários. Com sua piedade com os pobres, distribuiu dinheiro aos necessitados e tudo fez para ajudar as vítimas da peste negra que estava assolando a Europa. Papa de número 199, morreu em 6 de dezembro (1352), em Avignon, e foi sucedido por Inocêncio VI (1352-1362). Por sua reconhecida proteção aos judeus, quando morreu, até as pessoas desse povo oraram em suas sinagogas pelo repouso de sua alma.


200 - Inocêncio VI - 1352 a 1362

Étienne Aubert, Papa francês da Igreja Cristã Romana (1352-1362) nascido em Beyssac-en-Corrèze, Limoges, que escolhido em 30 de dezembro (1352) como sucessor de.Clemente VI (1342-1352). Bispo de Noyon (1388) e de Clermont (1340), cardeal (1342), foi eleito papa por cardeais franceses. Começou um período de reformas na Igreja e, com pouco sucesso, impôs disposições para tentar frear o relaxamento de costumes do clero regular e secular e pronunciou-se pela supremacia do papa perante o concílio. Colocou um fim nas inúmeras festas e banquetes, dispensou centenas de criados que nada faziam e enviou os bispos que viviam no palácio papal de volta à administração de suas sedes. Reorganizou o Estado Pontifício e enviou a Roma o Cardeal Albernos para levar paz à cidade. Coroou Carlos IV imperador em Roma (1355) e no ano seguinte, foi publicada a Bula de Ouro, que estabelecia as modalidades da eleição imperial, sem contemplar a necessidade do reconhecimento da eleição por parte do pontífice. Preparou a volta da corte papal para Roma, enviando para a Itália o cardeal Egídio de Albornoz e Cola di Rienzo, para que restabelecessem a autoridade pontifícia no Estado da Igreja, extremamente anarquizada devido à agora longa permanência dos papas em Avinhão. Porém além da criação da faculdade de teologia em Bolonha, instituída (1352), o seu projeto de volta a Roma não pôde completar-se em virtude de suas precárias condições de saúde. Em geral, teve pouca influência nas questões de política internacional, inclusive apesar de seus esforços, não conseguiu pôr fim à Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra. Também seu apelo por uma nova cruzada não teve ressonância. Fortificou Avinhão com muralhas e deu grande impulso às artes e à cultura. O papa de número 200, morreu em 12 de setembro (1362), em Avinhão, e foi sucedido por Urbano V (1362-1370).

201 - Beato Urbano V - 1362 a 1370

Guillaume de Grimoard, Papa Igreja Cristã Romana (1362-1370) nascido em Grisac, França, eleito em 6 de novembro (1362) como sucessor de Inocêncio VI (1352-1362), que além da primeira coroa, a do poder espiritual, e a segunda, a do poder real, acrescentou à tiara papal a terceira coroa, a do poder imperial. Fez seus estudos universitários e tornou-se monge beneditino. Foi superior dos principais conventos de sua comunidade como abade de Saint-Germain-d'Auxerre e de São Vítor de Marselha. Como tinha especiais qualidades para a diplomacia., os Sumos Pontífices que viveram em Avignon o empregaram como núncio ou embaixador encarregado de várias missões diplomáticas para o Estado Pontifício. Estava como núncio em Nápoles quando chegou a notícia da morte do Papa Inocêncio VI e também que ele tinha sido escolhido novo Sumo Pontífice. Depois da consagração logo percebeu que acontecimentos na Itália levariam a prejuízos irrecuperáveis caso não houvesse o retorno do papa a Roma. Cinco anos depois, após convencer a resistência da coroa francesa, deixou Avignon ou Avinhão e desembarcou na Itália (1367), depois de anos de desordens. Três anos depois, por causa da revolta na Perúgia, hostilizado pelos romanos e temendo por suas vidas, ele e seus amigos decidiram voltar a Avinhão, apesar dos apelos do Rei de Aragão, de Santa Brígida da Suécia e de muitos monges. O papa de número 201, morreu em 19 de dezembro (1370), em Avinhão, pouco dias após a volta, e foi sucedido por Gregório XI (1370-1378). Como missionário mor da Igreja, procurou entregar os principais cargos eclesiásticos a pessoas de reconhecida virtude e combateu tenazmente os maus costumes e os luxos palacianos. Com a ajuda dos franciscanos e dos dominicanos empreendeu a evangelização da Bulgária, Ucrânia, Bósnia, Albânia, Lituânia, e até conseguiu enviar missionários à longínqua Mongólia.


202 - Gregório XI - 1370 a 1378

Pierre-Roger de Beaufort II, Papa da Igreja Católica Romana (1370-1378) nascido no Castelo de Maumont, Diocese de Limoges-Fourche, França, último papa francês e avignonense, período em que Avignon foi a sede papal (1309-1377). Desde Clemente V que os papa foram obrigados a estabelecer residência em Avinhão, na França, fugindo de problemas políticos e dos roubos e ataques aos bens das igrejas em Roma. Embora não fosse padre ordenado, tornou-se cardeal (1348) por ordem de seu tio, Papa Clemente VI. Foi eleito por unanimidade papa, em Avignon (1370), para suceder Urbano V e pontificou até a sua morte sob o nome de Gregório XI. Eleito, enfrentou hostilidades de todo o tipo, entre elas crimes, violências, escândalos e o surgimento de novas heresias, mas corajosamente enfrentou estes desafios como também lutou contra os abusos do Estado contra a Igreja. Por exemplo, Henrique IV promoveu de forma escandalosa a venda de bispados e abadias a pessoas indignas como vingança por não aceitar a perda do poder sobre a Igreja. Aí entrou a influência pacificadora de Santa Catarina de Siena e como pontífice, fortemente influenciado por Catarina, imediatamente passou a trabalhar para a volta da sede papal em Roma, convencido que na qualidade de Bispo de Roma, cuja catedral era a Basílica de São João de Latrão. Era, pois, neste local que deveriam residir os papas e sete anos depois (1378) conseguiu restabelecer a Santa Sé em Roma, fato que gerou séria divergência entre Cardeais Italianos e franceses. O papa de número 202 morreu em Roma, Estados Pontifícios, hoje na Itália, e foi sucedido por Urbano VI (1378-1389), período em que se iniciou o Grande Cisma do Ocidente, porque embora Urbano tenha sido legitimamente eleito, os franceses elegeram outro papa cognominado Clemente VII, um antipapa em Avignon Este cisma iria fomentar futuramente a reforma do protestantismo de Martinho Lutero e o surgimento do anglicanismo de Henrique VIII, na Inglaterra.

203 - Urbano VI - 1378 a 1389

Bartolomeo Prignano, Papa Igreja Cristã Romana (1378-1389) nascido em Nápoles, eleito em 18 de agosto (1378) como sucessor de Gregório XI (1370-1378), o primeiro papa romano durante o Cisma do Ocidente. Ainda jovem decidiu-se pela carreira eclesiástica e mudou-se para Avignon, onde se cercou de muitos amigos poderosos. Reconhecidamente não era uma pessoa de bom caráter, mas foi consagrado arcebispo de Acerenza, no Reino de Nápoles (1364-1377), sendo em seguida transferido para a sede do arcebispado de Bari, na costa do Adriático, por ordem de Gregório XI. Com a morte de Gregório, apresentou-se ao conclave como candidato à tiara papal, por ser súdito da Rainha Juana I de Nápoles e, apoiado pelos cardeais italianos e pela opinião pública romana, foi eleito substituto. Insuportável para alguns, a eleição do arcebispo de Bari, foi seguida pela rebelião dos treze cardeais franceses que, reunidos em Fondi, contrapuseram-lhe um antipapa Robert de Genève, que se autodenominou de Clemente VII. Começava assim a sucessão dos antipapas de Avinhão, o cisma do Ocidente, que durou 40 anos. Começou corretamente com uma reforma geral na Cúria, mas não teve a devida prudência de considerar os cardeais e altos dignatários da Igreja. Assim, perdeu prestígio popular e tornou seu pontificado ocupado pela luta contra seus adversários, especialmente quando investiu contra a rainha Joana I, de Nápoles e seu esposo, Otón de Brunswick, e contra o sucessor desta, Carlos III de Durazzo. Ordenou a prisão e a execução, em Roma, de seis cardeais acusados de tramarem contra ele. Papa de número 203, morreu em 15 de outubro (1389), em Roma, aparentemente envenenado pelos romanos, e foi sucedido por Bonifácio IX (1389-1404).


204 - Bonifácio IX - 1389 a 1404

Pietro Tomacelli, Papa da Igreja Cristã Romana (1389-1404) nascido em Nápoles, eleito em novembro (1389) para suceder o papa romano Urbano VI (1378-1389) e que não se reconciliou com o antipapa Clemente, de Avinhão, mantendo o cisma ocidental. De uma família nobre de Nápoles, porém empobrecida, na sua formação não resultou em um grande teólogo ou mesmo perito em assuntos clericais, mas era por natureza diplomático e prudente e de caráter firme. Investiu na restauração do respeito do papado pelos países orientais como Alemanha, Inglaterra, Hungra, Polônia, além da Inglaterra e de grande parte da Itália. Corou Ladislao, herdeiro de Carlos III de Nápoles e Margarita de Durazzo, como rei de Nápoles, em Gaeta (1390), e conseguiu a expulsar eficazmente de Itália as forças de Angevin. Estabeleceu a supremacia do papa sobre Roma, fortificou de novo o Castelo de Sant'Angelo (1398), retomou o controle sobre porto de Óstia, e com suas paulatinas conquistas formou os Estados Pontifícios como eles apareciam no século XV. Precavido contra a violência dos romanos, freqüentemente mudava de moradia e viveu em Perúgia, Assis e outros lugares. Após o falecimento de Clemente VII (1394), os cardeais que o apoiavam elegeram um novo antipapa para suceder Clemente, que foi o Cardeal Pedro de Luna, o Bento XIII, mantendo o cisma ocidental. Durante seu pontificado celebraram-se os jubileus, o 3º e o 4º Anos Santos (1396/1400) que atraíram para Roma uma grande multidão de peregrinos, de vários nacionalidades. No final de seu pontificado (1404) recebeu mais uma delegação enviada por para tentar mais uma vez um acordo. A nova tentativa falhou e ele muito irritado agravou um crise de litiasis que o levou a morrer em dois dias. Papa de número 204, morreu em 1º de outubro, em Roma, foi sepultado na Basílica de São Pedro e sucedido por Inocêncio VII (1406-1406).


205 - Inocêncio VII - 1404 a 1406

Cosimo Gentile de' Migliorati, Papa Igreja Cristã Romana (1406-1406) nascido em Sulmona, L'Aquila, Itália, eleito em 11 de novembro (1404) como sucessor de.Bonifácio IX (1389-1404) e como pontífice deu mostras de ser intransigente com o antipapa Bento XIII e mostrou preocupação pelos estudos e introduziu novas faculdades: medicina, filosofia e grego. Nomeado arcebispo de Ravena (1387), tornou-se titular da diocese de Bolonha dois anos depois e foi nomeado cardeal. Legado pontifício na Lombardia e na Toscana (1390), foi escolhido para suceder Bonifácio IX enquanto o antipapa Bento XIII reinava em Avinhão. Homem de cultura, mas de caráter débil, tentou solucionar o cisma e as trágicas condições em que se encontrava o Estado e a Igreja. Com o fracasso da tentativa de Bento XIII chegar até Roma para tentar um acordo (1405), o papa teve de enfrentar desordens populares na cidade, e foi obrigado a refugiar-se em Viterbo por alguns meses. Voltou a Roma e expulsou os Colonna, que haviam sido responsáveis pelas agitações. Protetor das artes e das ciências, reorganizou a universidade de Roma, ampliando o número de cursos e criando novas disciplinas. O papa de número 205, morreu em 6 de novembro (1406) em Roma, e foi sucedido por Gregório XII (1406-1415).


206 - Gregório XII - 1406 a 1417

Angelo Corrario, Papa da Igreja Católica Romana (1406-1415) nascido em Veneza, cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi definir a hóstia como o único elemento da missa, descartando o pão e restringindo o cálice ao sacerdote (1414). Nomeado Bispo de Castello (1380) e titular do Patriarcado de Constantinopla (1390), sob o papa Inocêncio VII (1336-1406) tornou-se secretário apostólico do Legado de Ancona e, finalmente (1405), Cardeal de San Mareo. Eleito papa pelos cardeais romanos em 19 de dezembro (1406), aos oitenta anos de idade, e adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia. Como papa viveu o período mais triste do cisma avinhonense, com três sedes papais: Ele, em Roma, Bento XIII, em Avinhão, e Alexandre V, em Pisa. Ao Concilio de Pisa (1409), nem ele nem o antipapa Benedicto XIII compareceram e ambos foram considerados depostos. Todos os seus esforços posteriores para unir a Igreja foram em vão. Nomeou dez cardeais e convocou um concílio para Cividale del Friuli, próximo a Aquileia (1409). Neste conclave onde poucos bispos apareceram, Bento XIII e Alexandre V foram acusados de cismáticos, de cometer perjúrios e de serem devastadores da Igreja. Quando Alexandre morreu, os cardeais de Pisa elegeram o antipapa João XXIII. Depois o Concilio de Constanza (1415), aceitou a sua autoridade como papa, para evitar a separação da Igreja. O imperador Sigismundo, com o consentimento de papa, proclamou o 16º Concílio Ecumênico, no qual reuniu bispos e representantes dos sete reinos cristãos. João XXIII foi acusado de muitos crimes, preso e enviado à prisão em Pisa. Bento foi preso e morreu na Espanha. O papa então renunciou em 14 de julho (1415), dez dias depois da famosa seção de Constanza, retirou-se da vida eclesiástica e faleceu em Recanati, pouco mais de dois anos depois, em 18 de outubro (1417). Só depois de sua morte é que assumiu o 207° papa, Martin V (1368-1431), que reinou nos 14 anos seguintes (1417-1431).

207 - Martinho V - 1471 a 1431

Oddone Colonna, Papa da Igreja Católica Romana (1417-1431) nascido em Genazzano, Roma, que eleito em 21 de novembro (1417) como sucessor de Gregório XII (1406-1415), exerceu uma ação enérgica de saneamento moral, civil e administrativo e obrigou o uso do traje talar aos eclesiásticos. Cardeal (1405), participou do Concílio de Pisa e do de Constança, durante o qual foi eleito papa (1417), após a renúncia de Gregório XII, pondo fim ao grande cisma do Ocidente. Em seguida passou a apoiar a tese da superioridade do papa sobre o concílio, que antes negava e, com o fim do Concílio de Constança (1418), deixou aquela cidade para dirigir-se a Mântua e a Florença, fixando-se, por fim, em Roma (1420). Embora não fosse muito propenso às mudanças e reformas, foi bom administrador e contribuiu para a reconstrução e o embelezamento da cidade de Roma. Foi protetor das artes, quando começava o Renascimento, celebrou o 5º Ano Santo (1423) e, pela primeira vez, abriu-se a Porta Santa na Basílica de São João de Latrão. Também foi durante seu pontificado que aconteceu a célebre aventura de Joana D'Arc. O papa de número 207, faleceu em 20 de fevereiro (1431), em Perúgia e foi sucedido por Eugênio IV (1431-1447). Durante quatro séculos, depois do Grande Cisma do Ocidente, com a eleição de deste papa no Concílio de Constança (1417), todos os conclaves foram realizados em Roma, com exceção de Pio VII. Os dois primeiros, após o Cisma, foram realizados no convento dos Dominicanos, de Minerva.
OBS: Lembrar que Martinho é o nome de somente três papas católicos, apesar de a numeração ascender a cinco; não existiram papas antecessores com o nome de Martinho II ou III. Quando este papa ascendeu a trono papal e escolheu seu nome de sagração, acreditava-se que já teria havido três papas com esse nome e foi proclamado como o de número IV. Na realidade tratavam-se de papas com o nome de Marino ou Marinho. Assim a seqüência de nomes foi a seguinte:
- Papa Martinho I, papa de número 74 (649-655), o São Martinho I;
- Papa Marino I, papa de número 109, o Marino I (882-884) e confundido erroneamente como Papa Martinho II;
- Papa Marino II, papa de número 129.(942-946), o Marino II (942-946) e confundido erroneamente como Papa Martinho III;
- Papa Martinho IV, papa de número 190 (1281-1285);
- Papa Martinho V, papa de número 207 (1417-1431).



208 - Eugênio IV - 1431 a 1447

Gabriele Condulmer, Papa Igreja Cristã Romana (1431-1447) nascido em Veneza, eleito em 11 de março (1431) como sucessor de Martinho V (1417-1431), que decretou a reunificação com a Igreja oriental. Descendente de uma nobre família de Veneza era sobrinho de Gregório XII (1406-1415) . Eleito, proclamou o 17º Concílio Ecumênico em Basiléia, porém, depois da proclamação da república, sofreu pressões para dissolver tal concílio (1431) e fugiu de Roma (1434). Transferiu-o para Ferrara (1437) e mais tarde para Florença, onde foi decretada a reunificação com a Igreja oriental. Declarando a supremacia do papa sobre os concílios, os adversários e os padres conciliares elegeram (1439) o antipapa Félix V, o Amadeu VIII de Sabóia (1383-1451), cognominado o Pacífico, último conde de Sabóia (1391-1416) e o primeiro duque daquele Estado (1416-1440) e penúltimo verdadeiro antipapa da história (1439-1449). Graças ao apoio de Afonso de Aragão, investido por ele para o Reino de Nápoles, pôde retornar a Roma (1443), após nove anos de ausência, e ainda teve mais quatro anos de pontificado em efetiva ocupação do trono na cidade eterna Papa de número 208, morreu em 23 de fevereiro (1447), em Roma, e foi sucedido por Nicolau V (1447-1455).



209 - Nicolau V - 1447 a 1455

Tommaso Parentucelli, Papa da Igreja Católica Romana (1447-1455) nascido em Sarzana, La Spezia, na então República de Gênova, que eleito em 19 de março (1447) como sucessor de Eugênio IV (1431-1447), um dos mais influentes pontífices do Renascimento. Conhecido pelo caráter simples e generoso, e recuperador do antigo prestígio da igreja, e cuja grande parte da sua fama deve-se à sua obra de mecenas. Órfão aos nove anos, estudou em Bolonha e teve formação renascentista. Doutor em teologia, trabalhou com o cardeal-arcebispo de Bolonha, Niccolò Albergati (1419-1444), a quem substituiu no arcebispado após sua morte (1444). Desempenhou várias funções na cúria romana e muitas vezes realizou missões diplomáticas em nome dela. Como arcebispo liderou as conversações com vistas à redução das divergências doutrinárias com coptas, armenianos e jacobitas. O êxito da missão seguinte, junto à Dieta de Frankfurt, elevou-o ao cardinalato (1446) e a ser eleito papa (1447), onde se distinguiu pela seu humanismo, procurando harmonizar a religião e a cultura secular. Deve-se a ele a solução do chamado Cisma de Basiléia, último foco de dissenso no seio da Igreja derivado do Cisma do Ocidente. Lançando mão de uma notável atividade diplomática junto ao imperador Frederico III, conseguiu fazer com que o antipapa Félix V renunciasse à tiara (1449), tornando-se assim o único pontífice romano. Proclamou 1450 o Ano do Jubileu, o 6º Ano Santo, na tentativa bem sucedida de restaurar a autoridade papal. Apaixonado bibliófilo e compilador de textos da antiguidade desde sua época de estudante, enviou representantes a toda a Europa para buscar e compilar os códices e manuscritos e, com um número superior a oitocentos, transladou para o Vaticano as duas bibliotecas lateranenses, formando assim o primeiro núcleo da Biblioteca Vaticana. Também revelou grande entusiasmo pela atividade edificadora e urbanística, determinando a restauração e a construção de grande número de edifícios e monumentos. Promoveu a reconstrução da atual basílica de São Pedro e de outros monumentos arquitetônicos de Roma, no intuito de tornar a Cidade Eterna o centro da cristandade. Fortificou a cidade, consertou as muralhas, restaurou muitas igrejas, pavimentou com pedras as ruas de Roma, e aperfeiçoou o sistema de fornecimento de água para beneficiar os peregrinos. Como admirador e protetor das artes, mandou traduzir para o latim clássicos gregos e contratou os mais importantes artistas da época, como o mestre florentino Angelico, para decorar as construções. Patrono das artes e da literatura, abrigou em sua corte os maiores talentos do humanismo literário e artístico, dentre os quais se destacam Bracciolini e Valla, Alberti e o cardeal Bessarion de Trebizonda, Piero della Francesca e Fra Angelico. No âmbito do Estado da Igreja, geralmente procurou realizar uma política de moderação, que em ampla medida conseguiu acalmar os conflitos e as aspirações de autonomia sobretudo por parte dos senhores e das cidades mais periféricas. Ajudou a Espanha a expulsar os sarracenos e também na própria Roma procurou manter boas relações com as turbulentas famílias da aristocracia, porém teve os últimos anos de vida marcados por uma conspiração para assassiná-lo. O papa de número 209, faleceu em 24 de março (1455), em Roma, e foi sucedido por Calisto III (1455-1458).

210 - Calisto III - 1455 a 1458

Alfonso Borgia, Papa da Igreja Cristã Romana (1455-1458) nascido em Jativa, Espanha, eleito em 20 de agosto (1455), aos oitenta anos de idade, para suceder Nicolau V (1447-1455), tornando-se o primeiro Papa da família Bórgia. Doutorado in utroque jure pela Universidade de Lérida, na Catalunha, tornou-se protegido do rei Afonso V de Aragão, que o nomeou seu conselheiro. Depois de ter sido bispo de Valência (1429) e cardeal (1444), foi eleito papa e governou apenas três anos. Sua primeira preocupação foi convocar uma cruzada contra os turcos que haviam ocupado Constantinopla (1453). Mas, não obstante a libertação de Belgrado (1456) e as batalhas vitoriosas na Albânia, a iniciativa fracassou devido ao desinteresse das potências européias. Fez florescer o cristianismo na Suécia, Noruega e Dinamarca, porém sua política de expansão favorável ao rei Afonso V de Aragão, que se tornou soberano de Nápoles com o nome de Afonso I, levou o papa à beira da guerra. Também seu excessivo nepotismo em relação aos muitos catalães e aos seus parentes Borgia chamados a Roma, como a nomeação de seu sobrinho Rodrigo como cardeal, o futuro papa Alexandre VI (1456) fez nascer ao seu redor um ambiente de ressentimento e de ódio. Papa de número 210, morreu em 6 de agosto, em Roma e foi sucedido por Pio II (1458-1464).        


211 - Pio II - 1458  1464

Enea Silvio Piccolomini, Papa da Igreja Cristã Romana (1458-1464) nascido em Corsignano, atual Pienza, Siena, que culto e amante das artes, escreveu vários livros e fez com que sua cidade natal fosse rebatizada por ele de Pienza, após reconstruída em seus monumentos pelo urbanista Rossellino. Pertencente a uma decadente família da nobreza da cidade de Siena, inicialmente dedicou-se aos estudos jurídicos e adquiriu uma vasta cultura humanista. Trabalhando como leigo, seu primeiro contato direto com o clero foi quando exerceu a função de abreviador e participou do Concílio de Basiléia (1432). Depois foi secretário do imperador Frederico III e só por volta dos quarenta anos é que resolveu abraçar a carreira eclesiástica, por sinal rápida mas muito brilhante. Foi Bispo de Trieste (1447), de Siena (1450), cardeal (1456) e, finalmente eleito papa em 19 de agosto (1458), assumiu o trono de São Pedro a 3 de setembro (1458), para suceder Calisto III (1455-1458). Confirmou em Mântua a aliança dos reis da França, Borgonha, Hungria e Veneza, para socorrer as províncias oprimidas pelos turcos. Canonizou (1461) Catarina Benincasa (1347-1380), Santa Catarina de Siena, proclamada padroeira da Itália por Pio XII e declarada doutora da igreja (1970) pelo papa Paulo VI. Extraordinariamente culto, foi autor de várias obras em latim, como De duobus amantibus historia (História de dois amantes), Cosmographia e uma autobiografia Commentarii rerum memorabilium quae temporibus suis contigerunt. Tentou organizar uma nova cruzada contra os turcos muçulmanos que estavam atacando a Terra Santa, mas fracassou em sua tentativa de convencer os príncipes cristãos a se envolver em tal empresa. Mesmo assim decidiu agir por conta própria e proclamou a guerra santa (1463). Dirigindo-se a Ancona, de onde deviam partir os cruzados, o papa de número 211 morreu em Ancona antes de ver concretizado o seu intento e foi sucedido por Paulo II (1464-1471).


212 - Paulo II - 1464 a 1471

Pietro Barbo, Papa italiano da Igreja Católica Romana (1464-1471) nascido em Veneza, foi escolhido Papa por unanimidade, em 16 de setembro (1464) para suceder Papa Pio II (1458-1464), em cujo pontificado foram reiniciadas as obras da basílica de São Pedro. Era sobrinho do Papa Eugênio IV e resolveu seguir a careira eclesiástica quando da eleição do tio, chegando rapidamente ao cardinalato (1440). Assumiu o trono prometendo em juramento abolir o nepotismo na Cúria Romana, incentivando a moralidade, a combater os turcos, e a convocar um concílio ecumênico nos primeiros três anos do pontificado, o que não ocorreu. Uma importante atitude no campo religioso foi que para que cada geração pudesse obter o perdão, converteu em 25 anos o intervalo dos Anos Santos e foi a partir dessa decisão que se começou a chamá-lo também Jubileu. O papa de número 212, morreu em em 26 de julho (1471), em Roma, e foi sucedido por Sixto IV (1471-1484). Contribuiu para a evolução do carnaval romano, imprimindo uma mudança estética ao introduzir o baile de máscaras, quando permitiu que, em frente a seu palácio, se realizasse os festejos momescos, com corridas de cavalos, carros alegóricos, corridas de corcundas, lançamento de ovos, água e farinha e outras manifestações populares. No dia seguinte, as cinzas recordam o que fica da queima ou da corrupção das coisas e das pessoas. Com o tempo este rito transformou-se em um dos mais representativos sinais e gestos simbólicos da quaresma.


213 - Sisto IV - 1471 a 1484

Francesco della Rovere, Papa da Igreja Cristã Romana (1471-1484) nascido em Cella Ligure, perto de Savona, república de Gênova, cujo papado caracterizou-se pelo patrocínio às letras e às artes e também por intrigas, conspirações e atos de nepotismo. Membro de uma família aristocrática, ingressou na ordem franciscana, onde se doutorou em teologia e ocupou a função de ministro-geral. Cardeal (1467), sucedeu ao papa Paulo II (1464-1471), numa época em que perdia força o ideal das cruzadas contra os turcos e as relações entre o papado e a França eram tensas, pois o rei Luís XI sustentava a independência da igreja francesa, além de fracassarem as tentativas de unir as igrejas russa e romana. Entre concessões de privilégios e envolvimento em escândalos e conspirações, como um fracassado atentado contra Lourenço o Magnífico e a sua excomunhão, até a incitação de conflitos entre províncias como Veneza, Nápoles e Milão, que mantiveram a Itália em situação caótica. Neste complexo contexto da Itália renascentista, o papado foi marcado pela transformação em principado italiano. No catolicismo instituiu a festa da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, anulou formalmente os decretos do Concílio de Constança (1478) e aprovou oficialmente a festa de São José. Condenou os abusos da Inquisição espanhola (1482) e garantiu inúmeros privilégios às ordens mendicantes, sobretudo a dos franciscanos, à qual pertencia. Criou a primeira casa para menores abandonados e edificou numerosas igrejas, como a Santa Maria del Popolo e começou a construção da igreja de Santa Maria da Paz.. Promoveu a construção de importantes obras públicas e comissionou grandes artistas, como Botticelli e Pollaiuolo. Protegeu os humanistas e enriqueceu a Biblioteca Vaticana, que franqueou aos pesquisadores. Sua principal obra arquitetônica foi a construção da célebre Capela Sistina. Papa de número 213, morreu em Roma e foi sucedido por Inocêncio VIII (1484-1492).


214 - Inocêncio VIII - 1484 a 1492

Giovanni Battista Cibo, Sumo pontífice italiano da igreja católica apostólica romana (1484-1492) nascido em Gênova, cujo pontificado trouxe muito desprestígio para a Igreja e contribuiu para o declínio do prestígio papal, em virtude de sua fraqueza de espírito, embora tivesse o mérito de apoiar a empreitada de Cristóvão Colombo junto ao rei da Espanha. Pertencente a uma família da nobreza de Gênova, era filho de um senador romano, quando jovem levou uma vida libertina e teve dois filhos ilegítimos, Franceschetto e Teodorina. Mas depois regenerou-se e encaminhou-se para a carreira eclesiástica depois de ter concluído os estudos em Pádua, onde foi ordenado. Foi bispo em Savona (1467) e em Olfetta, Nápoles (1473) e tornou-se cardeal (1473) por ordem do papa Sisto IV. Foi eleito em 12 de setembro (1484) como substituto de Sisto IV (1471-1484), escolhendo o nome de Inocêncio VIII. Essa eleição já previa a fraqueza de que o eleito era possuidor. Os principais rivais e pretendentes a tiara papal eram Giuliano della Rovere, o mais ativo dos sobrinhos do papa Sisto V e futuro papa Júlio II (1503-1513) e Rodrigo Bórgia, o seguinte Alexandre VI (1492-1503), sobrinho de Calisto III (1455-1458). Seu nome surgiu de um acordo entre Della Rovere e Bórgia. Eleito sobretudo por meio de intrigas, em uma época de crise moral do papado, condicionado pelos poderes políticos então dominantes. De caráter fraco, corrupto e nepotista, a primeira parte do seu pontificado foi dominada pelo Cardeal Giuliano della Rovere, mas pouco a pouco permitiu a Lorenzo de Médici conduzir sua política na última parte do seu pontificado. Defrontou-se com o rei de Nápoles, Fernando de Aragão, dando o seu apoio à chamada Conjura dos barões (1485), promovendo a insurreição de várias cidades do sul da Itália e entrando em contato com o rei da França, Carlos VIII, para convidá-lo para uma expedição contra Nápoles. Daí originou-se uma guerra (1489-1491), que terminou, por um lado, por causa das dificuldades do papa em controlar a turbulenta situação interna de seus Estados e, por outro, pela intervenção em seu favor de Milão e sobretudo de Florença. Isso consolidou as relações do papa com Lourenço de Médici, que casou sua filha Madalena com Franceschetto Cybo (1488), obtendo a nomeação para cardeal do filho João (1475-1521), então com treze anos e futuro papa Leão X, estipulando que ele não deveria assumir as vestes e obrigações cardinalícias até ter dezoito anos. Seu prestígio declinou mais ainda ao reconhecer a sua paternidade de Franceschetto, que vivia uma vida dissoluta, a quem muito favoreceu bem como ao sobrinho Lorenzo Cybo. Numa atitude extremamente desonesta, aceitou do sultão Bayazid II grandes somas de dinheiro para deter em Roma o príncipe otomano Gem, irmão e rival do sultão. Para arrecadar fundos aumentou o número de cargos negociáveis e perdeu o controle da corrupção entre seus ministros, inclusive com a proliferação da venda de bulas falsificadas e teve que condenar à morte os falsificadores descobertos, porém o dano já era irreparável. Nesse ambiente de corrupção ética amadurecem as condições culturais para a reação protestante à Igreja Romana. De importância política para a Igreja em seu pontificado apenas a queda de Granada pelos exércitos de Fernando e Isabel, a pacificação entre os estados católicos e a condenação do comércio de escravos, além de ajudar Cristóvão Colombo no descobrimento da América. Foi protetor de artistas, literatos, humanistas, o que não o impediu de condenar as teorias de Pico della Mirandola, e seu sepulcro em São Pedro foi obra de Pollaiolo. No seu leito de morte reconheceu sua incapacidade e pediu aos cardeais perdão por ter feito tão pouco e suplicou a eles que elegessem um sucessor melhor. Papa de número 214, morreu no dia 25 de julho (1492), em Roma, e foi sucedido por Alexandre VI (1492-1503).      
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215 - Alexandre VI - 1492 a 1503

Rodrigo de Borja y Doms, Papa católico (1492-1503) de origem espanhola nascido em Játiva, na província de Valência, então no Reino de Aragão, cujo pontificado contribuiu para o crescimento da Reforma, em função de seu comportamento corrupto e ambicioso. Estudou direito em Bolonha, e depois ordenou-se, iniciando uma meteórica carreira eclesiástica, em que tornou-se cardeal (1456), vice-chanceler da Igreja (1457), deão do sagrado colégio (1476) e, finalmente, eleito papa (1492). Sua atuação inescrupulosa lhe permitiu acumular enorme fortuna pessoal e usou de muitos de seus bens para se eleger papa, comprando os competidores. Com grande quantidade de filhos ilegítimos com várias mulheres diferentes, usou e abusou do nepotismo. Sua habilidade diplomática foi inegável e na luta entre ele, Carlos VIII, Luís XII, seu filho César e Fernando o Católico, conseguiu a unificação da península italiana. Com a bula Inter caetera (1493), base do Tratado de Tordesilhas, demarcou as fronteiras das terras de Portugal e da Espanha depois do descobrimento da América. Denunciado pelo frade Girolamo Savonarola como simoníaco, herético e infiel, foi convocado a Roma, reverteu as denúncias e calúnias e Savonarola foi julgado e condenado à morte na fogueira (1498). São também seus feitos a consolidação da estrutura política do pontificado, o incentivo a criação artística em uma das etapas mais importantes do Renascimento e, também, a censura à imprensa pelas autoridades eclesiásticas. Morreu em Roma em 18 de agosto (1503).


216 - Pio III - 1503

Francesco Todeschini Piccolomini, Papa da Igreja Cristã Romana (1503) nascido em Siena, eleito em 8 de outubro sucessor de Alexandre VI (1492-1503), e que aceitou sua eleição depois de várias pressões, por causa de sua saúde precária. Era sobrinho do papa Pio II e foi educado sob a responsabilidade do tio. Estudou leis em Perugia, onde recebeu um doutorado em leis canônicas e imediatamente nomeado pelo tio-papa para o arcebispado de Siena (1460). Depois seguiu pra Ancona, onde teve o experiente Bispo de Marsico como seu conselheiro. Foi enviado por Paulo II à Germânia, onde fez grande sucesso como religioso e diplomata e voltou a Roma durante os pontificados de Sixto IV e Alexandre VI, a quem substituiu com estremo sacrifício, para resolver uma situação quase que beligerante entre três pretendentes ao trono: Amboise, Rovere e Sforza. Adotou o nome de em homenagem ao seu tio e benfeitor, o papa Pio II. Com sessenta e quatro anos, tinha metade do corpo paralisado devido à gota, e celebrou a missa de sua coroação sentado. Foi papa por cerca de um mês, entre setembro a outubro (1503) e fez pouca coisa, por causa da brevidade de seu pontificado e de seu estado de saúde. O papa de número 216 teve um brevíssimo pontificado e morreu em 18 de outubro (1503), em Roma e foi sucedido por Júlio II (1503-1513).



217 - Júlio II - 1503 a 1513

Giuliano della Rovere, Pontífice católico (1503-1513) nascido em Albisola, na Ligúria, de caráter enérgico e grande protetor das artes, tornou-se um dos mais poderosos papas do Renascimento e foi chamado de segundo fundador dos estados papais. Entrou para a ordem dos franciscanos (1468) e foi nome do cardeal (1471), por seu tio, o papa Sisto IV e lhe conferiu importantes cargos eclesiásticos. Extremamente ambicioso passou a desejar tiara papal, mas em sua primeira tentativa, após a morte de seu tio (1484), viu-se forçado a aceitar Inocêncio VIII. Após a morte desse, disputou e perdeu a eleição para Rodrigo Bórgia que assumiu como Alexadre VI (1492), como qual manteve uma relação de animosidade, inclusive colaborou com Carlos VIII da França para invadir Itália. Com a morte de Alexandre (1503), mais uma mais uma vez frustrou-se com a eleição de Pio III. Porém logo o novo papa morreu e finalmente ele foi eleito e tomou o nome Júlio II (1503). Como pontífice manifestou-se firmemente contra a simonia, tráfico de coisas sagradas ou espirituais, nas nomeações eclesiásticas. Sua ação mais notável foi a convocação do V Concílio de Latrão, que tratou de corrigir a lamentável situação que o clero atravessava. Na política dedicou atenção à restauração do poderio dos estados pontifícios, que graças a sua habilidade diplomática logo se converteram na maior potência da península itálica. Na sua tarefa de se tornar o senhor dos estados papais, expulsou Caesar Borgia do país, tirou os Baglioni de Perugia, e excomungou os resistentes Bentivoglio de Bolonha e seus aliados. Formou a Liga de Cambrai com o Imperador Maximiliano e Luis XII da França para subjugar a orgulhosa república de Veneza e, depois, com uma política de alianças e com o lema Fora os bárbaros!, formou a Santa Liga com Fernando e sua velha inimiga Veneza, para expulsar os franceses para além dos Alpes, contendo as intenções expansionistas de Luís XII da França na península. Após consolidar seu poder temporal, voltou-se para o espiritual. Nas artes transformou Roma no maior centro artístico da Itália, a Meca dos artistas e amantes da arte. Confiou ao arquiteto Donato Bramante a reedificação da basílica de São Pedro, encarregou Michelangelo da decoração da capela Sistina e encomendou a Rafael a decoração das salas vaticanas. Também chamou a Roma outros grandes artistas, como Luca Signorelli, Pinturicchio e Perugino. Morreu em Roma e, embora tenha mandado construir seu mausoléu na igreja de São Pedro, em Vincoli, onde foi erigida a célebre escultura Moisés de Michelangelo, seus restos repousam na basílica de São Pedro.


218 - Leão X - 1513 a 1521

Giovanni de Medici, Papa italiano da Igreja Católica (1513-1521) nascido em Florença, cujo pontificado entrou para a história por fazer de Roma um florescente centro cultural e aumentar o poder papal na Europa às custas do aumento da divisão da igreja ocidental e fortalecimento do movimento luterano. Segundo filho do governante florentino Lourenço o Magnífico, foi destinado, conforme a tradição, à carreira eclesiástica. Na corte do pai, recebeu esmerada educação e tornou-se membro do Sacro Colégio dos Cardeais (1492). Com a morte do papa guerreiro Júlio II (1513), assumiu o papado com o nome de Leão X, após um acordo entre a cúria romana e as lideranças florentinas. Continuando o trabalho de Júlio II no terreno artístico, acelerou as obras da basílica de São Pedro, ampliou a biblioteca do Vaticano e fez de Roma novamente o centro cultural do Ocidente. No campo político concluiu um acordo que dava aos reis da França o poder de eleger quase toda a hierarquia religiosa do país, porém quando Francisco I da França invadiu a Itália, porém, apoiou as tropas do imperador Carlos V. Para financiar os vultosos gastos militares e suntuários, aumentou a venda de indulgências, o que deu origem ao desafio à Roma lançado por Martinho Lutero (1517) que, obviamente, tinha interesses, junto com a nobreza germânica, nos ganhos financeiros desse mercado. Com o encerramento do Concílio de Latrão, convocado por Júlio II, foi incapaz de avaliar as profundas raízes políticas e sociais das teses luteranas, e perdeu a oportunidade de desenvolver reformas imprescindíveis na igreja católica. Morreu em Roma.


219 - Adriano VI - 1521 a 1523

Adriano Florensz, Papa da Igreja Cristã Romana (1522-1523) nascido em Utrecht, na Holanda, substituto de Leão X (1513-1521), foi exemplo de piedade e ascetismo. Filho de pais pobres e piedosos, seu pai era um trabalhador da construção naval, teve uma boa formação religiosa através dos Irmãos da Vida Comum e, financiado por Margaret de York, a viúva Duquesa da Burgúndia, conseguiu seu doutorado em teologia em Louvain (1491). Ali continuou como professor de teologia, publicou dois livros, tornou-se chanceler da universidade, duas vezes reitor, e teve como aluno o brilhante Erasmo de Rotterdam. Tornou-se conselheiro da Duquesa Margaret, e foi indicado pelo Imperador Maximiliano para ser tutor do seu neto e herdeiro (1515) o príncipe Carlos, o futuro imperador Carlos V. Notável pelo seu fervoroso catolicismo, foi nomeado um dos vice-reis da Espanha (1516), bispo de Tortosa e grande inquisidor de Aragão, Navarra e Castela (1517-1518) e cardeal (1517). Depois que o co-governante e reformista Ximenes morreu, tornou-se o único vice-rei. Eleito papa após a morte de Leão X (1513-1521) como candidato de consenso e consagrado em 31 de agosto (1522), antes que soubesse disso, e escolheu ser chamado Adriano VI. Chegou em Roma oito meses depois de sua escolha, sem saber ao certo a cruz o aguardava em Roma. Determinado a reformar a Igreja e começar diretamente por Roma, logo se mostrou que não seria uma ferramenta nas mãos imperiais, surpreendendo os conservadores (1522) e impôs sua autoridade sobre os humanistas pagãos, os caçadores de posições e compradores de empregos. Negligenciou as artes e, por isso, foi chamado bárbaro, para combater os vícios da cúria, principalmente o nepotismo, a simonia. Com rara coragem moral, reconheceu a existência dos abusos que fomentaram às reformas de Lutero. Cortou as despesas da corte romana, suprimiu cargos inúteis e lutou contra o nepotismo. Enviou um núncio à dieta de Nuremberg (1522-1523) para pôr um freio à reforma luterana, mas não obteve a execução do edito de Worms. Tentou unir os príncipes cristãos contra os turcos e juntou-se a Carlos V (1523) para combater Francisco I, rei da França, aliado dos muçulmanos, mas nada pode fazer para evitar a queda de Rodes para os turcos. Em luta contínua contra os turcos muçulmanos, sem resultados positivos, infelizmente um grave surto de peste, durante seis meses, assolou Roma e região e matou vários de seus cardeais colaboradores, enquanto que outros fugiam para buscar de regiões mais seguras. Embora tenha permanecido e sobrevivido, quando a praga acabou e os cardeais voltaram, o valoroso papa caiu doente, numa grande perda para a Igreja, segundo os historiadores. Papa de número 219, morreu em 12 de setembro, em Roma, e foi sucedido por Clemente VII (1523-1534).      


220 - Clemente VII - 1523 a 1534

Giulio de Medici, Papa Igreja Cristã Romana (1523-1534) de origem italiana nascido em Florença, cujo pontificado foi marcado pela preocupação em manter o poderio dos Medici frente à ameaça espanhola e francesa, e crescimento do domínio do protestantismo por quase todo o norte da Europa. Sobrinho de Leão X, arcebispo de Florença e cardeal (1513), foi escolhido como papa em 26 de novembro (1523), sucedendo ao papa Alexandre VI (1523), com o nome de Clemente VII. Celebrou o 9º jubileu (1525) e aliou-se a Francisco I da França, na Liga de Cognac (1526), contra o imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico. No ano foi aprisionamento e confinado ao castelo de Sant'Angelo até acatar as pretensões de Carlos V: sua coroação como imperador, o que ocorreu em Bolonha três anos mais tarde, e a celebração de um concílio para reformar a igreja e deter o avanço do luteranismo na Alemanha. Sua indecisão em convocar o concílio, favoreceu a difusão do protestantismo e impediu-o de adotar uma postura enérgica diante do cisma anglicano, provocado pela recusa papal a anular o casamento de Henrique VIII. Excomungou Henrique VIII da Inglaterra, o qual renegou a fé católica, passou a perseguir a Igreja, condenou Santo Thomas Morus à morte e fundou o Anglicanismo. A ruptura da Inglaterra com Roma (1533-1534), também abriu caminho para o protestantismo naquele país. Tardiamente tentou, sem sucesso, impedir as lutas entre católicos e luteranos e a Igreja perdeu a Alemanha, a Escandinávia e a Suíça. Saques e pestes reduziram Roma a 30.000 habitantes. Papa de número 220, morreu em 25 de setembro (1534), em Roma, e foi sucedido por Paulo III (1534-1549). Enterrado na basílica de São Pedro, depois seus restos foram trasladados para a igreja de Santa Maria Minerva.


221 - Paulo III - 1534 a 1549

Alessandro Farnese, Papa da igreja católica apostólica romana nascido em Canino, Estados Pontifícios, referência como o último papa do Renascimento e primeiro da Contra-Reforma, um o conjunto das medidas e reformas internas adotadas pela Igreja (1536) para se defender do avanço do protestantismo. De família nobre com tradição no serviço papal, formou-se na Universidade de Pisa, em Florença, e passou a trabalhar para o cardeal Rodrigo Borgia, mais tarde papa Alexandre VI. Sua extraordinária habilidade diplomática, garantiu-lhe uma estável carreira em Roma, onde prestou serviços relevantes aos seis papas que lhe antecederam. Foi nomeado tesoureiro da igreja (1492) e cardeal (1493), bispo de Parma (1509), padre (1519) e eleito papa (1534), com o nome de Paulo III. Suas mudanças estruturais afetaram profundamente a Igreja Católica nos séculos seguintes. No plano social incentivou projetos de urbanização e agricultura e no militar participou de campanhas dos Estados Pontifícios. No plano político-religioso iniciou a Contra-Reforma (1536), uma reação aos movimentos protestantes, e coroada com a realização do Concílio de Trento, desenvolvido em três fases principais (1545-1563), também no pontificado de Pio IV, para assegurar a unidade de fé e a disciplina eclesiástica, fixando definitivamente o conteúdo da fé católica, praticamente reafirmando suas antigas doutrinas, inclusive confirmando o celibato clerical. Reconheceu a Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola, que se tornaria em um poderoso instrumento da Contra-Reforma, e promoveu a excomunhão de Henrique VIII, da Inglaterra. Introduziu a Inquisição Romana (1542), confiando aos dominicanos a função de impô-las aos Estados italianos. A nova instituição perseguiu todos aqueles que, através do humanismo ou das teologias luterana e calvinista, contrariavam o ortodoxia católica ou cometiam heresias. Reorganizou os Tribunais da Inquisição, que viriam a funcionar também na França, Espanha e Portugal, sob o nome de Santo Ofício, julgando e condenando cristãos acusados de infidelidade, heresia, cisma, magia, poligamia, abuso dos sacramentos etc. Criou novas ordens eclesiásticas, como a dos teatinos, capuchinhos, barbabitas, ursulinas e oratorianos. Regulou as obrigações dos bispos e confirmou a presença de Cristo na eucaristia. Criou seminários como centros de formação sacerdotal e estabeleceu a superioridade do papa sobre a assembléia conciliar. Instituiu o índice de livros proibidos, o Index Librorum Prohibitorum, composto de uma lista de livros cuja leitura era proibida aos cristãos, por comprometer a fé e os costumes católicos. Como patrono das artes, restaurou a Universidade de Roma, convenceu Michelangelo a pintar a capela Sistina, completou os planos de construção da nova basílica de São Pedro e morreu em Roma.


222 - Júlio III - 1550 a 1555

Giovan Maria, Papa da Igreja Cristã Romana (1550-1555) nascido em Ciocchi del Monte, eleito em fevereiro (1550) como substituto de Paulo III (1534-1549), deu continuidade ao Concílio de Trento e se opôs radicalmente às teses luteranas. Nomeado bispo de Palestrina (1543), representou o papa Paulo III no Concílio de Trento e tornou-se seu sucessor ao fim da primeira parte do conclave que durou três meses. Ao se consagrar como papa, reabriu o concílio (1551-1552) e confirmou o estatuto dos jesuítas, aos quais confiou (1552) o Colégio Romano e o Colégio Alemão, destinado a acolher os seminaristas dos países alemães atingidos pela heresia protestante. Ainda durante o concílio entrou em luta contra Otávio Farnese, aliado do rei da França, Henrique II, para reaver Parma (1551). Porém, com o acordo entre França e os protestantes da Alemanha e a aliança entre Henrique II e os turcos (1552), resolveu firmar a paz com Farnese, cedendo-lhe Parma, e encerrou o concílio. Preocupado com a consolidação do anglicanismo, cisma surgido no pontificado de Clemente VII (1523-1534), procurou influenciar Maria Tudor (1555) em favor do catolicismo. Celebrou o 10º Jubileu (1550) e, embora reconhecido como nepotista, também foi um grande mecenas: fez construir a famosa Villa Giulia, de 1551 a 1553, obra de Ammannati e de Vignola. O papa de número 222, morreu em 23 de março (1555), em Roma, e foi sucedido por São Marcelo II (1555).


223 -Marcelo II - 1555

Marcello Cervini, Papa da Igreja Cristã Romana (1555) nascido em Montepulciano, Siena, eleito papa em 10 de abril (1555) como substituto de Júlio III (1550-1555), foi o último que conservou o nome de batismo. Famoso por sua cultura humanista, tornou-se preceptor de Alexandre Farnese, sobrinho do papa Paulo III, e dessa forma conseguiu exercer notável influência nos assuntos eclesiásticos. Ordenado sacerdote, foi eleito bispo de Nicastro e cardeal (1539). Foi nomeado (1543) para exercer a função de legado junto ao imperador Carlos V e foi primeiro legado (1545) no Concílio de Trento. Durante o pontificado de Júlio III, foi nomeado bibliotecário apostólico e reorganizou totalmente a Biblioteca Vaticana, promovendo também pesquisas históricas e arqueológicas. Sempre mostrou-se preocupou-se com os russos e mongóis. Capaz e experiente, todos aprovaram por sua escolha, mas infelizmente, morreu em 1º de maio do mesmo ano, depois de apenas 22 dias de pontificado. Mesmo assim foi considerado uma das mais nobres figuras da história do papado e deixou na cúria um sinal de justiça e austeridade. O papa de número 29, morreu repentinamente em Roma, e foi sucedido por Paulo IV (1555-1559). Foi em seu pontificado que Pierluigi di Palestrina compôs a famosa Missa do Papa Marcelo.


224 - Paulo IV - 1555 a 1559

Gian Pietro Carafa, Papa italiano da Igreja Católica Romana (1555-1559) nascido em Sant'Angelo della Scala, Avellino, eleito em 6 de janeiro (1560) para suceder Marcelo II (1555), e após consagrado no cargo, procurou reformar a Igreja com métodos coercitivos usando o tribunal da Inquisição tanto para com os católicos como para os protestantes. Descendente de uma família da nobreza napolitana, recebeu educação humanista e entrou para a carreira eclesiástica por influência de um tio cardeal, Oliviero Carafa. Tornou-se funcionário da administração eclesiástica (1503), bispo de Chieti (1505) e arcebispo de Brindisi (1518). Também realizou importantes missões diplomáticas em nome do papa Leão X como núncio apostólico na Inglaterra (1513) e na corte da Espanha (1515). Passou a ser um dos dirigentes da Companhia do Divino Amor, instituída em Roma, no Trastevere (1515), juntamente com Tiago de Tiene, com quem fundou a Ordem dos Clérigos Rregulares, os Teatinos (1523). Mudou-se para Veneza (1527), mas voltou para Roma (1534) chamado pelo papa Paulo III, para ajudá-lo na luta contra o protestantismo. Nomeado cardeal (1536), assumiu a divulgação um programa de reforma, condensado no Consilium de emendanda ecclesia (1537). Apesar da oposição dos cardeais ligados ao imperador Carlos V, foi eleito papa (1555) numa vitória dos que defendiam a radicalização contra o luteranismo. Dedicou-se à organização da Inquisição romana, fundada por Paulo III graças à sua sugestão, e à reconstrução administrativa e moral das altas hierarquias católicas. Promulgou disposições que impunham aos bispos a residência em suas dioceses, proibiu o acúmulo de benefícios, criou novos episcopados nas regiões mais ameaçadas pela pregação protestante e aboliu certos ganhos da cúria. Esses excessos de severidade, porém, contribuíram para tornar mais insolúveis os conflitos e aumentar-lhe a antipatia em alguns setores da Igreja, inclusive de antigos colaboradores. Sua má condução da política externa pontifícia, confiada ao seu sobrinho cardeal secretário de Estado, Carlos Carafa, levou a um conflito aberto com Carlos V (1556) que terminou com a desastrosa derrota militar em Viterbo (1558). Não reconheceu o título imperial de Fernando I (1558) e rompeu com Elisabeth I, da Inglaterra, aumentando o isolamento político que se criara ao redor do papado. O papa de número 224, morreu em 9 de dezembro (1559), em Roma, e foi sucedido por Pio IV (1559-1565).


225 - Pio IV - 1559 a 1565

Giovanni Angelo Medici di Marignano, Papa da Igreja Cristã Romana (1560-1565) nascido em Milão, eleito 25 de dezembro (1559) e consagrado no dia 6 de Janeiro (1560) como sucessor de Paulo IV (1555-1559), reabriu novamente (1562) e finalizou o Concílio de Trento (1563), cuja assembléia conciliar foi encerrada pelo cardeal Morone, que teve papel importante no projeto de reforma desse terceiro período do Concílio, cabendo ao papa aprovar todos os decretos conciliares, conferindo-lhes força de lei. Procedente de um ramo humilde da famosa família Medici de Florença, foi adotado pelo casal Bernardino Medici e Cecilia Serbelloni e tornou-se protegido do Conde Medici e adotou o brasão familiar. Depois de exercer cargos políticos foi nomeado sucessivamente arcebispo de Ragusa (1546), Vice-Legado em Bolonha (1547), Cardeal (1549).,Legato ad latere (1551) e Bispo de Cassano al Ionio (1553). Escolhido como uma solução de compromisso entre pressões da França e da Espanha, consagrado pontífice prosseguiu com a reforma da Igreja e concluiu o concílio de Trento (1563). No pontificado favoreceu a elevação de seu sobrinho e secretário particular, Carlos Borromeu (1538-1584), a arcebispo de Milão (1559), quando tinha apenas 21 anos e nem sacerdote era, mas formado em Direito Civil e Direito Canónico. Porém, capaz e piedoso, com a ajuda dele conseguiu impor muitas reformas tridentinas na Igreja. Seminários foram criados, a pastoral foi renovada e organizações apostólicas tiveram grande incremento e o povo começou a ser doutrinado e instruído nas verdades da fé. Aprovou o culto aos santos e declarou (1562) a missa como propiciatória, ou seja, ritual de onde Deus ouve, responde, abençoa e perdoa os pecados. O próprio papa, em 13 de novembro (1564) publicou a Professio fidei tridentina com uma profissão de fé relativa a todas as decisões dogmáticas do Concílio e uma promessa de obediência à Santa Sé. Publicou um novo Índice de Livros Proibidos (1564) e reformou o Sacro Colégio. O apostolado da imprensa e dos leigos começou a ser desenvolvido. Condenou a simonia, nome dado ao comércio de objetos sagrados, e politicamente também interveio para que fossem devolvidas as possessões do Piemonte a Emanuel Filiberto. Permitiu que a Eucaristia sob duas maneiras a alemães, austríacos e húngaros (1564) para frear o avanço do protestantismo, mas fracassou no seu intento no leste da Alemanha, França e Inglaterra. O papa de número 225 morreu em 9 de dezembro, em Roma, e foi sepultado na igreja de S. Maria dos Anjos, em Roma, e sucedido por São Pio V (1566-1572).


226 - São Pio V - 1566 a 1572

Antonio Miguel Ghislieri, Papa da igreja católica romana (1566-1572) nascido em Boscomarengo, Alexandria, piedoso dominicano eleito em um conclave de 53 cardeais em substituição a Pio IV (1559-1565), que morrera no ano anterior, adotando o nome de Pio V, em sinal de respeito ao seu antecessor, do qual divergira outrora em sua habitual franqueza. Foi Geral da Inquisição, bispo de Sutri e Nepi, e nomeado cardeal durante o para do de Paulo IV. Como pontífice assumiu uma postura numa vida de sacrifícios e em defesa dos mias humildes, levando uma vida rígida e santa. Dormia sobre pobres palhas, jejuava freqüentemente, aboliu costumes mundanos de funcionários da sua Cúria, inclusive afastando de Roma, sob pena de morte, um seu sobrinho relapso. Fundou os montepios, para subtrair os pobres à usura dos Judeus e dava audiência semanal de dez horas aos pobres. Proibiu em Roma as touradas e o uso de máscaras e, no campo civil, abriu estradas e reformou aquedutos. Executou e difundiu a reforma tridentina, princípios do Concílio de Trento: o Catecismo Tridentino (1566), o Breviário (1568) e o Missal (1570) romanos, e acrescentou às Ladainhas de Nossa Senhora a invocação Auxilium Chistianorum, uma reforma católica que obteve resultados significativos, graças a um clero exemplar, que difundiu uma prática religiosa quase unânime. Abençoou e concedeu títulos aos príncipes favoráveis à reforma tridentina, como o título de Grão Duque a Cosme de Médici, da Toscana, e o de Arquiduques aos príncipes da Casa de Áustria, provavelmente também para não suscitar ciúmes. Insistiu sobre o valor da bula In coena Domini, que condenava os crimes dos soberanos e era por eles mal aceita. Excomungou a rainha Isabel da Inglaterra, por sua cruel perseguição aos católicos. Pôs fim à prática da sinomia, venda de cargos eclesiásticos hereditários. Organizou os católicos para a gloriosa vitória naval de Lepanto (1571), que sob o comando de D. João de Áustria derrotaram uma armada superior dos muçulmanos. Papa de número 226, conhecido como o Confessor, morreu em 1o. de maio, em Roma, e foi sucedido por Gregório XIII (1572-1585). Foi canonizado (1712) por Clemente XI (1700-1721) e é festejado no dia 30 de abril.


227 - Gregório XII - 1572 a 1585

Angelo Corrario, Papa da Igreja Católica Romana (1406-1415) nascido em Veneza, cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi definir a hóstia como o único elemento da missa, descartando o pão e restringindo o cálice ao sacerdote (1414). Nomeado Bispo de Castello (1380) e titular do Patriarcado de Constantinopla (1390), sob o papa Inocêncio VII (1336-1406) tornou-se secretário apostólico do Legado de Ancona e, finalmente (1405), Cardeal de San Mareo. Eleito papa pelos cardeais romanos em 19 de dezembro (1406), aos oitenta anos de idade, e adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia. Como papa viveu o período mais triste do cisma avinhonense, com três sedes papais: Ele, em Roma, Bento XIII, em Avinhão, e Alexandre V, em Pisa. Ao Concilio de Pisa (1409), nem ele nem o antipapa Benedicto XIII compareceram e ambos foram considerados depostos. Todos os seus esforços posteriores para unir a Igreja foram em vão. Nomeou dez cardeais e convocou um concílio para Cividale del Friuli, próximo a Aquileia (1409). Neste conclave onde poucos bispos apareceram, Bento XIII e Alexandre V foram acusados de cismáticos, de cometer perjúrios e de serem devastadores da Igreja. Quando Alexandre morreu, os cardeais de Pisa elegeram o antipapa João XXIII. Depois o Concilio de Constanza (1415), aceitou a sua autoridade como papa, para evitar a separação da Igreja. O imperador Sigismundo, com o consentimento de papa, proclamou o 16º Concílio Ecumênico, no qual reuniu bispos e representantes dos sete reinos cristãos. João XXIII foi acusado de muitos crimes, preso e enviado à prisão em Pisa. Bento foi preso e morreu na Espanha. O papa então renunciou em 14 de julho (1415), dez dias depois da famosa seção de Constanza, retirou-se da vida eclesiástica e faleceu em Recanati, pouco mais de dois anos depois, em 18 de outubro (1417). Só depois de sua morte é que assumiu o 207° papa, Martin V (1368-1431), que reinou nos 14 anos seguintes (1417-1431).



228 - Sisto V - 1585 a 1590

Felice Peretti, Papa da Igreja Cristã Romana (1585-1590) nascido em Grottammare, cujas reformas realizadas contribuíram decisivamente para restabelecer o prestígio político e espiritual da Igreja Católica no século XVI. Ingressou na ordem franciscana (1533), ordenou-se em Siena (1547) e doutorou-se em teologia (1548). Ganhou fama de severidade quando exerceu as funções de inquisidor geral em Veneza e vigário-geral de sua ordem. Feito cardeal (1570), afastou-se de suas atividades (1572-1585) e editou os trabalhos do bispo Ambrósio de Milão. Eleito sucessor de Gregório XIII (1572-1585), assumiu um pontificado em situação caótica, com estados assolados pelo banditismo e financeiramente exauridos pela Contra-Reforma. Adotou medidas extremas contra o banditismo, vendeu cargos e criou novos empréstimos e impostos. Mostrou muita preocupação com a urbanização de Roma, dotando-a de um plano regulador e enriquecendo-a com novas obras e palácios. Investiu pesado em obras arquitetônicas e urbanísticas, por meio das quais transformou a Roma medieval numa cidade barroca. Terminou a cúpula da catedral de São Pedro, reconstruiu os palácios Laterano e Vaticano. Pela bula Postquam verus (1586), definiu o Sacro Colégio e estabeleceu em setenta o número de seus integrantes. Dividiu a administração pontifícia em 15 congregações (1588) e complementou a reforma da Cúria, com uma rigorosa campanha contra a corrupção do clero. A reforma permitiu a efetivação dos decretos do Concílio de Trento e fez com que o papa fosse considerado um dos fundadores da Contra-Reforma. Apoiou os países católicos, sem permitir, porém, sua ingerência em questões eclesiásticas. Em seus esforços contra a expansão do protestantismo, prometeu ajudar Filipe II de Espanha se este invadisse a Inglaterra e excomungou o protestante Henrique de Navarra, que posteriormente ascendeu ao trono francês como Henrique IV, após se converter ao catolicismo. Papa de número 228, morreu em Roma e foi sucedido por Urbano VII (1590).



229 - Urbano VII - 1590

Giovan Battista Castagna, Papa Igreja Cristã Romana (1590) nascido em Roma, eleito em 15 de setembro (1590) como sucessor de Sisto V (1585-1590), que foi papa por apenas doze dias, de 15 a 27 de setembro. Filho do nobre genovês Cosimo e de Costanza Ricci, romana e irmã do Cardeal Jacovazzi, estudou direito canônico e civil em diferentes universidades de Itália e doutorou-se em ambas especialidades, em Bologna. Passou a trabalhar como auditor para seu tio, o Cardeal Girolamo Verallo, a quem acompanhou como datário em uma missão papal na França. Retornou a Itália e o papa Júlio III o nomeou árbitro da Segnatura di Giustizia, no arcebispado de Rossano (1553). Foi ordenado sacerdote e consagrado bispo pelo Cardeal Verallo. Foi nomeado governador de Fano (1555) e sob Paulo IV, governador de Perugia e Umbria. Serviu a Pío IV, participou do Concilio de Trento (1562-1563) e acompanhou o Legado-Cardeal Buoncompagni, posteriormente Gregório XIII, a Espanha (1565), onde permaneceu sete anos como Nuncio Papal na corte de Felipe II. Retornou à Itália (1573) e foi enviado como Nuncio a Veneza por Gregório XIII, de onde foi nomeado governador de Bologna (1577). Em Colônia (1578) representou Gregório XIII na conferência de paz entre Felipe II e as Províncias Unidas. Novamente em Roma foi nomeado Consultor do Santo Oficio e do Estado Eclesiástico.e depois foi nomeado Cardeal da Igreja de S. Marcelo (1583), por Gregório XIII e no ano seguinte tornou-se legado de Bologna. Também foi muito influente durante pontificado de Sixto V (1585-1590) e em 19 de novembro (1586), foi nomeado Inquisidor Geral do Santo Ofício. Com a morte de Sixto V (1590), os 54 cardeais reuniram-se em conclave no Vaticano e o elegeram papa para grande alegria de toda a Igreja. Conhecido como um homem corajoso, de boa índole, desafiou os bárbaros atos de nobres franceses e húngaros que desejavam intervir nos assuntos do Vaticano. Vítima da malária, o papa de número 229, morreu em 27 de setembro (1590), em Roma, foi enterrado na Basílica Vaticana e foi sucedido por Gregório XIV (1590-1591). Foi um homem bom e caritativo, no seu pontificado relâmpago deu início a muitas obras de caridade e deixou todos os seus bens para obras de beneficência.



230 - Gregório XIV - 1590 a 1591

Niccolò Spondratí, Papa da Igreja Católica Romana (1590-1591) nascido em Somma Lombardo, Varese, a norte de Milão, na Lombardia italiana, que eleito papa em 8 de dezembro, dois meses e meio após a morte de Urbano VII, adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia. Filho de um senador milanês, optou pela carreira eclesiástica e estudou teologia nas universidades de Perúgia e Pádua e, ordenado padre foi logo nomeado bispo de Cremona (1560). Participou do Concílio de Trento (1561-1563) e tornou-se cardeal de Santa Cecília (1583) sob Gregório XIII. Homem honesto e de natureza ascética, foi escolhido para suceder o papa Urbano VII (1590), mas em sua boa fé, foi enganado por conselheiros pouco competentes. Confirmou o direito de asilo nas embaixadas perto da Santa Sé, mas devido às suas conseqüências no campo jurídico durante pelo menos dois séculos, a bula promulgada por ele estendia o direito de asilo de forma tão ampla a ponto de suscitar a oposição da autoridade política. Em seu curto pontificado destinou imensas somas à Liga Católica na França, apoiando a luta contra o rei Henrique IV, excomungado por ter entrado em acordo com os protestantes. Veio a falecer em Roma, apenas dez meses e oito dias após iniciar seu papado e foi substituído por Inocêncio IX.



231 - Inocêncio IX - 1591

Giovanni Antonio Facchinetti di Nuce, Papa Igreja Cristã Romana (1591) nascido em Bolonha, eleito em 3 de novembro (1591) como sucessor de.Gregório XIV (1590-1591), em cujo brevíssimo pontificado conseguiu conter uma terrível epidemia de peste e combateu a criminalidade. Devido ao seu estado de saúde foi eleito propositalmente pelos cardeais devido sua velhice e por suas simpatias com a Espanha. Um forte grupo antiespanhol havia-se formado no Sacro Colégio, que no entanto não ousava manifestar sua atitude. Para ganhar tempo, decidiram eleger ao trono de São Pedro um velho enfermo, enquanto se resolvia os problemas da política de seu predecessor em relação a França. Por sua decisão o dia 12/09 passou a ser dedicado a exaltar o doce nome de Maria para que não se duvidasse jamais que foi, sob sua inspiração, que se conseguiu o extraordinário triunfo das armas cristãs contra as tropas turcas que sitiavam, cruelmente, a cidade de Viena. Papa de número 231, morreu subitamente em 30 de dezembro (1591), em Roma, e foi sucedido pelo cardeal Ippolito Aldobrandini, o Clemente VIII (1592-1605), que seria o primeiro papa do século XVII.


232 - Clemente VIII - 1592 a 1605

Ippolito Aldobrandini, Papa Igreja Cristã Romana (1592-1605) nascido em Fano, Pesaro, Florença, que foi eleito em 9 de fevereiro (1592) como sucessor de Inocêncio IX (1591) e o primeiro papa do século XVII. Estudou sob São Felipe Neri e, eleito, deixou de lado as questões políticas e visitou todas as paróquias de Roma, onde pregava e impunha disciplina. Como grande ação política firmou a paz entre a França e a Espanha. Pontífice depois da Idade Média, começo dos Tempos Modernos, tornou-se um dos mais importantes da história da Igreja. Mandou cortar sua cabeça de Beatrice Cenci (1577-1599), a célebre assassina do próprio pai, o déspota romano Francesco Cenci, imortalizada na história por Stendhal e no quadro clássico de Caravaggio, e por muitos poemas e tragédias. Como anti-reformista, sancionou a condenação à morte do filósofo italiano Giordano Bruno (1600) e neste mesmo ano celebrou o Ano Santo, o 12º Jubileu (1600), com um elevado número de peregrinos que participaram dos festejos em Roma. Também proibiu e excomungou as touradas e os toureiros, e após provar e gostar, legalizou o cafezinho, que em Roma era vetado como uma bebida otomana, mulçumana e anticristã. Era refinado e culto e ordenou uma nova edição da Bíblia, a Vulgata Clementina. Criou a Propaganda, desde o nome, a Congregatio de Propaganda Fide, Congregação para a Propaganda da Fé, e fez o Index, a proibição de todos os livros dos inimigos da Igreja. Papa de número 232, morreu em 3 de março (1605), em Roma, e foi sucedido por Leão XI (1605), um papa francês que morreu depois de apenas 27 dias de pontificado e foi, por sua vez, substituído por Paulo V (1605-1621).        



233 - Leão XI - 1605

Alessandro Ottaviano di Medici, Papa Igreja Cristã Romana (1605) nascido em Florença, eleito em 10 de abril (1605) para suceder Clemente VIII (1592-1605), com o apoio francês, mas morreu depois de apenas 27 dias de pontificado. Dedicou-se ao ascetismo. Da poderosa família Médici, de Florença, era filho de Ottaviano e de Francesca Salviati e sobrinho-neto do papa Leão X, foi embaixador do Grão-Duque de Toscana junto do papa Pio V durante 15 anos em Roma (1569-1584), bispo de Pistóia (1573), arcebispo de Florença (1574-1583) e nomeado cardeal (1583), arcebispo de Albano (1600) e de Palestrina (1602). Legado pontifício (1596-1598) junto a Henrique IV da França, a serviço do papa Clemente VIII, onde Maria de Médici reinava, contribuiu para a promulgação do edito de Nantes e foi o mediador da paz de Vervins (1598). Tinha uma profunda amizade com São Felipe Neri e, com a morte de Clemente VIII, foi eleito com apoio dos franceses e italianos e contra a vontade expressa do Rei Filipe III de Espanha. Seu pontificado durou apenas 27 dias, por causa de sua morte, sobre a qual aparecem duas versões. Uma de que durante as dificuldades da tomada de posse da Sé romana, sentiu-se mal e morreu, e em outra vítima de um acidente com uma queda de cavalo. O papa de número 233, morreu em 27 de abril (1605), em Roma, e foi sucedido por Paulo V (1605-1621).



234 - Paulo V - 1605 a 1621

Camillo Borghese, Papa italiano da Igreja Católica Romana (1605-1621) nascido em Roma, eleito em 29 de maio (1605) para suceder Leão XI (1605) graças a um acordo entre os partidos ligados à França e à Espanha, em cujo papado condenou as teorias de Copérnico e vetou as obras de Galileu, mas cuidou muito do aspecto da cidade de Roma e concluiu a basílica Vaticana. De família aristocrática proveniente de Siena, tornou-se um respeitado jurista e estimado diplomata. Professor de Direito, foi nomeado cardeal (1596) e vigário de Roma (1603) e, após a morte repentina de Leão XI (1605) foi eleito para sucedê-lo graças as suas qualidades de homem moderado e alheio a partidarismos. Consagrado defendeu intransigentemente os direitos da Santa Sé o que o levou a entrar em conflito com Veneza, que promulgara leis restritivas para a propriedade eclesiástica. Realizou uma grande atividade política e diplomática para impor a autoridade do papado, mas teve frustradas as suas esperanças de hegemonia sobre os Estados italianos (1607). Desenvolveu uma grande obra de evangelização no novo continente, na China, na Índia e na Etiópia, especialmente graças aos jesuítas. Na política externa, obteve colecionou fracassos e sucessos. Por exemplo, não conseguiu impedir as lutas religiosas na Boêmia e na Hungria, porém, pôde comemorar a ascensão de Fernando II, rigidamente católico, ao trono imperial (1619). Intelectual e cercado de intelectuais, embora tenha favorecido a Astronomia, pesa contra ele a condenação das teorias científicas de Copérnico e Galileu, que, declarada pela Inquisição, teve o consentimento do papa. Manteve relações com Miguel Romanoff da Rússia e adoeceu quando irrompeu na Europa a Guerra dos Trinta Anos. O papa de número 234, morreu em 28 de janeiro (1621), em Roma, e foi sucedido por Gregório XV (1621-1623).

235 - Gregório XV - 1621 a 1623

Alessandro Ludovisi, Papa da Igreja Católica Romana (1621-1623) nascido em Bolonha, que, eleito em 14 de fevereiro (1621), adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia. Após completar estudos em humanidades e filosofia com professores jesuítas, foi para Roma completar seus estudos no Colégio Germânico. Voltou para Bologna onde dedicou-se ao estudo universitário em jurisprudência. Após graduar-se na Universidade de Bologna em leis civis e canônicas, voltou para Roma e foi nomeado juiz por Gregório XIII Já na carreira eclesiástica foi nomeado (1612) por Paulo V arcebispo de Bologna. Antes de ser eleito papa foi nomeado Cardeal de Santa Maria Transpontina (1616). Como papa ajudou aos irlandeses e favoreceu a restauração católica na França. Instituiu a Congregação para a Propagação da Fé, para incentivar as missões. Canonizou Inácio de Loyola, Felipe Neri, Francisco Xavier e Tereza D'Ávila. Fundou em Roma (1621), a faculdade internacional dos Beneditinos, o Collegium Gregorianum, morreu em Roma e foi sucedido por Urbano VIII.


236 - Urbano VIII - 1623 a 1644

Maffeo Barberini, Papa Igreja Cristã Romana (1623-1644) nascido em Florença, eleito em 29 de setembro (1623) como sucessor de Gregório XV (1621-1623), é lembrado como o papa que construiu a residência de verão de Castelgandolfo e que em cujo pontificado, Galileo Galilei foi chamado a Roma para se retratar das afirmações científicas que havia produzido (1633). Nascido em uma família florentina de grande influência e seguindo a carreira eclesiástica, foi nomeado núncio apostólico junto da corte francesa pelo Papa Clemente VIII. Foi elevado ao cardinalato pelo Papa Paulo V. Legado papal em Bolonha foi eleito (1623) sucessor do Papa Gregório XV. Homem culto e brilhante, o seu longo pontificado passou por vinte e um anos da Guerra dos Trinta Anos. Patrocinou numerosos eventos, sendo reconhecido mais pelo equilíbrio e jogo político do que por reformas no âmbito do Cristianismo. Foi o último papa a estender o território papal ao incorporar o grão-ducado de Urbino (1626). Fortificou diversas construções, entre as quais se encontra o Castelo de Sant'Angelo, junto ao Vaticano, onde mandou retirar, para fundir em canhões, as grandes vigas de bronze que tinham sobrevivido dos tempos do Império Romano. Ocupou-se especialmente com a parte urbanística de Roma, restaurou o Panteon e encarregou a Bernini da construção de diversas obras na cidade, inclusive a construção do baldaquino de bronze da Basílica de São Pedro. Estabeleceu também um arsenal no Vaticano e uma fábrica de armas em Tivoli e fortificou o porto de Civitavecchia. Versado em Latim, deixou uma larga obra de hinos e ensaios sobre as Escrituras e trabalhou nos textos sagrados: Pontifical, Breviário, Rituais, Martirológio e celebrou o 13º Jubileu (1625). Foi o último a praticar o nepotismo em grande escala, empregando vários membros da sua família que se tornaram enriquecidos, influentes e poderosos, graças a ele. Também promoveu numerosas canonizações, entre as quais as da Rainha Isabel de Aragão, a Santa Isabel, Francisco Xavier, Aloísio Gonzaga e Filipe Neri, entre outros. Papa de número 236, morreu em 29 de julho (1644), em Roma, e foi sucedido por Inocêncio X (1644-1655).



237 - Inocêncio X - 1644 a 1655

Giambattista Pamphili, Papa Igreja Cristã Romana (1644-1655) nascido em Roma, em cujo pontificado o dogma da Conceição de Maria foi confirmado (1654). Descendente a uma família da nobreza, foi advogado consistorial e auditor de Rota, depois núncio em Nápoles (1621-1625) e na Espanha (1626). Nomeado cardeal (1629), foi escolhido papa apesar da oposição francesa. Eleito em 4 de outubro (1644) como sucessor de Urbano VIII (1623-1644), exerceu um pontificado dominado por familiares, especialmente por causa de sua avançada idade. Pressionado pelo cardeal Mazzarino, que ameaçava separar Avignon da Santa Sé (1645), teve de retirar a condenação contra os Barberini, acusados de peculato no pontificado anterior. No seu pontificado que terminou a guerra dos Trinta Anos e censurou o Tratado de Vestfália, que reconhecia o luteranismo e o calvinismo e pelo qual muitas cidades passaram ao domínio dos protestantes, com a publicação da bula Zelus domus meae (1650). Lutou contra as heresias, especialmente contra o jansenismo, que condenou com a bula Cum occasione (1653). Reorganizou a administração estatal, criando a figura do secretário de Estado. Celebrou o 14º Jubileu (1650) e homem de letras, de espírito culto e grande mecenas, protegeu artistas de valor, dentre os quais Pinturicchio, Mantegna, Lippi e Perugino, transformando a cúria romana em um dos centros mais ativos da cultura renascentista. Papa de número 237, morreu em 7 de janeiro (1655), em Roma, e foi sucedido por Alexandre VII (1655-1667).


238 - Alexandre VII - 1655 a 1667

Fabio Chigi, Papa da Igreja Cristã Romana (1655-1667) nascido em Siena, que, eleito papa para substituir Inocêncio X (1644-1655) após a morte deste, fez o possível para impedir a expansão do protestantismo, sobretudo na Itália e na Inglaterra. Tornou-se secretário de Estado de Inocêncio X (1651) e foi eleito papa após a morte deste (1655), depois de um conclave que durou três meses. Recebeu, em Roma, Cristina da Suécia (1655), convertida ao catolicismo. Teve confrontos violentos com o rei da França, Luís XIV, incentivados pelo cardeal Mazzarino e pelo embaixador da França, duque de Créquy, e foi obrigado a se submeter às suas prepotências. Combateu duramente os jansenistas, na França e nos Países-Baixos, e contra eles promulgou algumas bulas de condenação, dentre as quais a Cum ad Sancti Petri sedem (1656). Chamou-se de jansenismo, a doutrina de Jansênio (1585-1638), teólogo holandês e bispo de Ypres, sobre a graça, a predestinação e a capacidade moral do homem presente, adotada por várias correntes espirituais com tendência ao rigorismo moral. Embelezou Roma com obras que marcaram, especialmente com o arquiteto Bernini, o ápice da arte barroca na cidade, terminando as obras da Praça São Pedro, com a colonnata de Bernini e suas duas fontes. Ampliou a Universidade de Roma e a Biblioteca Papal e convenceu as autoridades de Veneza a devolver aos jesuítas tudo que havia tomado deles e permitir que voltassem à cidade. Papa de número 238, passava a maior parte do seu tempo em oração e estudos e morreu em 22 de maio, em Roma, e foi sucedido por Clemente IX (1667-1669).



239 - Clemente IX - 1667 a 1669

Giulio Rospigliosi, Papa Igreja Cristã Romana (1667-1669) nascido em Pistóia e escolhido papa em 26 de junho (1667) como sucessor de Alexandre VII (1655-1667), e destacou-se como mediador nas guerras de sucessão entre França, Espanha, Inglaterra e Holanda, com a chamada Paz Clementina (1668), mas não conseguiu pacificar os ânimos. Culto e extremamente misericordioso e piedoso, era considerado para todos os fiéis cristãos como um pai. Dois dias por semana, confessava os peregrinos na Basílica de São Pedro e recebia a todos sem discriminação. Cortou taxas e impostos de grãos, distribuiu gratuitamente alimentos aos pobres, acabou com o monopólio dos nobres na venda de cereais. Antinepotista não admitiu que parentes e amigos usufruíssem dos bens da Igreja em Roma e conta-se que, generoso com os pobres, convidava alguns mendigos à sua mesa e os servia. Procurou enfrentar o jansenismo, doutrina pregada por Jansênio (1585-1638), teólogo holandês e bispo de Ypres, sobre a graça, a predestinação e a capacidade moral do homem, e adotada na abadia de Port-Royal por várias correntes espirituais com tendência ao rigorismo moral. Papa de número 239, morreu em 9 de dezembro (1669), em Roma, e foi sucedido por Clemente X (1670-1676).


240 - Clemente X - 1670 a 1676

Emilio Bonaventura Altieri, Papa Igreja Cristã Romana (1670-1676) nascido em Roma, eleito em 11 de maio (1670) como sucessor de Clemente IX (1667-1669), foi eleito inesperadamente aos 80 anos e celebrou o 15º Jubileu (1675). Descendente de uma antiga e tradicional família romana, foi educado em um colégio de Roma e doutorou-se em jurisprudência. Foi nomeado para uma nunciatura na Polônia (1623) e ordenou-se padre no ano seguinte. Depois de outros cargos foi novamente nomeado núncio em Nápoli (1637) e posteriormente na Polônia. Voltou à Roma (1654) e três anos depois foi nomeado pelo papa Alessandro VII, Segretario della Congregazione dei Vescovi e dei Regolari e depois (1669) foi nomeado cardeal pelo papa Clemente IX. de quem era amigo pessoal. Eleito papa e apesar de uma vida virtuosa, a idade avançada dificultava sua atuação na administração da Igreja. Interveio na eleição do rei da Polônia, obtendo a nomeação de João Sobieski, muito prestigiado por suas convicções cristãs e por haver derrotado os turcos na batalha de Chaezim. Papa de número 240, morreu com 86 anos de idade em 22 de julho (1676), em Roma, e foi sucedido por Inocêncio XI (1676-1689). Canonizou diversos santos entre eles Ghaeteno de Thiene, Francesco Borgia e Rosa de Lima, a primeira Santa da América latina.



241 - Inocêncio XI - 1676 a 1689

Benedetto Odescalchi, Papa e beato da Igreja Cristã Romana (1676-1689) nascido em Como, foi elevado ao pontificado em 4 de outubro (1676) como sucessor de Clemente X (1670-1676), um homem íntegro que teve fortes choques com o rei Luís XIV e foi muito querido pelo povo porque trabalhava pelos pobres. Depois de abandonar a militar, decidiu seguir a carreira eclesiástica e exerceu cargos importantes na administração pontifícia, valendo-se de sua preparação jurídica. Nomeado cardeal pelo papa Inocêncio X (1645), foi governador de Ferrara (1650) e bispo de Novara (1650-1654),. Eleito papa após a morte de Clemente X (1676), mostrou-se terminantemente contrário ao nepotismo e aboliu o cargo de cardeal nepote e, além disso, procurou realizar a reforma dos costumes sociais. Valendo-se da obra do cardeal secretário de Estado Cybo, aplicou rígidas regras de economia com o objetivo de sanear as finanças do Estado e acabou com o déficit do tesouro papal, num período de dois anos. Mostrou-se reticente com os jesuítas e condenou o teólogo Molinos (1687). Na defesa absoluta da autoridade do papa e na preservação do respeito aos direitos da Igreja, entrou em conflito com o rei da França, Luís XIV, por causa da histórica Declaração dos Quatro Artigos (1682), que afirmava as liberdades galicanas. Nem mesmo depois que as tropas francesas ocuparam Avinhão submeteu-se a autoridade real. Frustrado na formação de grande cruzada cristã contra os turcos, contribuiu para a conclusão do Tratado de Nimega (1677-1678), da Trégua de Ratisbona (1684) e para a Liga Santa em defesa de Viena (1683) e de Budapeste (1686), contra a ofensiva turca. Apoiou o rei polaco Sobieski, que derrotou os turcos em Viena. Papa de número 241, morreu em 12 de agosto (1689), em Roma, e foi sucedido por Alexandre VIII (1689-1691). Viveu com parcimônia e esperava que os cardeais fizessem o mesmo e era muito preocupado com a pureza da fé e da moral na Igreja. Insistia na educação da fé e na formação dos monges e incentivava os fiéis à comunhão freqüente. Venerado como santo, foi beatificado pelo papa Pio XII (1956).


242 - Alexandre VIII - 1689 a 1691

Pietro Vito Ottoboni, Papa da Igreja Cristã Romana (1689-1691) nascido em Veneza, eleito papa para substituir Inocêncio XI (1676-1689) após a morte deste, escolhido por intervenção de Luís XIV da França, cujo excessivo nepotismo contrastou com a virtuosa austeridade de seu predecessor. Jurista proeminente e culto, foi nomeado Grande Inquisidor de Roma e secretário do Santo Ofício pelo papa Inocêncio XI e eleito papa após a morte deste (1689), chegou a um acordo sobre a longa controvérsia com o rei da França, Luís XIV, dando ao soberano o pretenso direito de nomeação para as dioceses de Metz, Tours, Verdun, Arras e Perpignan, e obtendo a restituição de Avignon e do condado de Venosino para os Estados Pontifícios. Concedeu ajuda ao rei da Polônia e aos venezianos para lutarem contra os turcos e ampliou a Biblioteca Vaticana. Posteriormente (1690) não aceitou a uma ampliação ulterior do direito régio francês de regalia sobre os episcopados. Com a bula Inter multiplices (1690), condenou as chamadas liberdades da Igreja galicana, que o clero francês promulgara (1682) sob pressão do rei. Intransigente para com os heréticos, condenou à prisão perpétua os últimos seguidores de Molinos. Também condenou 93 proposições jansenistas, emitidas por professores de teologia de Louvain. Fundou os episcopados de Pequim e de Nanquim, na China, reservando direito de nomeação ao rei de Portugal. Papa de número 242, morreu em 1º de fevereiro, em Roma e foi sucedido por Inocêncio XII (1691-1700).


243 - Inocêncio XII - 1691 a 1700

Antonio Pignatelli, Papa Igreja Cristã Romana (1691-1700) nascido em Spinazzola, Bari, eleito em 15 de julho (1691) como sucessor de.Alexandre VIII (1689-1691), em cujo pontificado procurou com atos oficiais combater o nepotismo, o que lhe trouxe numerosas e perigosas antipatias. Descendente de uma família de príncipes napolitanos, foi nomeado sucessivamente núncio na Toscana, na Polônia e em Viena, bispo de Lecce (1672), cardeal e bispo de Faenza (1681), arcebispo de Nápoles (1687) e, quatro anos depois (1691), sucedeu o papa Alexandre VIII, após um longo conclave. Condenou o nepotismo com a bula Romanum decet pontificem (1692) que vetava aos futuros pontífices a concessão de bens e cargos da Igreja aos próprios parentes, ocupou-se do aprimoramento do clero e resolveu a divisão existente entre o papado e a coroa francesa. Obteve (1693) de Luís XIV a renúncia às proposições galicanas da histórica Declaração dos Quatro Artigos (1682) e a retratação dos bispos responsáveis pelos artigos galicanos, em troca o papa reconheceu os bispos do Rei . Obrigou os párocos a usarem a batina todos os dias e a fazerem os exercícios espirituais. Celebrou o 16º Jubileu (1700) e ajudou as Missões na Ásia. O papa de número 243, morreu em 27 de setembro (1700), em Roma, e foi sucedido por Clemente XI (1700-1721).


244 - Clemente XI - 1700 a 1721

Giovan Francesco Albani, Papa Igreja Cristã Romana (1700-1721) nascido em Urbino, foi eleito papa em 8 de dezembro (1700), sucedendo Inocêncio XII (1691-1700), o primeiro Papa do século XVIII. Cultor e protetor das artes, enriqueceu com antigos códices orientais a Biblioteca Vaticana, secretário dos Breves (1687), foi nomeado cardeal-diácono pelo papa Alexandre VIII (1690) e ordenado sacerdote (1700), no mesmo ano em que tornou-se papa. Apesar de levou uma vida de piedade e oração, seu pontificado foi bastante Durante a guerra de sucessão ao trono da Espanha (1708) procurou manter uma difícil posição de neutralidade. A guerra terminou com os tratados de Utrecht, Rastadt e Baden (1712-1714), que conferiram à Europa uma disposição territorial favorável para o papado. Após uma dura luta jurisdicional com Vítor Amadeu II, de Sabóia, que recebera o título de rei da Sicília em decorrência da paz de Utrecht, lançou a interdição sobre a ilha. Combateu dura e decididamente o jansenismo, que progredira muito na França, com a bula Vineam Domini (1705) e depois com a Unigenitus (1713), em que eram condenadas as 101 proposições do livro do jansenista Quesnel, e que constitui um documento fundamental da controvérsia. O jansenismo era uma doutrina pregada por Jansênio (1585-1638), teólogo holandês e bispo de Ypres, sobre a graça, a predestinação e a capacidade moral do homem, e adotada na abadia de Port-Royal por várias correntes espirituais com tendência ao rigorismo moral. Papa de número 244, morreu em 19 de março (1721), em Roma, e foi sucedido por Inocêncio XIII (1721-1724).        



245 - Inocêncio XIII - 1721 a 1724

Michelangelo Conti dei duchi di Poli, Papa Igreja Cristã Romana (1721-1724) nascido em Poli, Roma, eleito em 18 de maio (1721) como sucessor de Clemente XI (1700-1721), em cujo pontificado mostrou firmeza ao procurar disciplinar a Igreja espanhola e a Companhia de Jesus, apesar da débil saúde. Governador de Ascoli, Frosinone e Viterbo, núncio na Suíça (1695-1698) e em Portugal (1698-1708), foi nomeado cardeal (1706) e dirigiu as dioceses de Osimo (1709-1712) e Viterbo (1712-1719). Eleito papa, foi um opositor intransigente do jansenismo, renovando a condenação deste (1722), com a reconfirmação da bula Unigenitus, publicada por Clemente XI. Contrário também ao poderio dos jesuítas, empenhou-se na luta em defesa das prerrogativas do Estado Pontifício contra os Estados laicos. Coroou o imperador Carlos VI (1722) no Reino de Nápoles, mas não conseguiu evitar que o Ducado de Parma e Piacenza passasse às mãos de Carlos, filho do rei Filipe V da Espanha e de Isabel Farnese. Interveio energicamente na Igreja da Espanha e enviou cinco mil escudos aos Cavaleiros de Malta, para que lutassem contra o Islã. Melhorou as condições econômicas do Estado Pontifício, com a liberalização do comércio de trigo. Papa de número 245, morreu em 7 de março (1724), em Roma, e foi sucedido por Benedito XIII (1724-1730).


246 - Bento XIII - 1724 a 1730

Pietro Francesco Orsini, Papa da Igreja Cristã Romana (1724-1730) nascido em Gravina, Bari, sucessor de Inocêncio XIII (1721-1724), frade dominicano da Ordem dos Pregadores que eleito papa, o último da família Orsini, continuou a luta contra os jansenistas, confirmando as regras de fé contidas na bula Unigenitus de Clemente XI (1700-1721). Descendente de uma família nobre, era filho primogênito do Duque Fernando de Gravina, tornou-se religioso convicto e, contra a vontade dos parentes, renunciou aos seus direitos ducais por primogenitura, aos 18 anos, para ingressar na Ordem Dominicana, no convento de Veneza. Tornou-se um professor e orador famoso e foi nomeado Cardeal com apenas 23 anos e Arcebispo de Benevento, nomeado por Clemente X (1670-1676). Ganhou celebridade por seu heroísmo em socorrer os habitantes da cidade abalada por dois terremotos e com seu fervorismo cristão, fez com que sua mãe, sua irmã e dois sobrinhos também mudassem de convicção e ingressaram em conventos. Com essa vida notoriamente edificante, foi eleito papa apesar de sua resistência inicial em aceitar o posto da Igreja de Roma, por imposição do Superior Geral de sua Ordem em nome da santa obediência, e adotou o nome de Bento XIII. Como papa acompanhava a procissão de Corpus Christi a pé e tinha predileção pelas funções da Semana Santa e aboliu a pena de excomunhão, que o Papa Inocêncio X havia imposto a quem tomasse rapé na Basílica Vaticana. Criou a Congregação dos Seminários, em prol das vocações eclesiásticas, e celebrou o Ano Santo (1725). Proibiu que lhe falassem de joelhos, abominou o jogo a dinheiro e visitava diariamente os hospitais. Dedicou-se em reverter os estilos de vida decandentes do clero italiano e canonizou São Luís Gonzaga, São Estanislau Kostka, São João Nepomuceno, mártir do segredo da confissão, São João da Cruz, São Turíbio, entre outros. Papa de número 246, morreu em Roma e foi sucedido por Clemente XII (1730-1740).


247 - Clemente - XII - 1730 a 1740

Lorenzo Corsini, Papa Igreja Cristã Romana (1730-1740) nascido em Florença, foi eleito em 16 de julho (1730) sucedendo Bento XIII (1724-1730), e tornou a Via Sacra uma oração oficial na Igreja e abriu ao público os museus capitolinos. Arcebispo titular da Nicomédia (1691), foi nomeado cardeal por Clemente XI (1706). Eleito aos quase oitenta anos de idade e privado da visão, governou a Igreja com cuidado. Vendeu suas propriedades para reabastecer o cofre pontifício, esvaziados no governo de seu antecessor pelos desmandos do cardeal Coscia. Suprimiu muitos abusos e afastou dos ambientes da cúria o cardeal Coscia, favorito de seu predecessor, Bento XIII (1724-1730), e particularmente malvisto pelos romanos, ao qual mandou prender e condenar, junto com outros cardeais acusados de corrupção. Também deve-se a esse papa a primeira condenação da maçonaria com a constituição In eminenti (1738). Teve complicadas controvérsias jurisdicionais com o ministro Tanucci em Nápoles, com Portugal, França e com Carlos Emanuel III, de Sabóia. Era generoso com os missionários e caridoso com os pobres, proibiu o jogo de loto e fundou em Nápoles um instituto para jovens. Iniciou a construção da Fonte de Trevi e a fachada da basílica de São João de Latrão. Papa de número 247, morreu em 6 de fevereiro (1740), em Roma, e foi sucedido por Benedito XIV (1740-1758).



248 - Bento XIV - 1740 a 1758

Prospero Lambertini, Papa católico italiano (1740-1758) nascido em Bolonha, sucessor de Clemente XII, cujo pontificado foi marcado por atitudes moderadoras marcantes, que o tornaram respeitado até pelos seus adversários, em um período em que a igreja era fortemente criticada pelos iluministas e a autoridade papal era contestada pelos monarcas absolutistas. De origem nobre, doutorou-se em teologia e direito, em Roma, foi nomeado cardeal (1728) e arcebispo de Bolonha (1731) e depois eleito papa (1740). Dotado de grande equilíbrio e moderação, demonstrou essas suas qualidades tanto nas relações com os outros Estados, estipulando numerosos tratados e acordos com muitos soberanos europeus, como nas questões internas da Igreja, por exemplo, na controvérsia entre jesuítas e antijesuítas. Com a bula Omnium sollicitudinum (1744), condenou as teses jesuítas favoráveis aos ritos chineses e malabares. Além de sua inegável habilidade na administração interna da Santa Sé e nas relações pacíficas com o poder secular em diversos estados da Europa, demonstrou grande interesse pela ciência e pelos livros, fundou quatro academias em Roma e criou cátedras de física, química e matemática na universidade romana de Sapienza. Também é lembrado por sua apaixonada atividade de canonista e notável é a quantidade de suas obras nesse campo e morreu em Roma.


249 - Clemente XIII - 1758 a 1769

Carlo Rezzonico, Papa Igreja Cristã Romana (1758-1769) nascido em Veneza, eleito papa em 16 de julho (1758) para suceder Bento XIV (1740-1758), demonstrou, ao contrário deste, grande rigidez e combateu a difusão das idéias iluministas e enfrentou um período caracterizado pelo anticlericalismo difundido nos Estados europeus. Foi governador de Rieti e posteriormente de Fano, indicado cardeal-diácono por Clemente XII (1737), foi nomeado bispo de Pádua (1743). Seu pontificado se caracterizou pelo Iluminismo e, entre outras atitudes, condenou abertamente a Encyclopédie. Era amigo dos jesuítas e procurou defendê-los das perseguições, acusados de crimes que não haviam cometido, por Portugal, França e Espanha. Praticamente todo o seu pontificado foi ocupado pela questão da abolição da Companhia de Jesus, requerida por muitos países. Os jesuítas já haviam sido expulsos de Portugal (1758), da França (1764), da Espanha (1767), dos outros Estados regidos pela dinastia de Bourbon, mas o papa recusou-se a aderir ao pedido de supressão da Ordem. Por essa posição os governantes cristãos da Europa exigiram sua renúncia, ameaçando fundar suas próprias igrejas. Pressionado por este enorme conflito, convocou uma congregação cardinalícia para discutir a questão, mas morreu misteriosa e repentinamente. Papa de número 249, morreu em 2 de fevereiro (1769), em Roma, e foi sucedido por Clemente XIV (1769-1774).


250 - Clemente XIV - 1769 a 1774

Giovanni Vincenzo Ganganelli, papa Igreja Cristã Romana (1769-1774) nascido em Sant'Arcangelo di Romagna, Forlì, hoje Rimini, foi eleito em 4 de junho (1769) para suceder Clemente XIII (1758-1769), que estabeleceu relações com os reinos católicos e dissolveu a Companhia de Jesus. Frade da Ordem dos menores conventuais, professor de teologia, foi convocado pelo papa Bento XIV, para dirigir do colégio São Boaventura (1740), em Roma. Tornou-se consultor do Santo Ofício (1746) e foi nomeado cardeal por Clemente XIII (1759), a quem sucederia dez anos depois. Diante do problema da Ordem dos Jesuítas, não resolvido por seu predecessor e temendo um novo cisma na Igreja, que já perdera a Inglaterra e parte da Alemanha, julgou conveniente para os interesses da Igreja dar seu consentimento ao pedido feito por tantos Estados católicos e, com a bula Dominus ac Redemptor noster, dissolveu a Companhia de Jesus (1773), satisfazendo a Espanha, Portugal e França. Seu gesto foi severamente julgado pelo colégio cardinalício e ainda hoje é discutido pelos historiadores, que o consideram governado por simpatias pelo jansenismo e fruto de pressões políticas da França e da Espanha. Pelo menos não culpou os jesuítas de crimes ou heresias e os seguidores de Santo Inácio de Loyola obedeceram ao Papa. Também deve-se a ele o início da secagem dos Pauis Pontinos e a fundação do Museu Clementino que por causa do trabalho de seu sucessor Pio VI, passou a se chamar de Museu Pio-Clementino. Papa de número 250, morreu em 22 de setembro (1774), em Roma, e foi sucedido por Pio VI (1775-1799).        


251 - Pio VI - 1775 a 1799

Giannangelo Braschi, Papa da Igreja Cristã Romana (1775-1799) nascido em Cesena, Forlì, foi eleito em 22 de fevereiro (1775) sucessor de Clemente XIV (1769-1774), depois de ter se comprometido a não reconstituir a Companhia de Jesus. Secretário do cardeal-legado Ruffo, referendário da Assinatura (1758), tesoureiro da Câmara apostólica (1766) e cardeal (1773), depois de eleito celebrou o 19º Ano Santo (1775) e nomeou uma comissão para rever a condenação dos jesuítas. Considerados inocentes, ordenou que continuassem seu trabalho na Igreja e designou um jesuíta como primeiro bispo de Baltimore. Papa teve de enfrentar problemas gravíssimos, dentre os quais o jurisdicionalismo, contra Fernando IV de Nápoles e também contra o imperador José II, motivo pelo qual decidiu viajar para Viena (1782). Apesar da acolhida triunfal e de caráter moderado e conciliador, o resultado de sua viagem foi desprezível. Também teve problemas com os jansenistas de Scipione de'Ricci, no Grão-Ducado da Toscana (1780-1794) e um problema maior com a czarina Catarina II da Rússia, que se recusou a aceitar a abolição da Companhia de Jesus. Em relação à Revolução francesa, o papa condenou a constituição civil do clero (1791) e a conspiração jacobina nos Estados Pontifícios (1794). Obrigado a romper com a França, teve que pagar grande soma de dinheiro e dar várias obras de arte. Assistiu à derrota da Igreja na França e a apostasia de centenas de católicos na Revolução Francesa. Depois de constituírem a República Cisalpina no norte da Itália (1797) e de Napoleão ter imposto o tratado de Tolentino (1797), as tropas francesas invadiram Roma para vingarem o assassinato do general Duphot. Por ordem de Napoleão Bonaparte o papa foi levado como prisioneiro para Siena, depois para Florença e, por fim, para Valence, França, onde terminou seus dias na prisão. Este papa também é lembrado como um grande mecenas, protetor entre outros, de A. Canova e J. L David e promotor tanto do enxugamento dos Pauis Pontinos como da construção da estrada Velletri-Terracina. O papa de número 251 faleceu em Valence, e foi sucedido por Pio VII (1800-1823).



252 - Pio VII - 1800 a 1823

Luigi Barnabà Chiaramonti, Papa católico (1800-1823) nascido em Cesena, Estados Pontifícios, famoso por sua luta contra às ambições imperiais de Napoleão. De família aristocrática, ingressou na ordem beneditina com o nome Gregório. Nomeado bispo e cardeal de Imola (1758) pelo já então papa Pio VI, foi eleito como novo pontífice (1800), em Veneza, com o nome de Pio VII, em substituição a Pio VI que morrera em seu cativeiro, na França. Inicialmente aliado de Napoleão, através de um acordo político (1801), inclusive participando das festas de coroação do imperador francês (1804), essas relações se romperam completamente com a invasão da Itália pelos franceses e a anexação dos Estados Pontifícios (1809). O sumo pontífice excomungou os invasores e, aprisionado, foi levado a Fontainebleau e obrigado a assinar novo acordo, intimamente de nenhum valor pelo lado do papa. Após a derrota de Napoleão (1814), retornou em triunfo a Roma e o Congresso de Viena devolveu-lhe quase todos os Estados Pontifícios (1815). Estabilizado no poder, de então até morrer, em Roma, procurou adaptar o papado às condições políticas, intelectuais e sociais do mundo moderno, destacando-se a promoção de uma política de amizade com as nações européias, o restabelecimento da Companhia de Jesus e o reconhecimento dos movimentos por independência das colônias latino-americanos. Papa de número 252, foi eleito em substituição a Pio VI (1775-1799), foi substituído por Leão XII (1823-1829).        



253 - Leão XII - 1823 a 1829

Annibale Sermattei Della Genga, Papa Igreja Cristã Romana (1823-1829) nascido próximo à Spoleto, nos Estados Pontifícios, eleito em 5 de outubro (1823) para suceder Pio VII (1800-1823), que como homem bom e profundamente caridoso, fez com que as obras de Galilei fossem retiradas do Index, iniciou a reconstrução da basílica de São Paulo, destruída por um incêndio (1823) e entregou o Colégio Romano aos jesuítas. Ordenado sacerdote (1783), tornou-se bispo de Tiro e logo secretário particular do papa Pio VI. Foi enviado (1793) como núncio da Santa Sé em Lucerna, Suíça. No ano seguinte foi nomeado para o cargo similar em Colônia, Alemanha (1794) e, subseqüentemente, chefiou várias missões papais na corte alemã. Depois (1805) foi enviado à Dieta alemã e posteriormente exerceu o cargo de núncio em Munique e em Paris (1808-1814). Por causa de habilidade diplomática, foi encarregado pelo papa Pio VII de uma missão pessoal junto ao rei Luís XVIII, que recuperara o trono da França naquele ano, e justamente por isso entrou em conflito com o secretário de Estado, cardeal Consalvi, que pregava uma política reformadora. Em seguida, foi cardeal (1816) e vigário de Roma (1820). Com o apoio dos cardeais conservadores, de oposição às idéias de Consalvi, foi eleito sucessor de Pio VII, iniciando um pontificado marcado por um rígido conservadorismo. Celebrou o 20º Ano Santo (1825), promoveu a repressão do movimento sectário da Romênia, liderado pelo cardeal Rivarola e pelo monsenhor Invernizzi, e permitiu a condenação à morte de Targhini e Montanari, membros do carbonarismo, uma sociedade secreta e revolucionária que atuou na Itália, França e Espanha no princípio do Século XIX. Na política externa, reconheceu a independência das colônias espanholas na América. O papa de número 253, morreu em 10 de fevereiro (1829) em Roma, e foi sucedido por Pio VIII (1829-1830).


254 - Pio VIII - 1829 a 1830

AnniFrancesco Saverio Castiglioni, Papa da Igreja Cristã Romana (1829-1830) nascido em Cingoli, Macerata, perto de Ancona, eleito em 5 de abril (1829) sucessor de Leão XII (1823-1829), aos sessenta e oito anos de idade. Pertencente a uma família de nobres estudou na escola jesuíta de Osimo, e leis canônicas em Bolonha e Roma e tornou-se grande conhecedor de numismática e literatura bíblica. Em Roma associou-se com o mestre Devoti, e foi seu assistente na compilação de suas Institutiones (1792), e seu vigário geral quando o mestre foi nomeado bispo de Anagni. Foi nomeado (1800) bispo de Montalto, quando foi encarcerado por Napoleão em Pavía e Mantua, e logo depois de Cesena, por Pío VII (1800-1823). Foi nomeado cardeal (1816) e bispo de Frascati e Gran Penitenziere (1821) e, em seguida, prefeito da Congregazione dell'Indice. De mentalidade aberta, o seu curto pontificado de vinte messes foi marcado por acontecimentos notáveis. Por exemplo, foi aprovada na Inglaterra a Lei de Emancipação Católica (1829), mediante a qual os católicos podiam ocupar cargos públicos e postos nos parlamentos, e publicou Litteris altero abhinc (1830) a respeito do matrimônio. Apoiou a revolução pelo independência belga que levou ao surgimento da moderna monarquia européia da Bélgica. Tratou com o Sultão, em favor dos armênios, iniciou o correio vaticano e deu impulso às missões. O papa de número 254 morreu em Roma, e foi sucedido por Gregório XVI (1831-1846). No final de seu papado a França e a Itália mergulhavam em profunda onda de violência.



255 - Gregório XVI - 1831 a 1846

Bartolomeo Alberto Cappellari, Papa da Igreja Católica Romana (1831-1845) nascido em Belluno, território da República de Veneza, que eleito Papa em 6 de fevereiro (1831), adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia. Filhos dos nobres secundários Giovanni Battista e Giulia Cesa-Pagani, assumiu a vocação religiosa aos dezoito anos e tornou-se noviço (1783) como um noviço no monastério de Camaldolese, em San Michele di Murano, adotando o nome de Mauro, e três anos depois foi ordenado solenemente padre (1787). Demonstrando ser um jovem nível intelectual incomum, dedicou-se ao estudo de filosofia e teologia, e ensinar estes assuntos ao juniors de San Michele. Foi nomeado censor librorum de sua ordem e do Santo Escritório, em Veneza. Mudou-se para Roma (1792) onde morou no princípio em pequena uma casa no Piazza Veneta, e depois no grande monastério de São Gregório, na Colina de Coelian. Publicou Il trionfo della Santa Sede (1799), favorável a infalibilidade papal e a soberania temporal, depois do seqüestro (1798) e morte no exílio (1798) de Pio VI, pelo General Berthier, por ordem de Napoleão, no exílio a Valência. O trabalho atingiu três edições e foi traduzido em vários idiomas. Foi nomeado Abade Vicar de San Gregorio (1800), e abade daquela casa de ancião (1805). Voltou para Veneza e tornou-se professor filosofia das faculdades de Camaldolese, em Murano. Com a queda de Napoleão (1814), Pio VII voltou à Roma, e o monge foi chamado imediatamente para lá e foi nomeado consultor de várias Congregações, examinador de bispos e, novamente, abade de San Gregorio. Duas vezes lhe foi oferecido um bispado e duas vezes ele recusou. Coma morte (1823) de Pio VII foi eleito Leão XII, que dois anos depois o nomeou cardeal de San Callisto e prefeito da Congregação de Propaganda. Leão XII morreu (1829) e Pio VIII, seu sucessor no ano seguinte. Eleito papa adotou o nome de GregórioXVI, em honra a GregórioXV, o fundador de Propaganda. Em um período de grandes agitações políticas envolvendo países como Espanha, Holanda, Bélgica, França etc, pediu apoio às potências da Santa Aliança, como Rússia, Áustria e Prússia, para governar os Estados Pontifícios. Elevou a maioridade a vinte e um anos. Fundou o museu egípcio e etrusco. Ansiava pela fé da Igreja universal e combateu os erros doutrinários. Morreu em Roma, em 1º de junho, e foi sepultado na Basílica de São Pedro.




256 - Pio IX - 1849 a 1878

Giovanni Maria Mastai-Ferretti, Papa da igreja católica romana (1846-1878) nascido em Senigallia, Ancona, cujas ações mais marcantes no seu pontificado para a história do catolicismo foi proclamar o dogma da Imaculada Conceição (1854), condenar a ideologia liberal na encíclica Quanta cura (1864), ao mesmo tempo em que a autoridade do papa era declarada sobre toda a Igreja, e convocar o Concílio Vaticano I (1869), que estabeleceu o dogma da infalibilidade papal (1870). De origem nobre, preparou-se para uma carreira religiosa e tornou-se sacerdote (1819). Passou a trabalhar na cúria romana, esteve no Chile (1823-1825) acompanhando o núncio G. Muzi, tornou-se cônego em Roma (1827), depois bispo de Spoleto (1831) e de Ímola (1832), até que foi nomeado cardeal (1840). Eleito papa (1846), após a morte de Gregório XVI (1831-1846), adotou o nome dePio IX. Empreendeu uma intensa atividade missionária, sobretudo na África, e iniciou uma política reconciliadora em relação à Igreja ortodoxa. Tido como líder do movimento nacional italiano em função das reformas que promoveu no processo de unificação da Itália, após essa unificação (1848) procurou manter a independência dos Estados Pontifícios. Convocou eleições e criou um Parlamento em Roma, mas teve que fugir da cidade, perseguido pelos italianos, que queriam sua pátria unificada. Em seguida voltou sob a proteção da França e da Áustria e, nos anos seguintes, procurou reforçar a autoridade pontifícia. Resistiu aos revolucionários nacionalistas, liberais e republicanos, até que tropas italianas invadiram Roma (1870) e realizaram um plebiscito que determinou a incorporação da cidade ao reino da Itália. O papa declarou-se prisioneiro no Vaticano, onde ficou até sua morte, iniciando uma disputa que duraria mais de meio século (1870-1929). No plano teológico, proclamou o dogma da Imaculada Conceição em oito de dezembro (1854) com a bula Ineffabilis Deus, um dogma exclusivo da Igreja católica, o primeiro definido diretamente por um papa. Também proclamou o dogma da infalibilidade papal com a constituição dogmática Pastor aeternus, aprovada em 18 de julho (1870) no decorrer do Concílio Vaticano I. O Concílio Vaticano I (1869-1870), vigésimo concílio ecumênico da Igreja católica (1869-1870), foi convocado por ele com a bula Aeternis Patris de 29 de junho (1868). Foi aberto na basílica de São Pedro, no Vaticano, em 8 de dezembro de 1869. Já anteriormente, dois dias antes da publicação da encíclica Quanta cura e do anexo Syllabus complectens praecipuos nostrae aetatis errores, uma lista de oitenta proposições referentes aos erros do tempo. A aprovação da infalibilidade papal no concílio (533 votos a favor e 2 contra) favoreceu a unidade e a união da Igreja católica e a autoridade moral do papado, mas também despertou reações negativas, particularmente na Alemanha, onde os partidários de Döllinger constituíram a Altkatholische Kirche ou Igreja dos velhos católicos. Neste Concílio também foi aprovada na terceira sessão solene de 24 de abril (1870) a constituição dogmática Dei Filius, onde se afirmou a existência e o conhecimento de um Deus pessoal, a existência e a necessidade da revelação divina e tratou-se da essência da fé e das relações entre razão e fé. Devido à guerra franco-prussiana e à posterior ocupação de Roma, em 20 de outubro (1870) o papa suspendeu o Concílio com a bula Postquam Dei munere, que juridicamente só se encerrou com a convocação do Concílio Vaticano II. Papa de número 256, foi foi substituído por Leão XIII (1878-1903).



257 - Leão XIII - 1878 a 1903

Papa Leão XIII, OFS (nascido Vincenzo Gioacchino Raffaele Luigi Pecci Prosperi Buzzi; Carpineto Romano, 2 de Março de 1810Roma, 20 de Julho de 1903), foi Papa de 20 de Fevereiro de 1878 até à data de sua morte.
Foi ordenado sacerdote da Igreja Católica em 31 de dezembro de 1837, em 18 de janeiro de 1843 foi indicado Núncio Apostólico para a Bélgica e ordenado bispo titular de Tamiathis em 19 de fevereiro de 1843. Em 27 de julho de 1846 tomou posse como Arcebispo de Perugia, Itália, e em 19 de dezembro de 1853 foi criado cardeal com o título de Cardeal-presbítero de São Crisogno. Foi eleito papa em 20 de fevereiro de 1878 e coroado em 3 de março do mesmo ano.
Biografia
Primeiros anos

Foi o sexto filho dos sete filhos do Conde Lodovico Pecci e de sua esposa Anna Prosperi Buzi. Existiram algumas dúvidas sobre a nobreza da família Pecci, e quando o jovem Gioacchino solicita a sua admissão na "Academia dos Nobres em Roma", se reuniu com uma certa oposição, sob a qual ele escreveu a história de sua família, o que demonstra que os Pecci foram de Carpineto um ramo dos Pecci de Siena, obrigado a emigrar para os Estados Pontifícios na primeira metade do século XVI, em virtude de Clemente VII, porque haviam estado do lado dos Médice.
Aos oito anos de idade, juntamente com seu irmão Giuseppe, de dez anos de idade, foi enviado para estudar no novo centro educativo em Viterbo no seminário. Permaneceu ali seis anos (1818-24), e ali adquiriu aquela clássica facilidade no uso do Latim e do Italiano, justamente admirado em seus escritos oficiais e em seus poemas.
Grande parte deste crédito é devido ao seu mestre, o Padre Leonardo Garibaldi. Quando em 1824, o Colégio Romano foi restituído aos jesuítas Gioacchino e seu irmão Giuseppe estudaram ali humanidades e retórica. No final do curso de retórica Gioacchino foi escolhido para apresentar em latim o tema "O contraste entre pagãos e cristãos de Roma". Não com menor êxito foram os seus três anos de curso de filosofia e ciências naturais.
Permanecia ainda incerto quanto à sua chamada para o estado sacerdotal, apesar de que havia sido desejo de sua mãe que abraçasse o estado eclesiástico. Como muitos jovens romanos daquela época fossem destinados à carreira pública ele, no entanto se dedicou aos estudos de teologia, de direito civil e canônico. Entre seus mestres contava o famoso teólogo Perrone e o escriturista Patrizi. Em 1832 obteve o doutorado em teologia, após o que, após algumas dificuldades, pediu e obteve a admissão na Academia dos Nobres Eclesiasticos e iniciou os estudos de direito civil e canônico na Universidade de "Sapienza".

Episcopado
Pecci notabilizou-se primeiramente como popular e bem sucedido Arcebispo de Perugia, o que conduziu a sua nomeação como Cardeal em 1853. Em 20 de Fevereiro de 1878, foi eleito para sucessor do Papa Pio IX.

Pontificado
A Beata Maria do Divino Coração, condessa de Droste zu Vischering, influenciou o Papa Leão XIII a efectuar a consagração do Mundo ao Sagrado Coração de Jesus.
É frequente referir-se ao Papa Leão XIII pelas suas doutrinas sociais e econômicas, nas quais ele argumentava a falha do capitalismo e do comunismo. Ficou famoso como o "papa das encíclicas sociais". A mais conhecida de todas nessas matérias, a Rerum Novarum, de 1891, sobre os direitos e deveres do capital e trabalho, introduziu a ideia da subsidiariedade no pensamento social católico. Esta encíclica marcou o início da sistematização do pensamento social católico, chamado vulgarmente de Doutrina social da Igreja Católica e foi um contributo para o despertar de uma esquerda católica que se via no movimento do socialismo cristão. Este documento influenciou fortemente a criação do Corporativismo e da Democracia cristã.
Concedeu a Sua Alteza Imperial, a Princesa D. Isabel uma Rosa de Ouro, simbolo de generosidade por esta ter publicado a Lei Áurea, lei que extinguiu a escravidão no Brasil.
A bula Apostolicae Curae de 1896, afirma que as ordenações de diáconos, padres e bispos nas igrejas anglicanas, incluindo a Igreja Anglicana, não são válidas e, portanto, nulas. A Igreja Católica, no entanto, reconhece a validade de ordenações na Igreja Ortodoxa de Leste e Oriental.
No dia 11 de Junho de 1899, o Papa Leão XIII, sob a influência de algumas cartas recebidas por parte de uma religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade do Bom Pastor, a Beata Maria do Divino Coração, condessa de Droste zu Vischering, que, a residir em Portugal, recebeu inúmeras revelações privadas de Jesus Cristo, efectuou um acto de consagração solene de todo o género humano ao Sagrado Coração de Jesus. Tal facto veio a ocorrer logo após a publicação da Encíclica Annum Sacrum e próprio Papa chamou a essa consagração solene "o maior acto do meu pontificado".[1]
Dentre muitas outras publicou a encíclica Arcanum Divinae Sapientiae sobre os valores da família, onde faz a abordagem dos problemas relacionados com o matrimônio. Neste documento faz a defesa da indissolubilidade do casamento e críticas ao divórcio. Leão XIII condenou também a Maçonaria e, pela Carta Apostólica de 1899 Testem Benevolentiae, condenou a heresia chamada Americanismo.

Encíclicas publicadas

  • Ad Extremas (24 de junho de 1893)
  • Adiutricem (5 de setembro de 1895)
  • Aeterni Patris (4 de agosto de 1879)
  • Affari Vos (8 de dezembro de 1897)
  • Annum Sacrum (25 de maio de 1899)
  • Arcanum Divinae (10 de fevereiro de 1880)
  • Augustissimae Virginis Mariae (12 de setembro de 1897)
  • Au Milieu Des Sollicitudes (16 de fevereiro de 1892)
  • Auspicato Concessum (17 de setembro de 1882)
  • Caritatis (19 de março de 1894)
  • Caritatis Studium (25 de julho de 1898)
  • Catholicae Ecclesiae (20 de novembro de 1890)
  • Christi Nomen (24 de dezembro de 1894)
  • Constanti Hungarorum (2 de setembro de 1893)
  • Cum Multa (8 de dezembro de 1882)
  • Custodi di quella Fede (8 de dezembro de 1892)
  • Dall'alto dell'Apostolico Seggio (15 de outubro de 1890)
  • Depuis le Jour (8 de setembro de 1899)
  • Diuturni temporis (5 de setembro de 1898)
  • Diuturnum (29 de junho de 1881)
  • Divinum illud munus (9 de maio de 1897)
  • Dum Multa (24 de dezembro de 1902)
  • Etsi Cunctas (21 de dezembro de 1888)
  • Etsi Nos (15 de febrero de 1882)
  • Exeunte Iam Anno (25 de dezembro de 1888)
  • Fidentem Piumque Animum (20 de setembro de 1896)
  • Fin dal Principio (8 de dezembro de 1902)
  • Grande Munus (30 de setembro de 1880)
  • Graves de Communi Re (18 de janeiro de 1901)
  • Gravissimas (16 de maio de 1901)
  • Humanum Genus (20 de abril de 1884)
  • Iampridem (6 de janeiro de 1886)
  • Immortale Dei (1 de novembro de 1885)
  • In Amplissimo (15 de abril de 1902)
  • Inimica Vis (8 de dezembro de 1892)
  • In Ipso (3 de março de 1891)
  • In Plurimis (5 de maio de 1888)
  • Inscrutabili Dei Consilio (21 de abril de 1878)
  • Insignes (1 de maio de 1896)
  • Inter Graves (1 de maio de 1894)
  • Iucunda Semper Expectatione (8 de setembro de 1894)
  • Laetitiae Sanctae (8 de setembro de 1893)
  • Libertas (20 de junho de 1888)
  • Licet Multa (3 de agosto de 1881)
  • Litteras a Vobis (2 de julho de 1894)
  • Longinqua (6 de janeiro de 1895)
  • Magnae Dei Matris (8 de setembro de 1892)
  • Magni Nobis (7 de março de 1889)
  • Militantis Ecclesiae (1 de agosto de 1897)
  • Mirae Caritatis (28 de maio de 1902)
  • Nobilissima Gallorum Gens (8 de fevereiro de 1884)
  • Non Mediocri (25 de outubro de 1893)
  • Octobri Mense (22 de setembro de 1891)
  • Officio Sanctissimo (22 de dezembro de 1887)
  • Omnibus Compertum (21 de julho de 1900)
  • Pastoralis (25 de julho de 1891)
  • Pastoralis Officii (12 de setembro de 1891)
  • Paternae (18 de setembro de 1899)
  • Paterna Caritas (25 de julho de 1888)
  • Pergrata (14 de setembro de 1886)
  • Permoti Nos (10 de julho de 1895)
  • Providentissimus Deus (18 de novembro de 1893)
  • Quae Ad Nos (22 de novembro de 1902)
  • Quam Aerumnosa (10 de dezembro de 1888)
  • Quamquam Pluries (15 de agosto de 1889)
  • Quam Religiosa (16 de agosto de 1898)
  • Quarto Abeunte Saeculo (16 de julho de 1892)
  • Quod Anniversarius (1 de abril de 1888)
  • Quod Apostolici Muneris (28 de dezembro de 1878)
  • Quod Auctoritate (22 de dezembro de 1885)
  • Quod Multum (22 de agosto de 1886)
  • Quod Votis (30 de abril de 1902)
  • Quum Diuturnum (25 de dezembro de 1898)
  • Reputantibus (20 de agosto de 1901)
  • Rerum Novarum (15 de maio de 1891)
  • Saepe Nos (24 de junho de 1888)
  • Sancta Dei Civitas (3 de dezembro de 1880)
  • Sapientiae Christianae (10 de janeiro de 1890)
  • Satis Cognitum (29 de junho de 1896)
  • Spectata Fides (27 de novembro de 1885)
  • Spesse Volte (5 de agosto de 1898)
  • Superiore Anno (30 de agosto de 1884)
  • Supremi Apostolatus Officio (1 de setembro de 1883)
  • Tametsi Futura Prospicientibus (1 de novembro de 1900)
  • Urbanitatis Veteris (20 de novembro de 1901)
  • Vi è Ben Noto (20 de setembro de 1887)
A faixeta, por seu metal argente (prata) traduz: inocência, castidade, pureza e eloqüência. O cometa representa Nosso Senhor Jesus Cristo, "Luz do Mundo", numa referência ao Cântico de Simeão (Lc 2,32), e também faze alusão à escolha divina do Cardeal Pecci para Pastor Universal da Igreja, sendo de jalde (ouro) simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. As duas flores-de-lis ( no brasão familiar consta uma só), relembram a origem remota da família, na Província de Florença, sendo de argente (prata) têm o significado já descrito deste metal. Os elementos externos do brasão expressam a jurisdição suprema do papa.
  • As duas chaves "decussadas", uma de jalde (ouro) e a outra de argente (prata) são símbolos do poder espiritual e do poder temporal. E são uma referência do poder máximo do Sucessor de Pedro , relatado no Evangelho de São Mateus, que narra que Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Pedro: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu" (Mt 16, 19).
  • Por conseguinte, as chaves são o símbolo típico do poder dado por Cristo a São Pedro e aos seus sucessores. A tiara papal usada como timbre, recorda, por sua simbologia, os três poderes papais: de Ordem, Jurisdição e Magistério, e sua unidade na mesma pessoa. No listel o lema "Luz no céu" é mais uma referência ao ‘’Cântico de Simeão’’ (Lc 2,32): "Luz para iluminar as nações todas".

Bibliografia
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Referências

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258 - São Pio X - 1903 a 1914

Era o segundo de dez filhos de uma família rural da província de Treviso. Ordenado em , estudou e a obra de São Tomás de Aquino. Em 10 de Novembro de foi elevado a Bispo de , e em 1896 a Patriarca de Venezasendo eleito Papa em 4 de Agosto de 1903 com 55 dos 60 votos possíveis no conclave. O seu lema era "Renovar todas as coisas em Cristo", expresso na sua encíclica E Supremi Apostolatus Por esta razão, foi um defensor intransigente da ortodoxia doutrinária e governou a Igreja Católica com mão firme numa época em que esta enfrentava um laicismo muito forte e diversas tendências do modernismo, encarado por ele como a síntese de todas as heresias nos campos dos estudos bíblicos e teologia. Pio X introduziu grandes reformas na liturgia e codificou a Doutrina da Igreja Católica, sempre num sentido tradicional e facilitou a participação popular na Eucaristia. Foi um Papa pastoral, encorajando estilos de vida que reflectissem os valores cristãos. Permitiu a prática da comunhão eucarística frequente e fomentou o acesso das crianças à Eucaristia quando da chegada à chamada idade da razão. Promoveu ainda o estudo do canto gregoriano e do catecismo (ele próprio foi autor de um catecismo, designado por Catecismo de São Pio X). Criou a Pontifícia Comissão Bíblica e colocou as bases do Código de Direito Canônico, promulgado em 1917 após a sua morte. Publicou 16 encíclicas. Pio X não receou provocar uma crise com a França quando condenou o presidente francês por visitar Victor Emmanuel III, Rei de Itália, com quem a Igreja estava de más relações desde a tomada dos Estados Papais na unificação italiana, em1870. Entre as consequências deste embate cita-se a completa separação entre Igreja e Estado em França e a expulsão dos Jesuítas. Teve como secretário de Estado o famoso cardeal Merry del Val. Na lápide do seu túmulo na Basílica de São Pedro no Vaticano, lê-se: A sua tiara era formada por três coroas: pobreza, hum1954 por Pio XII. A Igreja celebra a sua memória litúrgica no dia 21 de Agosto. É actualmente o patrono dos peregrinos enfermos e é considerado por alguns, como o maior dos Papas do século XX, disputando tal título com o Papa João Paulo II. Foi o único Papa do século XX a ter tido extensa experiência pastoral ao nível da paróquia. Favoreceu o uso de termos vernaculares na catequese. O seu estilo directo e as denúncias de atropelos à dignidade humana não lhe trouxeram grande apoio por parte das sociedades aristocráticas europeias na época pré-Primeira Guerra Mundial. Brasão e Lema Descrição: Escudo eclesiástico. Campo de blau, com uma âncora de três ganchos de sable, filetada de argente, encordada de goles, posta em banda, pescante num mar de argente ondado de blau, posto em ponta. A âncora encimada por uma estrela de seis pontas de jalde. Em chefe, as armas patriarcais de São Marcos de Veneza, que é de argente com leão alado e nimbado, passante ao natural, sustentando um livro aberto que traz a legenda: PAX TIBI MARCE EVANGELISTA MEVS. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre duas chaves decussadas, a primeira de jalde e a segunda de argente, atadas por um cordão de goles, com seus pingentes. Timbre: a tiara papal de argente com três coroas de jalde. Sob o escudo, um listel de blau com o mote: INSTAVRARE OMNIA IN CHRISTO, em letras de jalde. Quando são postos suportes, estes são dois anjos de carnação, sustentando cada um, na mão livre, uma cruz trevolada tripla, de jalde. Interpretação: O escudo obedece ás regras heráldicas para os eclesiásticos. O campo de blau (azul) representa o firmamento celeste e ainda o manto de Nossa Senhora, sendo que este esmalte significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. A âncora é símbolo de esperança, estabilidade e resistência, sendo de sable (preto), traduz sabedoria, ciência, honestidade e firmeza. A corda de goles (vermelho) simboliza: o fogo da caridade inflamada no coração do Soberano Pontífice pelo Divino Espírito Santo, que o inspira diretamente do governo supremo da Igreja, bem como valor e o socorro aos necessitados, que o Vigário de Cristo deve dispensar a todos os homens. O mar ondado representa as águas revoltas da vida, por onde o Soberano Pontífice tem que conduzir a Igreja, a Barca de Pedro; seus esmaltes são blau (azul) que tem o significado acima descrito, e argente (prata) que traduz inocência, castidade, pureza e eloqüência. A estrela representa a Virgem Maria, Estrela da Manhã, que orienta os navegantes nos mares bravios da vida, sendo de jalde, simboliza: nobreza, autoridade, preVeneza relembra o tempo feliz que o pontífice passou como seu patriarca; sendo que a expressão "ao natural" é um recurso para se colocar o leão, naturalmente dourado sobre o campo de argente (prata), sem ferir as leis da heráldica. Os elementos externos do brasão expressam a jurisdição suprema do papa. As duas chaves "decussadas", uma de jalde (ouro) e a outra de argente (prata) são símbolos do poder espiritual e do poder temporal. E são uma referência do poder máximo do Sucessor de Pedro , relatado no Evangelho de São Mateus, que narra que Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Pedro: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu" (Mt 16, 19). Por conseguinte, as chaves são o símbolo típico do poder dado por Cristo a São Pedro e aos seus sucessores. A tiara papal usada como timbre, recorda, por sua simbologia, os três poderes papais: de Ordem, Jurisdição e Magistério, e sua unidade na mesma pessoa. No listel o lema "Renovar todas as coisas em Cristo" é uma expressão do propósito do pontificado de São Pio X, que empreendeu numerosas e admiráveis as obras para defender a Civilização Cristã, gravemente ameaçada.               


259 - Bento XV - 1914 a 1922

Giacomo Della Chiesa, que se tornou papa com o nome de Bento XV, nascido 21 de novembro de 1854 em Gênova, o terceiro de quatro filhos, pelo marquês Giuseppe (pertencente a uma nobre família cujas origens remontam aos tempos do St. Ambrose) e Marchesa Giovanna melhorada.

Aluno externo no seminário da sua cidade, 15 anos expressou o desejo de arrancar para o sacerdócio, mas seu pai o proíbe: ". Falaremos quando você tiver concluído seus estudos secular" Que é 2 de agosto de 1875 o jovem James, ele se formou em direito e, com o consentimento de seu pai, entra no Colégio Capranica em Roma, onde o padre sai 21 de dezembro de 1878. Assumindo que a Pontifícia Academia dos Nobres Eclesiásticos, onde são preparados para o serviço diplomático da Santa Sé os jovens membros de famílias patrícias, para Madrid em 1883 com as funções da Secretaria de Tíndaro Nunzio Mariano Rampolla, com quem ele cai em 1887, quando o 'Cardinal ilustre amarrado é criado e nomeado secretário de Estado de Leão XIII. Minutante e deputado ao secretário de Estado, com a Rampolla primeiro e depois com Rafael Merry del Val, o padre da Igreja cumpre a sua função com compromisso absoluto, dedicou-se ao ensino na Academia Diplomática da Nobles Pontifícia Eclesiástica, onde foi era um estudante.

Bispo consagrado pelo Papa Pio X na Capela Sistina, 22 de dezembro de 1907, o arcebispo da Igreja é destinado a liderar a diocese de Bolonha, onde chegou de forma inesperada na noite de 18 de fevereiro de 1908. Com o fervor que é certo - por várias partes tem sido chamado de " o homem do dever "- o sucessor do cardeal arcebispo Domenico Svampa é dedicado ao ministério pastoral com uma incansável e cuidados com uma sensibilidade excepcional, de modo que em 25 de maio 1914, é elevado à púrpura. Mas menos de três meses depois, em 20 de agosto, após um surto de pneumonia, morreu Pio X.

Eles são dramáticos dias. O mundo está chocado. Em 28 de julho a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia e de sua parte, a Alemanha declarou guerra à Rússia em 01 de agosto e 3 de agosto para a França. Em 4 de Agosto as tropas alemãs, para atacar a França, invadiu neutra Bélgica no mesmo dia a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha. Quase toda a Europa, praticamente, está envolvida em operações militares.

Conjuntura angústia que vê tantas pessoas opostas militares, que podem ascender ao trono de Pedro, mas um homem que conhece plenamente os problemas dos governos e da sociedade em guerra, um homem que tinha trabalhado por várias décadas e del Feliz Rampolla Val? É assim que o conclave que se reuniu em 31 de agosto ele foi eleito Papa - não fez absolutamente incrível - um cardeal cardeal nomeado por apenas três meses: Giacomo Della Chiesa, que - em memória de Prospero Lambertini, que o precederam como Arcebispo de Bolonha e Bispo - leva o nome de Bento XV. Desde o tempo é trágico, o novo Papa não quer que a consagração solene pontifical ocorre no tamanho notável da Basílica do Vaticano, mas a Capela Sistina. Mortes demais, lágrimas demais dilacerar a humanidade, como ele mesmo aponta na Exortação Ubi primum 08 de setembro orienta que " todos os católicos do mundo ":" Quando viramos a partir deste pico Apostólica olhos por todo o rebanho do Senhor confiados aos nossos cuidados, apenas o espetáculo terrível desta guerra que encheu a alma com horror e amargura, observando que grande parte da Europa, devastada por ferro e fogo, é vermelho com o sangue dos cristãos ... rezar e implorar fortemente aqueles que controlam o destino dos povos para colocar todas as suas divergências, no interesse da sociedade humana . "

O drama da guerra - nem poderia ser de outra forma - é a constante ansiedade que flagelaram Bento XV durante todo o conflito. A partir da primeira encíclica - Para Apóstolos mais abençoado 01 novembro de 1914 - como " Pai de todos os homens ", ele reclama que" todos os dias a terra está cheia de sangue novo e coberto com mortos e feridos . " Ela implora príncipes e governantes a considerar o espetáculo desolador apresentado por Europa, " o mais sombrio, talvez, os momentos mais trágicos da história . "

Infelizmente, sua invocação repetida a paz, recuperado do Evangelho de Lucas - " Paz na terra aos homens de boa vontade "- continua sem resposta. Quais são as razões? Ele identifica os principais: a falta de amor mútuo entre os homens, o desdém da autoridade, a injustiça das relações entre as diversas classes sociais, a propriedade tangível tornou-se o único objetivo da atividade humana.

A situação da Santa Sé, " prisioneiro "em Roma após 20 de setembro de 1870, quando fica séria Maio 24, 1915 Itália, que se manteve neutro durante quase um ano, vai para a guerra: os estados inimigo da Itália retirar seus representantes diplomáticos acreditados no Vaticano e transferi-los para a Suíça. No dia seguinte, 25 de maio, escrevendo ao Cardeal Serafino Vannutelli, decano do Sacro Colégio, Bento XV expressa a sua amargura sobre o fato de que seu apelo pela paz, até agora caído em ouvidos surdos: " A guerra continua a sangrenta da Europa, e evita até mesmo no chão e no mar por meio de ofensa contra as leis da humanidade e do direito internacional. E como se isso não bastasse, o terrível incêndio se espalhou para a nossa amada Itália, infelizmente, fazê-lo por medo de lágrimas e seguir os desastres que costumam acompanhar qualquer guerra . "

Em 28 de Julho, marca o primeiro aniversário da eclosão da guerra, ele dirige a todos os povos beligerantes e seus governantes exortação de coração a pôr fim ao " massacre horrendo de um ano desonra a Europa . " E na alocução do Natal mesmo de 1915, dirigido ao Colégio dos Cardeais, condena mais uma vez, a regressão anti-cristã da civilização humana, o que reduziu o mundo a " ossário eo hospital ".

O Pontífice, armado com o mais alto poder espiritual, no entanto, é impotente contra o conflito continua. Mas ele não desiste, e enquanto ele se esforça para ajudar as pessoas e as regiões mais afetadas, e estimular o envio de socorro para as crianças morrendo de fome, os feridos e prisioneiros, 24 de dezembro de 1916, falando para o Sacro Colégio dos Cardeais, mais uma vez invocando " o paz justa e duradoura que deveria pôr fim aos horrores da guerra . " Em vão: a tragédia continua em campos da morte, mas também não dá Bento XV e 01 de agosto de 1917 enviada aos líderes da exortação povos em guerra, o Dès début , o que indica soluções específicas, como para pôr fim à " inútil massacre ". A expressão do Vigário do Príncipe da Paz, evidentemente, mal interpretado, que o consenso dá origem a mais protestos. Enquanto o Pan-alemães consideram um instrumento para arrancar a vitória das mãos de impérios agora rodando a alta potência em Itália e na França existem aqueles que acha que é a serviço da Alemanha e seus aliados, tanto que define Bento XV em Georges Clemenceau " Pape Boche "(o" Papa alemão "). É a amargura daqueles que olham o mundo com olhos de seu pai!

Um pouco de alegria, porém, o Pontífice da Igreja foi capaz de desfrutar mesmo nesse período em que o Touro Mater Providentissima de 27 de maio, 1917 promulga o novo Código de Direito Canônico , já defendida pelo Vaticano e queria por Pio X, e quando - especialmente atenta aos problemas das Igrejas Orientais - o motu proprio De Providenti de primeiro de maio de 1917 que institui a Sagrada Congregação para a Igreja Oriental, eo Motu Proprio Orientis Catholici de 15 de outubro de 1917 em Roma, ele fundou o Instituto Pontifício de Estudos Orientais, de largura, com uma biblioteca com obras específicas adjacentes.

Outras delícias que satisfazem o seu espírito religioso decorrentes da homilias que ele próprio - entre os seus sacerdotes, o bispo - dedicada anualmente aos párocos e sacerdotes que pregam em Roma durante a Quaresma. Referindo-se à mensagem que Jesus deu aos Apóstolos - " Vai, pregar o Evangelho a toda criatura "- Bispo Bento aconselha que seus funcionários objectivo não tanto para corrigir o intelecto, como" a reforma do coração. De fato, a mesma correção dos erros da mente deve ser orientada para a melhoria da vida prática dos ouvintes . " Neste inspirada por São Paulo que, depois de falar aos fiéis de Corinto, disse que sua pregação não era baseada unicamente em discursos da sabedoria humana.

O fim da guerra, incessantemente invocada pelo Papa, e desejado pelo povo, não só agora mas também por alguns chefes de Estado e de Governo, finalmente chega no segundo semestre de 1918. Bento XV, que dedicou tanto esforço para atenuar o flagelo do imenso, continuando seus esforços para ajudar os mais afetados, com a Encíclica Paterno iam diu de 24 de novembro de 1919 convida a todos os que se preocupam com a humanidade para oferecer dinheiro, alimentos e roupas, especialmente para ajudar as crianças, a categoria mais exposta.

Obviamente a atenção do Papa é também dedicado à obra da Conferência Internacional da Paz - inaugurado em Paris em 18 de Janeiro de 1919 e destinada a terminar com o Tratado de 28 de junho de 1919 - para o sucesso de que, com a encíclica Quod iam diu 01 de dezembro de 1918, convidou os católicos a rezar ao redor do mundo, na esperança de que os delegados adotar decisões baseadas em princípios cristãos da justiça.

Ciente das tarefas dadas ao serviço das almas em todo o mundo, com a encíclica Maximum illud de 30 de novembro de 1919 Bento XV dedica seu trabalho a atenção elevada dos missionários que, às vezes correndo o risco de sua vida, são chamados para pregar o Evangelho a toda criatura. Insta os arautos da palavra divina para realizar o seu apostolado árdua com todo o entusiasmo que a caridade cristã deve, compromisso de preparar um clero nativo pode administrar-se.

Dedicada a grandes figuras que honraram a Igreja, durante as celebrações especiais ilustra documentos de análise da vida e dedicação aos ideais de pessoas religiosas que merecem ser apontado à mercê de todos: Margarida Maria Alacoque (Endereço não ir muito longe na 6 janeiro 1918 e Bol. Ecclesiae consuetudo de 13 de maio de 1920), St. Boniface (encíclica Em hac muito de 14 de maio de 1919) Joana D'Arc (Bull Divino instituidor de 16 de maio de 1920), São Jerônimo (Encíclica Paraclitus Spiritus de 15 de setembro de 1920) , Efrém da Síria (Encíclica Princípios dos Apóstolos em 05 de outubro de 1920), São Francisco de Assis (Encíclica Sacra propediem de 06 de janeiro de 1921), Dante Alighieri (Encíclica praeclara Em o 30 de abril de 1921), Dominic (Encíclica apetite Fausto , de 29 de junho 1921).

Bento XV, amargurado por queixas que dividem as pessoas, mesmo após o fim da guerra, se pergunta por que tantas hostilidades podem sobreviver quando o ensinamento de Cristo - e da Encíclica Pacem, Dei munus de 23 de maio de 1920 explicitamente afirma isso - diz claramente, sempre, que todos os homens na terra devem ser considerados irmãos.

Infelizmente, mesmo se a maioria silenciosa internacional de armas, o ódio de partido e classe são expressas com a violência dramática na Rússia, Alemanha, Hungria, Irlanda e outros países. Os riscos infeliz Polônia ser oprimido pelos exércitos dos bolcheviques, e da Áustria " foi dividido entre os horrores da pobreza e do desespero ", escreve o janeiro Papa 24, 1921, implorando a intervenção dos governos que são inspirados por princípios de humanidade e justiça povo russo, atingidas pela fome e as epidemias, está experimentando uma das catástrofes mais terríveis da história, a tal ponto que - como foi observado por Bento XV, em uma epístola de 5 de agosto de 1921 - " da bacia do Volga muitos milhões de pessoas dependem, antes da morte mais terrível, resgatar a humanidade . "

Mesmo na Itália, onde sobrevivem entre o Estado ea Santa Sé contrastes nasceu como resultado dos confrontos de Porta Pia, em 1870, grupos políticos estão em conflito. , A fim de mitigá-los - com visualização recomendáveis ??da Concordata de Latrão para ser assinado em 11 fevereiro, 1929 - O Papa, falando março 1919 para as comissões diocesanas da Itália, de fato desfazer o " expedit não "que, após o decreto de 10 de setembro 1874 da Sagrada Penitenciaria, proibiu os católicos a participar nas eleições e política em geral. Leva o corpo, por isso, espero que os católicos vão oficialmente organizada, de modo que o sacerdote siciliano, Luigi Sturzo, em 1919, apelando " para o forte e livre ", pode dar vida ao Partido Popular Italiano, e Padre Agostino Gemelli, em Milão pode ser a base Pontifícia Universidade Católica do Sagrado Coração de Jesus, confortado pelo Papa com a epístola Romanos Semper Cum em 09 de fevereiro de 1921.

Mas a situação briguento, turbulento e sangrento domina Itália impede que todos os partidos, incluindo aquela fundada pelo Sturzo, para realizar suas atividades de forma livre e democraticamente. Bento XV, ele é tão angustiado e preocupado que 25 de julho de 1921, com seus autógrafos, os italianos convidados a recitar a oração, ó Deus de bondade , que ele compôs, com a qual ele invoca o Senhor e Nossa Senhora de promover a reconciliação nacional e harmonia no país " em que ele sorriu como a piedade cristã, e que foi o berço de toda a cortesia . " A todos os fiéis a recitar esta oração todas as vezes, será concedido uma indulgência de 300 dias.

Só uma fé genuína e pode orientar a ação do ilimitado Papa da Igreja, chamados a trabalhar em um dos momentos mais difíceis e dramáticos da história humana. Ele tinha muito pouca satisfação. Antes de morrer regista com satisfação que os Estados legítimos acreditado junto da Santa Sé - catorze anos na época de sua eleição - têm subido para sete. Ele também descobre que o 11 de dezembro de 1921 foi inaugurado em praça pública uma estátua de Constantinopla dedicadas a ele, ao pé da qual está escrito:

" O grande Pontífice trágico tempo do mundo Bento XV benfeitor do povo , sem distinção de nacionalidade e religião em reconhecimento do Oriente 1914-1919 . "

Doente com pneumonia, falece 22 de janeiro de 1922.


260 - Pio XI - 1922 a 1939


Papa Pio XI (em italiano: Pio XI, em latim: Pius PP. XI; OFS, nascido Ambrogio Damiano Achille Ratti; Desio, Província de Milão, 31 de Maio de 1857 - Vaticano, 10 de Fevereiro de 1939). Foi bibliotecário da Biblioteca Ambrosiana em Milão [1] e Papa entre 6 de Fevereiro de 1922 e a data da sua morte.

Pontificado

Em 12 de fevereiro de 1931 inaugura, na presença de Marconi a Rádio Vaticana e envia em língua latina ao mundo a mensagem Quid arcano Dei.

Publicou a encíclica Quas Primas que estabelece a festa de Cristo Rei. Em 1929, a Santa Sé assinou o Tratado de Latrão com o governo italiano de Mussolini. De acordo com o tratado, o Estado do Vaticano tem soberania plena sendo um enclave na cidade de Roma; em troca o Vaticano renuncia aos seus antigos territórios (Estados Papais). Resolvendo assim, a chamada "Questão Romana" que já havia sido, antes, objeto da encíclica Ubi arcano, na qual o papa dizia que "a Itália não tem e não terá o que temer da Santa Sé."

Neste tratado, ficou dito expressamente que a Santa Sé "reconhece o Reino da Itália sob a dinastia da Casa de Savóia com Roma sendo a capital do Estado Italiano e de outra parte a Itália reconhece o Estado da Cidade do Vaticano sob a soberania do Summo Pontífice." Assim, Papa Pio XI tornou-se Chefe de Estado, o primeiro desde a queda dos Estados Papais durante a unificação de Itália no século XIX. Pio XI buscando, ainda, o reconhecimento internacional, sobre esta questão específica, celebrou ainda mais onze concordatas e cinco acordos internacionais.

A relação com o governo fascista de Mussolini deteriorou-se drasticamente nos anos seguintes. Como consequência, Pio XI publicou a encíclica Non abbiamo bisogno (1931), escrita especificamente em língua italiana, em que critica o fascismo. A sua morte continua envolta em mistério, uma vez que Pio XI morreu pouco depois de ter criticado abertamente o regime fascista de Mussolini.
A Questão social

Em 1931, ainda, publica outra encíclica: Quadragesimo anno motivado pela Grande Depressão de 1929 e por ocasião dos quarenta anos da encíclica Rerum Novarum de Leão XIII. Neste documento, reitera a condenação do comunismo, faz também forte crítica do socialismo, inclusive do "socialismo moderado" e o considera inteiramente incompatível com a prática e a fé católica, neste mesmo documento condena os abusos do capitalismo e do livre mercado, a concentração de renda e de poder e afirma que sem justiça social e a caridade e sem atenção à reta razão e aos preceitos evangélicos não se terá uma ordem econômica justa. Chama a atenção do papel do Estado para estabelecer regras e coibir os excessos do livre mercado.

Em 1937 sai a encíclica Mit brennender Sorge que condena a ideologia nazista.[2] Esta encíclica foi escrita especificamente em língua alemã, levada à Alemanha em segredo lá foi impressa e distribuída, ainda em segredo em todas as paróquias e lida num mesmo dia, durante a missa dominical, em todas as igrejas católicas do país.

A leitura simultânea da encíclica nos púlpitos provocou grande impacto e forte retaliação do governo nazista contra os católicos, o clero e as instituições da Igreja. Somente depois é que o mundo teve conhecimento do seu conteúdo. Adotou-se este procedimento por antever-se que, se publicada em latim em Roma, a censura nazista impediria o acesso a ela pelo povo alemão e não produziria o efeito e nem teria o alcance desejado.

Neste mesmo ano de 1937, ao mesmo tempo que condenava o nazismo, fazia também pública e solene condenação do comunismo através da encíclica Divini Redemptoris e propondo a Doutrina Social da Igreja como remédio para os males do seu tempo.
Dioceses

Pio XI criou várias dioceses, entre elas a Diocese de Santos em São Paulo; Diocese de Ponta Grossa, Diocese de Jacarezinho, Prelazia de Foz do Iguaçu e a Arquidiocese de Curitiba, todas elas no estado do Paraná, no Brasil.

 

261 - Pio XII - 1939 a 1958

Eugenio Maria Giuseppe Pacelli, que se tornou papa como Pio XII, nascido em Roma, 2 de março de 1876, filho de Filippo Pacelli e Graziosi Virginia. Esta é uma família muito familiar para os escritórios de advocacia da Romana Curia, como seu pai era reitor de advogados Consistorial e seu irmão, Francesco, foi consultor jurídico da Santa Sé e membro da Comissão do Vaticano que preparou o desenho dos Pactos Lateranenses.
Estudante na Pontifícia Universidade Gregoriana e na Universidade do Seminário Romano dell'Apollinare por razões de saúde, ele viveu com sua família e não faculdades. Após obter seu diploma com honras em teologia e jure utroque , ordenado 02 de abril de 1899, foi imediatamente contratado como escriturário pelo Secretário de Estado da Santa Sé e usado na Congregação de Assuntos Eclesiásticos Extraordinários, que se tornou subsecretário de 1911 e secretário em 1914, e onde ele era admirado como um colaborador do cardeal Pietro Gasparri na elaboração do Código de Direito Canônico , promulgado em 1917 pelo Papa Bento XV.
No mesmo ano, enquanto luta contra a Primeira Guerra Mundial, foi nomeado Arcebispo de o proprietário registrado de Sardes (Anatólia) e do Núncio Apostólico em Mônaco da Baviera, onde trabalhou para ajudar os prisioneiros e da população alemã esgotado pelas dificuldades de conflito e derrota militar.
Em 1920 foi nomeado Núncio para a nova República da Alemanha decretado pela Assembléia, em Weimar, e trabalhou neste escritório a celebrar acordos de a Santa Sé e da Baviera (1925) ea Prússia (1929).
16 dez 1929 Criado cardeal pelo Papa Pio XI e recordou a Roma, 07 de fevereiro de 1930 ele foi apontado como o sucessor do cardeal Gasparri Secretário de Estado. Em nome do Papa, entre outros apreciado seu colaborador no conhecimento considerável de muitas línguas, Pacelli interveio como legado papal para o Congresso Eucarístico em Buenos Aires (1934) e Budapeste (1938), as comemorações de Lourdes (1935) e Lisieux (1937) e outras missões especiais, entre os quais vale a pena recordar que em 1936 os Estados Unidos, onde teve conversas com o presidente Roosevelt. Seu profundo conhecimento de alemão ocupou-lo para a realização da Concordata da Santa Sé com a Alemanha de Hitler (1933), embora ela temia deixar o acordo de falência. Ele, no entanto, serviu para proteger de alguma forma o mundo católico do Reich nazista.
Depois da morte de Pio XI, 10 de fevereiro de 1939, em 1 de março, depois que abriu o conclave que elegeu o dia depois de o novo Papa Pio XII. Este é o nome escolhido por Eugenio Pacelli, que assim começou o seu longo pontificado (19 anos, de 1939 a 1958), um dos pontificados mais difíceis e dramáticos entre muitos que a Igreja recorda o curso de dois milênios.
Um homem de grande experiência diplomática, ele adverte que espera que um dos períodos mais conturbados da história. Desde sua primeira operação, a Rádio Gravissimum Dum de 03 de março de 1939 dirigida ao mundo inteiro, ele expressa sua preocupação com o que é temido: " Nestas horas de ansiedade, enquanto muitos problemas parecem impedir a realização da paz verdadeira, que é o ' aspiração mais profunda de tudo, nós voltamos nossa, apelando para Deus, uma oração especial para todos aqueles cuja tarefa é a maior honra eo pesado fardo de liderar o povo no caminho da prosperidade e de progresso civil . "
Enquanto confidenciais via diplomática afeta muitos líderes políticos, incluindo Franklin Delano Roosevelt e Benito Mussolini, o cuidado de evitar a guerra, em 2 de junho em frente ao Colégio Sagrado renova o seu apelo a Deus ao coração dos governantes e dos povos utilizar a respiração paz.
Infelizmente, o perigo de sangrento conflito internacional se torna mais insistente, tanto que 24 de agosto de 1939 Pio XII dirigida ao mundo inteiro na Rádio Uma hora grave , com o qual levanta mais uma vez a paz: " É pela força da razão, não com armas, que a Justiça faz o seu caminho ... A emancipação política da moralidade trai as pessoas que assim o desejarem. O perigo é iminente, mas ainda há tempo. Nada se perde com a paz. Tudo pode ser perdido com a guerra . "
Mesmo a exortação dirigida aos Governos de 31 de Agosto Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Polônia, pois reduz a tensão no curso continuará a ser inédito. No dia seguinte, 1 de setembro de 1939, começará a Segunda Guerra Mundial com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista. Em 3 de setembro a Grã-Bretanha ea França declaram guerra à Alemanha. Nos meses após o conflito vai investir quase todos os países europeus: Finlândia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Albânia, Grécia, Bulgária, Iugoslávia. Em 10 de junho de 1940, a Itália, um aliado da Alemanha, declara guerra à França e Grã-Bretanha. Quatro dias depois, as frotas britânicas e francesas bombardeiam Genoa do mar. Em 7 de Dezembro de ar 1.941 japoneses e forças navais atacaram os EUA na base naval de Pearl Harbor. O conflito tornou-se global.
Na situação dramática e trágica que vem tornando-se gradualmente determinado, Pio XII usa nobre -, mas insuficiente - instrumentos disponíveis. Em 20 de outubro de 1939 dirigida aos prelados da Igreja sua primeira encíclica, o Pontificatus Summi , com a qual ele expressa sua angústia pelo sofrimento que eles vão cair sobre as pessoas, famílias, da sociedade. Na " hora das trevas "caiu sobre a humanidade, ele te convida a rezar para que a tempestade se acalmar, e os bandidos são os espíritos da discórdia que levou ao conflito sangrento.
Os recursos disponíveis para a comunicação social são poucos. Tradicionais, ou seja, os escritos utilizados para as encíclicas, as Epístolas e as bolhas, ultrapassar as objecções e dificuldades com as fronteiras dos Estados em guerra uns contra os outros. Por intuição, o Papa, (seguindo o exemplo de Pio XI inaugurou 12 de fevereiro de 1931 com o rádio Deuses Aqui arcano dirigida pela Rádio Vaticano, para toda a humanidade), utiliza o meio de freqüência de rádio com louvável que a nova técnica tem disponível. Cerca de 200, incluindo o Natal, mensagens de rádio são enviados por ele para o mundo em diferentes línguas: latim, espanhol, francês, Italiano, Inglês, Alemão, Português. Se você considerar que a difícil tarefa de Pio XII, textos orais já referido, prevê a elaboração de documentos escritos, como encíclicas de ligação (menos de 41!), As Epístolas, as cuecas, o Motu Proprio, os touros, é claro que o "impressionante conjunto de trabalhos que ele tem se dedicado durante muitos anos.
Executor fiel da palavra de Cristo, na terrível tempestade que atingiu o mundo, o Papa Pacelli trabalha com todos os meios disponíveis para aliviar os sofrimentos das pessoas deslocadas, refugiados, bombardeadas, os famintos, os perseguidos, os judeus, tanto na Itália e no exterior. Como Bispo de Roma foi pessoalmente em julho e agosto de 1943 nos bairros populosos de San Lorenzo e San Giovanni para trazer conforto para as vítimas do bombardeio anglo-americano.
Mas o político-ideológico engajá-lo muito. Contra o nazismo despótica e violenta, fortemente condenado pelo Papa Pio XI 14 março, 1937 a encíclica Mit Brennender sobe , mesmo Pio XII interveio várias vezes com diferentes mensagens, especialmente com o Natal de 1942 (como ele vai se lembrar 02 de junho 1945 falar com o College). Na ocasião, ele havia definido como inexplicável em algumas regiões de muitas disposições para atravessar a rua para a mensagem da fé cristã, e conceder passagem gratuita para um tão grande e propaganda das lutas. Subtraia a juventude para a influência benéfica da família cristã e alienados da Igreja na doutrina de um espírito avesso a Cristo, concepções instillandovi, anti-cristãs máximas e práticas; tornar difícil e conturbado trabalho da igreja no cuidado das almas e ações de caridade ; repudiar e rejeitar a sua influência moral sobre o indivíduo ea sociedade ". A amargura do Papa piora notar que estas disposições angustiante, longe de ter sido mitigado ou abolidos durante a guerra, foi ocasionalmente inasprendosi. Muitas vezes, ele trabalha para expor a infâmia do conflito em curso. Alocução na desolação, de 12 de marco, 1944 dirigida aos refugiados e andarilhos sem casa, ele aponta as conseqüências desastrosas do flagelo que não conhece a guerra ", nem a lei nem freios " . E alocução agora é passado a 02 de junho de 1944, ele repetiu seu grito de " Guerra contra a guerra "contra a terrível tragédia que" atingiu níveis e formas de atrocidades que choque e horrorizar todos os sentidos humanos e cristãos ". Em favor dos judeus, o ódio de dall'insensato bater uma doutrina louco racista, ele carrega uma preciosa obra de caridade, que será testemunhado por oitenta delegados de campos de concentração alemães em que a audiência especial a de novembro do Vaticano 29, 1945 thank you " em pessoa, o Santo Pai por ele para a generosidade demonstrada para com os perseguidos durante o terrível período do nazi-fascismo " .
Somente a paz e segurança no conjunto pode garantir a justiça para as pessoas de direito público em conformidade com as necessidades fundamentais da consciência humana e cristã. Estes são conceitos que Pio XII repetido 09 de maio de 1945 na Rádio Aqui, finalmente, com o qual, depois da guerra, ajoelhando-se " em espírito diante dos túmulos, para as ravinas perturbar e vermelhas com o sangue, onde repousam os restos de inúmeras pessoas que caíram vítimas a luta ou o inumano massacres, fome ou miséria "recomenda a todos a Cristo em suas orações. Ela convida você para começar de novo: " Fugata por terra, por mar, a morte insidiatrice ar, agora garantidos pela ofensa de braços com a vida dos homens, criaturas de Deus, eo que resta deles ativos privados e comuns, o Os homens podem agora abrir sua mente e alma à construção da paz. " Mas, mesmo naquele dia fatídico, ele vê o caminho que a Europa terá de enfrentar: problemas e dificuldades gigantescas ", que devem prevalecer se queremos preparar o caminho para a verdadeira paz, que por si só pode ser duradouro . " Com a visão de moda antecipatória, desde 1940, disse em Obrigado, Veneráveis ​​Irmãos , 24 de Dezembro, ele declarou que, após o fim da guerra, a Europa não era mais a frente para o conflito, e ele mostrou em detalhes as condições necessárias para o novo sistema, baseado em padrões de moralidade. Evidentemente ela adivinhou o que aconteceria em seguida.
A conclusão da guerra de 1939-1945, que viu a União Soviética entre as potências vitoriosas, abre a expansão do comunismo entre as nações da Europa Central e Oriental e China, bem como em outros países, incluindo França e Itália . Já alocução Congratulando-se com o 05 de junho de 1945 o Papa condena a violência brutal exercida sobre as nações de médio e pequeno para que querem impor um novo sistema político ou a cultura que a grande maioria das suas populações rejeita categoricamente: " Infelizmente tivemos que lamentar em mais de uma região dos sacerdotes que matam, a deportação de civis, os cidadãos massacres sem julgamento ou de vingança privada, e não menos triste é a notícia que recebemos da Eslovénia e da Croácia . " A passagem do tempo não melhorar a situação, de modo que 24 de dezembro de 1946, falando ao Sacro Colégio , notas de Pio XII que, em vez de avançar em direção a uma paz real, em grandes regiões, especialmente na Europa, as pessoas estão em um estado agitação constante, " que de uma forma mais ou menos perto das chamas poderiam surgir de novos conflitos " .
Na verdade, a Europa está dividida em duas: uma que nasce " Guerra Fria "que o Papa Pacelli descreve de forma tão eficaz na Mensagem Ecce ego declinabo de 24 de dezembro de 1954: " É impressão comum de que o principal fundamento sobre o qual o estado atual de relativa calma, o medo é. Cada um dos grupos, em que a família humana é dividida, que não toleram o outro, porque não pretende destruir-se. Evitando assim o risco fatal, ambos os grupos não vivem juntos, mas coexistem. Não foi uma guerra, mas também não é paz: é uma paz fria " . É também um acordo tácito em que o comunismo tem responsabilidades específicas, tais como o Papa diz explicitamente em Natal Rádio Com o coração aberto em 1955: " Nós rejeitamos o comunismo como um sistema social em virtude da doutrina cristã, e devemos afirmar os próprios fundamentos do direito natural ' . Nem, diz o Papa, você pode considerar o comunismo como uma etapa necessária na história, e depois aceitá-lo quase como decretado pela Providência.
Enquanto isso, com vencimento em Hungria veio um caso dramático que varreu todo o mundo. O primaz da Igreja Católica, o cardeal Joseph Mindszenty (anteriormente preso por vários meses no Outono de 1944 pelos nazistas por sua postura independente e anti-racista), 27 de dezembro de 1948 foi preso pelos comunistas húngaros sob a acusação de traição e conspiração contra da República. A 8 de fevereiro de 1949 foi condenado a prisão perpétua. Pio XII protestou energicamente várias vezes. Em particular, ele aborda o episcopado húngaro 02 de janeiro de 1949 , o corpo diplomático se reuniram em audiência plenário 16 de fevereiro de 1949 após a decisão do Tribunal de Budapeste, para uma multidão de católicos reunidos na Praça de São Pedro, 20 de fevereiro de 1949. Ele não desiste. Por decreto do Santo Ofício em 01 julho de 1949 excomunhão do comunismo ateu, e 29 de junho de 1956 dirigida à hierarquia católica na Europa Oriental a Epístola Apostólica alma maerenti Dum , com o qual a denúncia uma vez que as condições miseráveis ​​em que localizado nessas regiões do mundo católico: direitos espezinhados, associações reprimidos e dispersos, bispos e sacerdotes presos, exilados ou impedido, incitações ao cisma. A acusação contra os eventos Papa luttuosissimi onde você bate a Hungria é constante, de modo que 28 de outubro de 1956, ele dirige até um dos Bispos Encíclica de todo o mundo deverá ser inaugurado em orações públicas, para que " as pessoas queridas húngaro, aflitos com muitas dores e molhados de tanto sangue, bem como outros povos da Europa Oriental privados de sua liberdade, feliz e em paz a ordem correta de seus assuntos públicos " . A invocação do Papa, confiada a um documento internacional de muito valor, induz as autoridades húngaras para garantir a liberdade, 31 de outubro de 1956, o cardeal Mindszenty, que cumpriu oito anos de prisão. As alegra Papa e manifesta a sua alegria, enviando um telegrama ao cardeal voltou para sua missão.
Enquanto envolvida em uma miríade das necessidades espirituais e políticas organizacionais de seu ministério, Pio XII também tem sido acompanhado de perto os eventos científicos do seu tempo. Na Radio Na luz do amanhecer e pronunciado 24 de dezembro de 1941, durante a guerra, ele elogia os progressos que " dom de Deus "e recorda que a Igreja, a mãe de muitas universidades europeias, ainda exaltado e reúne os melhores professores preparados da ciência . Da mesma forma, na alocução reunir novamente em 8 de fevereiro de 1948 ele elogiou calorosamente os esforços dos cientistas, superando muitas dificuldades e mil obstáculos, têm vindo a compreensão mais profunda das leis que afetam a formação e desintegração do átomo, dando origem a chamada " era atômica ". E no programa de Natal em 24 de dezembro de 1953 , ele amplia a técnica moderna, que leva o homem à perfeição já alcançada no domínio do mundo material: " Abraçando um olhar os resultados dessa evolução, parece compreender a natureza do consentimento satisfação com o homem que trabalhou nele, e estímulo para prosseguir na investigação e utilização de capacidade extraordinária " .
De acordo com essas crenças, Pio XII dedicou sua grande atenção aos meios de comunicação social. Usuário experiente de mensagens de rádio, que foi amplamente servidos durante a guerra para substituir textos tradicionais, quando a televisão italiana está prestes a começar as suas emissões regulares, 4 de janeiro de 1954 ele enviou aos Bispos da Exortação Itália com o qual destaca os novos " meios maravilhosos oferecidos pela ciência e tecnologia para a humanidade ", mas ao mesmo tempo convidá-los a serem vigilantes sobre os danos que possam resultar dele. Da mesma forma, 06 de junho de 1954 quando o Conselho é constituído " Europa TV ", que inclui rádio e televisão na Itália, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca e Grã-Bretanha, 6 de junho de 1954 o Papa cumprimenta com alegria nas diferentes línguas 'evento : o espectador pode perceber ao vivo sobre a face dos oradores e atores até as nuances mais sutis de seus sentimentos. E ele está tão convencido da importância de novas formas de comunicação, que 16 de dezembro de 1954 que institui a Comissão Pontifícia para rádio, cinema e televisão, que confia a tarefa de estudar os problemas das atividades que estão relacionadas com fé e moral.
Apesar de seus muitos compromissos, 21 de junho de 1955, ele dá uma audiência solene com representantes da indústria cinematográfica italiana para destacar a extraordinária importância da arte nova, que depois de sessenta anos desde a primeira projecção tem garantido o poder de convocar, na escuridão das salas muitos milhares de milhões de pessoas, com responsabilidade óbvia para os produtores, em 11 de Outubro de 1955 sobre a ocasião do 60 º aniversário da descoberta da radiotelegrafia envia uma celebração da rádio Guglielmo Marconi cientistas ocorreu em Gênova na terceira Conferência Internacional das Comunicações, 21 de outubro 1955 recebeu em audiência os participantes na assembleia geral da União Europeia de Radiodifusão, que - com foco no desenvolvimento de novos meios de comunicação - estabelece os critérios e as normas de ordem moral e social que deve animar todos os envolvidos no , 28 de outubro de 1955 recebe um grande grupo de cineastas da Itália, Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Espanha, EUA, Suécia e Suíça, que é recomendado usar o filme como um meio de educação, elevação e melhorias.
A necessidade de iluminar o mundo católico sobre os problemas decorrentes de novas formas de comunicação, induzida por Pio XII para enfrentar a hierarquia da Igreja e até mesmo uma encíclica muito articulada, o prorsus Miranda 08 de setembro de 1957, dedicada ao cinema, rádio e na televisão. Neste documento solene, o Papa examina especificamente os três ativos e suas relações com a sociedade. Li elogiou como " maravilhosas invenções que possuem nossos tempos ", mas mais uma vez manifesta a sua preocupação sobre os perigos do uso incorreto de técnicas audiovisuais podem prever a fé ea integridade moral do povo cristão.
Pastor de um período muito agitado e difícil da história, de modo que foi chamado de " o Papa da humanidade sofredora ", Pio XII e completamente generosamente dedicou-se a suas funções apostólicas, como também pode ser detectada por ler e estudar todas as suas encíclicas e seus principais documentos publicados neste trabalho.
Abra a problemas universais, que terminou a Segunda Guerra Mundial 18 fevereiro de 1946 criou trinta e dois Cardeais de todo o mundo (incluindo China), com a intenção de expressar " caráter sobrenatural da Igreja universal e sua unidade " .
Dedicado à Virgem Maria durante o Ano Santo, com a constituição apostólica Munificentissimus Deus de 01 de novembro de 1950 definiu como dogma de fé que a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi assumida ao céu em corpo e alma.
Apesar de estar com a saúde debilitada, ele realizou sua tarefa com grande empenho e generosidade absoluta. Ele morreu em Castel Gandolfo 09 de outubro de 1958, após nove horas de agonia. Seu corpo foi traduzido para Roma, em S. Pedro, e sepultado nas grutas do Vaticano



262 - João XXIII - 1958 a 1963

Nasceu no dia 25 de Novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi baptizado com o nome de Angelo Giuseppe; foi o quarto de treze irmãos, nascidos numa família de camponeses e de tipo patriarcal. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuirá a sua primeira e fundamental formação religiosa. O clima religioso da família e a fervorosa vida paroquial foram a primeira escola de vida cristã, que marcou a sua fisionomia espiritual.
Ingressou no Seminário de Bérgamo, onde estudou até ao segundo ano de teologia. Ali começou a redigir os seus escritos espirituais, que depois foram recolhidos no "Diário da alma". No dia 1 de Março de 1896, o seu director espiritual admitiu-o na ordem franciscana secular, cuja regra professou a 23 de Maio de 1897.
De 1901 a 1905 foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças a uma bolsa de estudos da diocese de Bérgamo. Neste tempo prestou, além disso, um ano de serviço militar. Recebeu a Ordenação sacerdotal a 10 de Agosto de 1904, em Roma, e no ano seguinte foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo, D. Giacomo Maria R. Tedeschi, acompanhando-o nas várias visitas pastorais e colaborando em múltiplas iniciativas apostólicas: sínodo, redacção do boletim diocesano, peregrinações, obras sociais. Às vezes era também professor de história eclesiástica, patrologia e apologética. Foi também Assistente da Acção Católica Feminina, colaborador no diário católico de Bérgamo e pregador muito solicitado, pela sua eloquência elegante, profunda e eficaz.
Naqueles anos aprofundou-se no estudo de três grandes pastores: São Carlos Borromeu (de quem publicou as Actas das visitas realizadas na diocese de Bérgamo em 1575), São Francisco de Sales e o então Beato Gregório Barbarigo. Após a morte de D. Giacomo Tedeschi, em 1914, o Pade Roncalli prosseguiu o seu ministério sacerdotal dedicado ao magistério no Seminário e ao apostolado, sobretudo entre os membros das associações católicas.
Em 1915, quando a Itália entrou em guerra, foi chamado como sargento sanitário e nomeado capelão militar dos soldados feridos que regressavam da linha de combate. No fim da guerra abriu a "Casa do estudante" e trabalhou na pastoral dos jovens estudantes. Em 1919 foi nomeado director espiritual do Seminário.
Em 1921 teve início a segunda parte da sua vida, dedicada ao serviço da Santa Igreja. Tendo sido chamado a Roma por Bento XV como presidente nacional do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé, percorreu muitas dioceses da Itália organizando círculos missionários.
Em 1925, Pio XI nomeou-o Visitador Apostólico para a Bulgária e elevou-o à dignidade episcopal da Sede titular de Areopolis.
Tendo recebido a Ordenação episcopal a 19 de Março de 1925, em Roma, iniciou o seu ministério na Bulgária, onde permaneceu até 1935. Visitou as comunidades católicas e cultivou relações respeitosas com as demais comunidades cristãs. Actuou com grande solicitude e caridade, aliviando os sofrimentos causados pelo terremoto de 1928. Suportou em silêncio as incompreensões e dificuldades de um ministério marcado pela táctica pastoral de pequenos passos. Consolidou a sua confiança em Jesus crucificado e a sua entrega a Ele.
Em 1935 foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia: era um vasto campo de trabalho. A Igreja tinha uma presença activa em muitos âmbitos da jovem república, que se estava a renovar e a organizar. Mons. Roncalli trabalhou com intensidade ao serviço dos católicos e destacou-se pela sua maneira de dialogar e pelo trato respeitoso com os ortodoxos e os muçulmanos. Quando irrompeu a segunda guerra mundial ele encontrava-se na Grécia, que ficou devastada pelos combates. Procurou dar notícias sobre os prisioneiros de guerra e salvou muitos judeus com a "permissão de trânsito" fornecida pela Delegação Apostólica. Em 1944 Pio XII nomeou-o Núncio Apostólico em Paris.
Durante os últimos meses do conflito mundial, e uma vez restabelecida a paz, ajudou os prisioneiros de guerra e trabalhou pela normalização da vida eclesial na França. Visitou os grandes santuários franceses e participou nas festas populares e nas manifestações religiosas mais significativas. Foi um observador atento, prudente e repleto de confiança nas novas iniciativas pastorais do episcopado e do clero na França. Distinguiu-se sempre pela busca da simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos mais complexos. Procurou agir sempre como sacerdote em todas as situações, animado por uma piedade sincera, que se transformava todos os dias em prolongado tempo a orar e a meditar.
Em 1953 foi criado Cardeal e enviado a Veneza como Patriarca, realizando ali um pastoreio sábio e empreendedor e dedicando-se totalmente ao cuidado das almas, seguindo o exemplo dos seus santos predecessores: São Lourenço Giustiniani, primeiro Patriarca de Veneza, e São Pio X.
Depois da morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice a 28 de Outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao mundo como uma autêntica imagem de bom Pastor. Manso e atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou cristãmente as obras de misericórdia corporais e espirituais, visitando os encarcerados e os doentes, recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as Encíclicas "Pacem in terris" e "Mater et magistra".
Convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a revisão do Código de Direito Canónico e convocou o Concílio Ecuménico Vaticano II. Visitou muitas paróquias da Diocese de Roma, sobretudo as dos bairros mais novos. O povo viu nele um reflexo da bondade de Deus e chamou-o "o Papa da bondade". Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja, irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor. Faleceu na tarde do dia 3 de Junho de 1963.


263 - Paulo VI - 1963 a 1978

Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini nasceu em 26 de setembro de 1897 em Concesio (Lombardia) de uma família rica da classe alta. Seu pai era um advogado não-praticante virou editor e um promotor corajoso de ação social. Giovanni era uma criança frágil, mas inteligente, que recebeu sua primeira educação dos jesuítas perto de sua casa, em Brescia. Mesmo depois de entrar no seminário (1916) ele foi autorizado a viver em casa por causa de sua saúde. Depois de sua ordenação em 1920 ele foi enviado a Roma para estudar na Universidade Gregoriana e na Universidade de Roma, mas em 1922 ele se transferiu para a Accademia dei Nobili Ecclesiastici para estudar diplomacia continuar seus estudos de direito canónico no gregoriano. Em 1923 ele foi enviado para Varsóvia como adido da nunciatura, mas foi chamado a Roma (1924), devido ao efeito dos invernos severos poloneses sobre sua saúde, e atribuído ao escritório da Secretaria de Estado onde permaneceu durante a próxima trinta anos. Além de ensinar a Accademia dei Nobili Ecclesiastici ele foi nomeado capelão da Federação de Estudantes da Universidade Católica italiana (FUCI), uma tarefa que era ter um efeito decisivo sobre suas relações com os fundadores do pós-guerra do Partido Democrata Cristão.

Em 1937 foi nomeado substituto para assuntos ordinárias sob o Cardeal Pacelli, o secretário de Estado, e ele acompanhou-a Budapeste (1938) para o Congresso Eucarístico Internacional. Na eleição de Pacelli como Pius XII em 1939, Montini foi reconfirmado no cargo sob a nova secretária de Estado, cardeal Luigi Maglione. Quando este último morreu em 1944, Montini continuou a cumprir o seu dever diretamente sob o papa. Durante a Segunda Guerra Mundial foi responsável por organizar o trabalho de assistência extensa e os cuidados de refugiados políticos.

No consistório secreto de 1952 o Papa Pio XII anunciou que ele tinha a intenção de levantar Montini e Domenico Tardini para o Colégio Sagrado mas que eles tinham tanto pediu para ser dispensado de aceitar. Ao contrário, ele conferido em ambas o título de prosecretary de Estado. O Montini ano seguinte foi nomeado arcebispo de Milão, mas ainda sem o título cf cardeal. Ele tomou posse de seu novo Veja em 5 de janeiro de 1955 e logo fez-se conhecido como o "arcebispo dos trabalhadores." Ele revitalizou toda a diocese, pregou a mensagem social do Evangelho, trabalhou para reconquistar a classe trabalhadora, promoveu a educação católica em todos os níveis, e apoiou a imprensa católica. Seu impacto sobre a cidade nesta época era tão grande que atraiu atenção mundial. No conclave de 1958 seu nome foi mencionado com freqüência, e no primeiro consistório do Papa João em dezembro daquele ano, ele foi um dos 23 prelados elevados ao cardinalato com o seu nome liderando a lista. Sua resposta ao pedido de um Conselho foi imediata e, mesmo antes de conhecermos, ele foi identificado como um forte defensor do princípio da colegialidade. Ele foi nomeado para a Comissão Central Preparatória do Concílio Vaticano II e também para a Comissão Técnico-Organizacional.

Com a morte do Papa João XXIII, Montini foi eleito 21 junho de 1963 para sucedê-lo. Na sua primeira mensagem ao mundo, ele se comprometeu com a continuação do trabalho iniciado por João XXIII. Ao longo de seu pontificado a tensão entre o primado papal e da colegialidade do episcopado foi uma fonte de conflito. Em 14 de setembro de 1965 ele anunciou a criação do Sínodo dos Bispos, solicitadas pelo Conselho pais, mas algumas questões que pareciam adequados para discussão pelo sínodo foram reservados para si mesmo. Celibato, removido do debate da quarta sessão do Conselho, foi objecto de uma encíclica, 24 de junho de 1967), a regulação dos nascimentos foi tratado na Humanae vitae 24 de julho de 1968), sua última encíclica. As controvérsias sobre estes dois pronunciamentos tendiam a ensombrar os últimos anos de seu pontificado.

Papa Paulo tinha uma imprensa inexplicavelmente pobres e sua imagem pública sofrida por comparação com seu antecessor de saída e jovial. Aqueles que o conheciam melhor, no entanto, descrevem-no como um homem brilhante, profundamente espiritual, humilde e reservada e gentil, um homem de "cortesia infinito." Ele foi um dos papas mais viajou na história eo primeiro a visitar cinco continentes. Sua notável corpus de pensamento deve ser pesquisada em seus muitos endereços e cartas, bem como em seus pronunciamentos mais importantes. Sua conclusão bem sucedida do Concílio Vaticano II deixou sua marca na história da Igreja, mas a história também irá gravar sua reforma rigorosa da cúria romana, o seu endereço bem recebida na ONU em 1965, sua encíclica Populorum progressio (1967), sua segundo grande sociais carta Octogesima adveniens (1971)-o primeiro a mostrar uma consciência de muitos problemas que só recentemente foram trazidos à luz e sua exortação apostólica Evangelii nuntiandi , seu último pronunciamento importante que também tocou na questão central da concepção justa de libertação e salvação.

Papa Paulo VI, o Papa peregrino, morreu em 06 de agosto de 1978, festa da Transfiguração. Ele pediu que o seu funeral ser simples sem catafalco e nenhum monumento sobre seu túmulo.




264 - João Paulo I - 1978

Trajetória e eleição para o papado
Albino Luciani nasceu na província de Belluno, norte da Itália. Seu nome de batismo fora uma homenagem a um amigo da família, que morrera numa explosão em uma mina de carvão na Alemanha. De origem humilde, viu seu pai, chamado Giovanni, que era socialista, ser inúmeras vezes forçado a buscar trabalho em outros países, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Sua mãe, Bertola, católica fervorosa, incentivou-o a seguir a formação religiosa. No que foi bem sucedida: Albino foi ordenado padre em 1935, assumindo a posição paroquial que tanto desejara [1].
Embora, segundo consta, não nutrisse maiores ambições, foi nomeado bispo por João XXIII e cardeal por Paulo VI, com o título de São Marcos. Esteve presente no Concílio Vaticano II, convocado em 1962 por João XXIII. Albino Luciani era o Patriarca de Veneza quando, com 65 anos, foi eleito Papa em 26 de agosto de 1978, na terceira votação do conclave que se seguiu à morte do Papa Paulo VI, superando o cardeal "ultraconservador" Giuseppe Siri - favorito ao trono de São Pedro, de acordo com a imprensa - por 99 votos a 11. Segundo conta-se, a princípio, um atônito Luciani teria declinado de aceitar o pontificado, mas fora persuadido do contrário pelo cardeal holandês Johannes Willebrands, que estava sentado a seu lado na Capela Sistina. Para isso, ter-lhe-ia dito: "Coragem. O Senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo".
Escolheu o nome de João Paulo (Ioannes Paulus, pela grafia em latim) para homenagear seus antecessores, João XXIII e Paulo VI. Morreu na madrugada de 28 de Setembro de 1978, entre 23h 30 min e 4h 30min da manhã, no Palácio Apostólico do Vaticano. Na época do conclave, o cardeal britânico Basil Hume, um de seus eleitores, chamou João Paulo I de "o candidato de Deus". A figura de João Paulo I na Igreja Católica sempre foi a de um papa afável, tendo, por isso, recebido a alcunha de "O Papa Sorriso".
Reza uma lenda que João Paulo I teria feito uma premonição sobre sua morte, ao afirmar a conhecidos que "alguém mais forte que eu, e que merece estar neste lugar, estava sentado à minha frente durante o conclave". Um cardeal presente na ocasião – que preferiu escudar-se no anonimato – confirmou que esse homem era, de fato, o polaco Karol Wojtyla. "Ele virá, porque eu me vou", prosseguiu o "Papa Breve". Curiosamente, Wojtyla realmente votara em Luciani naquele conclave e logo depois veio a se tornar João Paulo II. Por outro lado, o que há de concreto é que João Paulo I teria falado da sua morte um dia antes dela ao Bispo John Magee [2].

Morte 

Embora João Paulo I tenha sido encontrado morto por uma freira que trabalhava para ele e o acordava havia muitos anos, a versão oficial divulgada pelo Vaticano, contudo, diz que o corpo de João Paulo I teria sido encontrado pelo padre Diego Lorenzi, um de seus secretários, enunciando a morte como "possivelmente associada com enfarte do miocárdio". Para alguns, João Paulo I teria sido vítima das terríveis pressões características de seu cargo, e que não as tendo suportado, veio a perecer. A citada freira, após a morte deste, fez voto de silêncio [3].
Outra hipótese levantada foi a de que o Papa "Sorriso de Deus" teria sido vítima de embolia pulmonar. De qualquer maneira, sua morte provocou enorme consternação entre os católicos; mesmo sob chuva torrencial, a Praça de São Pedro esteve totalmente lotada quando de seus serviços funerais. Em sua homenagem, seu sucessor adotaria seu nome papal ao ser eleito, em 16 de outubro de 1978.

Encontro com a Irmã Lúcia

A revista italiana 30 Giorni revela, com base em declarações de um dos quatro irmãos de João Paulo I, que a Irmã Lúcia, durante a visita que o então Patriarca de Veneza lhe fez no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, sempre o tratou por "Santo Padre". O Cardeal Luciani fica impressionado e pergunta: "Porquê?", ao que a Irmã responde: "Vossa Eminência um dia será eleito Papa". E ele disse: "Sabe-se lá, irmã…", e a Irmã retorquiu: "Será sim, mas o seu pontificado será muito breve


265 - Beato João Paulo II - 1978 a 2005

Karol Józef Wojtyla , conhecido como João Paulo II desde a sua outubro 1978 a eleição para o papado, nasceu na cidade polonesa de Wadowice, uma pequena cidade a 50 quilômetros de Cracóvia, em 18 de maio de 1920. Ele era o caçula de três filhos nascidos de Karol Wojtyla e Emilia Kaczorowska. Sua mãe morreu em 1929. Seu irmão mais velho Edmund, um médico, morreu em 1932 e seu pai, um oficial do Exército não comissionado morreu em 1941. Uma irmã, Olga, tinha morrido antes de ele nascer. Ele foi batizado em 20 de junho de 1920 na igreja paroquial de Wadowice pelo pe. Franciszek Zak, fez sua Primeira Comunhão aos 9 anos e foi confirmada na 18. Após a formatura de Marcin escola Wadowita elevado em Wadowice, se matriculou na Universidade Jagiellonian de Cracóvia em 1938 e em uma escola de teatro. As forças de ocupação nazista fecharam a Universidade, em 1939 eo jovem Karol teve que trabalhar em uma pedreira (1940-1944) e depois na fábrica química Solvay para ganhar a vida e para evitar ser deportado para a Alemanha. Em 1942, consciente de sua vocação ao sacerdócio, ele começou a cursos no seminário clandestino de Cracóvia, dirigido pelo cardeal Adam Stefan Sapieha, arcebispo de Cracóvia. Ao mesmo tempo, Karol Wojtyla foi um dos pioneiros do "Teatro rapsódica", também clandestino. Após a Segunda Guerra Mundial, continuou seus estudos no Seminário Maior de Cracóvia, uma vez que tinha reaberto, e na Faculdade de Teologia da Universidade Jagiellonian. Ele foi ordenado sacerdote pelo Arcebispo de Cracóvia Sapieha em 1 de novembro de 1946. Pouco tempo depois, o Cardeal Sapieha lhe enviou a Roma, onde trabalhou sob a direção do dominicano francês Garrigou-Lagrange. Ele terminou seu doutorado em teologia em 1948 com uma tese sobre o tema da fé nas obras de São João da Cruz (Doctrina de fide apud Sanctum Ioannem um Cruce). Naquela época, durante as férias, ele exerceu o seu ministério pastoral entre os imigrantes poloneses da França, Bélgica e Holanda. Em 1948 voltou à Polônia e foi vigário de diversas paróquias de Cracóvia e capelão para estudantes universitários. Este período durou até 1951, quando ele retomou seus estudos em filosofia e teologia. Em 1953, ele defendeu uma tese sobre a "avaliação da possibilidade de fundar uma ética católica sobre o sistema ético de Max Scheler" Universidade Católica de Lublin. Mais tarde ele se tornou professor de teologia moral e ética social no Seminário Maior de Cracóvia e na Faculdade de Teologia de Lublin. Em 4 de julho de 1958, foi nomeado bispo titular de Ombi e auxiliar de Cracóvia pelo Papa Pio XII, e foi consagrada 28 de setembro de 1958, na Catedral de Wawel, Cracóvia, pelo Arcebispo D. Eugênio Baziak. Em 13 de janeiro de 1964, foi nomeado arcebispo de Cracóvia pelo Papa Paulo VI, que fez dele um cardeal junho 26, 1967, com o título de S. Cesareo em Palatio da ordem dos diáconos, vice-illa mais tarde elevada pro à ordem dos padres. Além de participar do Concílio Vaticano II (1962-1965), onde ele fez uma importante contribuição para a elaboração da Constituição Gaudium et spes, o Cardeal Wojtyla participou em todos os assembléias do Sínodo dos Bispos. Os cardeais elegeram Papa no Conclave de 16 de outubro de 1978, e ele tomou o nome de João Paulo II. Em 22 de Outubro, o Dia do Senhor, ele solenemente o seu ministério petrino como o sucessor 263 ao Apóstolo. Seu pontificado, um dos mais longos da história da Igreja, durou quase 27 anos. Impulsionada por sua solicitude pastoral para todas as Igrejas e por um sentido de abertura e de caridade para toda a raça humana, João Paulo II exerceu o seu ministério petrino com um incansável espírito missionário, dedicando todas as suas energias. Ele fez 104 visitas pastorais fora da Itália e 146 na Itália. Como bispo de Roma visitou 317 da cidade 333 paróquias. Ele teve mais reuniões do que qualquer dos seus antecessores com o Povo de Deus e os líderes das nações. Mais de 17.600.000 peregrinos participaram das audiências gerais realizadas na quarta-feira (mais de 1160), sem contar outras audiências especiais e cerimônias religiosas [mais de 8 milhões de peregrinos durante o Grande Jubileu do ano 2000], e os milhões de fiéis que conheceu durante as visitas pastorais na Itália e em todo o mundo. Devemos lembrar também as personalidades do governo numerosos que ele encontrou durante 38 visitas oficiais, 738 audiências e reuniões com os Chefes de Estado e 246 audiências e encontros com primeiros-ministros. Seu amor pelos jovens levou-o a iniciar as Jornadas Mundiais da Juventude. Os 19 JMJ celebrada durante o seu pontificado, reuniu milhões de jovens de todo o mundo. Ao mesmo tempo, sua atenção para a família foi expressa nos Encontros Mundiais das Famílias, que se iniciou em 1994. João Paulo II conseguiu estimular o diálogo com os judeus e com os representantes de outras religiões, a quem várias vezes convidados para as reuniões de oração para paz, especialmente em Assis. Sob sua orientação, a Igreja se preparou para o terceiro milénio e celebrou o Grande Jubileu do ano 2000, em conformidade com as instruções dadas na Carta Apostólica Tertio Millennio adveniente. A Igreja, em seguida, enfrentou a nova época, recebendo as instruções na Carta Apostólica Novo millennio ineunte, na qual indicou o caminho para seu futuro fiel. Com o Ano da Redenção, o Ano Mariano eo Ano da Eucaristia, ele promoveu a renovação espiritual da Igreja. Ele deu um impulso extraordinário às canonizações e beatificações, para mostrar inumeráveis ​​exemplos da santidade como um incentivo para as pessoas do nosso tempo. Ele comemorou 147 cerimônias de beatificação, durante o qual ele proclamou 1.338 beatos e 51 canonizações, com um total de 482 santos. Ele fez Thérèse do Menino Jesus Doutora da Igreja. Ele ampliou consideravelmente o Colégio dos Cardeais, criando 231 Cardeais (mais um in pectore) em 9 consistórios. Ele também chamou seis reuniões plenárias do Colégio dos Cardeais. Convocou 15 Assembleias do Sínodo dos Bispos - seis Assembléias Gerais Ordinárias (1980, 1983, 1987, 1990, 1994 e 2001), uma Assembléia Geral Extraordinária (1985) e oito Especial Assembléias (1980,1991, 1994, 1995, 1997, 1998 (2) e 1999). seus documentos mais importantes incluem 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas, 45 Cartas Apostólicas. Ele promulgado o Catecismo da Igreja Católica no luz da Tradição como autorizadamente interpretada pelo Concílio Vaticano II. Ele também reformou os orientais e ocidentais Códigos de Direito Canônico, criou novas Instituições e reorganizou a Cúria Romana. Como um médico particular ele também publicou cinco livros de sua autoria: "Cruzando o Limiar da Esperança" (outubro de 1994), "Dom e Mistério , sobre o quinquagésimo aniversário da minha ordenação como sacerdote "(novembro 1996)," Tríptico Romano "meditações poéticas (março 2003)," Levanta-te, vamo-nos "(Maio de 2004) e" Memória e Identidade "(fevereiro de 2005). À luz de Cristo ressuscitado dentre os mortos, em 02 de abril aD 2005, às 21:37, enquanto que o sábado foi chegando ao fim eo Dia do Senhor já estava começando, a Oitava de Páscoa e Domingo da Divina Misericórdia, o amado Pastor da Igreja, John Paulo II, passou deste mundo para o Pai. De que noite até 8 de abril, data do funeral do saudoso Pontífice, mais de três milhões de peregrinos chegaram a Roma para prestar homenagem aos restos mortais do Papa. Alguns deles na fila até 24 horas para entrar Basílica de São Pedro. Em 28 de abril, o Santo Padre Bento XVI anunciou que o período normal de cinco anos de espera antes de começar a causa de beatificação e canonização seria dispensado para João Paulo II. A causa foi oficialmente inaugurado pelo Cardeal Camillo Ruini, vigário geral da diocese de Roma, em 28 de junho de 2005.



266 - Bento XVI - 2005 - atual

O Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi baptizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia, provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições económicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.
Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilómetros de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido «mozarteano», que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.
O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazistas açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa.
Precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo; fundamental para ele foi a conduta da sua família, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada numa conscienciosa pertença à Igreja.
Nos últimos meses da II Guerra Mundial, foi arrolado nos serviços auxiliares anti-aéreos.
Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de Junho de 1951.
Um ano depois, começou a sua actividade de professor na Escola Superior de Freising.
No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho». Passados quatro anos, sob a direcção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre «A teologia da história em São Boaventura».
Depois de desempenhar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuou a docência em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969. A partir deste ano de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor da Universidade.
De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como «perito»; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colónia.
A sua intensa actividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.
Em 25 de Março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. A 28 de Maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema episcopal: «Colaborador da verdade»; assim o explicou ele mesmo: «Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo actual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade».
Paulo VI criou-o Cardeal, do título presbiteral de “Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de Junho desse mesmo ano.
Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de Agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu Enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil (Equador) de 16 a 24 de Setembro. No mês de Outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.
Foi Relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema «Missão da família cristã no mundo contemporâneo», e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre «A reconciliação e a penitência na missão da Igreja».
João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de Novembro de 1981. No dia 15 de Fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 5 de Abril de 1993.
Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.
A 6 de Novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de Novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.
Em 1999, foi como Enviado especial do Papa às celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha, que tiveram lugar a 3 de Janeiro.
Desde 13 de Novembro de 2000, era Membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências.
Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, «Ecclesia Dei», para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canónico, e para a revisão do Código de Direito Canónico Oriental.
Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro «Introdução ao Cristianismo», uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro «Dogma e Revelação» (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.
Grande ressonância teve a conferência que pronunciou perante a Academia Católica Bávara sobre o tema «Por que continuo ainda na Igreja?»; com a sua habitual clareza, afirmou então: «Só na Igreja é possível ser cristão, não ao lado da Igreja».
No decurso dos anos, continuou abundante a série das suas publicações, constituindo um ponto de referência para muitas pessoas, especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia. Em 1985 publicou o livro-entrevista «Informe sobre a Fé» e, em 1996, «O sal da terra». E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro «Na escola da verdade», onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.
Recebeu numerosos doutoramentos «honoris causa»: pelo College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polónia) no ano 2000.

Pope Francis, Jorge Mario Bergoglio

FRANCISCO

O primeiro Papa da Américas Jorge Mario Bergoglio vem da Argentina. The 76-year -old jesuíta Arcebispo de Buenos Aires é uma figura proeminente em todo o continente , no entanto, continua a ser um simples pastor que está profundamente amado por sua diocese , durante o qual ele viajou extensivamente sobre o metro e de autocarro , durante os 15 anos de sua ministério episcopal.

"O meu povo é pobre e eu sou um deles " , ele disse mais de uma vez , explicando sua decisão de viver em um apartamento e cozinhar sua própria ceia . Ele sempre aconselhou os seus sacerdotes para mostrar misericórdia e de coragem apostólica, e para manter suas portas abertas para todos. A pior coisa que poderia acontecer à Igreja, ele disse em várias ocasiões , "é o que de Lubac chamado materialismo espiritual ", que significa , "ser egoísta " . E quando ele fala de justiça social , que ele chama as pessoas em primeiro lugar para pegar o Catecismo , para redescobrir os Dez Mandamentos e as Bem-aventuranças . Seu projeto é simples: se você seguir a Cristo , você entende que " tripudiar sobre a dignidade de uma pessoa é um pecado grave " .

Apesar de seu caráter reservado - sua biografia oficial consiste em apenas algumas linhas , pelo menos até a sua nomeação como arcebispo de Buenos Aires - tornou-se um ponto por causa das fortes posições que ele tomou durante a crise financeira dramática que oprimiu o país , em 2001, de referência.

Ele nasceu em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, filho de imigrantes italianos. Seu pai Mario era um contador contratado por caminhos de ferro e sua mãe Regina Sivori era uma esposa cometeu dedicada a aumentar seus cinco filhos . Formou-se como técnico de química e , em seguida, escolheu o caminho do sacerdócio , entrando no Seminário Diocesano de Villa Devoto . Em 11 de março de 1958 entrou para o noviciado da Companhia de Jesus . Ele completou seus estudos de humanidades no Chile e retornou à Argentina em 1963, para formar com uma licenciatura em filosofia da Colegio de San José , em San Miguel . De 1964 a 1965, ele ensinou literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição , em Santa Fé e , em 1966, ele ensinou o mesmo assunto no Colegio del Salvatore em Buenos Aires. De 1967-1970 , estudou teologia e obteve um diploma do Colegio de San José .

Em 13 de dezembro de 1969, foi ordenado sacerdote por Dom Ramón José Castellano . Ele continuou a sua formação entre 1970 e 1971 na Universidade de Alcalá de Henares , Espanha, e em 22 abril de 1973 fez sua profissão perpétua com os jesuítas . De volta a Argentina , ele foi mestre de noviços no Villa Barilari , San Miguel , professor da Faculdade de Teologia de San Miguel , consultor da Província da Companhia de Jesus e também reitor do Colégio Máximo da Faculdade de Filosofia e Teologia .

Em 31 de julho 1973, ele foi nomeado Provincial dos Jesuítas na Argentina, cargo que ocupou por seis anos. Ele, então, retomou seu trabalho no setor universitário e 1980-1986 serviu mais uma vez como reitor do Colégio de São José , bem como pároco , novamente em San Miguel . Em março de 1986, ele foi para a Alemanha para concluir sua tese de doutorado ; seus superiores , em seguida, enviou-o para o Colegio del Salvador, em Buenos Aires e ao lado da Igreja dos Jesuítas , na cidade de Córdoba , como diretor espiritual e confessor .

Foi o cardeal Antonio Quarracino , arcebispo de Buenos Aires , que o queria como um colaborador próximo . Assim , em 20 de maio de 1992 o Papa João Paulo II nomeou-o Bispo titular de Auca e Auxiliar de Buenos Aires. Em 27 de maio, ele recebeu a ordenação episcopal do cardeal na catedral. Ele escolheu como lema episcopal, miserando atque eligendo , e em seu brasão inserido o IHS , o símbolo da Companhia de Jesus .

Ele deu sua primeira entrevista como bispo de um boletim informativo da paróquia , Estrellita de Belém . Ele foi imediatamente nomeado Vigário Episcopal do distrito de Flores e em 21 de dezembro 1993 Também foi confiada com o cargo de Vigário Geral da Arquidiocese . Assim, não foi nenhuma surpresa quando , em 3 de junho de 1997, foi elevado à dignidade de Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires. Nem mesmo nove meses se passaram , quando , após a morte do Cardeal Quarracino , ele sucedeu-lhe em 28 de fevereiro de 1998, como Arcebispo , Primaz da Argentina e Ordinária para fiéis de rito oriental na Argentina que não têm Ordinária do seu próprio rito.

Três anos mais tarde, no Consistório de 21 de fevereiro de 2001, João Paulo II o criou cardeal , atribuindo -lhe o título de São Roberto Bellarmino . Ele pediu aos fiéis para não vir a Roma para celebrar sua criação como cardeal , mas sim para doar aos pobres o que eles teriam gasto na viagem. Como Grão-Chanceler da Universidade Católica da Argentina , ele é o autor dos livros : Meditaciones parágrafo Religiosos (1982), Reflexiones sobre la Vida Apostólica (1992) e Reflexiones de esperanza (1992).

Em outubro de 2001 ele foi nomeado Relator Geral da 10 Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre o Ministério Episcopal . Esta tarefa foi confiada a ele no último minuto, para substituir o Cardeal Edward Michael Egan, arcebispo de Nova York, que foi obrigado a permanecer em sua terra natal por causa dos ataques terroristas de 11 de setembro. No Sínodo pôs especial ênfase na " missão profética do bispo " , o seu ser um "profeta da justiça " , o seu dever de " pregar sem cessar " a doutrina social da Igreja e também "para expressar um julgamento autêntico em matéria de fé e da moral " .

Durante todo o tempo o cardeal Bergoglio foi se tornando cada vez mais popular na América Latina . Apesar disso, ele nunca relaxou sua abordagem sóbria ou seu estilo de vida rigoroso , que alguns definiram como quase " asceta " . Neste espírito de pobreza , ele não quis ser nomeado como presidente da Conferência Episcopal da Argentina em 2002, mas três anos mais tarde, ele foi eleito e , em seguida , em 2008, confirmado por mais um mandato de três anos . Enquanto isso, em abril de 2005 , participou no Conclave em que o Papa Bento XVI foi eleito .

Como Arcebispo de Buenos Aires - a diocese com mais de três milhões de habitantes - ele concebeu um projeto missionário baseada na comunhão e evangelização. Ele tinha quatro objetivos principais : comunidades abertas e fraterno , um leigo informado desempenhando um papel de liderança , os esforços de evangelização dirigida a todos os habitantes da cidade , e assistência aos pobres e doentes . Ele pretendia reevangelize Buenos Aires, " tendo em conta aqueles que vivem lá , sua estrutura e sua história " . Ele pediu a sacerdotes e leigos a trabalhar juntos. Em setembro de 2009 ele lançou a campanha de solidariedade para o bicentenário da Independência do país. Duas centenas de organizações caritativas devem ser configurados em 2016. E em uma escala continental , ele espera muito do impacto da mensagem da Conferência de Aparecida , em 2007 , a ponto de descrevê-lo como o " Evangelii Nuntiandi da América Latina " .

Até o início da recente sede vacante , ele era um membro da Congregação para o Culto Divino ea Disciplina dos Sacramentos , da Congregação para o Clero , a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica , o Conselho Pontifício para a família e da Pontifícia Comissão para a América Latina .

Ele foi eleito Sumo Pontífice em 13 de março de 2013.




L' Osservatore Romano , Ano LXIII , número 12